Jornalismo de peito aberto
Essa transcrição é resultado do trabalho colaborativo de Jonas Rocha, Lu Machado, Gabhi Dias, Gabriel Joseph, Rafael Verdu e Debora Martins, um time que só fica mais lindo com o tempo.
Se você utiliza essa transcrição e ainda tem qualquer dificuldade de acessibilidade, por favor, entre em contato conosco no [email protected].
Se quiser fazer parte dessa equipe mande um e-mail com o título “transcrição” para o mesmo endereço ;)
Vem fazer o Mamilos <3
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Locutores: Cris Bartis, Ju Wallauer, Caio Corraini, Mi Sopper e Thais Fabris
Cris: Mamileiros e mamiletes estamos de volta pra turbinar suas horas de trânsito, de faxina, de malhação, de trabalho com muita polêmica. Eu sou a Cris Bartis e essa é a…
Ju: Ju (pausa dramática) Wallauer.
Cris: Com pausa dramática! É isso aí gente! Vamos começar?
Ju: E o som do Mamilos? Caio, tem alguma banda nova para apresentar pra gente?
Caio: Olá Personas! Corraíne aqui novamente para trazer a vocês os responsáveis por dar mais cor ao Mamilos dessa semana. Lembrando sempre que se você quiser colaborar com o conteúdo musical desse programa pode nos recomendar bandas ou artistas independentes no e-mail: [email protected]
Caio: E hoje, como vocês já puderam perceber na abertura do programa, eu arregacei as minhas manguinhas, eu sai um pouco do comum e atendi a um pedido de um ouvinte. O Afonso, ele mandou um e-mail super sem graça, né? Dizendo que punk rock não tinha nada a ver com o Mamilos, mas não custava nada tentar. Sendo assim, hoje nós vamos ouvir a banda Señores, com um til “~” no “n” (Ñ) igual no méxico, que é uma banda punk rock de Goiânia. O Mamilos é um espaço para todo mundo inclusive musicalmente. Então fiquem aí com a Señores no Som do Mamilos.
[sobe trilha]
“A noite do fracasso esta por vir. Você esta triste e não se decide, ho! Tudo te deprime nada te define, hooo! Nesse mundo você pode ate chorar! Pois você não é tão fria pra agüentar. O mundo que deságua sobre nós. Você não se decide”
[desce trilha]
Cris: E tem beijo! Tem beijo para Pinhais no Paraná,
Ju: Pra Franca em São Paulo,
Cris: Santo André, São Paulo,
Ju: Recife em Pernambuco,
Cris: Rio de Janeiro,
Ju: Milão,
Cris: Alken, na Bélgica,
Ju: E pro Rafinha Martinelli do podcast Flores no Asfalto. Boa sorte!
Cris: Quer conhecer mais mamileiros na sua cidade, no seu bairro, na sua rua? Acesse o mapa de mamileiros! A gente vai colocar o link de novo na pauta.
https://www.zeemaps.com/map?group=1890566
Cris: Corre! Vem conquistar territórios.
Cris: Juliana, como é que as coisas estão acontecendo? O quê que está acontecendo por lá?
Ju: A região sudeste já tá bombando. Mas eu queria saber cade os gaudérios? Tem mais mamileiro na Kombi do Chef que no mapa, gente!
Cris: Nossa! Que falta de prestígio!
Ju: Se marquem, gente! Quero ver gente de Erexim, de Pelotas, de Passo Fundo, de Caxias, de Bento Gonçalves.
Thais: Uruguaiana!
[todos riem] :D
Ju: Quem mais?
Thais: Quer outras cidades?
Ju: Dois Irmãos.
Thais: Arvorezinha!
Cris: Parou o táxi!
Ju: Parobé!
Cris: Se eu for falar Minas (MG) aqui nós vamos ficar até amanhã!
[todos riem] :D
Cris: Fale com o Mamilos! Você pode escolher o canal. Pode ser no Facebook do Mamilos. Tem Twitter, Periscope, Instagram e Pinterest com o perfil @mamilospod. E tem o nosso cheiroso email: [email protected]
Cris: Não deixe de comentar na página do Mamilos no B9 porque lá sempre rola discussão legal.
Ju: E você também pode contribuir com esse projeto pelo Patreon: https://www.patreon.com/mamilos
Ju: Apoie a gente!
Cris: Tem merchan, Ju?
Ju: Tem um merchan especial do Workshop Love Brands! É a última turma do curso, gente. Já tem os alunos das turmas anteriores pedindo – Faz outro assunto, pra gente poder ir de novo – Vou fazer, então essa é a última turma. Quem ainda não viu a de Love Brands se inscreve que depois eu vou lançar de outro tema. Então corre pra fazer a inscrição! Não adianta chegar na última semana e chorar – Ah! Não tem mais vaga! – É sempre assim. Na última semana sempre aparece gente reclamando. Eu vou entregar só um teaser pequenininho.
Ju: Um monte de marcas que a gente ama hoje se construíram, consolidaram, se fortaleceram em períodos de crise. Então a gente sabe que hoje, todo mundo que trabalha com comunicação está vendo um monte de cliente cortar verba porque está esperando a tempestade passar pra ver o que vai acontecer e voltar a investir. Isso abre uma oportunidade muito clara pra quem entende como as relações de amor e lealdade se constroem.
Ju: Vem conversar com a gente, faça a sua inscrição! O link para a inscrição está na pauta.
https://www.eventbrite.com.br/e/planejamento-de-lovebrands-tickets-24197281721
Ju: Corre lá, gente!
Cris: O Paulo Renato também pediu pra gente divulgar o CryptoRave 2016. É um evento aberto e gratuito para difundir os conceitos fundamentais de privacidade e liberdade na Internet e o uso de ferramentas de segurança digital. São 24 horas de conversas, trocas e aprendizagem na área de segurança de comunicação e criptografia. Vai acontecer entre os dias 06 e 07 de maio, no Centro Cultural São Paulo. Embora o evento seja gratuito a gente sabe que todos vocês vão ficar desesperados para ir então, ó: Tem que se inscrever! A plataforma é colaborativa, está com uma campanha de crowdfunding. Curte lá e doe. Dá uma olhadinha a gente vai colocar aqui o link na pauta pra vocês.
https://www.catarse.me/pt/cryptorave2016
[sobre trilha]
“Muda de visão quem muda de lugar! Muda de visão quem muda de lugar! Muda de visão quem muda de lugar”
[desce trilha]
Cris: E no “Fala que eu te escuto”?
Ju: Gente! A Marina Moretti fez uma curadoria com 8 playlists por assuntos do Mamilos pra gente. Adoramos! E já disponibilizamos no nosso Soundcloud a playlist de feminismo.
soundcloud.com/mamilospod/sets/feminismo
Ju: Então é muito bacana porque você que sempre quis indicar o Mamilos e para as pessoas conseguirem se achar, né? Mostra para as suas amigas já direto um tema que já interessa para elas. Cada semana a gente vai colocar uma playlist. Acho que ajuda bastante a apresentar o programa, por interesses.
Cris: Também o nosso nosso SUPER obrigada aos lindos Kátia Kishi,
Ju: Rafael Verdu,
Cris: Gabriel Joseph,
Ju: Lu Machado,
Cris: Rafael Coiro,
Ju: Ysabel Myrian,
Cris: Fagner Coelho,
Ju: Vinicius Marreiros,
Cris: Joana Moraes
Ju: E Gabrielle Dias.
Cris: Eles transcreveram o Mamilos 62. E se você quer fazer parte dessa equipe é só mandar um email para [email protected] com o título: Transcrição.
Ju: E o Jonatas escreveu pra gente:
“Olá queridas de mi corazón meu nome é Jonatas, 33 anos e no último dezembro me mudei da periferia do Rio de Janeiro para trabalhar como programador na Bélgica. Em todo meu processo de vinda pra cá, desde o visto até questões práticas da residência aqui, eu percebi o quanto a organização europeia associada à fragmentação que vocês mencionaram complica um pouco as coisas aqui. Primeiro que a Bélgica é um país bem curioso. Dividida em duas regiões (Flanders e Valônia), cada nível de governo tem autoridade praticamente de igual peso ao governo central. O estado onde moro, Limburg, tem quase a mesma autoridade que a administração de Flanders (região) e do governo central em Bruxelas. Isso se reflete não só na organização da polícia, mas na burocracia daqui. Apesar de toda organização, é muito confuso. Em quase 4 meses ainda me confundo e tento entender algumas das minúcias de como eles vivem.
Outro ponto é perceber um outro tipo de violência. No Rio eu morava na Pavuna, “quebrada da pesada”, um dos lugares que pioraram exponencialmente desde o início do suposto processo de pacificação nos morros cariocas. Por exemplo: tiros, drogas, menores armados de fuzis, pessoas com granadas, desfiles de veículos roubados, caveirão subindo pra pegar propina, se esconder no meio de tiroteio, tudo isso era nossa rotina lá. Minha filha com menos de 3 anos já não se assustava mais com os sons.
Então, algum know how de violência a gente pensar que tem, né? Mas nesse aspecto o terrorismo foi outra coisa. É outro agente, é outro propósito, é outro tipo de imprevisibilidade que você tem que passar a considerar. “Ou seje”, assusta.
Mas a vida tem que seguir, né? É isso. Olha, com o maior respeito do mundo, am’ocês!
Beijão pro Caio.
Cris: A Luyza Pereira escreveu um e-mail que abalou as estruturas. Vamos lá:
“Estou escrevendo porque me encantei com o episodio 58 sobre acessibilidade. O tema (pensei a princípio, inocente), não passa perto de mim, afinal, não tenho deficiência e não estou próxima de ninguém que tenha. Senti-me isenta. Mas interessa? Claro que sim. Bora ouvir.
E nem tinha passado metade, já estava ali, rindo com o bom humor dos convidados, chorando de empatia e me reconhecendo neles. Faz quase um mês que perdi meu primeiro filho, logo após seu nascimento. Eu me sinto assim, com uma deficiência, amputada, com um pedaço de mim faltando que me impede de fazer várias coisas do jeito que eu fazia antes. Com um excesso de amor que não tem pra onde ir. Também tenho precisado de ajuda para colocar a comida no prato. Também ouvi coisas horríveis de pessoas queridas que só estavam „tentando ajudar, como: “daqui a pouco você engravida de novo”, “você nem estava tentando engravidar mesmo”. Também vi gente se afastar por não saber como lidar. Com quanta leveza vocês e os convidados chegaram ao final concluindo: ninguém é obrigado a saber como ajudar. É nosso dever também ensinar aos outros como nos ajudar. E porque não perguntar: como eu posso ajudar?
Era bem o que eu precisava ouvir nesse momento. Ninguém que me diga o que fazer ou ache que saiba o que é melhor pra mim. E nessa ponte, meio improvável, descobri que esse mamilos juntou a minha situação e sentimento com os de um monte de outras pessoas e me senti menos sozinha e mais apta a trilhar meu próprio caminho, novo, com a minha „deficiência“.
Obrigada. Continuem esse trabalho lindo.
Ju: Esse email deixou a gente bem emocionada porque muitas vezes a gente vem gravar super cansada, o filho ta doente, a gente brigou com o chefe, a gente está angustiada com conta pra pagar. Nem sempre dá pra fazer do jeito que gente gostaria. Nem sempre a gente consegue se preparar, nem sempre a gente consegue estudar, nem sempre consegue ir atrás dos convidados que a gente queria. Enfim. Mas ainda assim, toda semana tem. E são 90 minutos de exposição sem filtro. De bunda na janela oferecendo nosso coração como vidraça. A gente erra, a gente desagrada um monte de gente. E é muito lindo receber um carinho desses e perceber que tudo vale a pena, que a gente faz parte da vida de vocês de uma forma muito especial. Então muito, muito obrigada.
Cris: Beijo Lu.
Cris: Vamos então para o bloco dois? Vamos para o Trending Topcs?
[sobre trilha]
[desce trilha]
Cris: Vamos começar apresentando quem está na mesa agora? Hoje, linda, florida. A mesa está tão loira, gente!
[todos riem] :D
Cris: Só eu sai perdendo.
Thais: Ou não, né?
Ju: Ou não! Ou ganhando!
[todos riem] :D
Thais: Ficou meio sem graça… [risos]
Ju: A Cris está com a reserva de mercado, aqui… [risos]
Ju: A Cris está com um diferencial competitivo aqui na mesa.
[todos riem] :D
Ju: Comece se apresentando, dona Michele.
Mi: Meu nome é Michele. Eu estou aqui para explorar o ângulo que eu sou mais fascinada, que é o ângulo da liberdade. Eu sempre tento olhar a vida dessa forma e eu vim aqui para tentar explorar isso com vocês.
Ju: Muito bem. Quem é você Thaís?
Thais: Oi gente eu sou a Thaís. Eu sou sócia da Sessenta e Cinco Dez, que é uma consultoria especializada em comunicação com mulheres. Já estive aqui no Mamilos outras vezes…
Ju: Muitas vezes.
Thais: …então vocês já conhecem a minha voz.
Cris: Mas os cabelos… [risos]
Thais: Os cabelos mudaram.
Ju: Inclusive! [risos]
Thais: Estou mais loira ultimamente.
Ju: Você está na nossa playlist!
Thais: Eu estou na playlist?
Ju: Porque você gravou o programa de feminismo.
Thais: Estou na Playlist de feminismo, então quem quiser ouvir mais, estamos lá. Também estou no Facebook da Sessenta e Cinco Dez. que é:
www.facebook.com/meiacincodez
Thais: Meia Cinco Dez por extenso. E também sou diretora de criação e redatora.
Cris:: Vamos então pro giro de notícia, começando pelo tópico 3: Padre pede perdão para transexual em SP . O padre Júlio Lancellotti interrompeu a Via Sacra do Povo da Rua, no centro de São Paulo, para um gesto que surpreendeu a todos. Na ação, organizada pela Pastoral e que foi do Largo São Bento até a Praça da Sé, ele parou para beijar os pés de uma transexual chamada Sheila, que acompanhava a passagem. O religioso também pediu perdão pela violência pelo desrespeito praticados contra ela e contra outros “irmãos e irmãs” que, assim como ela, “têm sua própria maneira de ser”.
Que gesto hã?
Ju:: É. Assim, tem milhares de notícias que poderiam entrar nesse giro mas pelos tempos de intolerância que vivemos acho que essa notícia torna-se muito relevante.
Segundo tópico: Sete pessoas são presas por suspeita de fraude na merenda escolar de SP
Sete pessoas foram presas, nesta terça-feira (29), em cinco cidades do estado de São Paulo. Elas são suspeitas de fazerem parte de um esquema que fraudava licitações para comprar merenda escolar superfaturada. Os promotores disseram que vão oferecer acordo de delação para todos os presos. O atual presidente da Assembleia de São Paulo, Fernando Capez, do PSDB, já foi apontado como uma das pessoas que recebeu propina, por um dos delatores.
Cris: Roubar merenda é tipo crime hediondo né cara? Depois disso acho que não mais nada. Isso é tipo chegamos lá…
Ju: É… roubar dinheiro de hospital também.
Thais: Ah… Não… tem uma bonita que eu vi hoje, que foram as pessoas que ficaram cegas no mutirão de catarata, acho que era tipo 50 pessoas ficaram cegas porque as pessoas que fizeram, os médicos que operaram elas, não esterilizaram os aparelhos e sequer lavaram as mãos. Então eu acho que eles estão no subsolo do inferno depois dos caras da merenda.
Cris: Então assim, vamos parar de comparar a desgraça e vamos pro tópico número 1: PMDB oficializa rompimento com Dilma
O Diretório Nacional do PMDB decidiu nesta terça-feira (29), por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do partido e os filiados que ocupam todos os cargos no Executivo federal entreguem seus cargos.
Ju: Agora mesmo, chegando aqui eu recebi a notícia de que a ministra Katia Abreu já falou que eles não vão entregar os cargos, os ministros, eles vão continuar. Então vocês desculpem porque a gente tá gravando quarta à noite provavelmente até sexta à noite vai ter…
Cris: Talvez larguem, talvez não como diria Caetano ou não.
Ju: Acompanhem no Netflix a novela da política brasileira!
Cris: Vamos então para o Treding Topics.
Ju: E o primeiro tema é fácil, é suave mas eu acho que assim é muito importante pra gente tratar. Sobre o que a gente vai falar? De uma treta que tá acontecendo com os agentes fiscais de renda, funcionários públicos né portanto que estão lutando contra o governador Geraldo Alckmim que quer prorrogar um conjunto de benefícios fiscais concedidos pra frigoríficos paulistas. O sindicato dos agentes fiscais de renda do estado de SP já encaminhou ofício ao governo pra evitar que a situação se agrave com a eminente possibilidade de renovação do decreto 57686 que há seis anos permite regalias ao setor em todo o estado, segundo a entidade. Por que que eles tão reclamando? Porque o governo está em déficit, o governo paulista, o governo acabou de congelar num decreto na sexta feira do dia 15 R$ 6,9 bilhões do orçamento já prevendo que a arrecadação vai diminuir então o que eles tão falando é, se o governo tá em déficit não faz sentido você abrir mão de receita e aí nas palavras deles “essa é uma condição recorrente e chama atenção o fato de que o estado vem concedendo benesses ao setor apesar dos inúmeros autos de infração e imposição de multa lavrados pelos agentes ficais de renda em vários frigoríficos por várias violações à legislação tributária. Então pelas contas do estado não faz sentido eles como agentes fiscais falam que não faz sentido porque esse setor é um setor já sonega muito eles não têm que ter benefício fiscal, pelo contrário, e o que eles tão fazendo é um papel técnico de dizer que o governo não está fazendo um bom gerenciamento de recursos. E o que a gente vai discutir aqui que é o que mais interessa é por que que isso tá acontecendo, então a primeira pergunta que eu faço Mi é qual é o sentido de um governo que tem déficit a ponto de não conseguir por exemplo atrasar pagamento de férias, a ponto de fazer medidas bem polêmicas de corte de recursos e tal expandir políticas de subsídio ou manter políticas de subsídio?
Mi: Vamos começar com uma das teses pra isso, não to defendendo to só explicando uma das possibilidades. A gente tá num momento de crise numa economia muito ruim eu tenho um setor produtivo que eu quero que ele continue produzindo, não demita pessoas pra gente poder sair da crise, então há seis anos eu tenho um preço formado com base nessas informações. Eu tiro, eu diminuo as vantagens dessa indústria. Pra mim não faz sentido algum. Por que? Por que um frigorífico pode e o restaurante que tá fechando não pode ter um benefício fiscal só pra ele? Então eu tô elegendo partes da sociedade que vão ser privilegiadas. Mas eu entendo porque a gente vê o governo nessa busca insana pelo superávit primário porque ele precisa fechar as contas dele então ele tenta por esse lado incentivar o lado produtivo.
Ju: Não, mas isso atrapalha o superávit porque o governo tem menos receita né? Os incentivos fiscais diminuem muito a receita do governo.
Mi: Sim sim, por outro lado sim, eles deixam de arrecadar. A questão também que estou falando de uma forma ingênua que o governo está tentando incentivar uma atividade, um setor.
Ju: Bem intencionado a turbinar a economia.
Cris: É é um setor importante né?
Ju: É uma política intervencionista, olha a economia tá devagar então a gente vai dar incentivos, vai desonerar produção pra que a economia reaja.
Mi: Continue produzindo… Exatamente!
Ju: Bom, então no cenário de crise a gente tem duas defesas. Por um lado se ele retirar o incentivo agora a empresa vai ficar mais onerada e potencialmente vai fechar e vai aumentar o problema do desemprego que já é grande.
Cris: Enfraquecimento da economia né?
Ju: E fechando ela realmente não vai gerar receita nenhuma pro estado como imposto, enfim é uma cadeia ruim, por outro lado na letra fria da planilha se eu tenho uma conta que não fecha eu abrir mão de receita não faz sentido. Então no cenário de crise a gente tem basicamente essas duas coisas.
Cris: Eu acho que tem um terceiro ponto aí que é por que que eu privilégio um em detrimento de outro? Então nesse momento dentro dos dois pontos que a gente já abordou eu queria entender um pouco melhor assim, independente desse contexto, faz sentido desses benefício fiscais acontecerem, existirem? Esse micro gerenciamento da economia?
Mi: É. Uma parte das pessoas dizem que sim, o estado tem que corrigir as tais falhas de mercado porque a gente tem assimetria de informações, a gente tem interesse que por exemplo o produtor nacional vá melhor e a gente então barra a importação por exemplo pra proteger a indústria nacional. A questão é que quem paga o pato é o consumidor, ele paga um produto mais caro em detrimento de uma indústria que eu quero fomentar. Então quando o governo incentiva, escolhe um setor, uma indústria, uma população ele tá desincentivando outras, então esse é o problema básico da intervenção do estado na economia. Uma que ele vai tão fundo que ele depois não consegue saber qual foi o impacto.
Ju : Ele não consegue tirar né a intervenção.
Mi: Ele nem consegue avaliar se aquilo ajudou realmente ou ele só atrapalhou mais. Por exemplo um dos contrapontos que vi no Valor sobre essa notícia desse benefício fiscal foi que o próprio benefício que São Paulo dá e não tem em outros estados gera uma diferença de alíquota então às vezes a empresa recolhe de forma diferente porque a nota vai pra outro estado então isso, o próprio mecanismo já gera um problema que a empresa cai na… ela recolhe a maior, ela recolhe a menor e recolhe diferente então isso também é um omecanismo que gera uma própria autuação. Uma das coisas que os fiscais tão falando essa empresa tem uma dívida milionária e aí os advogados que eu li aqui falam “realmente tem uma dívida milionária e parte dela é por causa disso. Vocês criaram um benefício e como é muito difícil de regular isso no Brasil você cria um problema”. Então a intervenção na economia ela é muito difícil de fazer sem ter realmente noção de o que acontece quais são as externalidades ou quais são as consequências disso os impactos que não estão previstos né? Por exemplo uma lei que dá benefício fiscal pra empresa que emprega jovens que estão sem experiência precisa entrar no mercado de trabalho, ou seja, uma iniciativa super louvável ele vai estar desincentivando a contratação de pessoas mais velhas e que também precisam de trabalho, precisam se manter no mercado porque a aposentadoria não tá lá essas coisas. Então o que que é melhor? Ah não… jovem é melhor, velho é melhor, né?
Ju: Acaba que o governo fica tendo poder discricionário de privilegiar uns em detrimento de outros. Eu achei interessante o seguinte: a princípio, quando você se debruça pela primeira vez sobre o assunto, parece que não tem problema porque ele não tá ajudando um em detrimento de outro, porque o incentivo é pra um setor inteiro… então são todos os donos de frigorífico, são todas as empresas desse seguimento. Só que a gente sabe que as empresas… elas não concorrem só dentro do setor, do seguimento delas. Então penso o seguinte: se você tem um jogo pesado… então vamos dizer que o imposto é 100 pra todo mundo, todo mundo tem que pagar 100… se no seu seguimento você paga 50 ou não paga nada e todos os outros seguimentos tão pagando 100, você tá muito privilegiado nessa conta! Né? Nessa conta todo mundo tem que pagar funcionário, todo mundo tem que pagar aluguel, tipo… na hora de pagar o aluguel, na hora de pagar o frete, na hora de… enfim, o seu negócio girar, você tá concorrendo com todo mundo da economia e só você tem esse benefício que os outros não tem.
Thais: E a situação eu acho que se agrava ainda mais porque o governo faz sempre a conta de chegada: ‘eu tenho a despesa X e eu tenho que arrecadar esse X’ pra poder fazer frente às despesas. Então, se eu tô liberando o setor A, eu vou ter que onerar alguém, porque eu tenho que arrecadar esse valor. Então…
Ju: Perfeito!
Thais: …eu vou…
Ju: Tem alguém pagando, na verdade, isso…
Thais: Exatamente!
Ju: Eu to tirando de um pra cobrir o outro, na verdade.
Cris: Mas a gente já tem visto alguns incentivos fiscais ao longo do tempo. Inclusive alguns são federais, se eu não me engano.
Thais: Tem de toda ordem…
Ju: Demais!
Cris: De automóveis, linha branca…
Thais: Alíquota zero…
Cris: …que tem alíquota zero… Qual que é a diferença disso…
Thais: A meia entrada também é… Então a caneta que a gente fala… a lei… assinar um decreto… é muito fácil. Só que o mercado vai se ajustando, as pessoas vão compensando. Então…
Cris: Eu entendo isso. O que eu não entendo é por que a visibilidade desse tipo de medida… com… aqui em São Paulo sendo que isso na verdade é uma prática que acontece…
Ju: Não, não. A gente só pinçou uma notícia que era dessa semana pra falar sobre esse assunto.
Tá! A gente já discutiu, então, sobre um aspecto, uma visão de qual é o impacto de você intervir na economia através de subsídios. Agora, a minha pergunta, que é o motivo desse assunto estar na pauta, né,porque… saiu a lista da Odebrecht, com doação pra campanha e tal… “Qual a moralidade de você subsidiar uma empresa que contribuiu com a sua campanha”, né? Nessa matéria fala que esse seguimento de frigoríficos deve 2 bilhões em impostos sonegados ou perdoados, o que certamente é uma boa vantagem competitiva… o que justificaria o investimento de milhões em campanhas políticas. Aí eu te pergunto, Tatá, esse universo de doação de campanha e depois você pega esses… exatamente os maiores doadores de campanha e dá subsídio, ou seja, você tá desonerando a produção, ou seja, você tá deixando eles mais competitivos, ou seja, é mais dinheiro no bolso deles… E é uma forma completamente legal, isso não é ilegal, é isso que a gente precisa falar… Tipo, essa é a forma, dentro do sistema, de você arrecadar dinheiro pra uma campanha e depois pagar pras empresas.
Então eu queria, tipo, que você falasse um pouquinho sobre esse cenário nas últimas eleições.
Thais: Eu até complemento a sua pergunta com: A quem interessam esses subsídios? A quem realmente tão servindo esses subsídios?
Ju: Exato!
Thais: Eles tão realmente desonerando empresas para que elas continuem gerando trabalho e pra que a gente não tenha o aumento do desemprego? E pra que a gente não tenha uma…
Ju: Deixa eu te falar qual é a resposta. Porque assim, quando pedem pra gente assinar… Porque no final do dia somos nós o povo, we are the people, que assina esse subsídio através dos nossos representantes.
Thais: Sim.
Ju: Quando pedem pra gente assinar, nos vendem assim: “A gente vai desonerar a cesta básica”, carne é item da cesta básica, cesta básica tá cara, “Você quer que a cesta básica fique mais barata?”.
Thais: “A gente vai desonerar a construção civil…
Ju: Você vai falar: “ooopa!”
Thais: …a sua casa vai custar menos…”
Ju: “Vamo aí, deixa eu assinar”, “Me dá aqui que eu vou assinar”. Então a promessa é… Nunca ninguém fala, “Gente eu preciso retribuir pra galera que pagou não sei quantos milhões na minha campanha…”
Cris: Sincericídio!
Ju: …Não! É…
Thais: É que no fim do dia, você tá muito mais contribuindo pra que o dinheiro esteja cada vez mais na mão de poucos… E aí tem um dado que tá na minha cabeça já muito ultimamente que é… 50% da riqueza do mundo tá na mão de 83 pessoas… e, ele ta ficando cada vez mais concentrado, nos últimos 10 anos era 50% da riqueza na mão de 300 pessoas, e agora são oitenta e tantas… E isso, todo esse sistema, ele só contribui pra isso no fim do dia… Ele não tá contribuindo pra que realmente tenha mais dinheiro na mão de mais gente…
Ju: E nem pra que o sistema seja mais eficiente. Que é isso que a Michele tá dizendo.
Thais: Nem pra que o sistema seja mais eficiente.
Ju: Sabe a sensação que eu tenho? Que eu não quis falar pra não te interromper quando você tava falando de qual o problema de intervir… A sensação que eu tenho é que o governo intervindo na economia é tipo a gente intervindo no meio ambiente, sabe? Tem um bom motivo…
Thais: Uhum…
Ju: …Tipo, cê tem uma praga “Ah, então eu vou matar todos os gafanhotos”…
Cris: É…
Ju: …aí fudeu, aí você desequilibra ali…
Thais: Aham…
Ju: …aí pra corrigir isso, você não pode deixar desequilibrado…
Mi: Exatamente…
Ju: …e você faz uma outra coisa, aí você cria outro rombo e aí você vai numa série em cascata que cê não para de intervir e cada vez tá mais cagado…
Thais: O pior, Ju…
Mi: …e perdeu de vista o que que era pra fazer no ponto de partida…
Thais: …o pior, Ju, é que eu nem acho que alguém no governo tá pensando em fazer o bem…
Ju: Sim. É, eu tô falando o melhor cenário…
Thais: É… (risos)
Cris: É que na verdade, assim, eu acho que isso também…
Ju: Eu ingênua… ‘A Poliana’!
Cris: …isso também não parte do princípio de… ‘É como as pessoas sobrevivem na política’… ‘É como é possível fazer uma campanha’… Uma pessoa que hoje não tá fazendi com o próprio dinheiro ou ela não vai se eleger, porque é muito caro fazer uma campanha
Ela é vem antiga, chama as 4 irmãs
É dessa matéria eu tirei esses dados… se debruça, são as 4 maiores construtoras do país…
Tudo na legalidade, tá gente!?
Não tamo nem falando do dinheiro que tá lá na lista da Odebrecht
Odebrecht e a Andrade Gutierrez
Mi: Exatamente. O governo tem várias formas de intervir na economia. Uma é dando subsídios, financiamentos mais baratos ou retirando a obrigatoriedade de pagamento de alguns tributos… E ele vai escolhendo! Ele vai, conforme a gente falou aqui, tem várias justificativas muito nobres, muito lindas… A questão é: ele pode interferir na conta de luz, na conta de telefone, na conta… Qualquer conta! Qualquer… Até nas nossas escolhas, porque uma coisa fica mais cara, a outra fica mais barata, a gente acaba tomando escolhas porque os preços, eles estão todos com essa mão que já mexeu. Então, a minha proposta sempre é diminuir o tamanho desse prêmio, que é uma bolada, que é poder intervir no preço de todo mundo, mexer na atividade de todo mundo, dizer quem é que pode, quem é que não pode, quando pode… Então, pra mim, passa por aí. Se eu não tenho poder para fazer tantas coisas e mexer na atividade de tanta gente, e beneficiar uma parcela da população em detrimento da outra, eu passo a ser um político menos interessante, né? Então, pra mim, passa por aí um pouco da solução para campanhas mais baratas (…)
Ju: Pra diminuir a corrupção.
Mi: (…) Pra diminuir corrupção… Se eu não tenho poder de fazer chover, eu não vou pagar pra fazer chover! Então vai um pouco por aí…
Ju: Se você diminui o incentivo pros corruptores, entendeu?
Cris: É tirar a caneta!
Mi: Exatamente! É por isso que o Estado mínimo é bom nesse sentido. Tem algumas questões que não são tão interessantes para alguns, mas eu acho que passa por aí. Quanto mais a gente quer que o governo nos dê e não dê pro outro, né? Se a gente ficar sempre com essa mentalidade curto prazo e “Pra mim, eu mereço!”, ou “Os meus amigos merecem”, ou “O meu grupo de pessoas”, então a gente nunca vai sair desse cabo de guerra que é um monte de gente em Brasília, né? Fazendo lobby pra ver quem consegue arrancar um pouquinho mais (…)
Ju: Puxar um o cobertor mais pro seu lado, né…
Thais: Né? Em vez de investir em produtividade, em inovação, em tecnologia, e fazer tudo crescer e todo mundo crescer junto, né? Então…
[Sobe vinheta musical]
Cris: Vamos, então, pro Trending Topics número 2! A gente vai falar sobre inteligência artificial. A Microsoft lançou, aí, uma inteligência artificial (IA) no Twitter, no dia 23, chamada Tay. Ela foi criada para conversar com as pessoas de uma forma divertida e ela ia aprendendo de maneira descontraída e natural. Ela foi desenvolvida para evoluir os seus métodos de conversação, e conforme ela ia interagindo com as pessoas a sua inteligência artificial foi programada para utilizar a base de dados filtradas de uma maneira anônima sobre coisas publicadas na web, ali, de pessoas reais. Com isso, ela aprendeu a escrever com os usuários do Twitter e escrever, também, de uma maneira um pouco mais ácida. Aí… Até aí tudo tão interessante, né? Esse teste real-time? Mas aí (…)
Ju: É que, teoricamente, ela seria um espelho do que a gente tem nas redes sociais, porque como ela tá aprendendo com a gente, ela ia ser o reflexo do que a gente é. É isso.
Cris: E aí o que aconteceu? Esse reflexo se deu! Um dia, os tweets passaram de inocentes e desajeitados para racistas, transfóbicos e anti semitas. O que deu errado nesse caminho? Fala aí, Juliana!
Ju: O Peter Lee, que é vice-presidente corporativo de pesquisa da Microsoft disse que, assim, eles tinham se preparado para vários tipos de abuso, de ataques, mas uma vulnerabilidade específica permitiu que um ataque coordenado deturpasse completamente o propósito inicial do programa em menos de 24 horas. Essa vulnerabilidade específica é a coisa mais simples do mundo, que é: era possível dizer pra ela: “repita o que eu digo: blá blá blá”. Então assim…
Cris: Grande vulnerabilidade (risos)! Olha! Realmente… Eu não teria pensado nisso! (Mais risos ao fundo).
Ju: Claro que, em função de toda essa polêmica, a Microsoft desligou a Tay e passou a “fazer ajustes” em sua IA. Os tweets mais ofensivos também foram deletados. E aí, o que eu acho importante a gente parar pra pensar é: o ambiente das redes sociais tá muito tóxico, ou isso foi só uma trollada estilo Não Salvo tipo: os trolladores da internet viram uma vulnerabilidade como uma gigante como a Microsoft e quiseram fazer ela passar vergonha?
Thais: Eu acho que isso foi uma trollada, porque o ambiente da internet tá muito ácido… Tá muito favorável para que esse tipo de coisa aconteça… E aí tem outro texto que tava muito circulando na timeline essa semana, em que o cara começa falando sobre um amigo que deixou de usar internet… Essas fanfics super comuns, que ele fala “Ah, meu amigo deixou de usar as redes sociais e ele tem uma doçura no olhar que a gente não vê mais por aí.” (Risos contidos). Mas tudo isso pra dizer que…
Ju: Ele é o Rousseau, né? O bom selvagem (muitos risos)…
Thais: O bom selvagem da internet… Mas tudo isso para dizer que existem estudos que mostram que a gente tá ficando muito polarizado porque nas redes sociais a gente vai filtrando aquilo que é relevante pra gente. A gente acaba se cercando de uma bolha de opiniões que são iguais às nossas…
Ju: Câmera de Eco, né?
Thais: Câmera de Eco! E dentro dessa câmera de eco a gente acha que pode falar qualquer coisa! Então (…)
Ju: Porque todo mundo tá torcendo pela gente, né? Cê fala, as pessoas só te reforçam o que você tá ouvindo…
Thais: Você tá certo, e você acaba se bloqueando também, das pessoas que pensam muito diferente de você… Isso gera polarizações de todo tipo!
Cris: Eu acho que tem os dois pontos, sim. Eu acho que as pessoas ficaram testando e aguçando, eu acho que tem muito isso, né? Qualquer painel, qualquer coisa que você deixar que for para as pessoas e que não tiver filtro nenhum, vide comentário de portal, as pessoas descem a lenha mesmo, porque elas tão escondidas e elas querem ver aquilo reproduzir uma bobagem e aquilo ser vexatório. Eu, polianamente, acredito mais na trollagem do que as pessoas terem dito aquilo de uma maneira real para criar uma IA que falasse coisas que as pessoas realmente pensam, mas mais pra testar o sistema. De qualquer forma, quando a gente vai para esse negócio “Ai, estamos muito polarizados”, as pessoas meio que vítimas – coelhinhos voadores, né – aspas – dos algoritmos.. Gente, é o seguinte: no Brasil, menos da metade das pessoas tem acesso à internet. Eu acho muito engraçado quando as pessoas falam “O país está dividido… Tá muito polarizado!”, meu, metade das pessoas não tem acesso à internet e não estão nesse jogo. E esse é um jogo de quem está na internet e quem se alimenta muito de redes sociais, porque também nem todo mundo que está na internet usa tanto redes sociais!
Ju: Mas, falando sobre… Pros que usam, eu acho que algumas coisas são interessantes do quanto a dinâmica própria de rede social acaba interferindo um pouco no nosso comportamento, eu acho, porque assim, tem duas coisas que eu acho que impactam bastante. Tudo bem, além do algoritmo: o distanciamento, então assim, a gente não é um povo confrontador, e eu tava vendo num… Acho que o Cris Dias tava falando isso, que eu achei super interessante, que ele tava falando assim, tipo por exemplo, se você faz alguma coisa errada nos Estados Unidos, você para em cima de uma faixa, não sei o que… Várias pessoas pararam ele e falaram assim: “Você não pode fazer isso.”. Porque ela não está brigando com você, ela está simplesmente está, tipo, “Mano, isso aqui é de todos, você não pode parar aqui.” E ela tem todo o direito de te falar para não parar. A gente no máximo tira uma foto e posta, porque o confronto não é uma coisa que é muito natural pra gente. Enfim, o que eu quero dizer é (…)
Cris: Até porque as pessoas saem na mão aqui, né?
Ju: É. Mas, de um modo geral, tipo, a gente não faz as coisas. O comportamento que a gente tem na rede social, o jeito que a gente é grosseiro, a gente evita, né? No normal… Então eu acho que, da própria dinâmica tem um certo distanciamento. E uma segunda coisa que a gente falava bastante no início do Mamilos e a gente tem parado de falar um pouco, que é uma coisa que a gente precisa de constante policiamento, inclusive nosso, que é assim: a nossa geração é uma geração que se comunica, a língua nativa, é a ironia, certo? E a rede social facilita isso, porque a ironia vira meme, né? Então a abordagem, o jeito de você discutir as coisas é através da ironia, e a ironia é uma forma muito covarde de debate.
Thais: É uma forma muito agressiva de debate.
Ju: Muito agressiva também, mas muito covarde porque é aquela coisa de que “Tô brincando, mas não tô…”, é aquela coisa de “Ué, mas então serviu o chapéu?” entendeu? Ela não convida a pessoa para sentar e conversar para entender, ela não convida para a aproximação. E essa é a linguagem nativa de rede social. É a brincadeira, é a chacota, é a risada… Não é o encontro, não é a conversa desarmada, né? Então, você é mais cool quanto mais ácido você for, quanto mais você desmerecer o outro, quanto mais o argumento do outro lado parecer idiota, imbecil, e tal.
Mi: Meu ponto seria relativizar um pouco. Eu concordo que existe esse fenômeno, mas eu relativizaria o peso que ele tem. Porque eu… Quando eu vi esse post na minha timeline também, foi… A minha primeira reação foi: “Gente, esse é um comportamento normal de grupo.”. Se eu tô sozinha, eu não tenho coragem de gritar um palavrão, ou eu não tenho uma coragem tão grande de ofender uma outra pessoa. Se eu tô com um grupo de pessoas, eu me sinto muito mais encorajada. E aí, na vida física isso acontece. Não é assim: isso é só um comportamento só de redes sociais, não! Mas a rede social ela favorece (…)
Ju: Não! Comportamento de manada, tipo torcida de futebol.
Mi: Exatamente!
Ju: Tudo bem.
Thais: É que a rede social, ela favorece o encontro das manadas, né? Você antes era um maluco sozinho gritando na janela da sua casa e agora você tá gritando dentro do Facebook com outros cem malucos que são malucos iguais a você.
Mi: Isso, isso… É, mas o que eu queria dizer é que assim, não é que ~na vida real~ as pessoas são normais e tranquilas e pacíficas e na internet (…)
Ju: Não, não… Eu não acho isso! Eu acho que…
Mi: Tá…
Ju: Mas eu acho que tem algumas coisas específicas, como por exemplo o jogo de futebol! Entendeu?
Cris: Uhum.
Mi: Perfeito.
Ju: Algumas coisas que reforçam as características que propiciam um ambiente bom para que isso aumente, entendeu?
Thais: Verdade…
Mi: É, onde as pessoas se encontram com seus semelhantes elas ganham força, jogo de futebol você está ali junto com todos os outros torcedores, as manifestações que rolaram então, na Paulista, por exemplo, nas grandes capitais né também, você tá ali junto com o seu semelhantes e ai tem um perigo(…)
Ju: Você se sente protegido, e aí…
Mi: Você se sente protegido e isso fomenta a sua agressividade também porque se você for partir para a agressão com outros você tem todo um “backup” ali, suporte.
Cris: No programa passado o Oga falou isso, foi muito engraçado, que ele falou que muitas vezes a gente está num jantar, aí não fala nada, aí entra no carro e fala “nossa como aquele cara falou besteira, estava quase voando no pescoço dele”
Ju: É isso.
Cris: Então assim, este não confronto também tem muito a ver com nosso lado passional a gente leva muito para um lado pessoal, assim uma pessoa está falando alto em um restaurante você fala assim “desculpa, você está me incomodando, você poderia falar um pouco mais baixo? “, ninguém faz isso! É muito raro na verdade alguém fazer porque a pessoa vai levar isso pro lado pessoal e vai achar que você está criticando ela pessoalmente e na verdade você está falando do ambiente.
Mi: Isso é bem cultural eu acho do brasileiro(…)
Cris: Muito.
Mi: A gente tem muita dificuldade de diferenciar fazer uma crítica de confronto, porque eu acho que as vezes discordar não é confrontar sabe, você não precisa, você pode discordar e a gente pode concluir em concordar em discordar.
Ju: E você pode discordar da ideia e não da pessoa né, e não fazer uma crítica à pessoa.
Mi: Exato!
Cris: Eu estou falando que neste momento eu não concordo com você, não quer dizer que eu não concorde em diversos outros momentos e que(…)
Mi: Que eu te odeio.
Cris: Muitos menos que eu não goste de você, então assim todo mundo hoje está falando nesse negócio, inclusive quem faz. Todo mundo está falando sobre o ódio, sobre precisamos conversar, precisamos de encontro, as pessoas estão se atacando, eu acho engraçado que até quem faz isso também está falando isso.
Ju: Tá, porque tá bem toxico assim.
Thais: Porque quem faz também está sentindo né.
Ju: Tá muito cansativo, eu vou te falar, se a gente não recebesse esses e-mails super fofos e a gente não visse que a gente de fato faz diferença na vida de muita gente, é um momento para se resguardar, para se retirar.
Cris: para falar menos.
Ju: Sabe, é um momento para falar menos e até ouvir menos, eu falei no programa passado sobre perspectiva, eu acho que é um momento de (…)
Thais: Introspecção.
Ju: De introspecção, sabe.
Mi: Mas eu não concordo, eu acho que nós que(…)
Ju: Não, para mim!
Mi: Mas tá tudo bem a gente discordar.
(risos)
Mi: Eu acho que nós que somos vozes moderadas e calmas nessa discussão, que sabemos praticar uma comunicação não agressiva, nesse momento a gente não pode se calar e por mais que doa a gente se manifestar, por mais que quando a gente se manifesta as pessoas que estão muito agressivas elas vêm com agressividade pra cima da gente, nós temos que ser a voz, meio que a turma do deixa disso(…)
Ju: Os bombeiros.
Mi: Os bombeiros, a diplomacia no momento que todo mundo é infantaria.
Cris: É, isso é uma doação né
Mi: A diplomacia é fundamental porque sem a nossa voz.
Ju: Mas está sendo… A dispersão de energia né.
Cris: É uma doação muito grande.
Ju: O gasto de energia está gigantesco, assim, consideravelmente maior, assim, a gente começou o Mamilos após, logo após, uma eleição muito conturbada, e era uma época que eu achei na minha ingenuidade que era o auge da intolerância das pessoas e a gente caminhou muito de lá até aqui, eu me sinto, não sei se piorou para todo mundo, mas eu me sinto pior nos últimos três meses do que toda a época do Mamilos, os últimos três meses foram muito pesados
Mi: Pesado.
Cris: Eu acho que é de uma maneira geral, nada especifico, e está todo mundo cansado, e sabe quando está todo mundo cansado sabe quando você pode umas três noites dormindo muito mau e tudo te irrita, coisas que no dia-a-dia passaria batido, eu acho que todo mundo que já virou umas duas noites sabe disso, todo mundo que tem filho e teve que ficar acordado sabe disso, você fica muito irritadiço tudo te tira do sério, então assim, especificamente voltando aqui um pouco para o que a gente estava comentando o Umberto Eco costuma falar que a internet deu voz aos idiotas e tudo mais, para mim os idiotas sempre existiram.
Mi: Exato.
Cris: É, não tem nada demais, e que mas que existem estudos acontecendo em relação a internet e ódio, eu não acho que isso potencializou, eu acho que só propagou né, deu vazão, que agora tem aonde falar, acho que as pessoas se encontram sim nesse espaço, as vezes quando eu leio alguma coisa que eu discordo imensamente e ela está, é uma coisa estúpida né quando você lê alguma coisa e “não, isso é muito estúpido”, eu vou nos comentários e muita gente está concordando, eu falo assim “não, não é possível”
(risos)
Cris: Não isso, não é porque eu estou falando sobre comentário que você assim, simplesmente discorda, é comentário que emprega uma cultura de combate muito forte, e a gente está vendo isso refletir nas crianças agora, porque pai, e eu mudei de bairro recentemente e fiquei muito assustada porque no meu bairro antigo eu não escutava muita gritaria e nesse agora principalmente em época de manifestação, as pessoas falam muito palavrão na janela, mas é muito não é pouco, nos prédios próximos da minha casa, tipo a coisa mais leve é “morra Dilma”, e eu tenho uma filha de 5 anos, então ela fala assim “mamãe, por que as pessoas querem que uma outra pessoa morra? “ E fora os palavrões sabe, que ela nem conhece direito então ela não questiona tanto, mas você fica assim, tensa, é o dramático engraçado que aí eu escutei uma outra mulher numa outra janela gritando outro palavrão porque tinham acordado o filho dela.
(risos)
Cris: então assim, isso reverbera muito nas crianças sabe, das crianças agora estarem indo para a escola, todo mundo deve ter visto, a Rosely Sayão fez um texto bem legal falando sobre como as crianças estão entrando nessa onda de ódio e também reverberando isso, colega xingando outro colega porque está com a camisa vermelha e a gente está falando de criança de 5, 8, 10 anos, então assim, pais né, eu acho que manifestar todo mundo tem direito mas poxa gritar palavrão, gritar morra, gritar essas coisas em uma janela você com uma criança e os seu vizinhos com criança é tipo chegamos lá né, e a gente chega aqui e fica aterrorizado com a Thai na internet, aham, senta lá Thai!
Thais: Eu tenho a minha solução nesses últimos tempos que, é bem hippie o que eu vou falar, mas é vibrar no amor(…)
(risos)
Thais: Tipo sempre tentar tudo o que eu vou falar, tudo que eu vou me manifestar seja on ou off-line sabendo que o mundo está do jeito que está, é sempre pensar antes qual é a abordagem mais amorosa que eu possa ter com essa pessoa(…)
Cris: Você me deu uma ótima ideia!
Thais: Hum.
Cris: Próxima manifestação que começar a gritar muito palavrão na janela(…)
Thais: Grita te amo.
Cris: Eu vou chamar a Tata e vou falar filha vamos gritar “Eu te amo! ”.
Thais: Mas isso pode mudar o mundo cara
Cris: Eu vou fazer isso
Thais: De verdade
Cris: Quem mora em Perdizes fiquem atento, vocês vão ouvir duas malucas gritando na janela “Eu te amo”.
Thais: Não, eu acho que a gente pode começar um movimento aqui, mamileiros vamos lá, quando tiver gente batendo panela e xingando grita eu te amo cara.
Cris: Grita, no mínimo grita “Eu não te odeio! ”.
Thais: Eu não te odeio tá bom já, já é bom.
(risos)
Cris: É uma boa ideia, acho que podemos encerrar com este pensamento vibrando no amor.
Ju: Acho digno.
Cris: Depois de comemorar(…)
Thais: Solstício de primavera no hemisfério Norte, que nos traz a lembrança da fertilidade na
terra.
Cris: Então vamos construir coisa boa aí, e aproveitar a vibe (risos).
(Sobe Trilha)
–
(Desce Trilha)
Cris: Vamos então pro Trending Topics número 3?
Ju: Vamos, bora falar de surto de H1N1, e quem que a gente trouxe para falar sobre isso?
Cris: Ele, que é amado, respeitado, “salve, salve” por essa galera, que que por anda passa derrama conhecimento, qual é o nome dele?
Ju: Atila Iamarino, com vocês no Mamilos!
Cris: Conte tudo.
Ju: Explica tudo para a gente entender bem direitinho.
Atila: Eu Atila Iamarino, as pessoas me conhecem na internet pelo canal Nerdologia que eu sempre me apresento falando que eu sou Atila, biólogo e pesquisador, mas junto com isso e antes disso na verdade eu cursei biologia e fiz um doutorado em virologia então estou mais que acostumado a lidar com o que os vírus aprontam por aí.
Ju: Tá, hoje eu queria perguntar Atila sobre esse surto de H1N1, então primeiro eu acho que a gente precisa falar o que é, porque H1N1 já começa com uma sigla para assustar, o que é o H1N1?
Atila: o H1N1, ele é um tipo de vírus influenza, que é um vírus que originalmente vem de aves migratórias e pulou para o ser humano provavelmente via animais de criação como pato, galinha e porcos, porco é um intermediário bem legal no meio do caminho para o vírus porque ele tem uma temperatura entre a nossa temperatura corporal de 37,5 e a de 41 das aves, o porco tem uma temperatura do corpo de 39 então ele faz um bom intermediário, por isso que várias vezes a gripe que a gente pega antes de vim para a gente passa pelos porcos, como foi o caso do H1N1, que é o que está circulando agora que vem da gripe suína lá de 2009.
Ju: Já que você está falando de transmissão, como é que se transmite o H1N1?
Atila: Ele passa pelo ar principalmente, se você respirar as gotículas de alguém que espirrou ele vai passar para você, mas ele também é muito bem transmitido pela saliva e pelo muco, pelo catarro que fica quando a gente espirra ou tosse na mão e nas coisas. Então um dos melhores jeitos de se prevenir para não pegar gripe, que as pessoas podem fazer agora é lavar a mão constantemente.
Ju: Mais do que usar aquela mascarazinha?
Atila: Mais do que a mascarazinha. Por que a mascarazinha sai, a mascarazinha não necessariamente filtra as partículas que estão no ar. A gente coça, passa a mão na cara. É muito pior você pôr a mão em alguma coisa que tinha saliva de alguém gripado e coçar o olho do que você respirar o que alguém espirrou. Os dois são perigosos, mas lavar a mão ainda funciona muito melhor do que a mascarazinha. Mesmo porque a mascarazinha, ela serve mais para quem está gripado não espirrar em todo mundo, do que para quem não está gripado se proteger.
Ju: Tá, fala um pouco dos sintomas do H1N1.
Atila: É uma gripe, né? Então catarro, problema respiratório, dor de cabeça, febre, mas o principal é a síndrome respiratória, né? A tosse, o muco e a propensão depois a você ter uma inflamação no pulmão por bactéria ou por outras coisas, que é o que pode trazer mais complicação. Eu esqueci de falar o que é que é o H1 e o N1. Assim o Influenza ele é esse vírus respiratório que entra na gente e pra reconhecer a nossa célula e entrar, ele precisa de uma proteína que fica por fora dele que chama hemaglutinina, por que ela aglutinava sangue, e daí que vem o H, então quando descobriram o vírus viram que um teste bom para saber se tem vírus na amostra ou não, é colocar sangue e se o sangue coagula é porque tem ele, então ele tem uma proteína que faz aglutinação de sangue, daí o H. E depois ele tem uma proteína que neutraliza essa aglutinação que é a Neuraminidase, então vem o N. Então H de uma das proteínas dele e N de outras, são as duas proteínas que o nosso sistema imune reconhece. Teve o primeiro vírus isolado e reconhecido e depois a gente descobriu outras linhagens do vírus que o sistema imune não reconhecia, então o novo H e o novo N que o sistema imune não reconhece receberam o número 2. E aí passou a existir o H1N1 que é o primeiro vírus que foi isolado e depois o H2N2 que é um vírus um pouco diferente que foi o segundo isolado. E aí apareceu um terceiro que ficou conhecido como H3N2, por que ele tinha uma terceira tipo de H, então a numeração é pela ordem de descoberta.
Ju: Eu só preciso voltar um pouco em sintoma, por que eu estava vendo que, o que os médicos estão falando é que o grande problema é o risco de evolução para pneumonia, né? E aí por isto que a gente chega nos grupos de risco, né? Os grupos de risco, quem acaba estando mais suscetível a isto são idosos, crianças e gestantes né?
Atila: Exato, por que já estão com a imunidade comprometida de uma forma ou outra, né? Assim, alguns tipos de gripe são preocupantes por que o vírus mata, é o caso da gripe aviária. A gripe comum que circula, que é o H1N1, o preocupante é essas complicações que ela pode trazer, por isso os grupos de risco mesmo.
Ju: Tá, e aí eu vou te perguntar uma coisa que eu nem sei se você vai saber, mas pra gente estes detalhes são muito importantes, principalmente para quem tem filho pequeno. Por que eu vi em lugares falando que grupo de risco é crianças menores de 2 anos, eu vi que as vacinas tão sendo distribuídas para crianças até 4 anos, ou seja, o grupo de risco seria um pouco maior. Em outro lugar eu vi crianças até 5 anos nesse grupo de risco. Você sabe o que que é o correto?
Atila: Então não tem um correto muito certo, isso vai de acordo com o País, com as normas de saúde, com a disponibilidade de vacinas. Então quando você tem menos vacinas disponíveis, você começa pelos grupos de idade menor. Quando você tem mais vacina disponível, você vai aumentando a idade que você pretende vacinar. Mas quanto mais nova a criança mais perigoso é, mesmo.
Ju: Ta, o que é que teve de diferente no surto deste ano. Por que, que a gente foi pego de “calça curta”, o que é que está surpreendendo as pessoas?
Atila: Então, assim o Influenza é um vírus que muda bastante conforme ele passa de pessoa para pessoa, então ele está sempre mutando, como boa parte dos vírus fazem, isso faz com a vacina com o tempo perca o efeito, por que você se vacinou em 2010 só que o vírus não é mais o mesmo de 2010, ele já mudou um pouco. Então todo ano, duas vezes por ano a Organização Mundial da Saúde se reúne lá na Suíça e eles veem quais são os vírus que estão circulando pelo mundo e decidem que vacina que vai ser distribuída pro ano seguinte. Então a vacina que a gente tem aqui agora, ela foi decidida em setembro do ano passado. Então em setembro de 2015, a OMS se juntou e falou “Bom, o que é que tem circulando?” Tem 3 tipos de Influenza que são inclusos na vacina, um deles é o H1N1. Eles viram que o H1N1 que tá circulando ainda é bem coberto pela vacina ou pelo menos o que estava circulando em setembro. E falaram “Bom Ok, então a gente pode continuar vacinando com o H1N1 de sempre e distribuir essa vacina. Em fevereiro deste ano eles se reuniram de novo, para escolher a vacina que vai ser distribuída no final do ano na América do Norte e na Europa. Então, em Setembro eles decidem o que vem pro sul e em fevereiro eles decidem o que vai pro norte, por que tem que ser mais ou menos 6 meses antes da época da gripe chegar pra ter tempo de produzir essas vacinas. O que pegou a gente de “calça curta” é só que esse vírus está se espalhando mais. Até sequenciarem ele aqui no Brasil, pra gente ter certeza de que ele não mudou bastante, ele ainda é um vírus muito bem coberto pela vacina por tudo o que a gente sabe, o que acontece é a gente já deve ter bastante gente não vacinada o suficiente para ele circular de novo. É mais uma questão de vacinar e se prevenir do que qualquer outra coisa. Não parece ser nada especifico do vírus, e sim a falta de vacina e a gente tem que correr atrás disso agora.
Ju: É, o que eu tava vendo é que o que atrapalhou um pouco, em termos de saúde pública, foi que os casos acabaram chegando mais cedo do que o normal. Por que normalmente os casos se concentram no inverno, esse ano chegaram durante o verão e aí a gente tava despreparado no sentido de que a gente tem uma campanha de vacinação já agendada pro final de abril. Então a partir do final de abril se começaria é o calendário padrão de vacinação, a se vacinar pro inverno, por que é a entrada do inverno e teria tudo bem. O que acontece é que os casos começaram a chegar antes das pessoas estarem vacinadas, né?
Atila: É exatamente isso, desculpa, é realmente o fato de ele ter chego antes e ainda não dá para saber se é alguma coisa diferente no vírus, muito provavelmente não é, mas a gente ainda precisa confirmar isso. Mas pode ser o caso também do clima este ano por causa do el nino e das outras coisas ter favorecido o vírus vir antes da temporada de gripe mesmo.
Ju: Agora, eu achei interessante você falar que a princípio não teria nada de diferente no vírus, por que assim, em função do surto que teve no interior de São Paulo. Em São Jose do Rio Preto, a secretaria de saúde começou antes então antes, dia 23/03 a vacinação em 67 cidades para tentar conter o surto, só que ela tá usando a vacina do ano anterior, certo? Que tinha sobrado do ano anterior. O que está dizendo no comunicado dessa secretária de saúde é que assim que sair a nova campanha de vacinação, inclusive tá tentando ser antecipada, ou seja, com a vacina nova, que deve ser esta que você falou que eles acordaram em setembro as pessoas vão ter que refazer a vacina. Então acho estranho, porque como você falou que não mudou a cobertura pra H1N1, seria a mesma não teria que refazer neste caso. Eles estão dizendo que é diferente.
Atila: Na verdade, assim o que acontece é que você tem um intervalo de 6 meses para ter tempo de fazer essa vacina, né? E algumas vezes, por que você está tentando chutar o que vai acontecer 6 meses lá pra frente. Chutar? Decidir baseado no maior número possível de informações, por que você tem este intervalo entre “ok, vamos vacinar contra esse vírus”, então você tem que distribuir o vírus pro mundo inteiro pras fabricas de vacina, colocarem ele em ovo deixar o vírus crescer lá dentro, extrair e fazer todo o processo. Então é um processo longo mesmo, super industrial e só acontece a cada 6 meses, porque isto está sendo trabalhado a muito tempo como um reloginho. Mas, as vezes o vírus que se decidiu por vacinar não é o que está circulando. Então, aconteceu isso ano passado com um outro tipo de influenza, que é o H3N2. O Influenza que foi incluído na vacina não protegia mais as pessoas contra o H3N2 que circulava. E aí tiveram que correr atrás do prejuízo e a vacina não resolveu. A situação que a gente tem agora ainda é, se o vírus que veio pra cá é o vírus que eles decidiram em fevereiro agora vacinar contra, ele ainda é muito bem coberto pela vacina. Então a vacina do ano passado resolve, não é a mais indicada, o ideal é pegar esse isolado novo que distribuíram em setembro. Mas mesmo assim ela resolve muito bem, as vezes acontece dela não proteger bem, não parece ser o caso agora por tudo o que a gente sabe, a não ser que o que veio pro Brasil é um vírus novo que é muito improvável.
Ju: Eu vou dar um exemplo de um hospital só, por que a gente ainda não está com os dados muito apurados né? Mas assim considerando só o hospital Santa Catarina que fica bem aqui na região da paulista em São Paulo, aumentou 700% a recepção de pessoas com suspeita e 2100% as infecções por H1N1, além disso a mortalidade também aumentou bastante então só no estado de SPO a gente teve 25 mortos agora e nenhuma em 2015. Então 25 mortes em 3 meses, você tem que considerar que a gente não entrou no inverno ainda, a gente não entrou no pior dessa gripe ainda e já está com 25 mortos e em 2015 não teve nada.
Atila: É preocupante, a questão e que até a gente ter os dados mais completos não dá pra saber se é simplesmente o caso dele ter chego antes da vacinação ou de ser um vírus mais preocupante. Se foi antes da vacinação a gente vai ter que correr atrás e distribuir a vacina a tempo, que é o mais provável mesmo ou o infortúnio do vírus estar circulando antes não é só aqui, tá? O México também está registrando um aumento no número de casos de gripe lá, com mortalidade, então parece que ele chegou antes nas Américas como um todo. É que o Brasil tem um bom sistema de vigilância e um sistema de saúde bem grande, o suficiente para detectar isso, mas muito provavelmente por causa do clima nas Américas agora ele ta conseguindo circular antes. Mas uma vez que se vacine a coisa se previne bastante.
Ju: Uma coisa que também pode ter ajudado, não sei, é que justamente em função e não ser a época, muito provavelmente, a gente não tinha Tamiflu nas farmácias, eu li notícia e teve caso de amigo meu próximo, que foi diagnosticado no hospital, indicaram o Tamiflu ele foi nas vacinas e foi em um monte e não conseguia achar em nenhum lugar e ele teve que ir num posto de saúde pra conseguir o Tamiflu.
Atila: Então, assim o Tamiflu em especifico, ele era vendido como um medicamento que ele não diminui a chance de morte, ele encurta a duração dos sintomas de gripe. Não parece ser o caso, revisaram os dados disso e não tem evidencias de que ele reduz essa duração dos sintomas. Tem um outro medicamento que se usa pra gripe que é o Oseltamivir que, se eu não me engano, a distribuição dele é mais restrita por que também ele não é comprimido, que você toma facilmente. Então no caso do Tamiflu, pessoalmente eu não acho que faria muita diferença se ele estivesse disponível ou não no que está acontecendo.
Ju: Ta, perfeito bom saber disso. Bom enfim. Os sintomas são os sintomas de gripe. Se a gente ta numa época que a gente tem zika, tem dengue. Como que eu sei a diferença, como que você percebe o que, que é o que? Fim da transcrição: 1:01:26
Atila: É o problema respiratório. Vai se o catarro, a garganta irritada, o espirro e as complicações em torno da respiração. Dor de cabeça e febre podem ser monte de outras coisas e muito provavelmente não é gripe. Começou a ter problema pra, está tossindo e a garganta está coçando e por aí vai, aí sim tem mais cara de gripe é bom procurar o posto de saúde.Senão quiser pegar, já está usando repelente por causa de outras coisas aproveita e lava bastante a mão que diminui bastante a chance de contágio.
Cris: Vamos então para o Farol Aceso?
Ju: Bora.
[sobre trilha]
[desce trilha]
Cris: Vamos então agora para o Farol Aceso. Vamos começar com a Thaís?
Thais: É… O meu Farol Aceso… Gosto muito de falar isso… rs. O meu Farol aceso, são dois, na verdade. Porque, né? São dois mamilos, dois Faróis Acesos. O direito, no caso, seria um aplicativo chamado Hormone Horoscope.
http://hormonehoroscope.com/the-female-hormone-cycle
Thais: Sim. É inglês. E sim. É só para as meninas. Talvez seja um pouco excludente esse farol aceso. Mas ele é muito legal. Ele meio que mudou a minha vida. Ele te traz todos os dias uma previsão de como vai ser o seu dia, de acordo com o seu ciclo menstrual baseado em pesquisa. Então ele foi uma ferramenta muito importante de autoconhecimento pra mim nos últimos tempos para entender, de acordo com o meu ciclo, como o meu corpo se comporta e como os meus hormônios irão me influenciar na minha percepção naquele dia. Se eu vou ter mais fome, se eu vou estar mais irritada, mais carente, se eu vou querer fazer comprar. Ele é super apurado, eu achei.Também ele é só pra meninas que não usam métodos contraceptivos hormonais.
[burburinhos]
Thais: Mas é super legal. Eu vou dar uma outra dica aqui para não ser excludente!
Ju: Não! Mas sabe o que eu ia dizer? Pra não ser excludente. Eu diria que os meninos pode super se beneficiar de saber o ciclo da sua parceira e entender as flutuações de humor.
Thais: Também.
Ju: Porque eu tive um namorado que ele tinha esse “horóscopo” na cabeça dele. Ele sabia direitinho. Eu nunca soube o meu ciclo mas ele sempre chegava com um chocolate nos dias certos.
Cris: A.G. sabe! [risos]
Mi: Olha aí as consequências não intencionais de uma política!
[todos riem] :D
Thais: E meninas! Também estudem sobre métodos contraceptivos hormonais e seus malefícios.
Cris: Não hormonais.
Ju: Não, os hormonais.
Thais: Os malefícios dos hormonais e os benefícios dos não hormonais.
Ju: É…
Thais: Estamos falando aqui por exemplo – Meninos, olha que legal! Surgiu uma pílula aí, contraceptiva masculina, mas ela vai te deixar meio brocha. Você tomaria? – Porque é isso o que acontece com a sua namorada. Exemplo de coisas que podem acontecer.
Thais: A outra dica ela é bem mais includente. Inclusive ela é muito legal para quem não mora nos grandes centros urbanos, que é onde geralmente os cursos mais legais acontecem, né? É a Atena Haus.
http://atenahaus.com.br/login
Thais: A Atena Haus ela é tipo… Ela se define como um “Netflix” do empoderamento feminino. Porque ela funciona bem parecido com o Netflix, você paga um valor mensal e você tem acesso a um monte de conteúdo de aulas, workshops e videos focados em trazer empoderamiento para as mulheres, botar mais poderes nas mãos das mulheres. Então, vai desde como se organizar financeiramente, de como planejar a sua carreira. Tem uma aula da minha empresa, da Sessenta e Cinco Dez lá falando sobre os novos padrões de comportamento da mulher brasileira em diferentes áreas, conectividade, corpo, moda, finanças e mobilidade. Mas tem muito conteúdo bacana e é uma plataforma que está nascendo agora, mas que está vindo sempre coisa bacana todo mês. Então pra quem não está em São Paulo é muito legal pra ter acesso a novas informações.
Cris: Boa! E você, Michele?
Mi: Estou lendo um livro muito legal. Que é bem rapidinho, ele é curto e ele pretende desconstruir mitos, que nesse caso é o… Mitos da economia é o “Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira” escrito pelo Leandro Narloch.
http://exame.abril.com.br/economia/noticias/um-guia-para-entender-a-economia-brasileira
Mi: Ele não procura ser exaustivo mas ele traz uma outra visão sobre algumas coisas que a gente acha super legais mas que a gente não… as vez não presta atenção nessas consequências não intencionais. Então, super recomendo, ele é super rápido. Não precisa concordar com ele é só pra ter uma outra visão
Ju: Um contraponto, né? Enriquecer a visão.
Mi: Exato. E o outro é um TED que eu vi. Eu já tinha visto e eu lembrei dele recentemente. Porque ele fala do mercado informal e do poder do mercado informal. E o mercado informal como a gente sabe ele não é regulado, ninguém intervém, ele acontece espontaneamente e como isso é muito bacana e pode ter vários pontos positivos. Não necessariamente a gente precisa ficar deixando tudo no seu quadradinho porque s vezes não funciona bem. Então o TED é “O Poder do Mercado Informal” do Robert Neuwirth.
Mi: E outra ideia para explorar…
Ju: Fontes.
Mi: Exatamente. Ideias um pouco diferentes é o site do Mercado Popular e do Spotniks.
Mi: Eles sempre estão analisando o contexto atual e nacional sobre esse viés liberal e trazendo um ponto de vista diferente.
Cris: Bom! Eu vou falar uma dica que todo mundo já conhece mas eu quero muito falar, eu mesma, com a minha própria voz. A Ju já falou aqui algumas vezes. Eu adoro, amo, sou fã do podcast “Milkshake Chamado Wanda”.
Cris: Eu adoro porque é o contraponto de tudo…
Ju: Você é uma Wanda?
Cris: Sou muito “Wanderlã”!
[todos riem] :D
Cris: Um beijo Samir! Um beijo Phelipe! Um Beijo Marina! Vocês fazem um programa muito divertido. E é o meu suspiro, assim, da semana. Sabe? Depois de ler tanta coisa séria, tanta coisa pesada eles me divertem. O podcast deles é basicamente…
Ju: Tanto “lotus” nessa vida, não é mesmo?
Cris: Como você pode ver a gente ouve mesmo. Então, meu Meryl vai para o “Milkshake Chamado Wanda” porque além da cultura pop eles falam sobre o mundo das gay, das viada, das bicha, das sapatonas e está todo mundo junto e misturado. É divertido. Tem muita bobagem, muito palavrão, muita música! Eu acabo descobrindo um monte de artistas e música diferente e bacana porque eles recomendam muito. Então se você está levando a vida muito a sério, ouve um pouquinho que você vai rir. Eu te garanto! Você vai aprender termos muito novos na sua vida e vai sair falando por aí.
Cris: E minha segunda dica é sobre o site e o e-commerce da Magá Moura.
http://magamoura.com
Cris: A Magá Moura é uma mulher linda, maravilhosa que é stylist e tendência. Ela é tendência, amigos! De verdade! Ela fala muito sobre lifestyle, embelezamento, emponderamento da beleza negra e agora ela lançou um e-commerce com as coisas mais legais EVER! Então entrem lá, deem uma olhadinha, entenda um pouco sobre cuidado com o visual. Eu acho que a Magá ela manda uma mensagem muito forte para todo mundo que é: Você sustenta o visual que você quiser! Quanto mais você estiver segura de sí, mais você está montada e divertida e colorida. E assim, qualquer foto, qualquer coisa que você ver da Magá você vai ver que ela é cheia de brilho. Que ela transborda isso. Então, mesmo que não vá seguir aquele estilo eu acho que é uma aula de autoestima e de emponderamento. Então, Magá Moura pra vocês.
Ju: E eu vou indicar o filme “A Onda”, que é bem antiguinho mas eu só assisti agora e tem tudo a ver com o contexto que a gente está vivendo e tal.
http://www.imdb.com/title/tt1063669
Ju: Eu achei muito interessante, Vou dar spoiler. Azar. [risos] Vou resumir. Que a questão do filme é o experimento de um professor, essa é a sinopse, que ele vai dar uma aula sobre autocracia na Alemanha e todos os alunos falam – Tá, de novo você vai falar de nazismo. A gente já sabe! Tipo, para de bater na gente sobre isso, sabe? Todo mundo já entendeu que é errado, que é ruim. Isso nunca mais vai acontecer, beleza, pula essa aula – E aí ele faz um experimento para mostrar que isso está mais próximo do que a gente imagina, que a gente está sempre a um passo da violência, a um passo da intolerância. Mas o que mais me impactou no filme foi ver que a única, de todas as salvaguardas que se tem, a única que deu certo, a única que é realmente forte o suficiente… Não para parar, eu digo, mas como antídoto, é justamente como a gente trata quem discorda da gente. Então é o último sinal, o derradeiro sinal de que tinha alguma coisa errada foi justamente como eles trataram quem discordou. Sabe? E acho que isso nesse momento que a gente está vivendo é super impactante e importante.
Ju: A outra coisa é um podcast que eu já indiquei aqui. Eu vou falar de um episódio que é o “This American Life” que eu vi hoje e olha, estava chorando no trem, viu? Chama “Anatomy of Doubt”, que fala… Olha que tudo a ver com o momento que a gente está vivendo. Como a gente faz inferências, a partir de observações nossas, né? E elas se transformam em certezas. E ai a gente toma atitudes baseadas nisso e a gente pode errar muito e ter consequências gigantescas na vida de outras pessoas. Então, eles vão narrar magistralmente, como eles sempre fazem, o caso de dois crimes que em um a polícia age super corretamente, no outro eles fazem um desastre e eles vão comparar… Em fim. A narrativa deles eles constroem muito bem. É muito válido e ajuda a gente também a ser mais cuidadoso. É um bom lembrete para os tempos que a gente está vivendo.
Ju: É isso Cris, temos um programa?
Cris: Temos um programa! Fica aí a gostosa sensação de ter feito mais um Mamilos! Um Mamilos dourado, quase, nessa mesa… [risos]
Ju: Então tá, gente. Boa semana. Nos vemos na próxima sexta.
Cris: Um beijo!
Mi: Beijo, tchau!
[sobre trilha]
“…tudo em paz, tudo em paz! Hoje é só um dia a maaais”
[fim da trilha]