Transcrição: Mamilos 65 – Internet livre e votação de Impeachment • B9
Mamilos (Transcrição)

Transcrição: Mamilos 65 – Internet livre e votação de Impeachment

Capa - Transcrição: Mamilos 65 – Internet livre e votação de Impeachment

Jornalismo de peito aberto

Essa transcrição é resultado do trabalho colaborativo de Jonas Rocha, Rafael Verdu, Ysabel Myrian, Mylena Tebicherane, Debora Martins, Jefferson Deroza, Lu Machado, Ana Tedeschi e Vanessa Dantes Santos um time que só fica mais lindo com o tempo.

Se você utiliza essa transcrição e ainda tem qualquer dificuldade de acessibilidade, por favor, entre em contato conosco no [email protected].

Se quiser fazer parte dessa equipe mande um e-mail com o título “transcrição” para o mesmo endereço ;)

Vem fazer o Mamilos <3

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Locutores: Ju Wallauer, Luiz Yassuda, Cris de Luca, Pirula.

Ju: *[Suspiro]* E chegou enfim o momento do nosso encontro semanal. Espanta o cansaço, sacode o desânimo e vamos juntos construir um espaço gostoso pra conversar. Eu sou a Ju Wallauer e comigo não está a mineira preferida da interwebz Cris Bartis, que está soterrada de trabalho, mas está o incrível, o fantástico, o maravilhoso…

Yassuda: Quê isso?

Ju: …o mais amado da internet Luiz Y-as-su-da!

Yassuda: Essa adjetivação toda aí… Não é pra tudo isso não.

Ju: É sim! Ele é o “hostess” do Mupoka e ele é o “Braincaster… O nosso Braincaster preferido!

Yassuda: Só vim para dar ares mais vermelhos para esta… Este programa.

Ju: [risos] Ele veio petralhar! Vocês estavam reclamando que não estava muito petralha o programa. Yassuda veio petralhar o Mamilos.

Gente! A Cris Bartis está trabalhando demais essa semana, ela não conseguiu gravar. Então por favor SOTERREM ela de amor! Digam que vocês estão sentindo muito a falta dela. Peçam insistentemente para ela voltar semana que vem. E ela estará aqui conosco com novidades.

Caio! Fala pra gente como é que você está se sentindo com os nossos corações sendo tomados pelo Dantas. Fala pra gente em forma de canção!

Caio: Olá Personas! Corraíne aqui novamente para trazer pra vocês os responsáveis por dar mais cor ao Mamilos dessa semana!

E Ju, numa boa, eu não sei cantar. E eu moro em uma casa com mais diversas outras pessoas. Chuta! Mas só chuta se eu ia cantar aqui.

Mas, de volta ao roteiro, lembrando sempre que se você quiser colaborar com o conteúdo musical desse programa pode recomendar bandas ou artistas independentes no e-mail: [email protected]

E facilita e muito a minha vida se vocês enviarem os links do site oficial do artista ou então onde eu possa buscar o download direto das músicas dele para utilizar no episódio. E hoje, como foi um pedido especial eu me dobrei. O Joel Mozart é um ouvinte nosso e enviou um e-mail dizendo que hoje, dia 15, é aniversário dele e também aniversário de um ano que ele o primeiro CD dele foi lançado. Mas ó: Não acostumem! Eu não tenho esse coração mole todo não.

Mentira, eu tenho sim! Então fiquem aí com o som do Joel Mozart no Som do Mamilos!

[sobre trilha]

“Pousa numa flor, conhecer o amor. Gerar uma nova vi… da! [assobios]

[desce trilha]

Yassuda: E agora? Mandamos “beijos para”?

Ju: Isso Mesmo! Pra quem que a gente vai mandar beijo?

Yassuda: Publicidade da Anhanguera – São José dos Campos

Ju: Mamileiros de Paraíso do Tocantins, Eduarda e Willyans

Yassuda: Bruxelas

Ju: Guarujá – SP

Yassuda: Bento Gonçalves – RS Um beijo pra quem come galeto com polenta fria, quem toma uma sopinha de capeletti com uma taça de vinho, saladinha de radicci, macarronada. Pô! Que lugar maravilhoso!

Ju: Cara! Meu, assim… me escorreu uma lágrima, sabe? [risos]

Yassuda: É sempre bonito ir lá, viu?

Ju: E fale com o Mamilos. Vem falar com a gente! Escolhe o canal. Pode ser pelo: Facebook do Mamilos; No Twitter, Periscope, Instagram e Pinterest com o perfil @mamilospod;
Pelo email: [email protected] Ou ainda na página do Mamilos no B9; Você também pode contribuir com esse projeto pelo Patreon: https://www.patreon.com/mamilos

Ju: Vou fazer um merchan. O Houaiss pretende em breve mudar a definição do verbete “família” no dicionário. E por isso quer sugestões de pessoas para que possam dar a melhor definição possível. Para conseguir essas sugestões, o Houaiss iniciou essa semana a campanha #Todasasfamílias.

O clipe dá vários exemplos e mostra depoimentos de famílias que não são nada tradicionais e mesmo assim são famílias por qualquer olhar. A partir das sugestões enviadas, e com a ajuda de especialistas da língua, será feita uma definição mais ampla para que “as novas gerações conheçam um significado de família mais democrático e sem preconceitos”, segundo o Houaiss.

A criação é da NBS Rio e foi feita em parceria com a Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS Rio) e da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (ABRAFH). E aí eu convido vocês todos a irem no site e colocarem as suas definições de família. A minha definição foi:

“Pra mim família são pessoas que se unem por amor num compromisso de cuidado vitalício. É um vínculo de entrega e dedicação forjado pelo afeto que não está sujeito a conjunturas, opiniões e nem mesmo atitudes. A gente pode não gostar, não concordar, não entender, mas família é laço que afrouxa mas não rompe”.

https://www.b9.com.br/64383/advertising/campanha-do-dicionario-houaiss-pretende-mudar-definicao-de-familia/

[sobre trilha]

[desce trilha]

Yassuda: Fala que te escuto!

Ju: E aí! No programa passado deu muuuuita repercussão o fato da gente ter colocado no ar um áudio da Márcia Tiburi que chamava a Janaína de fascista. A gente explicou bastante que a gente não estava analisando o discurso político, que não era sobre isso, que a gente não riria fazer julgamento de valor sobre isso. Que o que gente queria falar era justamente sobre gaslighting. Mas a gente fez o disclaimer superdireitinho para a Dilma explicando que abuso é ruim, que a gente já tinha feito programa sobre isso, que a gente não estava questionando o fato dela ser abusiva ou não ou de quanto isso era ruim, que não era nesse ponto que a gente estava falando. Era sobre o tratamento que a revista estava dando para ela. E não rolou esse disclaimer tão bem feito para o discurso da Janaína. Eu acho que se a Márcia tivesse usado outra palavra, por exemplo autoritária e não fascista, ela não teria tido tanta barreira para as pessoas escutarem o que ela tinha pra dizer. Que não era sobre discurso político da menina, era sobre como as pessoas trataram ela e como as pessoas trataram esse discurso. Tá? Por quê que eu acho que autoritário teria sido diferente? Acho, eu. Porque quando você fala de fascista você se refere ao mal absoluto e quando você fala de autoritarismo você fala de uma coisa que está presente em todos nós e que a gente acaba transbordando em algumas atitudes e opiniões cotidianas. Então não teria sido uma barreira tão grande as pessoas escutarem o que a Márcia estava falando que eu achei que era interessante. Enfim.

Yassuda: Aqui o email do Pedro de Moraes.

“É bem triste notar que nos comentários dos últimos episódios (quase todos desse ano), existam tantas pessoas acusando o Mamilos de “estar numa onda tão coxinha/petralha”.

Yassuda: Eles tem que se decidir afinal, né?

Ju: Não! Mas é que metade chama de coxinha e metade chama de petralha. Entendeu?

Yassuda: Ah! Meu Deus! Adoro isso.

“Se você for pegar todos os comentários dos últimos casts que começam com “ultimamente o Mamilos anda numa vibe tão [insira uma ideologia que vai contra o que x comentarista defende]”, você poderia montar um livro. Eu também fui desses, admito. Em quase todos os podcasts onde havia uma participação de convidadxs mais liberais/conservadores, como a Michelle, a Itali ou a Cristina, eu ficava incomodado com a “onda coxinha” que o Mamilos vinha atravessando.

Ju: Parenteses! Coitada da Ítali. Porque ela é mais petralhona possível só que ela fazia o trabalho… Né? De se despir do que ela acreditava pra ajudar a enriquecer o programa e trazer contra pontos. Mas nem isso foi valorizado.

Yassuda: Tá vendo?

Até que eu fui ver os comentários do Mamilos, algo que eu não costumava fazer. Eu não era o único que sentia que o podcast vinha tendo mais convidadxs de ideologias consideradas de direita do que convidadxs de ideologias de esquerda. Mas eu também percebi o contrário: várixs comentaristas criticando a desproporcionalidade dxs convidadxs de esquerda para xs de direita. Daí eu te pergunto: realmente existe essa disparidade? Para ambos os lados? Ou é só uma ilusão que nós, que vivemos numa era tão polarizada, criamos para criticar algo que nos incomoda? A proposta do Mamilos é incomodar. Provocar. Te fazer raciocinar. Não vai ser com algo que está na mesma linha de pensamento que você mantém que você vai melhorar seu pensamento crítico. A disparidade de ideologias entre os membros do Mamilos, honestamente, é mínima. Se tá te incomodando, é porque tá funcionando”

Ju: É. E principalmente o que a gente fala é que assim: É muito interessante quando você escuta, lê coisas que vão ao encontro do que você acredita porque te ajuda a ter argumentos melhores, porque te reafirma e tal. Só que a proposta do Mamilos nunca foi essa. A proposta do Mamilos foi de pluralidade. Mesmo que eu não consiga no mesmo programa representar todas as ideias possíveis sobre aquele assunto, no conjunto de programas a gente mostra isso. E a gente vai te enriquecer. Eu vou te irritar num ponto num dia, em outro ponto no outro e essa é a ideia mesmo. Por que? Porque na vida, na família no trabalho, na sociedade você vai ter que conviver com pessoas de todos os perfís. Então o ponto quando você está escutando no Mamilos uma pessoa que pensa muito diferente de você não é necessariamente pra você aprender sobre aquele assunto, é para você aprender sobre aquela pessoa. Sobre por que que pessoas que tem, teoricamente, os mesmos pontos de partida que você chegam a conclusões tão diferentes e elas podem sim ser inteligentes e bem intencionadas. Esse é o objetivo. Assim, esse filtro a gente faz para todo mundo que vem aqui. Todo mundo que vem aqui é inteligente e bem intencionado. Se te incomodou a ponto de você achar que aquela pessoa não deveria nem falar… Pensa bem se o erro não está em você. Se a pessoa não tem o direito de falar, você não quer nem escutar o que ela está falando, para bem pra pensar se não é você quem está com problema. Vamos para a Tati.

Tatiana de Medeiros

Ela falou assim:

“Estou chata e me achando correspondente do Norte, mas vá lá: a Cris comentou que o Primeiro Ministro da Islândia caiu por conta das manifestações que rolaram em Reykjavík e isso não reflete bem a verdade.

Primeiro, ele anunciou seu afastamento antes das manifestações, segundo porque foi isso, só um afastamento. Ele escolheu o vice líder do partido para ficar em seu lugar por tempo indeterminado e o partido dele continua na liderança do país. Agora as últimas notícias são que o parlamento decidiu contra as novas eleições.

Acho que rolou toda uma simplificação do caso para caber na mesma narrativa do que está acontecendo no Brasil, mas são sistemas democráticos bem diferentes e, como a Ju falou, com um grau bem diferente de responsabilidade/confiança. Pelo que entendi, os protestos da oposição continuam, mas não rolou essa mágica manifestação=queda do Primeiro Ministro.

Ah, uma dica bem mamileira pra entender a política dos ‘socialistas do Norte’ é o seriado Borgen — que é foda demais e explica um pouco do sistema da Dinamarca, além de focar quase todos os episódios na ligação entre política e jornalismo. Ainda tem um ‘plus a mais’, que é uma Primeira Ministra mulher e mãe, jogando na nossa cara que sim, até em países considerados avançados a mulher sofre preconceito (especialmente em posição de liderança). Duvido a Birgitte Nyborg não cair nas gracas de vocês também”.

[sobre trilha]

[desce trilha]

Ju: Então vamos para o que interessa e entrar nos Trending Topics e aí eu quero apresentar para vocês quem é que veio em nosso resgate porque essa semana não tinha pauta, não tinha assunto e principalmente não tinha convidado, não tinha nem hosts, não tinha nada para fazer esse programa até eu estava doente essa semana!

Yassuda: Que horror! Que horror Juliana, que horror!

Ju: E aí, que na quinta-feira as duas da tarde mais ou menos, eu mando DM, ligo, mando SMS pedindo encarecidamente para um ser humano vim me salvar, quem é que veio ao meu resgate, quem está aqui?

Pirula: É, Quem sobrou!

Ju e Pirula: (risos)

Pirula: É o extra, o dublê.

Ju: (risos). Não é verdade, eu estava fazendo a pauta e o Pirula, eu estava vendo o vídeo do Pirula para fazer a pauta aí eu pensei “por que não convidar o Pirula, já que eu estou me baseando no vídeo dele para fazer, por que que não pode ele mesmo vir aqui falar para a gente” não é mesmo?

Pirula: Sorte sua que eu podia (risos).

Ju: Então está aqui, gente, Pirula está aqui veio nos salvar. Vamos começar primeiro com o “giro de notícias”.

Yassuda: Michel Temer gravou e divulgou para parlamentares de seu partido…

Ju: Um podcast!

Yassuda: PMDB, um ensaio de discurso que ele pretendia fazer após uma eventual aprovação de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o vazamento do áudio causou constrangimentos, segundo o vice-Presidente a divulgação do material foi involuntária, para o governo a gravação revela uma trama golpista, “pmdbista”, e da oposição. Como disse uma amiga nossa “já dá para chamar o Temer para participar porque ele tá fazendo podcast”

Ju: É, vou fazer ele para o Mamilos né? Já que ele está gostando de soltar áudio.

Yassuda: É verdade.

Ju: Né.

Yassuda: É verdade, olha, quer dizer… Vamos lá, vazou carta ano passado, vazou…

Ju: Mas aí ele viu que estava muito anos 80 essa carta… vazar carta né.

Yassuda: Juliana “verba volant scripta manent”.

Ju: Olha aí! Tá vendo porque eu trago ele.

Yassuda: (risos)

Pirula: Mandar isso pelo whatsapp não tem a mesma graça, então ele mandou por escrito.

Ju: Bom, eu recomendo que vocês leiam a análise do discurso do Temer ponto a ponto feito pelo “nexo”.

Pirula: Mais presos na Lava Jato. Essa semana foi a vez do ex-senador Gim Argello ser preso em função da delação do Delcidio de que ele cobrava propinas para evitar convocações de empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras, que bonito né, há evidencias de que ele tinha cobrado 5 milhões da UTC engenharia e 250 mil da OAS, ambos investigadas na lava Jato.

Ju: A impressão que eu fico sempre é “isso é o que descobrimos, né? ”

Yassuda: Ah sim! Mas vocês não sabem que quando eu vi essa notícia o título da notícia, não lembro em que jornal, era alguma coisa do tipo “polícia federal e juiz Sérgio Mouro apreendem 5.3 milhões de dólares de Gim” aí eu assim, CARACA…

Ju: EBA!!

Yassuda: QUE FESTA MEU, Porra.

Todos: (risos)

Pirula: Pessoal bebe hein!

Yassuda: porra bicho!! E a galera falando do Lula, meu Deus hein.

Pirula: Faltou a tônica né.

Yassuda: Exatatamente (risos) eu levo Campari.

(risos)

Ju: E a primeira, primeiro lugar, sempre primeiro lugar nos nossos corações né gente.

Yassuda: Foi homem esse homem.

Ju: Como não amar?

Yassuda: Eu amo ele.
Ju: Vamos lá, Maluf beatificado. Paulo Maluf foi incluído na lista da Interpol em 19 de março de 2010, ele foi a quase 6 anos acusado de enviar recursos ilegalmente para o exterior e desviar dinheiro público no Brasil, o deputado poderia ser preso se fosse ao exterior, ao desembarcar corria o risco de ser detido em qualquer um dos mais de 180 países que integram parte do organismo, mas o que aconteceu essa semana é que foi divulgado que a cerca de um mês o nome do Maluf foi retirado dessa lista da Interpol…

Yassuda: Verdade.

Ju: E qual foi o comentário que esse digno senhor, esse brilhante “frasista” brasileiro fez…

Yassuda: A gente vai sentir muita falta do Maluf quando ele se for, porque assim, sabe, a política…

Ju: Eu não ouvia uma frase dessas… eu entendo porque a minha vó…

Pirula: É aquela política antiga que tem uma cara de pau que a gente não acredita né.

Yassuda: Exato.

Ju: Eu não acredito, olha o que ele falou: “Estou fora do mensalão, fora do petrólão, fora da Lava Jato, não estou no Panama Papers, e votei a favor do impeachment, agora sai da lista vermelha da interpol, só falta o Papa Francisco me canonizar”

Yassuda: É um gênio!

Pirula: Não, e isso porque, até pouco tempo atrás ele estava abraçando todos os Petistas do Brasil.

Yassuda: Sim.

Ju: Sim!

Pirula: O Haddad foi na casa dele…

Ju: Ele tava na casa do Haddad.

Pirula: ele apoiou a Dilma até o final…

Yassuda: Ele foi, ele foi base, assim, o Maluf foi base durante quase todo o período…

Pirula: da Dilma, sim.

Yassuda; Não, e mesmo na fase Lula.

Pirula: Não, na fase Lula ele foi quando ele começou a consolidar o apoio, mas…

Yassuda: Sim, sim.

Pirula: Mas na fase da Dilma inteiro…

Yassuda: Total, total.

Pirula: Maluf apoiou a Dilma, falou que era contra os outros lá, dos outros partidos tal e não sei o que, mas ele, agora ninguém vai lembrar.

Yassuda: É, é isso aí, ninguém nunca lembra né.

Ju: Bueno, vamos então entrar nos Tópicos, tópico a tópico, e agora para falar do Trending Topics 1 eu vou trazer a participação especial direto da quarentena do H1N1, pelo Skype, Cris de Luca para falar sobre o assunto que mais bombo essa semana, para falar sobre internet sem limites. Primeiro eu preciso agradecer a Patrícia Rodrigues que deu o ponto de partida para essa pauta “esqueletando” um roteiro cheio de links, melhor ouvinte é isso, não indica um assunto indica a pauta inteira. Deixa eu só introduzir falando o que aconteceu, então as principais operadoras Vivo, Oi, Net, GVT de internet planejam limitar a quantidade de dados dos usos dos seus planos de internet fixa, basicamente querem que a banda larga seja como os dados móveis do celular, aqueles que ultrapassarem os limites estipulados sofrerão uma redução na velocidade da rede e poderão ter a internet cortada até o próximo mês. A Anatel apesar de admitir que isso vai prejudicar milhões de usuários disse que a iniciativa é benéfica e que estão pensando no melhor, esse modelo de cobrança ele é regulamentado normalmente pela Anatel assim como é permitido em contratos de rede móvel, as operadoras precisam respeitar algumas exigências como oferecer para o consumidor uma ferramenta para que ele monitore o volume de dados consumidos em tempo real e precisam alertar o usuário se ele estiver perto de atingir o limite contratado, fora isso tá valendo. Primeiro Cris, quem que foi afetado?

Cris: Então, por enquanto ninguém, vai começar a ser afetado o pessoal que fizer contratos a partir de agora com a Vivo, com a GVT, e a Vivo está dizendo que só vai começar a cortar mesmo, fazer valer essa franquia a partir do ano que vem. A NET já tem essa franquia embutida nos contratos e pouca gente sabe disso, já a alguns anos só que ela não, efetivamente, não usa a franquia para diminuir a velocidade ou para impedir que você faça uso de um excedente, como todo mundo tá usando livremente hoje. Qual é a ideia? Eu conversei com várias pessoas de várias empresas, então o que está por trás disso aí, tá por trás um modelo econômico, o que as teles estão querendo dizer com esse novo modelo? Primeiro que efetivamente para elas, do ponto de vista de negócio a banda larga começou a ficar muito apertado, porque começou a ficar muito apertado? Porque hoje o que está acontecendo é que você paga o mesmo que você pagava para ter um uso muito maior do que você tinha a 2, 3 anos atrás. Então a ideia é de que o consumo de banda por casa ou por família ou por pessoa cresceu acima daquilo que estava definido como ideal para a operadora. Como é que funciona a banda larga fixa? Ela é um pouquinho diferente da banda larga móvel, você tem uma central que atende um determinado bairro e essa central ela é dimensionada para atender um determinado trafego deste bairro, tanto é que quando você tem momentos de pico você tende a normalmente uma degradação da velocidade e aí entra naquela velha questão do plano de qualidade de serviço das operadoras que ficou muito famoso que a operadora tem que entregar para você até 80% da banda contratada, você lembra disso…

Ju: Que não entregam né.

Cris: É, que não entregam.

Ju: E que não sofrem sanção nenhuma por isso.

Cris: É, a ideia é a seguinte, eles tem que entregar dentro de um determinado tempo, então 80% do tempo você tem que entregar X tanto da banda contratada, essa é a ideia, porque há uma degradação natural do serviço, então vou dar um exemplo, minha mãe mora na ilha do Governador, ela tem uma banda larga de 2 mega, essa banda larga de 2 mega dela, quando é 6 da manhã de uma segunda-feira há exatamente os 2 megas, quando é 4 horas da tarde de um domingo não chega a 500k, porque tem muita gente em volta usando a mesma central tá? Então só para vocês entenderem um pouco como é o direcionamento de rede, o que a NET fala, a NET diz que ela tem a franquia nos planos para poder fazer esse dimensionamento e diz também que 20% dos usuários da NET consomem 80% da banda, e é mais um menos um número magico que todas as operadoras trabalham, e o que eles estão dizendo? Eles estão dizendo o seguinte, olha “ou eu invisto na rede, mas para aumentar a capacidade de banda para essa galera toda que está consumindo mais banda hoje, e aumento o serviço para todo mundo”, então passa a cobrar mais caro pela banda larga “ou eu crio um modelo de franquia onde eu vou cobrar mais caro de quem consome mais e menos de quem consome menos”, então a ideia da franquia é ir para esse modelo de negócio, mas dentro dessa questão toda eu acho que a Vivo, principalmente, foi muito infeliz ao na hora de fazer a comunicação, porque ela usou como referência a banda larga móvel e na banda larga móvel, efetivamente, você compra o byte trafegado, na banda larga fixa não era assim, tá.

Ju: Tem algumas coisas que a gente tem que pensar pra testar essa teoria. A primeira coisa, por exemplo, porque assim, isso que você falou, a defesa das Teles, ela passa por: usuário médio. A maioria das pessoas não seria impactada por essa mudança. O que ele tá falando é “se você consome normalmente, moderadamente, a média… isso não vai mexer na sua vida, isso vai mexer na vida de 20% das pessoas”, é isso que eles tão dizendo.

Cris: É isso que eles tão dizendo, é.

Ju: Tá. Pra testar isso (…)

Pirula: Como se 20% fosse pouco, mas tudo bem. Ainda que, sabendo que esse número é um número tirado do bolso, né…

Ju: É mas é que, eu acho que esse número, assim, é fácil você perceber que esse número, ele fica frágil quando você pega o valor dessa franquia máxima e divide pra ver o quanto que ela renderia.

Cris: E esse é que é o perigo desse modelo. E é por isso que todo mundo tá de olho em pé. Porque, qual é o grande perigo? É você ter pacotes de franquia que efetivamente caibam muita pouca coisa dentro.

Ju: Pois é, o que eu olhei (…)

Yassuda: Já foram divulgados até os pacotes que a vivo vai propor, e assim, causam arrepios os mais baixos.

Ju: O que eu vi é o seguinte, o mais alto seria de 250 Gigas. Isso o mais alto, que não é nem da Vivo.

Cris: Vamo lá, eu cheguei a mostrar uma tabela aí pra vocês, qualquer coisa a gente pode colocar, que foi o pessoal do comitê gestor que fez, com relação aos pacotes da Vivo. E o que é que a galera chegou à conclusão? Que estão sendo penalizados, e aí bate com o que as Teles tão falado, aqueles planos mais altos. Então, por exemplo, se eu tenho fibra e eu tenho um duto que efetivamente passa uma quantidade maior de dados, o meu consumo de dados é maior. Porque eu não sinto que eu to consumindo tanto dado, tá? Quando eu tenho planos mais baixos, o meu consumo de dado é menor, porque efetivamente eu sinto que eu não estou pegando dado. Então, vou dar um exemplo, a banda larga de 2 Mega da minha mãe, eu não consigo ver Netflix nele. Se eu for ver Netflix, eu vou ter uma qualidade muito ruim. Se eu tenho uma fibra de 200 Mega, eu vejo a série inteira de House of Cards no Netflix.

Ju: Mas, Cris, então ‘cê tá falando que as Teles tão falando que a gente não pode ver Netflix. Porque “gente, isso aí consome banda demais, vamo baixar a qualidade” e todo mundo vai consumir o quê? É… quanto que a gente pode consumir?

Cris: Então, não é isso que eu to falando. Eu to falando é o seguinte, o que é que eles tão dizendo? Que existem modelos de uso diferentes, e aonde eles querem penalizar o usuário? Esse cara que usa o Netflix direto, que usa Voip direto, que usa, é…

Ju: Mas não é direto, Cris. A conta não fecha, entendeu? O que a gente tá falando é, uma pessoa que assiste (…)

Cris: Eu to entendendo, eu não to defendendo eles não. Eu to dizendo qual é o racional por trás da história.

Pirula: Sim, ‘cê tá explicando o lado dele.

Ju: Não, mas é que o racional tem que bater, entende? Se, por exemplo, deixa eu só explicar o que eu to falando. Querendo entender o raciocínio da Tele. Se eles me chegam com um valor que dá pra uma pessoa assistir, vou falar um número aleatório, 10 vídeos no YouTube, 10 vídeos no Facebook, vai, 3 filmes da Netflix na semana (…)

Pirula: E jogar um videogame, sei lá, por 10 horas no mês.

Ju: Okay, tá okay. Porque, beleza, isso eu imagino que a média faça isso, entendeu? Não é uma coisa exagerada. Porque o que eu to falando é que a franquia que eles dão, a máxima franquia, ou seja, por mais que você pague, a máxima não dá uma família de 4 pessoas fazerem isso. Porque assim, a banda, ela não é unitária, não é que nem o celular que é você que usa. O IBGE fala que nas casas brasileiras, a média é de 3 pessoas. Então, normalmente você tem uma família de 4 pessoas, 4 pessoas com celular, com tablet e com notebook ligado no wi-fi. E aí? Como que você divide essa banda? Não bate essa conta, entendeu? É isso que eu quero dizer. Eu não consigo fazer essa conta fechar pra que faça sentido o argumento deles. Porque o argumento eu acho que faz sentido.

Cris: Quando a gente fala o número que eles ofereceram, preste atenção que a gente tá sempre se baseando na Vivo, mais do que em qualquer outra. Então, assim, a gente já tem operadoras que já tão dizendo que não vão fazer a franquia (…)

Ju: A Tim falou que não vai fazer, né?

Cris: É. São operadoras pequenas, tem outras (…)

Ju: A do Paraná, né?

Yassuda: Mas tem algumas menores. Tem uma que atua também aqui no interior de São Paulo, a Algar, tal.

Pirula: As operadoras pequenas ou, curiosamente aquelas operadoras que não possuem um serviço de TV a cabo acoplado a elas. Não vendem combo.

Yassuda: Coincidência, né?

Ju: Pois é, então(…)

Pirula: Uma coincidência. Coincidência…

Ju: Vamo lá, pera aí.

Yassuda: Coincidência…

Ju: Deixa eu organizar a pauta?

Yassuda: Aham.

Ju: Só pra gente, porque eu acho que a gente precisa, primeiro porque a gente tá desconstruindo antes de construir. (…)

Yassuda: (hehe)

Ju: Eu acho que primeiro a gente tem que falar porque que é ruim. Porque, assim, o motivo da gente tá falando sobre isso agora é que foi isso que dominou a pauta essa semana. Então assim, por que é ruim? Quais são as ameaças, quais são os impactos?

Cris: As ameaças, é você ter pacotes que não caibam aquilo que você vai fazer. Então assim, um pacote tem que ser dimensionado de uma forma que o seu uso caiba nele.

Ju: Não, e eu to falando assim, a gente tá falando que 70% dos brasileiros com acesso usam a internet pra fins educacionais ou de aprendizado. ‘Cê tem 6 milhões de pessoas que estudam em universidades pela internet. Sem falar de curso técnico, de curso informal, que pega muito mais gente. Ensino à distância e EAD requer boa conexão com dado ilimitado, porque tá baseado em vídeo-aula, então você já prejudica isso. Você prejudica todo mundo que tá fazendo conteúdo e que tá vendo conteúdo. Você prejudica todo mundo que, de alguma forma usou a internet como forma de transcender o seu local físico. Então, um país com uma continentalidade que tem o Brasil, onde você tem tantas pessoas, entre aspas, “isoladas” no interior. Elas têm acesso a coisas que você só teria na capital justamente porque elas têm internet. Então isso, o Pirula que faz vídeo, tá cansado de ver gente que ficaria restrito às possibilidades que a cidade dele tem pra oferecer e que pode alcançar níveis muito maiores, expandir a mente, a visão de mundo e as possibilidades de futuro justamente porque tem acesso à internet. E aí quando você ameaça o acesso das pessoas à internet ou, principalmente, a quantidade de conteúdo que elas podem acessar, é essa a ameaça que a gente tá falando e por isso o grito foi tão grande. Então assim, acho que a primeira coisa que a gente tem que fazer é dimensionar o tamanho do problema. Porquê que isso, de fato, é um problema.

Pirula: Exatamente. Aliado também ao fato de, por exemplo, o pessoal tinha comentado algumas coisas sobre empresas, universidades e tal. Só que esses lugares eles vão fazer o contrato de empresa, né? (…)

Yassuda: Geralmente é diferenciado.

Pirula: É, geralmente é diferenciado. Mas, por exemplo, bares, restaurantes, cafés, que costumam liberar o wi-fi pra galera não vão mais liberar. Como vai ser o controle?

Cris: O contrato deles é diferente.

Pirula: Também é diferente?

Cris: Não é o mesmo. É, é diferente. Assim, vamo lá. Isso é outra coisa que as Teles também estão falando. Então assim, qual é a ideia? É você ter pessoas físicas ou residências lá, usando contrato que é o contrato, que é o contrato da residência e quem trabalha com a internet ou quem é pessoa jurídica com contratos diferenciados. Então o cara vai continuar oferecendo o wi-fi dele, porque no contrato dele permite que ele faça isso. Porque o dimensionamento da rede dele é diferente, entendeu? É essa a questão, assim, estão mudando os modelos de negócio, a gente pode discutir como você acabou de falar agora que dentro desses modelos de negócio a gente vai tá penalizando uma série de usos que se faz da rede, e é por isso que eu to chamando atenção. Que algumas operadoras tão dizendo o seguinte “eu não vou fazer a franquia, porque pra mim interessa que o cara continue comprando pacotes que ele tem e fazendo tudo que ele faz” é mais ou menos igual como é na internet móvel, que algumas operadoras dão acesso às redes sociais de graça e a Vivo não dá, por exemplo. Por quê? Porque a operadora que dá acesso ao Facebook, ao Whatsapp e ao Twitter de graça, ela quer que aquele usuário ache que ela é a melhor operadora do mundo, e a partir desse uso gratuito que ela faz, ela pague por outros planos de dados porque ela vai consumir outras coisas na internet que não só rede social. A Vivo já diz que não, que ela quer que todo mundo pague tudo. Então, assim, quem causou esta confusão enorme no mercado? A Vivo, quando chegou lá e disse assim “eu vou limitar os pacotes, quero os pacotes dessa forma”. Por quê? Porque não interessa pra Vivo, e aí o Pirula tá certo. A Vivo hoje tem um monte de conteúdo, ela hoje é dona GVT, certo?

Pirula: Uhum.

Ju: Sim.

Cris: Ela tem vários conteúdos que vêm da Vivendi, por exemplo, que são conteúdos de streaming. Pra ela não interessa que o usuário gaste toda a banda dele consumindo Netflix, tá?

Ju: A gente não conseguiu… A gente defendeu muito porcamente o tamanho do problema.

Yassuda: Eu acho que tem duas coisas aí nesse discurso que fica um pouco difícil. Primeiro que eu já de cara limo a tal “livre iniciativa”, olha só que bonito. Que é eu ter o direito de eu começar um negócio pequeno, de eu começar alguma coisa… Imagina se num mundo da limitação de franquia a gente estaria produzindo que nem a conta que eu fiz no Braincast, a gente produz, produz assim, coloca na web 4 Gigas mensais de podcasts, a família toda. Só que obviamente a gente trafega por tipo, Dropbox, Nuvem, o escambau, assim, um número acho que 100 vezes maior só de arquivos que vão e tal. Porque o produto final de um podcast deve ter uns 100 megas, mas o bruto que a gente manda pra um editor e não sei o que lá, você estoura uma cota doméstica. A gente tem o direito de começar pequeno.

Pirula: E não precisa nem ir muito longe. Por exemplo, o meu canal que sou eu que edito e faço sozinho, não tem que mandar pra ninguém. Um vídeo editado meu, tem em média uns 4gb, quer dizer, se eu lançar uns 4 vídeos por semana já foi quantos gb?

Cris: Você já consumiu uma franquia menor.

Pirula: Agora se faça idéia… Canais que enviam o material pro editor, pro editor devolver pra fazer não sei o que, manda pra nuvem e devolve…

Ju: É que assim, acho que não só pega você como produtor, mas as pessoas vão ter que começar a escolher que vídeos elas vão assistir.

Pirula: Exato.

Ju: Porque assim, ou eu vou escutar o Mupoca, ou eu vou escutar o Mamilos, ou eu vou ver o vídeo do Pirula. Porque se eu tenho o meu dado contado, a quantidade de dados que eu posso receber, eu tenho que ficar selecionando muito o conteúdo. No que que a gente ganha isso?

Yassuda: Não, eu pensei assim, em novos Pirulas… Quer dizer o Pirula hoje, ele não vai parar de fazer os vídeos dele, mas…

Pirula: As pessoas podem parar de assistir.

Yassuda: É, é. Mas um novo Pirula, alguém com essa limitação toda de banda na casa dele vai se meter a produzir vídeo? Estourar a cota dele em uma semana?

Cris: Olha só, eu acho que tudo isso que vocês estão falando está correto. Mas o que a gente vai ter que ver é o seguinte, aonde a gente tem concorrência e onde a gente não tem concorrência. Muito provavelmente Pirula, muito provavelmente, você vai optar por uma internet que não tenha franquia ou que não exerça a franquia, o direito da franquia.

Pirula: Eu sei Cris, mas o problema é o seguinte: isso, por exemplo, é uma das coisas que as pessoas têm abordado pouco eu acho, a qualidade da nossa internet. Isso que eu tava falando, eu moro…

Cris: A qualidade da internet é péssima.

Pirula: É péssima, exatamente, isso que estou falando. Eu moro num bairro do centro expandido, um bairro que tem uma relevância comercial muito grande, na maior cidade da America latina. Eu tinha 1 mega de banda até o ano passado.

Yassuda: Como valor máximo não?

Ju: Dramático.

Pirula: Como valor máximo que eu podia colocar porque eles não tinham como ampliar a minha capacidade. Se eu não tivesse brigado muito eu não teria conseguido colocar fibra ótica.

Cris: Eu moro em Moema e não tenho a opção da fibra. Na minha casa não chega.

Pirula: Exato, você não tem a opção das velocidades maiores.

Yassuda: Tem muita casa, muito prédio, muito bairro, aonde só chega uma determinada operadora. Por exemplo, ali no centrão, que é onde eu moro, centrão de São Paulo, a NET não entra. Só chega a Vivo, então eu não tenho escolha, estou preso a vivo. Até pelo menos lá no caso da minha casa que chegaram com a fibra, mas assim, eu não tenho escolha, eu não tenho “ah, quero a Live Tim”…

Pirula: Não, e o pior não é isso. A minha briga quando foi a Vivo foi exatamente essa, eu falava “gente, eu estou fazendo vídeos. Façam idéia, meus vídeos com 4gb de tamanho, meia hora de tamanho, pra subir com uma internet de 1 mega”. Eu demorava 36 horas, 40 horas pra subir um vídeo. Às vezes eu tinha que ir à casa de alguém, eu fazia alguma coisinha, pra conseguir subir mais rápido quando eu tinha que pegar o assunto. Então eu briguei muito com eles porque eu falei “pelo menos vocês precisam me dar um plano com maior velocidade, seja um de 2 megas já ajuda, já é o dobro de velocidade, seja 10”. “Ah, mas não pode porque não tem banda pra tua casa” aí o que resolveria era a fibra, mas não conseguiam instalar, contornava o quarteirão mas chegava na minha casa. Quer dizer, aí depois conseguiu chegar. Mas então, tenho o canal já vai fazer 6 anos e eu tenho há 1 ano uma internet que me possibilita subir vídeos com uma velocidade humana, uma velocidade que não sejam dois dias com o computador ligado. Então né, inclusive economia de energia lembrando nisso.

Cris: Então o teu pacote de fibra hoje, ele é quanto mais caro que o outro pacote?

Pirula: Ele é bem mais caro, mas também né pô, antes eu tinha 1 mega e agora eu tenho 100. Então multiplicou bastante então ficou mais caro. Mas o problema que eu vejo é isso: a gente tem uma internet de qualidade horrorosa no Brasil, ela não chega em todos os lugares, em todas as operadas, em todos os tipos. Então isso não é concorrência! Desculpa, isso não é concorrência. Se você só tem uma área, só tem um quarteirão lá que você tem um monopólio da Vivo, a pessoa que está ali tomou no c… Não pode trabalhar…

Ju: Só queria fazer um adendo aqui, todas as teles são campeãs de reclamação. No ‘reclameaqui’ as piores empresas dos últimos 30 dias são na ordem: Vivo, Oi, SKY, Tim e Claro. As cinco piores. As mais reclamadas nos últimos 12 meses: NET, Vivo, SKY, Oi, Claro e Tim. No PROCON: O grupo claro-net-embratel em primeiro lugar, seguidos de Vivo telefônica, Sky, Tim celular. São Hit Parade, eles nunca perdem.

Pirula: Conseguiram superar convênios e bancos. Parabéns.

Yassuda: Sim, banco cara! Aí entra o meu segundo ponto sobre essa treta toda, que é assim, se eu tivesse falando de um mercado ultra dinâmico, um monte de players atuando e tudo mais… Existem outros players e tal, mas vamo lá… É um mercado fatiado nacionalmente entre quatro empresas, grandes empresas, que são reguladas e atuam dessa maneira nacionalizadas porque elas tiveram via leilões e concessões pra explorar inicialmente a telefonia, e posteriormente a internet banda larga e a telefonia celular, são todas as mesmas empresas. Elas tiveram a concessão pra poder explorar isso e tiveram garantias governamentais, até porque é difícil você ter um trilhão de empresas fazendo, então assim, a gente não pode se juntar aqui e fazer a ‘Mamilos Connection’ e fazer a nossa internet porque a gente não pode, tem uma série de regulações, a gente não entra. Isso não vai existir.

Ju: Tá fechado.

Cris: Você precisa, pra ser um provedor, você precisa de um serviço de comunicação. Então você precisa da autorização da Anatel pra poder prestar o serviço.

Ju: Não sei se eu ia chegar nisso, mas tem acusações de cartel entre essas empresas, então assim, tem processo que tá correndo da UNICEL que era a operadora da AEIOU aqui de São Paulo.

Yassuda: Esse é meio estranho né?

Ju: Bem estranho…

Yassuda: Esse, o cara, era meio… Tipo, ele tem problemas internos na empresa…

Ju: Mas enfim, sempre que se fala de operadora isso vêem a tona justamente quebrando esse argumento aí Cris, de que ‘ah então tem opções no mercado, tem operadoras que não vão oferecer franquias e você pode procurar’. É um mercado fechado, um mercado que você muitas vezes em uma determinada região, você não tem muitas opções e que as ofertas são muito parecidas. Eu não vejo, se você tem as quatro maiores sempre em todas as listas como campeãs de reclamação, que você tenha muita opção de onde correr, né.

Pirula: E ainda que, por exemplo, digamos que… Ok. Eles vão oferecer um plano de empresas ou pra CNPJ que é diferenciado pra quem trabalha com internet, então eu tenho um canal no youtube preciso de muito fluxo de dados, eu vou criar um CNPJ, vou abrir uma empresa e vou contratar um serviço empresarial. Beleza. Não me adianta nada eu fazer isso se meu público não tiver acesso a essa banda justamente por causa disso, eles não vão poder ver meus vídeos. Ok, eu gasto mais que eles, é porque eu trabalho com isso e assisto muitos vídeos, mas o meu público que é inscrito em sei lá, 30 ou 40 canais, que gosta de assistir isso aí o tempo inteiro, e também joga videogame, e também assiste Netflix e também faz não sei o quê…

Ju: E também ouve podcast.

Pirula: E também ouve podcast.

Yassuda : E divide a conexão, a internet com a irmã, com o pai…

Pirula: Eles vão ter que escolher o que eles vão ver. Eu por exemplo – e esses dados eu tenho no youtube mesmo – uma boa parcela das pessoas que assistem meu canal, e nesse caso eu tô falando de mim né, mas enfim tem vários outros, assistem pelo wifi em casa, não usam o 3g. Na maioria dos canais que tem vídeos mais curtos, ou que são vídeos de entretenimento as pessoas assistem pela internet móvel. No meu caso as pessoas assistem mais em casa. São vídeos de meia hora, as pessoas não querem comer banda. Então quer dizer, se isso daí for aprovado mesmo, e a gente vai ter aí essa limitação das pessoas que às vezes não tem a opção de escolher uma dessas empresas que não vai fazer o limite de franquia, vai perder público e foi isso que eu até tinha comentado. As empresas que hoje gerenciam a internet: a Google, Facebook, sei lá… todas essas empresas, elas vão se prejudicar diretamente com isso porque as pessoas vão começar a escolher o que elas vão querer usar, vão diminuir a quantidade de uso de certas
coisas.

Cris: Todo mundo vai ser prejudicado. Segundo as operadoras, 30% da sua banda é gasta com anúncios e os anúncios tão virando anúncios de vídeo. Então penaliza todo mundo, qualquer produtor de conteúdo que se remunere por anúncio, um Google da vida que se remunera por anuncio, o próprio Facebook, acaba sendo penalizado por ad-blocks da vida.

Yassuda: Todos os portais, jornais, a própria Globo que tá direcionando um plano de play, de streaming de programação que você pode ver na internet no tempo que você quiser.

Pirula: Tudo, né?!

Pirula: O pessoal, por exemplo, a Google tava inclusive durante estes últimos anos lutando contra os ad-blocks, né? Que são os programas que você usa para bloquear as propagandas. Né? Eu por exemplo, eu tenho alguns sites que eu ativo o ad-blocks e outros sites que eu desligo, exatamente por que eu sei que ele é importante para determinadas vertentes. Seria bastante irônico que eu usasse ad-blocks, sendo que é ele que me paga, mas, ele não, o ad-blocks não, mas são as propagandas que me pagam. Então, eu acho, assim você vai acabar com toda a internet, que dizer, a internet não vai acabar, ela vai voltar a ser a internet que era nos anos 90…

Ju: Nos anos 90.

Pirula: Nos anos 80. Que era só para quem tinha muito interesse.

Yassuda: Pagar, pagar aquele pulso único a meia-noite.

Ju: É, olha só.

Pirula: Vai ficar aquela coisa assim, já que você vai tirar a parte comercial da internet. Por que propaganda é isso, merchan é isso. Publicidade é isso, ou você vai só ter publicidade inserida, isso talvez seja uma coisa assim, mas dá no mesmo na verdade.

Ju: Dá no mesmo!

Pirula: Dá no mesmo no fim das contas.

Yassuda: Eu acho muito louco, que assim, ela mata o conceito participativo/colaborativo da internet.

Ju: É, eu queria entrar nisso, por que assim o próximo passo é, ela desrespeita ao marco civil.

Yassuda: Ah, ótimo

Ju: Por que é isso, porque o marco civil fala

Yassuda: É isso.

Ju: que a disciplina no uso da internet no Brasil, tem por objetivo a promoção do direito de acesso a internet a todos; do acesso a informação, ao conhecimento e a participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; da inovação e fomento a ampla difusão de novas tecnologias, modelos de uso e acesso, enfim, no artigo 7 diz: “O acesso a internet é essencial ao exercício da cidadania e aos usuários são assegurados os seguintes direitos: Entre eles: Direito 4º-Não suspensão da conexão a internet, salvo por débito diretamente decorrente da sua utilização, manutenção da qualidade contratada da conexão a internet”

Yassuda: Que nunca chegamos lá, né?

Ju: Mas o ponto é, o marco civil.

Cris: Com relação a esta história da velocidade, tem uma coisa ainda pior, é que segundo a Anatel, quando você extrapolar a franquia, a degradação do trafego que você vai ter
depois, quer dizer a queda da velocidade não entra no computo da velocidade que a operadora tem que ter oferecer, assim o que entra no computo da qualidade de serviço, é exatamente o tempo você tá dentro da franquia, a partir do momento que a franquia acaba, e a sua internet é reduzida a velocidade, essa velocidade reduzida não entra no computo da qualidade do serviço.

Yassuda: Ah, sim!

Pirula: Então pode ser 1 byte

Yassuda: Então pode ser, é…pode ser aquela, tipo aquela velocidade de 2g

Ju: Exatamente.

Cris: Isso foi uma coisa que eu fui perguntar, que eu fui entender o seguinte: do ponto de vista da Anatel e do ponto de vista das operadoras não entraria; do ponto de vista do marco civil tem que entrar, tá?

Ju: Sim.

Cris: Mas do ponto de vista das operadoras e da Anatel, não entra. A partir do momento, quando você comprou o pacote, você comprou o pacote sabendo da franquia, então o fim da franquia é o fim do pacote que você comprou.

Ju: É o…

Yassuda: Esse que é o ponto mais, assim, delicado, em cima do artigo 7º, 4º paragrafo. Se eu não me engano,

Ju: Isso…

Yassuda: To bem…

Pirula: Nossa, boa memória, hein?

Ju: É…

Yassuda: Nem parece que gravamos um braincast sobre o assunto também, né? [risos]

Ju: [risos]

Yassuda: Enfim, ele fala sobre essa questão de você não poder ter a sua internet cortada, salvo se você tiver um débito, ou seja…

Ju: Sim.

Cris: Isso.

Yassuda: não pagou a conta, vão lá e cortam a sua internet. Em cima disso a Proteste e o Idec estão com ações civis públicas

Ju: Exato.

Yassuda: para questionar toda decisão, inclusive para internet banda larga móvel. Eles também…

Cris: Isso!

Yassuda: o questionamento é em cima de toda a internet. Em cima,

Cris: Isso, mas ai a retorica que esta sendo usada pelas operadoras é que quando você comprou o pacote, você comprou O pacote, e quando termina a franquia o seu pacote
termina. Portanto, um corte está sendo feito a partir de uma coisa que já foi contratada e já foi paga

Yassuda: Sim, sim

Cris: Então ali não caberia esta questão que todo mundo ta levantando, e que eu acho que a Proteste tem mais é que levantar mesmo, do artigo 7º ai do marco civil. Entendeu? Por que na retorica das operadoras, ela não tá te furtando serviço, o seu serviço já acabou, por que a franquia já acabou.

Yassuda: O problema maior é o seguinte, é que a resolução da Anatel que regulamenta a questão das franquias que se não me engano é a resolução 632, ela é de 20 dias antes da sanção do marco civil da internet.

Cris: É…

Yassuda: E ela dava esse prazo, justamente até março de 2016, para que as operadoras criassem esses mecanismos de controle de franquia, não é atoa que é agora que a gente está ouvindo falar sobre isso. Que a Vivo vem a público declarar que vai começar a controlar a partir de 2017, elas tinham prazos a cumprir e tudo mais. Só que, assim, chama atenção o que, né? Esta discussão, como a gente tava numa grande onda de discussão do marco civil da internet, a resolução da Anatel foi dada de uma maneira, né? Oh, tem aqui uma resolução, tem uma série de… e ela é longa, acho que vale a leitura, porque ela é bem comprida…

Cris: E passou batido, né?

Yassuda: E passou batido, passou batido. Então, assim lá a Anatel regulamenta, só que assim…

Cris: Eu me lembro que nessa época, algumas pessoas, eu fui uma que reclamei, algumas pessoas reclamaram, mas passou batido, ninguém se deu conta.

Yassuda: Sim

Cris: Não mesmo…

Yassuda: E assim, obviamente pode ser chamado de plano B das operadoras, tava todo mundo batendo na questão de neutralidade, neutralidade, neutralidade que era a grande
discussão.

Pirula: O propósito.

Yassuda: do marco civil e já existia este plano B. Que era ah, então não vão deixar eu degradar, fazer meu traffic shapping aqui de maneira legal. Então tem um plano B.

Cris: Eu me lembro que na época, foi falado muito sobre o zero rating, então todo mundo tava de olho no zero rating, se podia fazer, por exemplo, o que a Claro faz de dar o facebook. E ai o pessoal dizia assim: “O zero rating não fere a neutralidade, agora a gente ta engolindo uma franquia que dependendo de como seja feito o pacote da franquia, lá na frente pode cercear conteúdo”.

Yassuda: Não, e fere completamente todos os princípios, né? por que né, o marco civil da internet fala de fundamentos e princípios, né? Tem um artigo para fundamentos e um artigo para princípios e quando você vai nas frases que se fala de colaboração e participação, imagina a gente analisando com essa banda máxima usuária e os dois teras de arquivos do Panamá Papers.

Ju: Sim, pois é..

Pirula: Exato.

Ju: a gente falou um pouco disso

Yassuda: Isso não existe, assim a internet ela é colaborativa por conta dela ser colaborativa. Enfim, as pessoas cada uma pegando uma parte e fazendo e tudo mais, significa que a gente anda pra frente. E é isso, é nesse ponto, assim eu fico…

Ju: É isso que tá ameaçado, né?

Yassuda: É isso que tá ameaçado.

Ju: Cris, eu queria só também falar, que assim, como vocês estavam falando do tempo, porque que foi agora, porque que foi em março, também é interessante ver que a TV a cabo perdeu quase um milhão de assinantes entre 2014 e o fim de 2015. Né? Então assim…

Cris: Está todo mundo vendo Netflix

Ju: Exato, mas assim, é um movimento muito obvio que inclusive eu fiz, que é um momento de crise, que você abre sua planilha, que você tem que cortar linhas da planilha, é isso que você tem que fazer. Você olhar e ver assim: “Bom, o que eu tenho em duplicidade?” e entre TV a cabo e Netflix, você fala: “Ta, eu vou ficar com a Netflix”. Então, eu não acho que eu sou uma pessoa extremamente inteligente, acho que muitas famílias fizeram a mesma coisa e ai quando você vê, eles tiveram uma perda massiva de assinantes e é muito curioso, que a TIM que foi a única que não vai entrar nessa coisa de franquia, é a única que não tem TV.

Pirula: O Netflix já foi uma saída para serviços de pirataria como Popcorn Time, os torrents que o pessoal baixava

Yassuda: É sim

Cris: Exatamente.

Ju: Que eram os malvados do tráfego

Pirula: Antes de existir o Netflix, o pessoal baixava filmes indiscriminadamente. O Netflix…

Cris: Baixava torrent direto.

Pirula: Exato, e séries também. O Netflix veio como uma opção legal, em que você podia pagar um preço justo pra ver uma quantidade muito grande de opções

Yassuda: Mas, ainda assim, não igual aos torrents.

Pirula: Não igual aos torrents, mas assim agora o pessoal que usa torrent e paga o Netflix, vai pegar no torrent só aquilo que o Netflix não disponibiliza, é um filme antigo, é uma música x, é um pornô.

Yassuda: HBO, né?

Pirula: É…

Yassuda: Falando em termos práticos é HBO e lançamentos [risos]

Pirula: Mas, então o Netflix já foi uma saída para evitar que as pessoas não pagassem os direitos autorais pra as gravadoras, os estúdios de cinema e essas coisas. Então, você dificultar a vida do Netflix é na verdade, [risos] é você dar um retrocesso.

Yassuda: Já que os wi-fi’s de café, vão continuar sendo, vão ter limites, tal… por que os contratos comerciais é aquela coisa, é igual a gente quando ia na Campus Party, lembra? Chegava lá com o torrent engatilhado e ficava lá, tomando um cafezinho, enquanto o torrent tá lá “comendo”.

Cris: Exatamente. Mas tudo é a relação. Mas Pirula, tudo é a relação custo-benefício, né? Por que que você foi pro Netflix? Porque você achou que valia a pena, né? Não vou ficar aqui pendurado baixando torrent a noite toda,

Pirula: É, não e…

Cris: …com péssima qualidade de som,

Pirula: Exato e o preço valida a pena

Cris: …péssima qualidade de imagem, tal. E o preço valia a pena, então é o custo-benefício. A questão toda de tudo que a gente ta falando aqui, é que o custo-benefício do que a gente ta vendo acontecer, neste momento é muito ruim.

Ju: É, mas ai quem bate também pode assoprar. Agora que a gente conseguiu fielmente mostrar o tamanho do problema e porque que as pessoas estão indignadas e o que que tá em jogo, que a gente ta falando de acesso, que a gente ta falando de colaboração, que a gente ta falando de exclusão, e que a gente ta falando que as pessoas que já estão a margem vão ficar mais a margem. E que você ta prejudicando não aqueles 20%, mas os outros 80%. Que na prática vão ser essas pessoas que vão ser prejudicadas e não quem poder de acesso e de conseguir pagar mais, enfim. Eu queria que a gente fizesse o outro lado, porque a primeira coisa que eu fiz quando eu fui fazer essa pauta, foi pensar assim: “Bom, ninguém quer ser mais odiado, né? Você já ta em todas as listas de pior serviço e todo mundo já te odeia. Por que você vai comprar uma briga mostro dessa?” Por que tem que ter alguma coisa mais, além de ser “Meu malvado favorito”. Sabe, eu acordei afim de ferrar a galera e acabar com a internet. Tem que ter um motivo. E ai, eu acho que por isso que a Cris já entrou no programa falando muito, por que a gente pesquisou mais sobre isso, o outro lado. Por que o primeiro lado é fácil de saber.

Yassuda: Sim.

Ju: Como você que perde, é fácil de saber no que, que você tá se ferrando. Mas é mais difícil de entender o porque que isso está acontecendo. E ai, uma das coisas que eu acho interessante a gente desconstruir é o jeito que o marco civil tá escrito e por que que tem umas coisas que me incomodam que é: O papel aceita tudo, Yassuda.

Ju: O papel por exemplo…

Yassuda: Ahh claro

Ju: Se você botar no papel que as mães tem que amamentar até a criança ter um ano é uma coisa que… é bom o aleitamento materno, é muito bom, mas só porque está escrito ali isso não vai acontecer. Porque tem mãe que não tem leite, porque tem mãe que precisa trabalhar e não consegue, porque “n” motivos

Pirula: tem que criança que não aceita

Ju: tem criança que não quer, não tá afim, não vai. Então enfim a lei não resolve, a lei precisa estar calcada na realidade numa possibilidade.

Pirula: é que nem o rei do Chapolin lá, que fazia os decretos pra que não chovesse, pra que não…

Ju: Isso, isso então que eu acho assim, quando você está falando que as pessoas tem direito a liberdade, que né… vai aí… direito ao ar que tá aí, eu não preciso fazer beleza. Agora ter direito internet como coisa que você precisa fazer uma conexão, uma manutenção… enfim. Você está regulando sobre o trabalho de outra pessoa, eu acho um pouco mais complicado.
Cris: Então vamos voltar numa outra questão aqui que é a questão que é o seguinte: a internet no brasil não é direito universal, não é.

Yassuda: Não

Cris: Não, não é direito básico

Yassuda: Não está na constituição

Cris: Não está na constituição, não é direito básico, da mesma forma que saneamento não é direito básico, que a água na sua casa não é direito básico, que a luz na sua casa não é direito básico tá?

Ju: Tá…

Cris: Então assim, a gente tem um monte de questões de estrutura no país para resolver e uma das questões de estrutura que a gente tem pra resolver é a questão da internet. Então, muito do que eu já ouvi falar sobre a questão da internet com acesso ilimitado vem da tese de que a internet é um direito básico e efetivamente hoje ela não é

Yassuda: não, é, não é…

Cris: É uma briga que a gente deveria ter, mas a gente não fez essa briga na hora que deveria fazer e hoje a gente está tentando empurrar uma internet ilimitada como direito básico que a gente não tem.

Ju: É então assim, pra gente entender, quando a operadora fala: – Gente, entendo que é muito legal todo muito ter ilimitado, festa do caqui

Yassuda: Mas tem um custo…

Ju: Mas não dá, eu não consigo entregar e não vai dar nunca, eu preciso automaticamente olhar pro lado porque eu não trabalho com isso, eu não faço isso, eu não sei qual é a complexidade envolvida e falar deixa eu ver como é que as outras galera estão resolvendo isso e você olha pros outros países, você vai pra europa, você vai pra Estados Unidos, você vai pra Austrália pra tentar entender como é que as pessoas estão resolvendo pra ver se os caras estão querendo me enrolar.

Yassuda: Então mas esse é que o problema, o que está acontecendo é mais ou menos o seguinte, no caso o provedor de internet né… a Vivo, a Tim, a Claro e etc… eles não estão produzindo o conteúdo, digamos assim, eles estão produzindo o meio que faz com que você acesse esse conteúdo. Então quem produz o conteúdo é a Globo, é a Google, é o Mamilos, sou eu, são as pessoas no geral, é o braincast. Então o que a internet faz é fornecer, o que a Vivo faz é fornecer um meio de ter acesso a isso.

Ju: hum hum

Yassuda: Então ela pode né, tecnicamente, controlar né, a velocidade em que você faz isso. Que afinal de contas velocidade implica em uma infraestrutura, numa série de coisas e que você pode cobrar mais pra ter uma velocidade maior, agora a quantidade de dados não é, não deveria ser da alçada deles. Porque…

Cris: Não é…..é da alçada deles sim

Ju: Claro que é.

Yassuda: Mas isso é da alçada de quem produz.

Cris: Aí é que tá, vamos lá, não, não, não…. não não
Não, não…. Não, aí é uma questão técnica, é da alçada deles sim, não é uma questão só capacidade de tráfego ela não é só velocidade, ela também é quantidade de tráfego de bytes trafegado dentro de um duto, tanto que eu falei aqui pra vcs, quando vc tem uma velocidade maior vc tem um duto maior que passa mais byte trafegado ali dentro.

Yassuda: Sim
Cris: E isso significa que ela precisa ter uma infraestrutura maior pra aguentar passar esse tráfego todo, vamos colocar como se fosse uma auto estrada

Ju: É foi isso que eu…

Cris: É…. então assim, vou pegar uma auto estrada, vou pegar a dutra por exemplo, qdo eu tenho cinco pistas eu tenho muito mais carros passando do que se eu tiver só duas pistas livres tá. Aí duas pistas livres eu tenho uma velocidade menor, cinco pistas eu tenho uma velocidade maior, tá.

Yassuda: Mas ninguém nunca chegou e falou assim: – Você não pode entrar na dutra!

Cris: Sim… aí tudo bem

Yassuda: Vc ter um limite de carros pra entrar na Dutra, o máximo q vc faz é pagar pedágio

Cris: Então vamos… é aonde foi que eles falaram que esse limite existia, na móvel

Yassuda: Sim, sim

Cris: Na móvel, sempre foi dito desta forma.

Yassuda: Sim e o duro…. e as pessoas aceitaram da móvel porque enfim, beleza você carrega tudo o que você precisar no wifi da sua casa e usa a móvel em…. né, caráter emergencial

Cris: Não sei se foi por isso que as pessoas aceitaram, o fato é que a tecnologia da móvel veio depois

Yassuda: E ela é muito rápida

Cris: E a tecnologia da móvel foi muito mais fácil mostrar que você está comprando as duas coisas, a velocidade com o tráfego

Yassuda: A móvel sempre funcionou dessa forma porque mesmo antes de você usar bom…. do jeito que eu ainda uso, né…. você paga, você comprava créditos e esses créditos eles tinham um limite pra você usar então você podia falar no telefone de vez em quando ou usar um certo tipo de crédito.

Cris: Isso, exatamente

Yassuda: É pra mandar SMS e tal, entã qdo vc começou a tecnologia dos smartphones que é uma coisa que só começou a atingir uma grande parcela da população 3 anos pra cá, ou seja, evoluiu muito rápido, foi um desenvolvimento de tecnologia muito rápido

Ju: rápido demais pra vc né Fernando

Yassuda: mudou completamente, não mas…. como mudou completamente, eu exatamente como eu não aderi pros smartphones eu consegui acompanhar isso daí de longe, mas você pode ver que a gente parece que hoje em 2016 e se a gente for olhar pra 2011, estamos falando de outro planeta e como as pessoas já estavam acostumadas, né… que elas estavam comprando pacotes pra usar o celular, que eram os créditos, elas não acharam estranho comprar pacotes de dados porque já estava, já era meio que um consciente coletivo.

Cris: No tempo você tem tecnologias diferentes, então vamos voltar lá atrás, quando a gente tinha o tal do ADSL que era conexão discada, né…. tinha que discar pra uma central tal não sei o que, bom o megabyte ali influenciava, eu não tinha esse acesso limitado, qdo o acesso limitado chegou na venda dos pacotes de banda larga, vinha a banda larga e você pagava a velocidade para uso ilimitado de dados. O que que as Teles estão dizendo agora: – Ó… espera aí gente, o uso ilimitado, o uso de banda cresceu tanto que eu vou mudar a regra do jogo outra vez.

Yassuda: Ao invés de…

Cris: O que ela está dizendo…

Yassuda: Ao invés invez de sei lá, fazer um investimento

Pirula: duplicar a auto estrada

Cris: E aí a regra do jogo é: pra eu trafegar o byte ilimitado que você quer aí, eu tenho que fazer um baita investimento na infraestrutura de rede…. né, pra aumentar a minha auto estrada, certo?

Ju: Sim

Cris: E a minha auto estrada hoje está com quatro pistas, pra eu fazer com que você continue produzindo seus vídeos, a gente continue fazendo o mamilos e botando podcasts no ar e todo mundo ter direito de ouvir, vc tem que ter pistas mais largas, né. E… ou, mais estradas chegando na casa das pessoas.

Yassuda: hum hum

Cris: E aí, isso é investimento em infra estrutura, o que que as Teles estão falando… eu não consigo fazer esse investimento agora, se eu for fazer esse investimento agora eu vou tornar a banda larga cara para todos, é isso que ela está dizendo.

Yassuda: É.. é.. e assim, novamente quando a gente estava começando essa discussão e aí né… até a Ju falou, pô mas é um livre mercado, ou seja, se eu sou uma empresa quero lucrar, enfim, existe uma regra, existe uma… algo que me diga que: Ahh não! Você tem que oferecer isso num preço né… X, não pode ser maior do que isso, tudo mais. Meu contraponto em relação a isso é, que se não fosse um mercado em que você tem empresas que só atuam por questão de concessão.

Ju: Ou seja, não é livre mercado

Yassuda: Não é um livre mercado

Ju: Jamais será…. quem está falando de liberalismo, pelo amor de Deus, isso não é livre mercado.

Yassuda: isso não é livre mercado

Ju: Isso é… isso tem uma intervenção estatal fortíssima, você não está falando de um mercado livre.

Yassuda: E aí me surpreende o órgão que deveria olhar pra tudo isso que é a Anatel

Pirula: Que não faz nada

Yassuda: Vai lá e corrobora

Pirula: só piora

Cris: O órgão que olha pra tudo isso está dizendo o seguinte, é bom pra quem consome menos

Pirula: não e…

Cris: É exatamente essa fala da Anatel

Yassuda: Foi, foi, foi isso mesmo, foi isso mesmo

Cris: Vai lá procurar, a fala da Anatel foi…

Yassuda: É bom pra quem consome menos

Cris: Isso vai ser bom pra quem consome menos pq não vai encarecer pra esse cara

Yassuda: como se o…

Cris: Pq não vai encarecer pra esse cara

Yassuda: Não e…

Cris: Caras que consomem muito, igual a nós todos aqui

Yassuda: hã ham

Cris: Vamos subsidiar quem consome pouco

Yassuda: E como se não fosse, vamos dizer assim, como se assim… daqui a alguns anos o consumo de uso desse cara que hoje consome menos não vá aumentar, como se um dado que você usa pra aferir se um país está mais desenvolvido ou menos desenvolvido é a quantidade de byte trafegado por cidadão.

Pirula: Mas, mas é exatamente esse o ponto…..

Yassuda: é um absurdo

Cris: Exatamente, exatamente

Pirula: O cidadão não…. o cidadão que consome pouco ele não consome pouco pq ele não tem o hábito de consumir, ele consome pouco…

Ju: ele não consegue

Pirula: Porque a internet dele é uma porcaria, é essa que é a questão. Se a internet dele fosse rápida ele consumiria o mesmo tanto que a gente, é esse que é o ponto. Eu me lembro… eu não sei agora, agora é teste de memória, eu me lembro quando começaram as privatizações das Teles. Que antes era tudo estatal era Telesp, essas coisas assim e começaram a… a Embratel e tal… começaram a privatizar, eu lembro de uma propaganda do Zé Mayer, quer dizer a propaganda não era do Zé Mayer, eles contrataram o Zé Mayer pra fazer a propaganda eu não sei se vocês se lembram disso.
Que ele falava assim, ninguém gosta de morar do lado de um metrô em construção, mas assim que o metrô é construído ele é um benefício pra todo mundo. O que nós estamos fazendo é melhorar o serviço de qualidade do telefone de todo mundo, mas enquanto isso não é feito nós vamos ter que passar por alguns problemas, porque, porque estava todo mundo tendo problema de corte de telefone, não conseguia falar, chiado, vc lembra dessa época tipo… uma porcaria.

Cris: você deve lembrar que antes da privatização a fila para comprar um telefone era enorme…

Pirula: Não, um telefone…

Cris: dava volta na Telesp.

Pirula: e um telefone fixo, bom não tinha celular na época, um telefone era equivalente à hoje, sei lá, R$5000,00.

Yassuda: era um bem.

Cris: você comprava ação da companhia telefônica.

Pirula e Yassuda: você declarava no imposto de renda.

Cris: você declarava no imposto de renda porque comprava ações da companhia telefônica. Ter telefone significava ter ações da companhia telefônica.
Yassuda: é isso aí.

Pirula: não… E aí é aquela coisa, quando os caras começaram a fazer a troca eles falaram assim “nós estamos melhorando a infraestrutura” e a promessa de você liberar mesmo que seja por concessão, mas você liberar para a iniciativa privada é de que eles iam arcar com a melhora da infraestrutura ainda que fosse encarecer o preço em troca da gente poder ter escolha de pegar essa ou aquela provedora e liberar o estado pra não ter que fazer isso. Tudo bem, o estado sempre faz aquele seu controlezinho lá por exemplo que nem o fio é da telefônica mas o poste é do estado, você tem todas aquelas coisas… Mas
Cris: Mas seu raciocínio está perfeito. A questão é que durante um determinado momento melhorou mesmo, só que essa infraestrutura ela muda porque a tecnologia muda. Vamos pensar por exemplo, a gente tá falando hoje do 4G e já tá pensado no 5G tá? O 4G ainda não tá no Brasil inteiro.

Yassuda: não.

Cris: e a gente já está falando do 5G. As Teles já estão prevendo fazer um investimento pra daqui há dez anos. O que que acontece na internet fixa é que agora só é que elas acordaram colocar a fibra porque até então, hoje, o que você está usando de internet é uma tecnologia de dez anos atrás, na fixa, entendeu? Precisa fazer um investimento sim pra levar fibra pra todo mundo.

Pirula: agora me fale uma coisa, se o problema deles é a banda – quantidades de carros trafegados – a fibra ótica que é um trem bala, por que que eles vão colocar limite nisso também?

Ju: teoricamente não teria, só a Vivo vai botar.

Cris: essa é uma boa briga!

Yassuda: exato!

Cris: que a única que tá dizendo que vai botar na fibra é a Vivo.

Yassuda: e vai botar na fibra que ela já instalou Vivo, vai colocar na fibra que ela tá herdando da GVT, vai colocar em tudo.

Pirula: e naquelas que ela ainda vai instalar.

Cris: vai colocar nas fibras que são dela, GVT e ela.

Pirula : é isso aí.

Yassuda: ela matou… Ela tá matando a marca né, a GVT acabou oficialmente essa semana.

Cris: acabou a marca GVT vira tudo Vivo. Na fibra dela ela quer colocar franquia também.

Pirula: ganhar dinheiro. Nenhuma dessas justificativas que ela deu se aplica para fibra.

Cris: não… ela não me deu justificativa nenhuma, eu to dizendo o racional por trás de várias operadoras não só ela. Ela inclusive eu acho que ela pecou muito na forma de fazer, na forma de comunicar ela tá enfiando os pés pelas mãos. Na minha opinião não se sustenta tudo o que ela está propondo vai chegar uma hora que ela vai ter que voltar atrás como ela agora tá começando a perder mercado na móvel para as operadoras que começaram a dar de graça Facebook, Twitter e outras coisas lá porque ela não tem. E aí as pessoas tão dizendo assim “eu não quero a Vivo vou pra outra, porque a Vivo tá ficando caro pra mim”

Ju: bom, pra encerrar eu só queria dar uma perspectiva pra gente que para além do nosso problema e para além da nossa discussão isso é uma discussão global, estima-se que em 4anos 19% da demanda global não ter como ser atendida, 79% de todo tráfego mundial da internet em 2020 já deve ser de streaming de áudio e vídeo ou seja essa briga contra a Netflix é infrutífera é dar murro em ponta de faca é querer girar o relógio no sentido contrário.

Pirula: é a briga do CD com o vídeo cassete né?

Ju: é! E o próximo passo que não está nem se computando nessa discussão que a gente tá tendo hoje que vai comer muito dado e muita banda é a internet das coisas, que também é irrevogável que também não tem como você girar o relógio no sentido contrário. Então assim, é um passo que não dá pra voltar atrás, as pessoas vão consumir mais banda e cada vez mais né?

Cris: exatamente. E as teles vão ter que fazer investimento em infraestrutura e cada vez mais entendeu? E agora, qual é a briga eu acho que é a briga boa? E tem que ser a briga que todo mundo tem que emcampar, porque esse modelo de negócio da franquia ele tá praticamente no mundo todo a não ser nos países onde a internet é um direito to básico, nos outros onde não é a franquia já tá lá tá? Pra fixa também. Desde países de primeiro mundo até nos países em desenvolvimento. Todas as pessoas com quem eu conversei falam isso, inclusive nos EUA várias operadoras têm a franquia. Qual é a diferença básica pro que está acontecendo aqui? Nos outros países a franquia é muito alta então quase ninguém bate na franquia porque ela está dimensionada prum tráfego já grande, aqui a franquia está dimensionada pra 10% do uso que a gente faz hojo ou do que a gente poderia ter.

Ju: pois é! Então é pra não usar, é pra desencorajar o uso.

Cris: é pra desencorajar o uso.

Yassuda: é, e quando você olha pra Fibra, quer dizer, é uma quantidade de… a mais alta assim sei lá 250 Gigas é nada.

Ju: é nada! Pra uma família de 4 pessoas não é nada durante um mês.

Cris: então a gente tem aproveitar esse ano aí que vai estar lá a franquia pra ficar medindo, medindo, medindo, medindo, medindo e começar a encher o saco da Anatel pra dizer ”não dá, não dá, não dá, não dá” o pacote que o cara tá colocando ali vai tornar a internet inviável pra todo mundo.

Pirula: ou tornar ela viável por 10 dias do mês! Risos

Ju: bom, os próximos passos quais são? Você tem uma série de abaixo assinado pra fazer pressão. Você tem o Prodecom com a ação e principalmente vamos aguardar o que Facebook, Google e Netflix vão fazer, como eles vão pressionar como eles vão reagir.

Yassuda: ah sim, empresas um pouquinho maiores aí.

Cris: nos EUA eles estão reagindo fazendo as próprias redes…

Ju: Benvindos! Risos

Cris: tá lá o Google sendo provedor…

Yassuda: é o Google Fiber, mas ainda é pequeno, ainda experimental

Cris: É já ouvi falar isso aqui, é o Google Fiber. É ainda é pequeno ainda tá um lugar restrito nos EUA mas já é uma ameaça. Lá já tá dizendo assim “ó, eu sou muito maior do que vocês e na hora que eu quiser virar provedor eu viro, a hora que eu quiser investir nessa brincadeira aí eu vou investir”.

Pirula: a Google ainda é realmente uma empresa que eu entendo que dê pra esperar alguma coisa positiva agora o problema é, que foi até o que eu falei no meu vídeo, depender do Facebook cara… Brace yourselves cara… Porque olha… RISOS… que tristeza!

Yassuda: eu honestamente acho que assim, a legislação atual em relação à órgãos reguladores tem que ser mantida porque afinal em internet, telefonia, seja ela telefone normal, banda larga, internet móvel, telefone móvel tem uma questão de soberania nacional gigantesco assim, então essas empresas têm que ser ultra reguladas, elas mexem com comunicação que vai, como percebemos aí nas questões recentes do país, que vai desde o telefone aqui eu falando com qualquer pessoa à presidente falando com o ex presidente, enfim tudo isso tem que ser muito bem regulado. Não dá pra simplesmente falar “cola aí Google, cola aí Facebook “e deixar ao Deus dará dessas empresas que bem sabemos também não são… não tem santo no puteiro né?

Cris: eu não sei qual a idade de vocês mas eu sou de uma época que comunicação era uma questão de segurança nacional e comunicação transfronteira idem. A gente não tinha comunicação pra fora do país. Eu sou de uma época pré internet. Então assim, o que eu não quero é que isso volte de novo. O que que eu quero? Eu quero que as comunicações continuem sendo uma concessão do governo, porque o governo precisa estar minimamente no controle de questões mas que ele exerça de fato esse controle, porque hoje a gente não vê o governo exercendo controle nenhum sobre as teles, não vê, o controle é muito pequeno.

Ju: muito bem, temos que encerrar esse… a gente já está com quase duas horas…

Yassuda: senão vamos ficar até… Vamos ficar aí até amanhã! Vamos discutir, vamos chamar uma pizza.

Ju: bom, então aguardamos cenas dos próximos capítulos, vamos continuar cobrindo esse assunto conforme ele tiver mais desdobramentos.

Cris: É vão ter vários viu… Inclusive porque a gente tem também a questão aí do Marco civil da internet sendo atacado por outros lados aí na CPI dos crimes de internet. Tem muita coisa ali… O que tá acontecendo agora nesse momento claramente é uma retomada de todo mundo que foi vencido no marco civil tentando passar as suas agendas, já que a gente tá num bolo danado de disputa política eles tão passando e ninguém tá vendo.

Yassuda: e ninguém tá reparando nisso, então tá todo mundo acabando com coisas boas que enfim, dane-se qual o partido aprovou e tudo mais né, a questão não é essas, vamos aproveitar essa barulheira do impeachment e vamos pegar essa CPI aqui dos crimes cibernéticos e acabar barbarizar com o marco civil da internet porque ninguém vai reparar todo mundo tá querendo a cabeça da Dilma.

Ju: mas isso é tema para uma próximo Mamilos com Cris! Voltaremos. Voltaremos nesse tema.
E vamos para o Trending Topics 2

Ju: Vamos para o Trending Topics 2. Vamos falar um pouco sobre a votação do impeachment, então assim, a sessão da votação começa no domingo dia 17 às 2 horas precisando de um coro mínimo de 51 deputados. Eduardo Cunha definiu como vão acontecer as discussões e a votação neste final de semana, a ordem dos votos será por região começando pelo Sul e Sudeste pra terminar com deputados do Norte e Nordeste, onde a Presidente teria mais apoio. O objetivo disso seria criar uma onda pró-impeachment durante votação. Abra um parênteses que enquanto gravamos tudo isso pode estar sendo mudado.

Yassuda: Não e outra, amanhã ainda é sexta-feira, né? A gente grava numa quinta, então assim, sexta-feira tudo pode mudar.

Ju: Tudo pode mudar, mas…

Yassuda: É isso ai.

Ju: Mas até hoje quando eu fiz a pauta era isso que estava valendo.

Yassuda: É isso ai.

Ju: Mais interessante, segundo o site Atlas Político, que entrevistou os congressistas perguntando se votariam a favor ou contra o impeachment e qual era a probabilidade do voto, Dilma tem apenas 7% de chance de manter o mandato. O site mapeia a evolução dos dados desde o início de abril, quando as chances ainda eram 56% a favor da presidenta. A situação começou a mudar a partir do dia 10/04 com os novos desembarques de partidos na base aliada. O Roman, que é o criador da plataforma falou: “O problemático é que a maioria desses políticos têm graves problemas na Justiça. Neste momento, o impeachment traz melhores perspectivas para quem quiser escapar da Operação Lava Jato, então muitos políticos parecem ter embarcado por conta disso. Há uma grande chance que no clima pós-impeachment a sociedade fique menos atenta aos desdobramentos do Lava Jato, então a pressão em cima desses deputados vai diminuir.”

Ju: Bom, o que é o meu comentário sobre essa notícia, é o que eles contam mas também não precisa ser assim né? A gente também pode aprender a jogar esse jogo.

Yassuda: O Mouro deu uma entrevista hoje falando que espera que até dezembro já tenha investigado tudo.

Ju: Caramba! Assim, a gente não pode negar que pressa ele tem, né? Ele está indo bem rápido com as investigações.

Yassuda: Sim.

Ju: Que inclusive quando a gente fez o programa de Lava Jato uma das considerações que a gente colocou na mesa, era se ele não estava atropelando processos que depois iriam ser caros pra gente por causa desses atropelos, né? Então assim, pressa de fato ele tem.

Yassuda: Sim. Segundo meus amiguinhos juristas, atropelos foram sim cometidos, independente de pra quem, contra quem e tudo mais. Alguns ritos jurídicos foram…

Ju: Sim, a gente falou bastante disso no programa da Lava Jato, ele não está deixando os advogados nem verem os autos de processos, está intimando com tipo, prazo de 24 horas, sabe? As vezes de menos tempo, enfim, tem uma serie de coisas. O que a gente não pode de fato falar é que ele não está apressando as coisas, né? Realmente está.

Pirula: Com relação a esse temor aí que ele falou. Eu também tenho um pouco esse temor, mas assim, a gente tem a falsa impressão as vezes de achar que a agora a sociedade brasileira vai cobrar dos políticos que não sejam corruptos e tal, mas a gente tem que lembrar também que boa parte dessas manifestações elas tem o rosto, né? Elas são nitidamente Anti-PT ou Pró-PT. O PT é o mote, porque ele tá no governo e faz muito sentido. Eu não sei, se a saída do PT do governo e a entrada do PMDB, PSDB que seja, vai gerar essa mesma comoção de correr atrás para evitar roubalheira, pra correr atrás da corrupção, porque que você não tem o vilão da história mais ali, você tem agora, você construir o novo vilão e sempre muito complicado, então eu não sei, se… Eu quero acreditar que eu estou errado, mas vamos esperar pra ver.

Ju: Eu só acho que você imaginar que as coisas vão voltar a ser como era antes depois você mexer nas coisas eu acho um pouco e ingênuo sabe? Eles estão achando que, ah não a gente vai tirar isso da frente, cria uma outra distração, porque a gente vota o impeachment, enfim, tudo acontece rápido o suficiente, a gente consegue emendar depois com Olimpíadas, festa, e muda de assunto. Entendeu?

Pirula: Não, e especialmente por causa disso, porque foi criado o vilão, o vilão é o PT. Agora é o que eu falei, pode ser que eles quebrem a cara? Pode, pode ser que realmente o pessoal tenha acordado.

Ju: Eu espero que sim.

Pirula: E realmente comece a cobrar. Também espero que sim.

Yassuda: Mas eu acho difícil que você mantenha a mobilização, até pelos grupos que estão chamando e tudo mais.

Pirula: Não é nem só pelos grupos, você vê que é um inconsciente coletivo.

Yassuda: Sim.

Pirula: Se criou a imagem do PT como sendo um grande problema, o mal encarnado, então a remoção do PT é a solução de todos os problemas, então remover o PT, né? Isso no inconsciente coletivo da maioria da pessoas, não digo nem dos organizadores das manifestações, mas da maioria das pessoas que fazem coro nisso dai, talvez a remoção do PT realmente seja ok. O PT saiu agora eu voltar meus afazeres normais como sempre foi, e acabou e não vou mais cobrados nada.

Yassuda: Não vamos esquecer que tipo, em outros protestos por exemplo como a torcida corinthiana entrando com faixa sobre ladrão de merenda nos jogos, o tratamento disponibilizado pela polícia militar continua sendo usual para protestos.

Ju: Então, sabe o que eu queria que a gente falasse? Assim, porque a gente já falou muito sobre impeachment, não é sobre impeachment o assunto aqui, rapidamente só falar sobre esse rito que vai acontecer no domingo, porque tem algumas coisas que foram curiosas pelo menos, eu diria. Né?

Yassuda: Algumas?

Ju: Sobre o muro, eu acho que a gente podia comentar.

Yassuda: Esse clima de Carnaval e futebol que está rolando, assim, o que estamos propondo? Vão ter lá duas torcidas organizadas em Brasília, no domingo, a partir das 2 da tarde, depois que todo mundo já comeu a macarronada da nona, né? Está com o bucho cheio cheio e já pode ir lá protestar, bonito, beleza. Aí vão estar cada um de um lado enquanto vai ter telões exibindo as votações que vão ser espetaculares, nominais, aquela coisa toda. E aí vai ser vibração de gol, né? E cada um quando falar: Não, sou contra, eee lado vermelho. Sim, impeachment, eeee lado verde e amarelo. E ai vai ficar nisso, e a organização botou um muro pra que eles não se embatam, e ela crê que ao final da partida, juro, ao final da partida o lado perdedor, abre aspas do comunicado: “terá que sair antes para que o lado vencedor fique e comemore”. Assim, a gente está tratando política…

Pirula: É copa?

Yassuda: Serve como copa do mundo.

Ju: Mas posso falar, deixa eu polemizar aqui. Eu fico pensando sobre isso, e de verdade, a gente já fez lá um dos primeiros Mamilos que é um que eu gosto muito que chama “Desafios da Democracia”, a gente falou sobre algumas falhas que são sistemáticas da democracia que sempre foram desde o início, a espetacularização, é uma coisa que sempre teve.

Yassuda: SIM…

Ju: Então por exemplo, em Roma e mesmo na Grécia os problemas que deram, por exemplo, deixaram de ser as pessoas que tinham mais interesse e mais preparo em gerir a coisa pública que conseguiam o poder, e passaram ser as pessoas que tinham melhor oratória, e depois passaram a ser as pessoas que manipulavam melhor as massas, e depois passa a ser um jogo de espetáculo de pão e circo e passa ser… Então assim, isso não é do Brasil e do brasileiro e que tudo a gente faz futebol…

Yassuda: Não. Com certeza.

Ju: É inerente a democracia e esse debate e essa fragilidade e como fazer. Porque assim, se é a maioria que vai decidir, quem consegue controlar a maioria, quem consegue manipular a maioria, vai ter poder, então existe uma tendência à isso, ou, enfim, uma fragilidade, eu acho, do próprio sistema, né?

Yassuda: Eu só realmente fico preocupado, né? De achar que está com uma falsa sensação de controle absoluto da situação, né? Porque a maneira como está organizado o “impeachment fest”, já tem ai os memes rolando.

Ju: Sim…

Yassuda: O setor Jandira Feghali, o setor Kim Kataguiri e o camarote Cunha.

Pirula: Já tem o abadá pra comprar. Maravilha.

Yassuda: Abadá pra comprar, tal… Acho que os vendedores poderiam ficar em cima do muro, falando assim: Você quer vermelha? Joga pra um lado. Do Brasil? Aqui! Ia ser engraçado também.

Ju: Não assim, eu acho que algumas coisas são interessantes, tudo bem a espetacularização é uma coisa que chama atenção pra nos fazer refletir, sabe? Pra você pensar, cara, o quanto isso nos atrapalha, o quanto a gente precisa pensar, porque não existe ninguém que está de fora disso, sabe Yassuda? É foda você pensar que assim, ah não, aquele cara que está lá, ele está sendo manipulado. Eu não, eu tô conseguindo ver as coisas com distanciamento e tal. É muito difícil, porque tem um filtro das informações que você recebe, você nunca sabe o que estão passando pra você, o quanto isso não foi escolhido. Por exemplo, o que você estava falando de uma notícia que saiu essa semana, é uma noticia que aconteceu em novembro e que foi divulgada essa semana, porque essa semana? Porque que isso foi divulgado agora? Sabe? Então enfim, a gente é manipulado de qualquer maneira, a gente está sendo manipulado também, sabe?

Yassuda: Claro, claro.
Ju: Então é difícil escapar disso, eu acho, sabe? Desse espetáculo todo que fazem. Enfim.

Yassuda: É que me surpreende a sensação de que sei lá, quem está organizando isso. No caso, a câmara ou enfim, a segurança de Brasília, assim, o aparente controle que se tem de uma situação. É um evento, é como se organizasse uma partida de futebol, é como se organizasse uma…

Pirula: Trio elétrico…

Yassuda: Trio elétrico, dividiu a galera pra não ter briga, e beleza. Gente, assim é boa parte do futuro do pais que vai estar sendo decidido ali, quer dizer, com menos implicações também, assim futuuuro do pais, mas enfim, é um momento importante da nossa recém democracia.

Ju: Mas você acha que tinha que ter mais gravidade?

Yassuda: O pau pode comer de uma maneira que a gente não está imaginando. E assim, a galera tratando como se… Ah não divide aqui, bota um muro…

Pirula: Haja visto que mesmo com toda essa segurança que eles fazem, né? Você vê o pau que dá entre torcidas organizadas que morre gente.

Ju: É o que eu ia dizer.

Yassuda: Com certeza!

Pirula: Então pode ser que domingo. É domingo né?

Yassuda: Domingo.

Pirula: Morra gente também.

Yassuda: Assim, eu acho tudo isso muito louco assim, sabe? Primeiro, é uma decisão importante, ela ter que ser televisada porque as pessoas tem que saber das coisas? Claro, enfim.

Ju: Era o que eu ia dizer, acho que é muito positivo que seja o nome, o deputado fale o voto dele, que todo mundo veja, eu acho isso muito positivo, essa transparência.

Yassuda: O que eu me preocupo demais, é com esse assim, está sendo feito de uma maneira, ah não, os deputados vão lá os 513 libados deputados federais vão chegar lá, decidir o futuro do pais. Metade da torcida fala “ahhhh, que pena!” e vai embora. Metade da torcida vai ficar lá pra fazer festa e dar a volta olímpica. Que merda é essa?

 

Pirula: E aí o grupo dos deputados que votaram contra o resultado vencedor vão ter um estigma pra sempre como sendo os vilões da história. Independente de quem ganhe e….

Yassuda: É, exato.

Pirula: … no fim das contas você tem os dois grupos que possuem um monte de pessoas investigadas na justiça e tal não sei que. Então, quer dizer, os vilões não vão ser os criminosos, os vilões vão ser os que votaram contra o que eu acredito.

Yassuda: É, exato. Não, é só como eu disse, eu só acho tudo muito louco. Eu acho que é legal que enfim as pessoas vão poder assistir. Fizeram lá de uma maneira, arranjaram isso pra que mais gente visse, enfim, mas é algo muito louco você pensar que tem gente achando que, meu, todo mundo que vai estar lá domingão em Brasília é cordelinho desse jeito pra ficar lá no cercadinho.

Ju: Mas Massuda, qual era a alternativa? A alternativa é não deixar o povo participar disso?

Yassuda: Olha, sinceramente, não sei.

Pirula: Ou talvez participar em lugares diferentes. Fazer uma concentração…

Yassuda: Mas é que os dois…

Ju: Mas quem tem o direito de ficar na praça do povo, entre aspas, na frente do…

Yassuda: Então, aí tem as questões, como se diz, de jurisprudência. Então assim, em outras oportunidades como foram tomadas essas decisões? Então em oportunidades foi, o grupo que manifestasse primeiro a intenção de fazer o evento no local ganhava o aparato de segurança. Então, por exemplo, manifestações que tivemos na Paulista no dia 13, 13 de março, que era um domingo. Então os grupos antigoverno, pró-impeachment tinham feito a reser… né? tinham requerido o espaço. Os grupos à favor do governo, né? Enfim, o que chamam de Pró-democracia quiseram também vir. A polícia vetou no ato. Falou: “Não, vocês não podem estar no mesmo lugar na mesma hora, isso desrespeita a constituição assim, assim, assado. Então vocês vermelhos vão ter de protestar em outro dia, em outro lugar. Não liberaram nem a Praça Roosevelt, que assim, não é exatamente do lado da Paulista, mas é perto, distante assim, uns 2 kilômentros e meio. Então, assim, não liberaram e tiveram de protestar outro dia. Neste caso, dizem, quem chegou primeiro batendo, falando, a gente vai fazer uma concentração no dia da votação foram os grupos Pró- democracia. E aí falaram…. “Não, não, não, vejam bem…. vamos dividir” < riso, deboche>

Ju: Então é que eu não sei se num dia que nem esse…eu acho que todo mundo tem direito ao acesso, a estar lá e…

Yassuda: É, tudo bem…eu acho…eu acho….

Ju: …assim, a gente tem de saber se portar. Se é pra jogar esse jogo, a gente tem de saber se portar.

Yassuda: É massa, massa não sabe se portar, massa vai.

Ju: Ah, mas então pra isso a gente tem especialista em segurança, justamente pra isso, entendeu? E já estão sabendo, e já está cantada essa bola.

Yassuda: Com muro… Eu não sei, eu não sei… a gente ainda tá com uma cara de que as pessoas estão achando que é isso. Vai lá, vota e beleza, vai passar no telão, daí acabou o jogo, vai tomar uma última cervejinha e vamos pra casa que o país mudou. Eu não sei… tem algo muito estranho nisso tudo.

Ju: Eu entendo que você está falando que as paixões estando muito acirradas e que a faísca estará lá pra que tudo dê errado. Mas eu acho que as pessoas também estão pensando isso e estão se preparando pra isso. Assim, é nada mais, nada menos do que todos os olhos do país estão virados pra aí. Então eu imagino que quem é responsável pela segurança tenha consciência dessa importância, né?

Yassuda: Sempre se espera, né?

Ju: Assim, não é possível subdimensionar o tamanho da responsabilidade, eu acho. Mas de qualquer maneira, eu acho que a simbologia é grande, tanto da espetacularização toda, né? Pra nos fazer pensar sobre isso, de transformar isso num carnaval, de transformar isso num futebol, de será que a gente está tendo a gravidade que a gente deveria ter de analisar as coisas, de ser mais racional, enfim. E a segunda coisa, eu acho que assim, visualmente, da mesma maneira que em julho de 2013 a cena das pessoas invadindo o Palácio é muito emblemática, é muito forte, a cena desse muro é muito emblemática e muito forte, e muito triste. Muito triste, e, acho que é justamente isso que a gente estava falando, o Mamilos tem um público bem diferenciado, a gente já conseguiu debater coisas que são difíceis e delicadas e as pessoas conseguiam se respeitar e se ouvir e de verdade a gente aqui nesse programa chegou no limite. No limite em que perderam o respeito, perderam o respeito pela gente, pelo programa, pelo conteúdo, uns pelos outros, justamente porque a gente chegou num momento em que tem essa divisão e que você não quer escutar. E, nada a ver, nem tô falando de política, sobre esse outro assunto que a gente falou que foi a franquia de dados, teve um cara que teve a pachorra, num post meu no Facebook em que eu tava pedindo indicação de links, de falar que lado “X”, que não importa qual, não merecia ser ouvido. Mano, com quem você tá falando? de falar que alguém não tem de ser ouvido, cara? Você tá no lugar errado, assim, você errou de planeta quando você colocou isso. Então acho que, sabe, a gente tá num momento em que a gente não tá se dando conta, entendeu? E colocar um muro pra separar porque a gente não pode assistir uma votação e sabe? Ser civilizado. A gente não pode entender que… eu fico triste que o Rafa não consiga vir aqui. Porque o Rafa Poço, ele fez um programa aqui acho que sobre manifestações, que foi sensacional, e ele fala sobre democracia lindamente sobre isso assim. Que democracia é justamente entender, saber quando você vai perder e saber que você vai construir junto, quando você perde, quando você ganha, quando são suas idéias, quando não são suas idéias, que a gente vai construir juntos da qualquer maneira. Sobre conviver e sobre abraçar mesmo as coisa que a gente não acredita, sabe? E cara, esse discurso tá completamente fora da pauta. Então é isso, vamos construir muro, não vamos conversar e falar assim, “gente, calma que tá todo mundo… De qualquer maneira, quem ganhar e quem perder tá no mesmo país, vai ter de trabalhar igual, é isso, sabe..”.

Yassuda: Gente…

Ju: Pensa numa empresa, eu tenho a minha idéia você tem a sua e aí aprovou a tua arte e eu não vou fazer o plano?!!

Yassuda: Gente, a gente tá usando a metáfora errada. Não têm vencedores nem perdedores. A gente já perdeu. A gente tá numa situação de segundo impeachment em 30 anos de democracia. Assim, a gente já perdeu essa. É triste nesse ponto, sabe? Obviamente vão ter pontos pro futuro, essa investigação toda contra a corrupção, de como um governante tem de gerir suas contas. Tem uma série de benefícios, de frutos que vão ser colhidos pro futuro. Mas é tudo muito triste. Só há derrotas, não existe um vencedor. E esse é o ponto que me chateia. A questão da festa, das metáforas que estão sendo usadas pra montar esse espetáculo, até pela próprias autoridades, de que o grupo vencedor vai ficar pra comemorar, de que o grupo perdedor deve ir embora, sabe? Não há o que comemorar…

Pirula: Não hem o que comemorar independente de qual resultado seja.

Yassuda: É isso aí.

Ju: Não, eu até entendo que tem pessoas… porque assim, se você acreditar que o mal absoluto está ali e que se você tirar o mal absoluto você resolveu o problema, é claro que você tem muito pra comemorar . O que eu quero dizer é que, mesmo que você acredite que a democracia é que está sendo ferida quando as coisas estão sendo feitas dessa maneira, você vai ter de ajudar a remar o barco junto de quem pegar o poder depois.

Pirula: Não, isso sim…

Ju: Mas eu acho que é essa conversa que eu acho que no final tá difícil da gente ter, entendeu? De conseguir discutir e discordar e mesmo assim não esgarçar o tecido social, sabe? Não esgarçar esse pacto que a gente tem de que a gente vai ter de decidir e, que quando a gente decidir, todo mundo, em algum grau, vai focar insatisfeito. Ninguém vai ficar satisfeito, nem quem pegar o poder. Porque tudo é negociado, então, mesmo insatisfeitos a gente tem de continuar colaborando pra crescer e pra coisa ir pra frente e isso tá bem difícil ultimamente, né?

< Música sobe >
< Música desce >

Juliana: Vamos então para o Farol Aceso! Yassuda, o que você tem pra gente essa semana?

Yassuda: Eu, enfim, tô…tem de ficar fazendo esse trabalho no Braincast, eventualmente no Mupoca também …

< Risos >

Yassuda: Aí você fica meio, na semana que você tá trabalhando demais, você fica sem ter o que falar. Mas eu vou indicar a última série, que eu já até falei no Braincast, que me pegou de uma maneira assim, tão bisonhamente bizarra que eu tô lá fazendo meu próprio pão, macarrão, como você viu lá, né, nas fotos do instagram?

Ju: Ah, eu vi. Quando você estiver fazendo macarrão igual ao Hong He aí você me chama.

Yassuda: A hora que eu chegar naquele lance de dar o nó vai rolar….

< Risos >

Yassuda: Que é uma série que tá na Netflix chamada “Cooked” que fala, enfim, da história do homem com os métodos de cocção existentes. Então assim, os programas são divididos em elementos, né, fogo, água, ar, terra, e cada um deles vai retratar um pouquinho a forma de processar os alimentos. seja assando com fogo, seja cozinhando com água, seja fermentando, ou seja….

https://www.netflix.com/title/80022456

Pirula: Jogando limão!

Yassuda: É… < Risos> Jogando limão, colocando ar, que é o caso do pão né? Isso mudou a forma com que a gente lidava com a comida e fez a gente chegar onde estamos e, principalmente, tem a crítica de porque esse método foi inteiramente quebrado do século XX pra cá, principalmente com a industrialização da comida e o que a gente tá efetivamente comendo hoje em dia, que não é exatamente aquilo que todas as linhagens humanas comeram até então.

Pirula: Que medo…

Yassuda: É uma série legal e me falaram que o livro é melhor ainda e eu vou atrás dele. E realmente me botou uma piração do tipo isso, tô fazendo fermento em casa, tentei fazer macarrão porque…tentei, sabe? Eu acho que, assim, prazer de cozinhar eu já tinha, é uma série que só me despertou, tipo, “vai lá, faz mesmo”, não precisa ser todo dia, tal, mas assim, tenta explorar esse lado, tenha prazer cozinhando e vai curtindo. Tenta fazer as coisas o mais artesanais possíveis. Quanto menos embalagem você abrir na hora de cozinhar melhor.

Ju: Aproveitem enquanto tem banda.

Yassuda: É, aproveita enquanto tem banda…. < Risos > É uma série… são só quatro episódios também, é rapidinho, mas assim, fotografia linda, coisa maravilhosa. Muito bom.

Ju: Pirula!

Pirula: Bom, eu como não tenho muita vida social, né, tá sempre muito difícil de receitar as coisas que eu tô fazendo ultimamente. Eu tô fazendo vídeo, um vídeo por dia, então tá essa loucura.

Ju: Assistam o Canal do Pirula.

Pirula: É, vamos ver se eu mantenho a qualidade…. que pra muita gente já não é, né?

< Risos >

Pirula: Mas, então, eu vou recomendar a banda de uma amiga minha que tá tentando fazer um projeto no Catarse pra conseguir gravar o primeiro CD, as músicas autorais já estão prontas ela só não tem dinheiro pra gravar ainda, a banda não tem dinheiro pra gravar e fizeram um projeto Catarse que eu acho que é interessante, que é a banda Foxx Salema. Depois, vou deixar o link aí pro pessoal…

https://www.catarse.me/pt/bandafoxxsalema

Ju: Exato

Pirula: …Poder entrar lá e ver e, se gostar da banda, se gostar da música, fazer lá o.. é uma coisa meio hardrock anos 80. É interessante.

Ju: Tem bastante ouvinte que gosta!

Pirula: É, então, se gostar da música dá uma contribuída lá , que na verdade não é nem uma doação porque mesmo o plano de doação mais baixa você no final ganha as músicas depois, então no final, na verdade, você tá comprando imóvel na planta….

< Risos >

Ju: Você tá investindo pro seu artista realmente conseguir gravar. Bacana. Legal.

Ju: Bom, eu vou indicar uma página que chama “Peguei barriga” que é sobre paternidade. Assim, os posts são muito fofos, pra por um pouco de amor no seu dia, é uma recomendação especial pros pais que escutam o mamilos. A gente tem recebido alguns ouvintes que engravidaram ao longo desse tempo que escutam Mamilos e que dividem essa alegria com a gente. Então, papais, vale muito a pena essa página, é muito fofa. A gente tá discutindo tantos temas pesados, eu acho que às vezes …eu até vi um artigo interessante essa semana que o Facebook tá preocupado porque as pessoas estão cada vez menos postando coisas originais, postando menos coisas sobre elas. Por medo da internet, da reação dos outros e também por essa polarização toda e tal. Então as pessoas estando só compartilhando links. E por conta disso a nossa time line fica muito pesada, porque são todas opiniões de especialistas…

https://www.facebook.com/pegueibarriga/?fref=ts

Yassuda: Só tragédia!

Ju: Tragédia, desgraça… e o mundo parece ser muito cinza. Então, incluir no seu feed o “Peguei barriga” é de bom tom. E uma outra coisa é o Canal da Mandy, que é uma trans que conversa pra quebrar o tabu. Eu assisti a alguns vídeos dela essa semana e eu achei muito legal. É legal pra expandir horizontes. Então, inclua o canal, assine o Canal da Mandy. É isso gente? Com tudo que podia dar errado, deu tudo certo e temos um programa no ar. Temos?

https://www.youtube.com/channel/UC0UMjthdcI-0IqgaZaQ5_Ww?nohtml5=False

Yassuda: É isso aí! Temos, temos! Gigante!

< Risos >

Yassuda: Ainda vai sobrar mais uma massinha pra fazer mais um programa e meio aí…

Pirula: Dois programas!

Yassuda: Certeza!

< Risos >

Ju: Então tá bom gente, muito obrigada e até a próxima!

Pirula: Eu que agradeço!

Yassuda: Tchau, tchau!

< Sobe a música >