Jornalismo de peito aberto
Em 2017, em função da Lei do Teto dos Gastos o Brasil cortou 44% do orçamento previsto para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC): dos R$ 5,8 bilhões previstos para o setor, só R$ 3,4 bilhões foram liberados.
Pra gente ter um parâmetro de comparação em 2010, o orçamento era de R$ 10 bilhões, quase três vezes mais do que o dinheiro disponível hoje. Um dos projetos de maior visibilidade, o Ciência Sem Fronteiras, que enviou 94 mil graduandos e pós-graduandos brasileiros para instituições de ponta no exterior, deixou de existir em 2017.
Porque esse caldo entornou agora? Porque o Conselho Superior da Capes publicou uma nota na semana passada alertando sobre o risco de paralisação nas atividades e pedindo ao governo federal que impeça a redução nas verbas. O conselho afirma que a diminuição no orçamento vai causar descontinuação de 200 mil bolsas de pesquisa científica, interromper projetos de formação e programas de cooperação internacional, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, pesquisadores enfrentaram o tempo chuvoso e protestaram na Avenida Paulista e na Cinelândia, exigindo a revisão da medida. Nas redes sociais, hashtags como #existepesquisanobr e #minhapesquisacapes viralizaram, com cientistas compartilhando suas pesquisas e justificando a importância das bolsas para a manutenção dos trabalhos e também para a sobrevivência dos estudantes. Segundo análise da Fundação Getúlio Vargas, houve ao menos 124 mil menções ao tema no Twitter.
Questionar o investimento público em pesquisa não é pauta só no Brasil, nos EUA tentaram cortar no ano passado o orçamento para ciência e tecnologia e os dois partidos (Republicano e Democrata) foram contra e aumentaram. A Alemanha também. Qual é a aposta desses países? É a visão de que é através do investimento em ciência que se supera crises.
Com essas provocações vamos entender melhor o cenário do país para o desenvolvimento para a ciência, quais são os entraves, quais são os nossos erros e onde estamos conquistando significativos avanços.
Para isso, reunimos na mesa hoje Altay Alves Lino de Souza, psicólogo com mestrado e doutorado pela USP; Naira Bonifácio, vice-presidenta da SciBr Foundation; Carlos Hotta, professor doutor do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP; e Vladimir Telles, professor na FGV com pós-doutorado em economia. Além disso, temos participações especiais de Heitor Machado, Ricardo Balistiero, Hugo Aguilaniu e Gabriela Sobral.
Abre a mente e o coração e taca-lhe o play neste Mamilos!
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EQUIPE MAMILOS
Edição – Caio Corraini
Apoio a pauta – Jaqueline Costa e grande elenco
Transcrição dos programas – Lu Machado e Mamilândia
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CAPA
A capa dessa semana foi feita por Zeca Bral*.
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FAROL ACESO
Altay: Livro “O Demônio do Meio-Dia” e programa “Miracle”;
Hotta: cientistas Edward Wilson e Carl Sagan;
Naira: Disco “Los Sebosos Postizos – Interpretam Jorge Ben Jor”;
Vladimir: Documentário “A Segunda Guerra Mundial em Cores” e série “Seinfeld”;
Ju: Série “Comedians in Cars Getting Coffee” e episódio da série “Explained” sobre K-Pop.
*Sobre a capa: Ilustração sobre foto de uma das pioneiras da ciência no Brasil, a bióloga Bertha Lutz, especialista em anfíbios e segunda mulher a se tornar funcionária pública no Brasil em 1919. Feminista, liderou a campanha pelo voto das mulheres, que só seria conquistado anos mais tarde. Além de atuar como professora por mais de 40 anos no Museu Nacional, no RJ, Bertha também foi deputada federal.
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