Jornalismo de peito aberto
Esse programa foi transcrito pela Mamilândia, grupo de transcrição no Mamilos
Início da transcrição:
(Bloco 1) 0’ – 10’59”
[vinheta de abertura]
Este podcast é apresentado por B9.com.br
Ju: Mamileiros e Mamiletes, bem vindos ao último programa de 2015, o Mamilos 52. eu sou a Ju Wallauer e essa é a…
Cris: Cris Bartis
Ju: Estamos aqui para dar uma última demão de tinta no seu compromisso com a empatia e o respeito em toooodas as conversas antes do natal com a família, vem de coração e mente aberta.
Cris: E o Som do Mamilos? Caio no último programa vale tudo, mas vale também um pedido nosso, rol de tocar Elza Soares para gente?
Caio: Ah meus amores, o que vocês não me pedem que eu nao atendo? Mas para os episódios do Mamilos em que as minhas rainhas nao fazem um pedido especial, você pode nos ajudar a sonorizar o programa enviando seu artista favorito brasileiro favorito para o email [email protected]. E hoje satisfazendo as chefas a gente vai ouvir o último álbum da Elza Soares, a mulher do fim do mundo, então fiquem aí com Elza Soares no Som do Mamilos.
… O meu peito em chamas solta a fera pra correr
Unhas cravadas em transe latejo
Roupas jogadas no chão
Pernas abertas, te prendo num beijo
Sufoco a sofreguidão
Meu temporal me transforma em loba
Presa, você vai gemer
Feito cordeiro entregue pra morte
Seu sussurrar a pedir
Pra fuder, pra fuder, pra fuder, pra fuder
Ju: E o beijo para:
Cris: Beijo pra professora Roberta que recomendou o Mamilos pra sua turma de redação, beijo!
Ju: Beijo pra Ligia e pro Pierre
Cris: Pra Brasília
Ju: Pra Santo André
Cris: Pra Ribeirão Preto
Ju: Pra Nova Iguaçú no RJ
Cris: Porto Alegre
Ju: Pra Indaiatuba em SP
Cris: Tampa na Flórida
Ju: Feliz aniversário pra Pernetinha querida e pro Kenani e adiantado pra Marta, muito, muito amada que nos mandou uma lista deliciosa de 30 coisas que aprendeu com o Mamilos pra comemorar os seus 30 anos!
Cris: Um beijo. E também um beijo todo especial pra Carol Guido que fez uma lista deliciosa pra gente no Girls with style. E Patreon Juliana? O que que é isso aqui? Como é que é?
Ju: O Mamilos é apoiado por 261 patronos. O Mamilos agradece especialmente Rodrigo Cruz
Cris: Andreza Rodrigues da Cunha
Ju: Paulo Gomes
Cris: Helio Paiva Neto
Ju: Marina
Cris: Alexandre Tecker
Ju: Juliana Benício
Cris: Alex Vilaverde Cardoso Fiel
Ju: André Dort
Cris: Ô Alex, cê tá meio sumido…
Ju: É verdade
Cris: Volta aí… Gabriel Xavier
Ju: Stephanie Oliveira
Cris: Danilo Yamakashi
Ju: Silvia Gurgel
Cris: Livia Rodrigues
Ju: Erick Egon Teixeira de Souza
Cris: Guilherme Honorato
Ju: Mariana Rugeri
Cris: Cláudia Matsukuma
Ju: Tiago Resende
Cris: Jaqueline Costa
Ju: Gustavo Felisberto Valente
Cris: Grasshopper pie
Ju: Tradice Scott. Gente…
Cris: E o Merchand , fala aí
Ju: Eu só queria agradecer a segunda turma do Workshop 9 de Love Brands que foi de novo muito, muito especial, muito legal e dizer que ano que vem tem mais, não fiquem tristes, várias pessoas vieram falar comigo que queriam ter participado e não conseguiram no final do ano e correria, bababa, não se apoquentem que ano que vem tem mais.
Cris: E um agradecimento também ao merchand passado, a nossa palestra na Desconferência ou o painel que a gente gerenciou na Desconferência foi legal demais da conta de público, crítica um sucesso absoluto. Vimos Haddad, Juliana tirou foto com Haddad…
Ju: Beijo Haddad!
Cris: E muito obrigada pra Ana Cortat e Thais Fabris que esteve conosco no painel e abrilhantou e assim, superou expectativa, realmente muito legal. Muito obrigada pra todo mundo que assistiu e o B9 fez uma cobertura especial se você não teve oportunidade de ir na Desconferência vá até o B9 e entenda um pouco de tudo que rolou por lá.
Ju: Vamos para o fala que eu te escuto.
[sobe trilha sonora]
me deixem cantar
me deixem cantar até o fim
[desce trilha sonora]
Cris: Priscila Rupia “Eu me considero feminista exatamente porque acredito que as mulheres devem ter os mesmos direitos que o homem. Se tenho atitudes machistas? Sim, fui criada para isso, fui criada sabendo que tinha que saber limpar, cozinhar e passar, não pra minha própria sobrevivência, mas para o meu marido. Se por acaso não soubesse fazê-lo ou se fizesse mal feito ele tinha todo o direito de procurar outra. Somos uma sociedade machista e grande parte de nós foi criada assim. Sou feminista para que isso mude e gostaria que muitos homens e mulheres pudessem realizar essas mudanças. Isso se aplica ao racismo também, errar todos vamos, mas é importante ter esse pensamento de mudança. Bom, é o que eu acho.”
Ju: O Tierry Parmegiani disse “Gostei muito do programa, mas teve um ponto chave que acabou me incomodando. Acho que a Diane se equivocou dizendo que a lambida é quase um estupro, por mais grave que a tal lambida tenha sido comparar aquilo com quase estupro pode tanto dar uma proporção de crime hediondo para um assédio realizado em meio a uma piada de mau gosto, quanto minimizar a gravidade de um estupro real. Assim como não devemos minimizar a gravidade do ato, não devemos maximizá-la.”
Cris: Isso é super interessante porque quando a gente fez o Mamilos sobre relacionamentos abusivos a gente excluiu violência física e estupro daquele programa porque justamente a gente tava falando sobre manipulação, sobre humilhação, sobre tortura psicológica e é óbvio que a gente tem que aprender separar isso e o Tierry – o Tierry é um fofo né, tá sempre por aqui – [Ju: sim!] ele colocou isso de uma maneira bem legal.
Fábio Negro “amigas mamileiras, meu primeiro Mamilos e me sinto esclarecido sobre a situação política de 2015 pela primeira vez, obrigado. Apenas achei um pouco ingênua a declaração sobre ‘sacanagem do mercado’ pois a política econômica da Dilma é semelhante mas não igual a do Lula que era igual mas não semelhante a do FHC. Economia não se faz só de números e produção também é bastante psicológico, comandantes que não comandam como Dilma, afetam a confiança do consumidor e do investidor, o mercado reage negativamente a Dilma desde a sua primeira campanha como vocês podem conferir dos arquivos dos cadernos de economia, não é uma ‘sacanagem’, o mercado é o que é, sem aqui querer reforçar o mito do mão invisível.”
Ju: Pessoal, lidos os comentários sobre o programa, vale um disclaimer novamente: a gente sabe que é mais difícil manter a gentileza e empatia em programa de opinião porque a conversa é mais solta, mais moleque, a gente fala do acredita e não do que estudou e aí suspensão de filtro fica mais fácil perder os critério que a gente estipulou de não rotular quem pensa diferente, não desmerecer a opinião dos outros, todo aquele cuidado com o tom, com o jeito de fazer a conversa. E aí a reação de vocês vem na mesma intensidade no sentido oposto, dá pra entender. Vamos só lembrar mais uma vez lembrar qual é o nosso propósito aqui. Quem vem dividir opinião não vem do Olimpo, não é infalível. Compartilha com a gente a sua visão de mundo, sua vivência, suas falhas. o Nosso papel é escutar, sabendo que em alguns aspectos a gente pode até ter mais conhecimento, mais argumento até mais razão, mas mesmo assim a gente precisa ter paciência e tolerância, não tampar o ouvido na primeira discordância é um passo que a gente dá pra enriquecer a nossa visão de mundo. Colaborar depois com o que a gente sabe para levar a discussão pra outro nível é o próximo passo. Vamo junto que o que a gente faz aqui é uma construção diária e é legal demais.
Cris: E aí a gente queria colocar um email de uma ouvinte aqui que emocionou muito eu e a Juliana porque é dum nível de fofura… vamo lá.
É a Katia Santos e ela começa falando “Hola Ju y Cris, suas lindas. Meu marido é um adicto de podcast e por ele eu conheci o Mamilos. No começo eu achei que não era a minha praia porque achei que não iria entender os assuntos debatidos. Tenho apenas o segundo grau completo e achei que assuntos como política, sexualidade, racismo, discriminação, economia, comportamento e violência não seriam fáceis para mim de ser digerido e tampouco compreendido, engano meu! Eu não só entendo direitinho de um modo geral o que vocês estão discutindo como anoto no bloco de notas no meu smartphone as palavras que eu não conheço o significado pra depois pesquisar e quem sabe agregar mais uma palavrinha no meu vocabulário.”
Muitos corações na mesa nesse momento.
“Eu trabalho como diarista aqui na Espanha, enquanto eu vou limpando as escadas dos edifícios e os apartamentos solitários dos espanhóis coloco meu foninho de ouvido e tenho minha aula semanal de informação nutritiva ouvindo não só o Mamilos como vários outros podcasts brasileiros que me ajudam a desfrutar enquanto trabalho. Essa semana fizemos o primeiro encontro de empreguetes em um restaurante aqui em Barcelona. Mulheres trabalhadoras, diaristas alegres e com o coração cheio de fé e amor que buscam ter um vida mais confortável do que tinham no nosso lindo Brasil, quase todas temos o mesmo perfil, sem muitos estudos, vindo de classe baixa de alguma região precária do Brasil como Rondônia, Mato Grosso e outros interiores dos nossos estados brasileiros, todas com um sonho, ter uma vida mais justa e segura longe criminalidade que sugam nossos filhos para aquele mundo de sonhos perdidos. Já estamos aqui há mais de oito anos e quando decidimos partir não foi por covardia de ficar e lutar por um país melhor, foi porque tínhamos de tomar a dura decisão de partir e alimentar nossos filhos, pais e muitas vezes irmãos. Muitas vieram para cá deixando seus filhos para trás para que os avós cuidassem enquanto elas mandavam dinheiro para alimentar toda família eu passei mais de 5 anos de sofrimento longe dos meus dois filhos, mais de cinco anos chorando por estar longe deles e alegrando meu coração porque podia dar a eles tudo aquilo que eu não tive quando eu era criança. Hoje temos nossos tão sonhados documentos espanhóis e estamos todos com nossos filhos aqui estudando e desfrutando de uma vida melhor. Vamos ao Brasil a cada dois anos, podemos viajar por toda a Europa sem problemas ou medo de sermos deportados e finalmente temos tempo para isso. Minhas amigas e companheiras de trampos que me acompanham falando baixinho em meus ouvidos cada dia, eu só queria dizer que cada dia vocês são exemplos pra mim e que eu vou levar a bandeira do Mamilos para onde eu for. Um grande beijo dessa ouvinte aqui de Barcelona vinda desde os rincões de Ji-Paraná Rondônia.”
(Bloco 2) 11’ – 20’59”
Ju: Muito fofa! Eu queria falar uma coisa, você, Katia já é uma poetisa porque esse email é pura poesia. Você encantou todo mundo, você contou uma história que nos deixou super emocionadas. Vamos então para o Trending Topics.
[sobe a trilha]
…
[desce a trilha]
E quem tá com a gente hoje pra falar nessa semana que tudo de econômico errado aconteceu hoje e que não vai entrar na pauta, a economista da nossa equipe, a economista fixa da nossa equipe a Itali. Itali apresente-se.
Itali: Oi gente, tudo bem?
Ju: Cê veio aqui com o seu crachá de feminista né Itali?
Itali: Com o meu crachá de feminista! O de economista eu uso de vez em quando. RISOS
Cris: É frente e verso? RISOS
Itali: É! RISOS
Ju: Fala que você é múltipla, que você é muito mais do que isso! Você é muito mais do que economista, do que feminista
Itali: Claro! Multitarefa, multifaceta, multitudo.
Cris: Nada me define… Risos
Ju: Também estamos aqui com a Michelle que veio falar principalmente sobre toda essa bagunça de impeachment, de Cunha, de tudo que está aí…
Cris: Ela tá se negando…
Michelle: Gente calma lá… calma lá… Eu sou advogada, adoro uma polêmica liberal mas…
Ju: Isso! você veio representar o lado liberal. Toda vez que a gente fala de impeachment a gente fala e as pessoas reclamam que não tem a voz liberal aqui, que falta contraponto né. Então tá aqui o contraponto a Michelle tá aqui pra falar de impeachment.
Cris: Michelle não é nada disso, ela é minha advogada e prima da Juliana.
Ju: Isso, exatamente!
Itali: É gente… ela é a nova direita que eu lembro muito bem…
Ju: É! Ela é capa da Época! É Época?
Michelle: Aham…
Ju: Capa da Época… não, a Michelle é a cara da nova direita, então ó, galera da nova direita fiquem felizes que a gente tem nada menos do que o ícone da nova direita aqui pra falar sobre política conosco.
Cris: Só queria dizer que a cara da nova direita é linda!
Ju: É linda! também acho… e solteira ainda. Ótimo, então tá, gente vamo lá que a pauta tá longa.
Cris: Giro de notícias. Número CINCO: Tenho 13 anos e não sou adulta. Desabafa Maísa depois de críticas dizendo que ela deveria ser mais sexy. A Maísa, aquela do Silvio Santos que era uma menininha até outro dia já tem 13 anos e foi esse absurdo que ela ouviu. Eu nem sei se a crítica é de verdade, mas a resposta dela foi muito boa.
Ju: QUATRO: Revolta na comunidade psiquiátrica. Na quinta passada dia 10 de dezembro em audiência pública com representantes de 656 entidades de saúde e movimentos sociais ligados a luta contra manicômios o ministro da saúde anunciou pra coordenador geral de saúde mental, álcool e outras drogas do Ministério da Saúde o psiquiatra Valencius Wurch Duarte Filho. Valencius foi diretor técnico da casa de saúde Dr. Eiras na Baixada Fluminense, maior hospital psiquiátrico de administração privada da América Latina. O apontamento foi visto como um golpe sério ao processo de reforma psiquiátrica brasileira elogiada no mundo todo. Pacientes e profissionais do sistema público de saúde mental ocupam desde as nove horas de terça feira as salas do ministério. Se você não entendeu porque isso é uma extrema polêmica aguarde porque o Mamilos fará uma Teta só sobre a luta antimanicomial.
Cris: Enquanto isso leia o livro Holocausto Brasileiro – a luta anti manicomial porque ele vale uma Teta.
TRÊS: Brasil… ai todo dia é um 7×1… Brasil cai uma posição no ranking de IDH da ONU. Fomos ultrapassados pelo Sri Lanka, estamos em 65º lugar entre 188 nações. 45 países conseguiram aumentar o índice em relação ao ano passado, 7 deles estão aqui na América Latina.
Ju: é 75º, cê nos aumentou dez! Seria bom até… quem me dera… é 75º.
DOIS: Novas Barreiras para imigrantes. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ontem, dia 15, que pretende reduzir o número de entrada de refugiados em seu país e que a decisão de abrir as fronteiras em agosto foi uma medida humanitária imperativa. “Nós pretendemos e vamos conseguir reduzir a entrada de refugiados” disse Merkel. Durou pouco né? Durou pouco toda a bondade dela…. ok
Cris: A cantora do milênio é negra, brasileira e feminista. Elza Soares considerada a melhor cantora do milênio pela BBC descrita como um misto explosivo de Tina Turner e Célia Cruz pela Time Out e conhecida no mundo todo como a rainha do samba. e é por isso que ela tá cantando pra gente. Sobe o Som aí Caio!
[sobe trilha sonora]
Telhado agora é porão tira de cima de mim esse pedaço de pedra
Me dá um abraço que o chão se abriu debaixo de nós e até o coxo tropeça
Bem que o palhaço falou que o laço vai se fechar e o laço sempre se fecha…
Bem que o anão me contou que o mundo vai terminar num poço cheio de merda…
[desce trilha sonora]
Ju: Vamos então para o Trending Topics UM: Lava Jato alcança Cunha. Até quando ó Catilina abusarás da nossa paciência por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura a que extremo há de se precipitar pra tua audácia sem freio? Catilinárias são discursos feitos pelo cônsul romano Cícero contra o senador Catilina que tentava um golpe pra derrubar a república romana e são inspiração pra nova operação da Lava Jato que nessa terça feira, 15 de dezembro, efetuou uma operação de busca e apreensão na residência oficial do presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha.
Cris: Os policiais chegaram às seis horas da manhã e já encontraram o deputado acordado, olha acorda cedo o Cunha, alerta em função dos boatos de que a próxima operação Lava Jato não seria no Paraná mas em Brasília. Outros alvos da operação foram , presidente do senado, deputado Aníbal Gomes e os senadores e fernando Bezerra. Ao todo 53 mandados de busca e apreensão foram emitidos para endereços em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Ceará e Alagoas. A operação aconteceu no mesmo dia em que a comissão de ética determinou por onze a nove o prosseguimento do processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar.
Ju: Os boatos de que Cunha renunciaria ao cargo correram forte até que o deputado convocou uma coletiva por volta das 15h e avisou que não ia renunciar ao cargo de presidente da casa legislativa. Ele diz “não tem a menor hipótese de renúncia ao cargo de presidente da câmara”. Em seguida avisou que a operação da Polícia federal é sinal de que não tem provas e tem que colher alguma coisa.
Cris: E aí gente, cês acham que Cunha estava com seu robe de chambre?
Michelle: Com certeza ele foi avisado, com certeza esse mundo que a gente vive, olha nem House of Cards é… dá conta.
Itali: Lavando o quintal de manhã é que ele não tava né? Eu tinha uma vizinha…
Cris: [interrompendo] não, saiu pra pegar o jornal e deu de cara com o …
Itali: …que lavava quintal as cinco horas da manhã. Cunha não é desse caras que…
Cris: Até porque não tem água mais…
Ju: Mas olha que engraçado assim… Eu tinha falado com o Merigo antes de sair essa notícia de que ele tava esperando os policiais e tal, pra autorizar o mandado de busca e apreensão você envolve muita gente, você tem que autorizar em muitas instâncias, então assim, uma pessoa tão conectada como o Cunha dificilmente não saberia que isso aconteceu e que ia acontecer né, e me lembra muito os Sopranos que o cara sempre sabia quando a polícia ia ele justamente tomava banho, se preparava, se arrumava não era nada de surpresa pra ele né. E assim, no momento que a gente ficou sabendo que levaram o celular do Cunha cê pensou caramba só no whatsapp o que deve ter… [Itali: hummm ferrou!] mas não… o cara já apagou o whatsapp três meses atrás, quando os primeiros começaram a ser preso, então assim, não deve ter pegado nada, tudo o que tinha ele já tirou de prova.
Michelle: não, ele tem 20 telefones né?
Itali: É exato, no mínimo ele tem uns 5 telefones…
Michelle: Um whatsapp pra cada assunto…
Itali: E já deletou…
Ju: Não, assim… mas é que realmente assim… três meses assim…
Cris: Gente nem eu mantenho histórico de whatsapp imagine Cunha. Mas assim tem uma mensagem gigantesca aí quando cê acorda cedo e vê que a casa do presidente da câmara e que tinha mandato também, que Renan também tava envolvido e nãnãnã cê começa a falar… você tem um mixed feelings que cê fala ‘viu ninguém tá impune, ninguém tá fora do radar da justiça né, é isso aí tem que investigar’ ao mesmo tempo cê fala ‘meus deus olha isso, ninguém tá salvo’…
Michelle: Ótimo! Que bom! Isso que significa o império da lei. Ninguém está a salvo.
Ju: Ninguém está acima da lei…
Cris: Não, na verdade o desespero é olha como tá todo mundo envolvido”
Michelle: Mas todo mundo já sabe que tá todo mundo envolvido porque essas pessoas não ficam no poder tantos anos e manejam tantos anos e tanto dinheiro e tanta… sem ter todo mundo concordado de alguma forma ou por omissão ou por ações então eu acho lindo, eu acho que apesar de estar ficando pior a situação do Brasil eu tô menos raivosa porque eu tô vendo que as pessoas tão…
Cris: Cê acha que tá expurgando?
Ju: É, tá chegando, expurgando ainda não, mas tá chegando perto. Eles não imaginavam que isso podia acontecer, não era uma coisa real…
Ju: Eles eram intocáveis…
Michelle: Eram intocáveis, exatamente.
Ju: É o senso de impunidade que aumenta muito mais o crime né, porque se você acha que nunca vão te pegar então por que não né?
Michelle: Exatamente.
Itali: Mas eu queria entender um pouco o que que vocês acham justamente do trabalho da Polícia Federal nos últimos anos porque assim, sempre sei lá, o que a gente ouve é que a Polícia Federal tá prendendo agora ou tá agindo agora mais do que agia antes ou coisa assim e a que que se deve isso, tipo a que que se deve isso?
Ju: o que que eu acho disso? A minha leitura, porque você tem uma leitura muito política disso, a minha leitura não é política eu já falei um pouco sobre isso em outros programas que é o Brasil tem uma democracia nova, a gente principalmente tem transparência no setor público há pouquíssimo tempo e ainda muito incipiente, mas a profissionalização do setor público de contratar funcionário público através de concurso é uma coisa super recente, esses quadros técnicos de pessoas que veem o setor público não como um cabide de empregos, como uma mamata, mas como uma carreira, uma carreira em que você pode fazer diferença pra sociedade, que você tem uma estabilidade, enfim tem suas coisas boas e suas coisas ruins como qualquer carreira, mas é uma carreira então você tem uma qualificação desses profissionais e eles não tão relacionados ao momento, eles tem metas e objetivos da organização, enfim, eu acho que isso tem mais a ver. A polícia hoje ela é mais capacitada, ela tem um quadro mais capacitado do que a dez anos atrás e a cada ano isso tende a ficar mais forte, isso em todas as instâncias do governo na minha concepção.
(Bloco 3) 21’ – 30’59”
Michelle: Mas então isso não se daria a gestões…
Cris: [interrompe] Eu acredito que tem a ver também.
Michelle:…o próprio desenvolvimento da polícia? Porque eu acho que tem gestão também.
Cris: Eu acredito que a instituição ganhou mais autonomia e ela ganhou mais proteção de alguma forma. Por que até pouco tempo atrás a gente via a muito, não que não aconteça mais, nos perdemos pessoas assassinadas juízes assassinados Procuradores assassinado…
Ju: [interrompe] Promotores de Justiça.
Cris: Promotor de justiça. Então assim é muita gente poderosa junto sendo investigada, né. E a gente ver os juízes aí ,é claro que não deve ser fácil, me parece uma maior proteção das instituições para aquelas proteção, independência para que elas possam trabalhar.
Ju: Eu concordo com isso mas não acho que isso é coisa de um partido, isso é maturidade das nossa instituições…
Cris: [interrompe] É maturidade da instituição.
Michelle: E também tem um aspecto que não tem como evitar a informação ela não pode, ela não fica mais secreta durante muito tempo. Essa barganha que existe em torno da informação: Olha eu vou eu vou liberar. Então, as pessoas fazem acordos mais… A minha sensação é: Tá tudo se movimentando mais porque olha, eu tenho a quem recorrer não é que eu vou ficar lá e isolado no lugar e ninguém vai saber o que tá acontecendo a internet permite isso.
Cris: [interrompe] Isso!
Michelle: eu acho que Snowden é a prova disso, sabe? Então, tu tem o cidadão comum que fica sabendo aquele cara que tá analisando o processo lá na pontinha que ele fica sabendo disso, ele tem mais condições de acho que dá… Alimentar uma cadeia de jornalista se quiser investigar uma cadeia de policial tem tanto medo, não sei.
Cris: Não dá para fazer escondido mais.
Ju: É, está mais difícil.
Michelle: É mais difícil.
Cris: É muito mais difícil. Eu tava até pensando nisso esses dias que se você parar para pensar o João Kennedy teve um caso com a Marilyn Monroe, sabe? Imagino isso nos dias atuais onde você tem a sua vida vigiada 24 horas onde você tem redes sociais, onde você tem telefone celular. Então assim, qualquer conversa pode ser gravada. Alô Delcídio! Então assim, qualquer pessoa que se sentir ameaçada pode declarar isso em redes sociais, você não depende de um veículo oficial de mídia para levar a público aquilo que você tá investigando o que você tá sendo ameaçado ou as ligações. Então acho que isso ajuda na independência também de alguma forma…
Itali: [interrompe] Da Polícia Federal.
Michelle: Acho que também ampliou o espectro de pessoas que estão querendo se aproveitar desse poder, antes era um só, então acho que ele conseguia concentrar mais. Agora o cara já está vendo a debilidade de um já vai aproveitar, acho que está muito mais conectado.
Ju: Eu queria falar, voltando para o que Cris falou. Sobre essa sensação de que todo mundo está envolvido e que não tem ninguém limpo o é: O conselho de ética que está votando a cassação do Eduardo Cunha, dez dos vinte e um congressistas que compunham o grupo são partes em processos judiciais. Então assim, os caras estão no conselho de ética são mais sujos que pau de galinheiro, sabe? Então fica complicado a gente realmente falar sobre ética, mas por um lado eu acho que nunca se teve essa sensação de que antes, eu acho que era muito frustrante porque você só ouvia falar que acontecia, que acontecia e que as pessoas eram sujas mas não tinham consequências…
Cris: [interrompe] Melhorou.
Ju: Agora, pelo menos tem consequência, pelo menos você vê que alguma coisa está acontecendo com estas pessoas. Então, eu vejo isso como positivo. Mas a pergunta é: Cunha cai? Houve boatos que ia renunciar, ele bate o pé que não vai renunciar, e ai?
Michelle: Na minha opnião ele cai. Não tem como se sustentar.
Cris: Eu acho que ele vai se arrastado numa novela mexicana onde se pega ele pelo resto do cabelo que lhe sobra e saem arrastando assim. Porque o que aconteceu nessa questão com o Renan né, quando o Renan esteve numa situação semelhante. No primeiro sinal que ele realmente seria cassado, porque sendo casado você perde a imunidade parlamentar. E ai você fica a disposição de uma justiça comum entre mil aspas. Então você prefere renunciar para poder responder ainda com esse aval de mandato, porque ai você tem uma série de tratamentos especiais. É por isso que todo mundo renuncia. Não sei se fica claro para todo mundo, mas é aquilo, na hora que te espreme você pula antes do caldo entornar. Então assim, ele tem muita coisa há dever, não tem como ele não renunciar. Se ele cai na justiça comum por ser cassado ele tem muito a perder, em contrapartida…
Michelle: [interrompe] Mas ele tem um ego também bem grande que não deve deixar ele renunciar, por isso ele não renunciou.
Ju: [interrompe] É eu acho que é isso
Itali: E ele tem confiança nas alianças dele…
Michelle: [interrompe] Exato!
Cris: [interrompe] É o que eu ia falar. Em contrapartida.
Itali: Se não ele não estaria fazendo isto. Mas o que eu quero na verdade tem dúvidas é como que esse processo ocorre quanto tempo leva para comissão de ética decide se ele caiu não porque ele pode fazer manobras políticas no meio desse tempo justamente porque ele tem esses Aliados e pessoas que ele pode influenciar.
Ju: Mas é que jogo tá tão maluco que assim, a carta que ele tem na mão, o joker que ele tem na mão, é eu tenho poder de todo mundo então eu não posso cair eu sou incaível, porque…
Cris: [interrompe] (Muitos risos)
Ju: Acabei de ganhar um novo termo gente.
Cris: um neologismo maravilhoso
Ju:Eu sou incaivel, porque se eu cair todo mundo cai junto então ninguém vai me derrubar o problema é que como a PF tá batendo na porta de todo mundo, eles não têm podre do Cunha. Basta pegar o podre do amiguinho, que o amiguinho já caiu mesmo, vai falar e né!
Michelle: E uma questão da delação premiada ela só vale se você contar tudo. Se você escondeu uma coisa ele está podem revogar os benefícios né então ele é…
Ju: [interrompe] Por isso que o Bumlai que também com toda esse pandemônio do Cunha, ninguém falou do Bumlai essa semana. Mas que ele não fez a delação premiada. A gente falou sobre o Bumlai, quando a gente falou da Zelotes, que ele tinha batido na porta do filho do Lula que era um esquema de venda de medida provisória. E ele tá agora na lava-jato, ele fez uma confissão espontânea de que ele pegou empréstimo de 12 milhões para repassar para o PT. E aí então isso estourou junto no mesmo dia que Eduardo Cunha e ninguém nem ouviu isso nem falou sobre isso do tanto do barulho que o Cunha fez né. Então assim tá sobrando assunto, não está dando manchete…
Cris: [interrompe] Não tem agenda, não da agenda. Não dá para prestar atenção em tanta coisa mais tempo.
Cris: Oi, falando mais um pouco disso quando a gente fala sobre: Ai está todo mundo investigado, o que está acontecendo? Aconteceram também as manifestações no domingo o que eu acho uma sacanagem de desvalorizar uma manifestação, se foi muita gente ou pouca gente. Pessoas têm direito de manifestar e o Datafolha esteve na ocasião e fez uma pesquisa com alguns manifestantes, chegando na conclusão assim que 98% deles estavam lá reprovando o governo Dilma. Só que 98% também estavam reprovando o cunha e pedindo também sua cassação.
Michelle: Gente, eu acho que a gente tem que parar com essa falsa dicotomia e contraposição que essas duas ideias tem. Os dois estão ferrando com o Brasil os dois tão na minha opinião infringindo leis do nosso país e os dois merecem ser investigados e aplicadas as sanções cabíveis. Um não exclui o problema do outro.
Ju: Não é competição de quem é pior.
Michelle: Exato!
Ju: Ou menos pior né! Não vai receber prêmio quem for menos pior.
Michelle: Não! Um não limpa o outro e não estraga o outro cada uma a responde pelos seus próprios atos.
Cris: É porque agora está assim se você fala: O cunha tem que cair, não dá mais é insustentável. “Mas da Dilma você não fala né?”. Ou então fala da Dilma, olha mas já deu gente já entendemos não dá para governar desse jeito se ela continuar é o pior vamos tirar o com impeachment: “Mas você não fala do Cunha”. Mas eu acho que não é bem assim…
Itali: [interrompe] Não é bem assim, mas eu acho que também existe uma diferença entre os dois processos né porque o Cunha você tem comprovação que ele tem as contas lá fora você já tem uma coisa mais concreta o processo de impeachment da Dilma foi aberto com base na incompetência dela com as contas públicas…
Michelle: [interrompe] Da violação da lei orçamentária, não é pouca coisa.
Itali: Não exatamente de um caso de corrupção.
Ju: Mas da pra impeachmar o Alckmin, a gente não vai mais parar de impeachmar. Mas se for esse o caso, “vamo ae”.
Itali: [interrompe] Vamo ae.
Michelle: [interrompe] Vamos, vamos. Porque se a gente não aplicar uma sanção, ninguém vai respeitar as leis.
Ju: Não, tudo bem. Vamos tirar Dilma e aí eu concordo nesse ponto a quem diria com Ciro Gomes que é: A gente vai passar por um período de instabilidade não acho que tanto quanto ele falou de 20 anos mas muito grande porque assim no dia seguinte eu espero que você esteja na porta pedindo impeachment do Alckmin. Eu espero, no mínimo.
Michelle: [interrompe] Tranquilo.
Ju: Assim. Não é tranquilo!
Cris: É uma questão de coerência.
Michelle: Não, não é! É assim:
Ju: [interrompe] Não é por falar, tipo é sério. Ou é por isso, ou isso é motivo sério..
Michelle: [interrompe] Gente!
Ju: Não, porque se é motivo sério, não tem indignação seletiva… É todo mundo que não respeita a lei orçamentária é passível de impeachment…
Michelle: [interrompe] É exatamente disto que eu estou falando.
Ju: E na verdade não é. Então assim, se for uma nova… Não é nem uma nova regra mas é um novo jeito de aplicar a regra, porque sempre teve a regra mas a gente nunca respeitou e então todo mundo fechou o olho…
Michelle: [interrompe] Então assim, se a gente nunca.. nunca consegui aplicar a sanção, porque é todo mundo inclusive, não tem ninguém mais para ocupar cargo porque tá todo mundo, então a gente não aplica em ninguém? É isso?
Itali: [interrompe] Não acho que…
Ju: [interrompe] Não, mas tudo bem aplicar em todo mundo.
Itali: [interrompe] O que a gente está falando é que a regra agora é essa…
Michelle: [interrompe] OK! Então vamos. Começa o primeiro, começa o segundo…
Itali: [interrompe] O que a gente está falando é que as forças políticas não vão ser as mesmas. As pessoas que saíram na rua para impeachmar a Dilma não vão ser as mesma pessoas que vão para impeachmar o Alckmin, porque a gente tem bem claro que a diferença de julgamento do paulistano. Você vê no Datafolha o perfil das pessoas que estavam na manifestação, tipo perfil não é o mesmo, entende? Se a gente conseguisse ter certeza que “impcheamando” a Dilma por incapacidade…
Michelle: [interrompe] Aí a gente está voltando a questão do cunha. A não, só pode tirar o cunha se tirar a Dilma. Só pode tirar a Dilma se… Não gente, os dois tem que tirar. Mas não dá pra vincular…
(Bloco 4) 31’ – 40’59”
Ju: Tudo bem, mas é só uma questão de coerência. Eu não tô… Eu tô falando de coerência, eu tô falando assim: Bom, acho que a gente fragiliza a democracia se a gente baixa o critério…
Michelle: [interrompe] Mais do que já tá fragilizada? Gente! Pelo amor de Deus.
Itali: [interrompe] Não, eu acho que, eu acho que…
Ju: Eu não acho que tá fragilizada, mas ok. O ponto é: Beleza, a gente vai falar “Ó, é na pedra da lei e é aquela coisa: Aos meus amigos tudo aos meus inimigos a lei” então beleza, é a lei? então vai ser a lei pra todo mundo, e aí não sobra pedra sobre pedra e a gente constrói tudo em cima disso. Por mim, OK, a única coisa é: A Regra tem que valer pra todo mundo e não só pros meus inimigos. Vale pra todo mundo. Regra é regra, é só isso.
Michelle: Certamente.
Itali: Mas é que nesse processo em que a gente está disputando forças políticas, porque, então, já que a gente vai falar de incompetência administrativa a gente vai ter que começar…
Ju: [interrompe] Não, não é incompetência administrativa Itali, não é.
Itali: Também.
Ju: Não é.
Michelle: Não é.
Ju: Não, pedalada é diferente. Pedalada é desrespeitar uma lei que todos os dias é desrespeitada. É aquela coisa do limite de velocidade que todo mundo já passou e tudo bem, mas agora só porque é o cara que eu não gosto eu passar a aplicar a lei.
Michelle: Gente, calma né. Calma.
Ju: Ok. A lei tá certa. Vamos aplicar pra todo mundo? Não só pro meu inimigo. Ok. Vamos. Pronto. Se a regra é essa, a regra tem que valer pra todo mundo. É só isso. Regra que é regra vale pra todo mundo e não só pra quem eu não gosto, pra quem não tá administrando bem. A questão da administração é irrelevante pra impeachment, irrelevante. Se ela não está administrando bem, se ela não tem habilidade política, isso não é motivo pra impeachmar alguém.
Cris: É isso que eu acho que as pessoas confundem um pouco, porque quando você fala: Ah não, carreira privada, se você não é um bom funcionário você é demitido. Mas na carreira política não é assim. Se você for um mau gestor, mas estiver dentro da lei, meu amigo…
Ju: [interrompe] Aguarde a próxima chance. Você tem que… Daqui quatro anos você pode tirar ela.
Cris: Não existe demissão de político por incompetência. Existe por infringir a lei. A Dilma não é uma boa política e nem uma boa gestora e a gente tem sim um problema com as pedaladas. É real, ele existe. Se ele é motivo ou não pra impeachment, é o que o processo democrático…
Ju: [interrompe] Vai julgar.
Cris: Que o impeachment é parte disso, vai julgar. Ele tem que ser instalado e a gente tem que acreditar que a instituição vai julgar isto. E julgando isto abre o precedente pra julgarem outros, com certeza.
[sobe trilha]
… Abro a tampa e deixo a dança entrar no…
[desce trilha]
Ju: Vamos então pro segundo Trending topics. E a gente vai falar do Acordo de Paris.
Cris: “Histórico. Um triunfo diplomático. Fim da era dos combustíveis fósseis”. Essas foram algumas das reações ao Acordo de Paris, celebrado neste sábado, 12 de dezembro. Assinado por 195 países, ele foi o resultado de duas semanas de negociações durante a COP21, a conferência mundial sobre mudança do clima que aconteceu na capital francesa. Ao invés de um acordo obrigatório com incentivos econômicos pra quem cumprisse a meta e sanções pra quem não as atingir, os delegados aceitaram um carta de boas intenções. Não gosto disso. Essa foi a única forma de garantir a adesão dos Estados Unidos e China. Além de caráter voluntário, o acordo também permitiu que cada país determinasse suas próprias metas.
Ju: Então, o que que quer dizer isso? Por um lado se tem muito motivo pra ser otimista porque é a primeira vez que todos os países realmente… Sabe aquela coisa, o primeiro passo é assumir o problema? Foi a primeira vez que a gente assume, tipo: Ok, temos um problema e precisamos agir sobre isso.
Cris: Se os Estados Unidos e a China, que são os dois opostos, assinaram o mesmo documento, você imagina magia pra fazer isso acontecer.
Ju: Se precisou que fosse uma coisa muito mais flexível, pra conseguir que as pessoas se sentassem na mesa e se comprometessem a fazer alguma coisa. E aí, a partir disso, como as metas são negociáveis a cada cinco anos, a gente pode a cada cinco anos ir melhorando. A questão é, se talvez, não é a velocidade suficiente para que faça alguma mudança, porque a gente precisa.
Cris: Até por causa da meta né. Sem estabelecer uma meta…
Itali: [interrompe] Posso desafiar a premissa que a gente precisa? Não sei gente, eu desafio a… Não estou convencida da tese do aquecimento global. Pra mim, claro, faz muito sentido, agora estamos poluindo muito mais, mas isso está acabando com o planeta? Não sei.
Cris: Eu acho que quando 195 países, incluindo China e Estados Unidos, concordam que nós precisamos rever a forma como a gente trata o planeta com e excesso de aquecimento global, alguma lógica existe nisso. A variável pode ser se existe uma supervalorização ou uma baixa valorização dessa informação. Mas o que a gente percebe é o destempero, né, (risos) lá em Minas a gente fala destempero, mas o clima, da chuva, da seca, do excesso de calor que vai acontecendo pela quantidade de emissão de gases, que a gente nunca produziu tanto. Inclusive, essa foi uma das questões, né, porque o velho continente ele já evoluiu tudo que tinha pra evoluir, ele tá estabilizado. Então quem polui mais hoje são as nações que estão evoluindo. Aí o velho continente fala: “Não, mas você estão poluindo demais!” E eles falam: “Mas também você já poluíram tudo que precisava, agora a gente precisa poluir um pouco.” Essa balança…
Itali: Mas talvez, talvez o ponto importante aqui não seja se a tese é verdadeira ou não, se existe aquecimento global ou não. O que é importante é que está acontecendo coisas suficientemente incomodantes pras pessoas resolverem fazer um tratado pra lidar com isso. Se isso chama aquecimento global ou não, se isso significa que a terra tá crescendo ou não, de uma maneira que vai acabar com todos os seres humanos, isso não importa agora. O que importa é que tá atingindo pessoas agora, que há ilhas começando a ter diminuição de terra porque o nível da água tá subindo e se isso vai se chamar aquecimento global ou não, isso não importa. A humanidade precisa tratar de algumas coisas que estão incomodando, já começaram a incomodar porque se não tivessem começado a incomodar as pessoas não teriam…
Ju: [interrompe] Não se mobilizariam pra isso.
Itali: Não se mobilizariam pra 195 países assinarem um acordo como esse. Então acho que assim, do mesmo jeito que foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1949, que foi um ponto inicial, que não acabou com a violação dos direitos humanos e não acabou até hoje, e foi há mais de 50 anos atrás. Do mesmo jeito esse é um ponto inicial pra você tratar de questões que estão já impactando a vida de populações diretamente. Então, você tem as comunidades quilombolas, as comunidades indígenas, comunidades nórdicas, essas todas estão sendo impactadas por modificações climáticas que já estão acontecendo. Se isso vai chamar aquecimento global ou não, talvez isso não seja tão importante pro momento histórico, entendeu? Atestar uma tese científica ou não, mas sim, se reunir em torno do objetivo que seria reduzir o impacto pra essas pessoas que estão diretamente…
Cris: E até pra propôr um novo modus operandi de vida, não baseado, única e exclusivamente, no consumo de combustível fóssil, porque também ele finda, né.
Michelle: Não, eu acho ótimo. Acho que a tecnologia tá aí e pra mostrar que a maneira como a gente faz as coisas não é a única maneira de fazer as coisas. Eu só sou meio refratária assim, só porque todos os países estão juntos… Gente, teve guerras e todos os países estavam juntos brigando, eu não sei, eu sou um pouco… cética em relação ao fato…
Itali: Não vamos contradizer a maioria porque, às vezes, a maioria não está exatamente indo… Mas assim, eu entendo.
Michelle: Sabe, eu sou um pontinho, eu não estou dizendo que eu tenho razão e que eu tenho estudos mil…
Itali: Claro, até porque aqui ninguém é meteorologista ou coisa assim pra dizer se a tese é mesmo aquela…
Ju: Quando a gente fala de assunto científico é bom voltar ao método científico. Que é: O método científico você tem que, você tem uma tese, você tem que provar essa tese e aí você tem uma comunidade científica que vai validar essa tese ou não.
Itali: Na verdade não refutá-la né. Enquanto ela não for refutada ela continua.
Ju: Mas o objetivo da ciência é justamente, o prêmio da ciência, é você conseguir refutar uma teoria. A teoria dominante é constantemente questionada porque todos os papers vão tentar derrubar essa teoria porque daí você é o novo dominante. É essa a briga, é essa a brincadeira.
Michelle: Não, não necessariamente. Tem muita gente tentando reforçar e achar outros dados que comprovem…
Itali: Sim, mas ela tá falando que é uma relação de força…
Ju: O que eu quero dizer é que não existem deuses sagrados e vacas sagradas na ciência.
Michelle: Perfeito.
Cris: Eu acredito que a gente precisa ter responsabilidade no nosso método de produção porque tudo gera resíduo. Então o combustível fóssil, o carvão, a mineração. E a partir daí a gente começa a desequilibrar o ecossistema. Se isso vai nos levar à extinção da humanidade ou não, acho que não é a questão, mas acho que é uma boa melhorar a condição da vida da população que habita esse ecossistema que está indo pro desequilíbrio.
Ju: E a lógica do que é finito.
Cris: Exato.
Ju: Né? Se você tá usando uma coisa que é finita é mera lógica.
Itali: Exato.
Ju: Mera lógica. ao passo que se você usar uma coisa que é renovável… Então se a gente precisa ad aeternum de energia, faz mais sentido que você use uma fonte que é renovável do que uma fonte que tá se esgotando.
Cris: Ou seja, tem a ver com evolução.
Ju: Tem, exatamente.
Cris: Muito mais com evolução do que com morrer todo mundo ou não.
Itali: O ponto que eu queria chegar é: Talvez essa discussão não seja importante. Talvez a discussão importante seja: O que a gente tá fazendo hoje com esse tratado pra poder diminuir o impacto que toda produção mundial causa em algumas populações já. Porque outra parte da população não tá sofrendo esse impacto já, entendeu? Outra parte da população não vai sofrer por um bom tempo.
(Bloco 5) 41’ – 50’59”
Cris: Tem uma questão importante nisso que a gente ainda tem muitas civilizações pré desenvolvidas ou em desenvolvimento, aqui com milhões de aspas, mas o que que acontece, a gente ainda tem muita gente não consumindo, não consumindo esse modelo capitalista de consumismo. Se a gente coloca, e é um dos sistemas do mundo, melhorar essas condições ou diminuir as condições de desigualdade, quer dizer que outras pessoas que consomem nada, vão passar a consumir alguma coisa. E aí o planeta fica maior, com mais pessoas consumindo e isso é insustentável.
Michelle: E isso se você for consumindo o mesmo modelo que você consome na nossa sociedade. Você não pode falar que uma comunidade indígena, quilombola ou um esquimó não consome, ele consome. Ele consome dentro da comunidade dele. Se a gente for consumir em escala capitalista como a gente faz hoje no dia-a-dia, aí a gente vai ter esse problema, que a gente vai ter que aprender a enfrentar se a gente quiser manter os recursos naturais, né?
Cris: E li uma, não sei se é se é sério, tá? Mas que se a China inteira resolvesse comer salmão, em um dia acabava o salmão do mundo inteiro. Que extinguia o salmão. O nosso propósito enquanto ser humano é evoluir como sociedade. E aí essa discussão tá posta e todo mundo sabe que ela é essencial.
Itali: E assim, eu acho que tem coisas interessantes pra surgir, mas eu também vejo de um modo meio crítico, por exemplo, o mercado de carbono que é uma, que seria uma coisa pra controlar a emissão de carbono e é quando você coloca ela dentro do mercado de capitais, né? Tipo você tá tornando uma externalidade uma coisa dentro do mercado, você tá precificando a partir do momento que a empresa tem dinheiro pra pagar ela vai continuar emitindo e isso não resolve o problema ambiental, isso só resolve o problema econômico de não ter preço pro gás e agora tem. Então, eu acho que com metas onde os países podem se pressionar mutuamente, isso pode começar a funcionar melhor conforme os anos forem passando.
Ju: Outra crítica é que não se atacou uma das maiores fontes de poluição, que é o carvão. Embora os Estados Unidos estejam reduzindo a dependência do carvão, China e Índia continuam construindo novas usinas. Mas é isso. Baby steps, Primeiro a gente concorda que temos um problema, depois a gente concorda que todos temos responsabilidade sobre isso e todo mundo tem que fazer alguma coisa. Aí, nesse ponto que eu acho que a meta importante tá aí mesmo que ela seja…
Cris: [interrompe] Deixa eu só dar uma sugestão dentro disso que você tá falando. Que de concordar que temos um problema eu acho que, como a Michelle não concorda, mas eu acho que se todos concordamos que podemos evoluir, já melhora.
Ju: Já tá melhor.
Cris: Isso eu acho que todo mundo quer, o quê que cê acha?
Ju: Tá bom, pode ser. E acho que é importante, assim, porque ter uma meta que é inatingível? Porque pelo menos você tem um referencial. Daqui cinco anos quando a gente sentar na mesa pra conversar, a gente já tinha acordado qual era a meta. Então todo mundo sabe o quanto faltou pra gente bater aquela meta, e todo vai ter que redefinir o quê que tem pra colocar na mesa pra ajudar a alcançar aquela meta.
Cris: Depois dobra a meta? Quando alcançar…
Ju: Exato
[risos]
[sobe a trilha]
Arremata, arremata arremata!
[desce a trilha]
Cris: Vamos ao Trending Topics número 3, um Trending Topics muito relevante pra você meu querido amigo. As festa de final de ano, Natal, aí tão acontecendo e tá todo ano aí, a gente, todo mundo junto, só que com esse tanto de pauta que rolou esse ano vocÊ vai encontrar a família como sempre e como sempre tem o tio do pavê, a prima doidinha, a avó do século passado, o pai que tomou umas birita a mais e a galera falando o que quer e o que não quer. E a gente vai te dar aqui reflexões para sobrevivência. Certo, Juliana?
Ju: Na verdade, a pauta foi inspirada num artigo muito bacana do El País que era de como evitar discussões políticas na ceia de Natal.
[risos]
Michelle: Ah impossível no Brasil. É impossível. Fala pro El País aí que eles não sabem.
Cris: Não façam Natal esse ano, pulem o Natal esse ano. [risos]
Ju: Mas é muito legal porque eles… vale muito a pena o artigo, a gente vai linkar porque eles justamente falam sobre, por exemplo, se fossem lógicos e racionais as discussões, naturalmente em debates políticos, por exemplo debate de eleição, em algum momento alguém mudaria de ideia, porque se fosse racional, né, se é lógica contra lógica, em algum momento uma lógica vence e alguém muda de ideia.
Cris: É aquele momento que você fala assim: “Menina, mas você me convenceu”.
Ju: É, exatamente. Exatamente.
Itali: Nunca ouvi, nunca!
Cris: Cê me convenceu, tá aí.
Ju: Então o El País fez um texto muito bacana sobre como as nossas discussões sobre política, ao contrário do que a gente gostaria de pensar, elas não são racionais e lógicas.Porque se fossem você escutaria muito, diversas vezes: ‘Nossa, é verdade! eu não tinha pensado sobre esse ângulo.”
Cris: Juliana, você me convenceu!
Ju: É, assim, isso não acontece. Então, tem todo um estudo, a gente não vai ler o texto aqui porque ele é grande, né, mas assim, vale muito a pena ler, que é sobre como os nossos sentimentos interferem nas nossas decisões. E aí, juntando com o conteúdo de Love Brands, tal, você vai vendo que, na verdade, a gente… você tem o neurocortéx que faz a parte racional, que faz a parte lógica, é a parte da linguagem, tá, a gente se expressa com essas ideias. Mas quem toma a decisão não é o racional, é o emocional. O emocional que gera comportamento, é o emocional que faz decisão. Claro que na decisão as duas coisas não são separadas, elas tão juntas, mas quando um e o outro brigam, ganha o emocional, então não adianta você pensar que você vai dar um show de argumentos no seu tio e ele vai magicamente mudar de ideia, isso não vai acontecer. Não estrague o Natal da sua família por conta de querer convencer as pessoas a ir pro seu lado do ringue. Apenas não faça isso. Tipo, o Natal é pra outra coisa, na minha opnião.
Itali: Não, eu discordo um pouco desse ponto porque quando você consegue conversar com alguém num tom de voz que a pessoa sabe que você tá querendo se impor à ela, não tá querendo mostrar que é mais que ela, porque na verdade esse é o grande problema das discussões argumentativas que envolvem o emocional. Por exemplo, você tá discutindo com o tio, que é um cara mais velho, que é um cara que busca mostrar os conhecimentos dele, sobre a experiência de vida dele e se você começa argumentar de uma maneira agressiva obviamente ele vai ficar mais… Ele vai negativar cada vez mais o que você tá falando. Então, acho que assim, a questão não é não converse at all sobre as coisas com a sua família, mas saiba que tentar ganhar a discussão no braço, no grito, não vai dar certo. Principalmente numa data pacífica como o Natal.
Cris: Não, eu acho assim..
Itali: [interrompe] Mas eu não acho que não deve se falar sobre isso.
Cris: Eu só acho que o fator VDM é muito alto.
Ju: Concordo.
Itali: O que é o fator VDM?
Cris: Fator Vai Dar Merda.
[Risos]
Cris: É família. Tem bebida. Muita comida. E pessoas com quem você não convive no dia-a-dia e encontra ali e que tem um pré-julgamento seu que, provavelmente, te segue nas redes sociais. Então assim, eu só acho que você vai falar o que você quiser, mas é que tem umas coisas que não valem a pena, melhor gastar energia ali ficando bem, relevando, até porque o Natal… Qual o espírito do Natal?
Ju: Pra quê que cê tá lá?
Itali: Eu ainda não sei.
Michelle: Pra comer.
[Risos]
Cris: Pra tirar a uva passa.
Michelle: Minha mãe me obriga.
Ju: Porque eu não tenho liberdade e força suficiente pra dizer: Eu não vou no Natal.
Itali: Já fiz isso.
Ju: Eu não consegui essa liberdade ainda.
Michelle: Mas gente, eu tô incrédula que vocês, Mamilos, empatia e amor, não querem… não falam sobre nada no Natal!?
Ju: Escute, porque isso é importante. Isso é um manifesto do Mamilos.
Cris Eu falo, por isso que não sou mais convidada pro Natal.
[Risos]
Ju: Não, muita gente pergunta isso pra gente. Muita gente: “Ah, eu tenho um chefe assim, assim, assim… Eu tenho uma amigo assim, assim, assim… Minha mãe é assim, assim… Minha vó, assim, assim… Como que eu faço pra me impor?”
Itali: Dá o Mamilos pra ouvir, mas não fala no Natal.
Ju: Não. O que o Mamilos acredita e isso é premissa do Mamilos, é que as pessoas são mais importantes que as opiniões delas. Que os relacionamentos são mais importantes que as opiniões. Então, assim, as relações valem mais do que isso e as pessoas não são só isso. Então assim, eu, de verdade, não preciso convencer meu tio mais novo, que é um tio muito querido,que ele é machista. Eu não preciso na ceia de Natal. Em outro momento, quando a gente estiver conversando de boas e ele estiver interessado, porque o que importa não é o meu interesse em falar pra ele, é o interesse dele em escutar. Quando o meu tio quiser saber alguma coisa e ele quiser falar comigo sobre: “Minha mulher está insatisfeita, por que será?” Vem cá tio, senta aqui, vamos conversar.
Cris: Você quer ouvir?
Ju: E aí eu posso conversar.
Itali: [Interrompe] E se ele quiser falar sobre isso no Natal?
Ju: Eu acho que se ele quiser falar ele vai ter que discursar sobre isso. Não é o meu papel trazer briga no Natal. Isso eu, Juliana.
Itali: Eu acho que vocês tão vendo um cenário de Natal, sei lá, onde briga começa a meio que ser pública e dá aquele barraco de família e tal… e eu acho que nem sempre é assim, acho que muita vezes as pessoas param pra contar seus problemas pessoais no Natal também.
Cris: Não gente. Eu, particularmente, estou brincando. Eu acho que dá pra conversar sim, desde que você entenda que você não tá ali pra convencer ninguém.
Ju: Isso.
Cris: Que você tá lá pra curtir.
Michelle: A partir do momento… Se a pessoa quiser falar com você, ela vai falar com você.
Ju: Sim, aí tudo bem.
Cris: É que tem que ter um espaço para o diálogo. O quê que isso quer dizer? Eu falo, você ouve depois você fala e eu também escuto. Porque quando uma pessoa começa falar e não deixa nem você expor um ponto de vista eu acredito que não vale a pena continuar essa conversa.
Itali: E eu acho que a maioria dos assuntos puxados no Natal são exatamente pra pegar no calinho de uma maneira pra zoar o momento. Então, se você tem tal característica vão falar daquilo, justamente, só pra dar aquela puxada de assunto, mas não é que as pessoas tão querendo realmente conversar sobre aquilo, é só que elas tão querendo pegar no seu pé naquele momento familiar.
Michelle: Ou é falta de assunto mesmo gente. Não sei o que eu vou falar com a minha sobrinha, com a minha neta… Não sei. Então eu falo o primeiro que vier, então o primeiro é: “Você tá preparada pro vestibular?; Você tem namorado?; Vai ter filho?”
Ju: Quando vão casar?
Michelle: É, são perguntas assim, por falta de assunto.
Ju: São perguntas pra gerar assunto, também acho.
Cris: Mas tem as provocativas também: “Chegou a feminista da família!”
(Bloco 6) 51’ – 1:00’59”
Michelle: [brincando] Olha aí, depilou a axila hoje? Depilou o sovaco? Ah, deixa eu ver, ah! Que bom, hein!?
[risos]
Itali: Mas eu acho que é mais de uma inabilidade da pessoa de…
Ju: [interrompe] Exato.
Cris: É.
Itali: … criar conversa, criar assunto…
Ju: [interrompe] Exato.
Cris: [interrompe] … conexão, né.
Itali: [interrompe] Exato. Porque é difícil…
Ju: É. E assim, por isso que eu falo, não é que você não pode falar mas é que você não tem obrigação de falar, Itali. E ninguém vai retirar sua carteirinha…
Itali: [interrompe] Ah, claro! Mas eu também não acho que tem obrigação de falar…
Ju: … se você não impor a sua opinião.
Itali: Eu acho que, tipo assim, é o momento pra matar a saudade da família, principalmente…
Ju: [interrompe] Isso.
Itali: …pra mim, pessoalmente falando. Mas como tem várias coisas do meu dia-a-dia que aparecem no facebook, principalmente militância, as pessoas sempre acabam puxando assunto sobre isso, e eu não vou deixar de falar sobre isso só porque eu acho que é um momento, entendeu? Tipo, se elas puxam assunto sobre isso eu falo numa boa.
Ju: Não, OK, mas aí elas estão interessadas, né.
Itali: É, elas aí estão interessadas. Não tô falando pra chegar lá com a bandeira do feminismo [bate palma] ‘Uhull!’. Vamo militar agora, vamos…
Cris: [interrompe, brincando] Vou esfregar meu feminismo.
[Risos]
Itali: … tirar o peito pra fora aqui pra vovó. Tá ligado? Não. Não é isso, mas é que, na minha experiência pessoal, perguntam como está se trabalho, “Ah, e as coisas de mulheres que você anda fazendo.” . Aí tipo…
Ju: Aí é muito legal. Isso é troca. Isso…
Cris: [interrompe] A pessoa quer ouvir, né.
Itali: Vai… vai saindo a troca, exato.
Ju: Não, mas isso não é impositivo. E isso aí é ponte, isso é conexão…
Itali: [interrompe] Não, não, não é impositivo não.
Ju: Isso aí é você se expor e abrir a sua vida pras pessoas que… OK.
Itali: Até porque eu achei que, quando a gente falou sobre isso, eu não vi muitas coisas, tipo, muitas situações que eu tenha passado que fossem clichê. Que estão falando, tipo “Ah, então é o momento do Natal” e tal. Muito poucas coisas assim, na verdade, acho que meu pai é o único cara que fala alguma coisa assim, e ele gosta de discutir comigo. Então a discussão acaba sendo legal pra mim, entendeu? Não fica um negócio…[pensa]
Ju: Um climão.
Itali: Um climão, é. E quando é meus tios é tipo na brincadeira, né? Um fala uma coisa, o outro fala outra coisa e segue a vida porque não é o momento mesmo.
Ju: Não, é porque a gente tem, assim, uma série de ouvintes que… sei lá… tá numa família super conservadora e vai escutar um monte de coisa que ele não concorda…
Cris: [interrompe] E é muito contra.
Ju: … então assim, o que a gente tá falando é o seguinte: você não pode pontuar cada minuto da ceia com “Tio, você está completamente errado. Mãe, você é preconceituosa. Pai, você é não-sei-o-quê”…
[Cris ri]
Itali: [interrompe] É, mas…
Ju: … “Irmão, você é um otário”. Então, assim…
Itali: [interrompe] Mas Ju…
Ju: … calma, né. Calma. As pessoas são mais que a opinião delas.
Itali: … Eu não acho que o que mais faz sofrer é isso, acho que o que mais faz sofrer é a pessoa ouvir calada mesmo. A pessoa que não consegue falar, entende a diferença? Eu acho que o pior… porque assim… você tá falando o seguinte: as pessoas são mais importantes que as suas opiniões. Por outro lado, quem já passou por um… [pensa] um relacionamento abusivo, por exemplo. Eu tenho uma amiga que passou por um relacionamento abusivo, que foi perseguida, tudo mais, blá-blá-blá, e a família dela é super conservadora e fala coisas que machucam ela. E ela tem que conviver com isso em prol de manter o ambiente familiar natalino. Poxa, isso também não é uma violência? Então, eu acho legal a gente pensar que as pessoas são mais importante que as opiniões delas, mas por outro lado eu também acho que a gente também tem que ter empatia com as pessoas que passaram por coisas super marcantes e tem que ouvir coisas bizarras no natal dos familiares como, por exemplo, sei lá… Uma menina que teve o revenge porn, que teve um vídeo exposto na internet, e vai ouvir falar agora da mulher que traiu o marido e saiu…e tá espalhando no whatsapp inteiro o vídeo de uma traição. E ela vai lembrar do caso dela, que ela foi exposta na internet, que… Entende? É, eu acho que assim, as pessoas são sim mais importantes que as opiniões? São. O momento natalino é importante? É. Mas o quanto a gente se sacrifica pra manter o clima natalino e… e…. [pensa]
Michelle [interrompe] Uma mentira.
Itali: … e soterra…
Cris: [interrompe] Não, mas…
Itali: …e soterra esses sentimentos.
Ju: Não, mas aí isso são coisas diferentes. Assim, (o) que que eu acho: que a gente não tem que fazer de cada interação que a gente tem com as pessoas que você gosta um palanque. Ponto.
[Alguém concorda com ‘Uhum’]
Ju: Agora, se as coisas são importantes pra você, no nível pessoal, aí é uma outra coisa. E aí é uma coisa de: se a gente tá junto, e tem algum significado isso, eu tenho que poder demonstrar o que eu sinto. Porque, se eu tô aqui só fingindo, então isso não é uma família. E aí, se eu quero que você se importe com como eu me sinto, eu me importo com como você se sente. Então eu tenho empatia, no jeito que eu coloco…
Itali: [interrompe] Tem que abrir o diálogo, nesse caso.
Ju: Não, mas aí assim, é o jeito que eu vou colocar….
Itali: [interrompe] Também…
Ju: …porque daí eu vou colocar assim: “Olha, eu sei que bá-bá-bá-bá-bá, porém eu tenho uma visão diferente porque eu passei por isso. Deixa eu contar o que eu me sinto porque eu passei por isso, e aí vocês vão ver se a visão de vocês vai ser a mesma. Porque família que é família, se dói por você. E aí teu tio não pensou na merda que falou, na hora que contou a história da menina escrotizando. Porque todo mundo, de novo, foi criado nessa cultura machista que é legal rir disso…
Itali: [interrompe] Exato.
Ju: …e aí quando teu tio te vir chorando e falando, “Tio, eu fui a vítima, como é que você pode rir?” e teu tio fala “Desculpa, não era isso, me perdoa. Não era nada disso”.
Itali: Esse era o ideal. Esse é o cenário ideal que eu queria muito que fosse sempre assim…
Cris: [interrompe] Deixa só… é… Eu acho que tem dois pontos bastante distintos aqui, e deixa eu tentar fazer uma intersecção. Eu tenho uma situação na minha família que eu penso muito diferente deles. Em basicamente tudo. A gente tem pontos de vista muito diferentes. E toda vez que a gente fala, toda vez que eu exponho meu ponto de vista, eu sei que eu estou machucando eles. Porque eles não reconhecem… não me reconhece naquele ponto de vista. Tipo, “Como você pode pensar tão diferente da gente tendo nascido todo mundo aqui junto, e vivido junto?”. Então o meu ponto de vista magoa a minha família, então geralmente eu tento guardar o meu ponto de vista… quando eu consigo tá? porque às vezes eu não consigo… Mas guardar meu ponto de vista pra mim e entender o ponto de vista deles, porque eu entendo o lugar deles, a formação deles. Igual eles entendem, ou tentam entender a minha. A gente está falando de dois extremos aqui, né. O primeiro é: ninguém tem o direito de te ofender ou de te magoar. Se a situação é essa e se alguém tá falando alguma coisa no sentido de escárnio né, e tá te expondo a uma situação é óbvio que você não tem que aturar isso calada. Por outro lado, é não entrar num embate, simplesmente pelo embate…
Itali: [interrompe] Sim.
Cris: Se você é a favor do impeachment e o seu tio é contra o impeachment, e você sabe que ele não é uma pessoa aberta ao diálogo, pra que começar uma conversa sobre isso? Porque você sabe que não vai ser produtivo. Agora, poxa, você está super acostumada a conversar com a sua avó sobre feminismo, e é uma troca super bacana, ou pelo menos se ela não concorda mas ouve e você tem… [pensa] também ouve o ponto de vista dela, isso se chama conversa normal… [ri] Então assim, não é nem tanto ao céu nem tanto ao mar…
Ju: [interrompe] Não. É assim, é que eu acho que…
Cris: …não.
Ju: …. uma coisa eu acho que é você não levar…[pensa] você não se anular pra poder conviver com a sua família. Eu entendo.
Itali: [interrompe] Isso, era só isso que eu estava falando.
Ju: Não, você tem razão. Você tem completa razão, assim…
Cris: [interrompe] Olha viu, você convenceu a Juliana. Ela falou “você tem razão”.
[Michelle ri]
Itali: [brincando] Funciona!
Ju: Eu falo muito isso!
Michelle [brincando] Difícil isso. [cantando] Ta-raaaam!
Ju: Eu falo muito isso! Eu falo muito isso nesse programa. É importante você não se anular em qualquer relação. Você tem que poder ser quem você é e expor seus pontos de vista sem precisar magoar. Que é o que a Cris tava falando, ah “eu fico quieta porque eu sei que expor meu ponto de vista magoa”. Complica, né? Porque relação você tem que poder expor seu ponto de vista né, tudo bem.
[Alguém concorda com ‘Uhum’]
Ju: Só o que eu acho é assim, a gente não precisava achar que as pessoas se restringem a opinião política, ou se restringem… Assim, você em algum momento da vida não foi feminista. Você não tinha acesso a essas informações, não estava madura, não estava inclusive interessada…
Itali: [interrompe] Claro!
Ju: … então ninguém precisa pegar um fórceps, abrir sua cabeça e jogar todo o conhecimento em uma noite.
Itali: Exato!
Ju: Então assim, cara, tem muitas coisa que são muito mais divertidas…
Itali: [interrompe] Eu acho…
Ju: … de discutir com a sua avó do que o feminismo! Porque assim, ela foi a pessoa que traçou seu cabelo, que… [pensa] assistiu Sissi com você até altas horas da madrugada, que cortou maçãzinha picadinha pra você. São essas memórias. Tem outras coisas que são valiosas, que não o conhecimento dela sobre a Dilma, o impeachment e bá-bá-bá. Sabe? Então assim, eu não sei, a percepção que eu tenho é que, às vezes, a gente está invertendo os valores das coisas. E assim, a gente tem conexões humanas que estão ficando cada vez mais frágeis, dependendo mais de opinião do que de outras coisas que…. Assim, sei lá! Você não sabe explicar porque as pessoas são tão importantes pra você e ,às vezes, as afinidades são outras, né.
Itali: Então, eu acho que era o que a Cris tava falando, né. A gente tá falando de extremos mesmo. Tipo, você tava falando, sei lá, o caso quando toda vez que eu vou falar de feminismo vai ser pra jogar um monte de informação? Não. Provavelmente não. Se alguém me perguntar eu vou falar, do mesmo jeito algumas pessoas perguntam quanto vai estar a cotação do dólar só porque eu fiz economia.
[Cris ri]
[risos]
Itali: Você.. alguém, ah não não foram vocês… Mas já me perguntaram, o pessoal do movimento feminista já me perguntou. Aí do mesmo jeito na minha família também, às vezes, perguntam, então….
Cris: [interrompe] E qual a cotação do dolar hoje?
Itali: É! Sempre… meu!…
[Cris ri]
Itali: É tipo, cara! Joga búzios que vai ser melhor que as previsões dos economistas. Mas enfim, o que… eu acho que não é esse extremo, entendeu? (Que) Toda vez que a pessoa vai falar da convicção dela, ela vai querer enfiar na cabeça. Não funciona assim, principalmente com família que é o ambiente que você está mais amoroso, acho.
Ju: Então concluindo: você pode falar desde que te perguntem, você pode falar quando te magoa, mas em termos gerais, tente evitar mudar a opinião das pessoas no Natal! Você…
Itali: [interrompe] Palanque político, tente evitar isso!
Ju: … vai ter o ano inteiro pra isso! Você tem um monte de outras oportunidades de conversar com as pessoas, e abrir os horizontes e mostrar outras coisas. Aproveite o Natal para congregar! Pra ser feliz! Pra lembrar das coisas que vocês…
Cris: [interrompe] Uma atéia falando! [ri]
Ju: …têm em comum!
Cris: [rindo] Muito bom!
Ju: É, mas é bom. O Natal tem um significado independente da religião. Você não precisa ter religião pra aproveitar o Natal e aproveitar esse momento de estar junto, de gostar, de confraternizar, de fraternidade. A galera para até guerra por conta de Natal, você não pode parar uma discussão política?
Itali: Principalmente quando é feriado prolongado. [ri]
Ju: Pois é, tá aí um bom motivo pra você estar de bom humor, né? E assim, disponível pra encontrar, e assim muito isso que a gente fala no Mamilos: encontre as coisas que você tem em comum. Aquela famosa frase: as nossas diferenças nos afastam, as nossas semelhanças nos aproximam; e somos nós que decidimos o que é mais importante. Leve isso pro seu Natal.
Cris: Uhul!
(Bloco 7) 1:01’00” – 1:10’59”
[sobe trilha]: Elza Soares, trechos “Pra Fuder” e “Maria da Vila Matilde”]
Pra fudê, pra fudê, pra fudê, pra fudê!
Cadê meu celular?
Eu vou ligar pro 180
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais
Eu digo que não te conheço
E jogo água fervendo
Se você se aventurar
Eu solto o cachorro
E, apontando pra você…
[desce trilha]
Cris: Vamos então para o farol aceso! Michelle, começamos por você então, diz.
Michelle Faz um tempinho, eu recebi um texto de um amigo meu que foi publicado, depois eu passo o site pra vocês, é sobre o Ricardo Hausmann, é um economista Venezuelano que é diretor pro Centro pra Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard. E ele coloca uma provocação muito interessante, que me pegou muito de surpresa. Hoje em dia a gente fala muito de educação ser a salvação de tudo, né? E ele fala (que) não, não é a educação. É trabalho. Porque o que tu aprende na faculdade, no colégio, na escola, não te ajuda em nada a enfrentar a vida. Você precisa de trabalho. E mesmo que a educação fosse a solução, se você não tiver onde aplicar isso então… a educação, “Pátria educadora”, por si só não vai trazer desenvolvimento, não vai trazer prosperidade, não vai trazer amadurecimento. E conhecimento é conhecimento, claro. Então eu fiquei muito impressionada com esse artigo porque ele traz diversos dados que contrapõem essa coisa de que, “não, só dando educação o mundo vai pra frente, não precisa de mais nada”. Então é só dar escola. Não é. Preciso de trabalho, preciso de postos de trabalho, preciso de produção, preciso de empresa, preciso de desenvolvimento. Então, eu achei incrível esse texto, queria compartilhar com vocês.
Ju: Muito legal, vamos botar o link na pauta.
Cris: Boa. Vamos lá, dona Itali.
Itali: A primeira, na verdade, são posts de Facebook…[Cris ri] que eu amo posts de facebook. Mas é pro caso, assim, de algum parente seu [Ju ri ao fundo] querer mesmo falar sobre as convicções dele, e no caso as convicções dele forem, assim, embasadas, no… no último…
Cris: [interrompe] No senso comum.
Itali: … no senso comum e no último vídeo que tá bombando aí na internet também, com o nome do texto que está sendo lido é “Porque precisamos do machismo” e tem diversos argumentos…
Ju: [interrompe, suspirando] Ai, que preguiça.
Itali: … como por exemplo: 80% das mulheres sobreviveram no Titanic e 80% dos homens morreram. [risos] Esse é um dos argumentos usados e duas colegas minhas de Facebook, a Marília Piovesan e a Bruna Duarte, produziram textos muito bons em respostas argumentativas com links, com fontes e bem embasadas, sobre tudo isso, com argumentos, assim, mais de dez. Porque tem argumentos assim, “de onze vítimas de homicídio, dez são homens”. Ai meu deus como morrem homens! [risos] Mas eles morrem na mão de outros homens, então, né? Não são exatamente as mulheres que estão matando os homens. E todas essas pequenas falácias que tão sendo aí difundidas pela internet, elas tem uma resposta bem interessante nesse post, daí depois eu coloco….eu mando o link. E a segunda coisa é o texto da Eliane Brum pro El País, que chama “Atingimos a Burrice Máxima”, que ela fala… basicamente ela começa o texto falando sobre a questão da Simone de Beauvoir no ENEM e a frase, né, famosa, que caiu na questão do ENEM foi “Você não nasce mulher, torna-se”. E como isso foi se descaracterizando com todo o debate e… como isso foi sendo distorcido por todas as pessoas que queriam…é… meio que derrubar essas ideias feministas ou progressistas e tudo isso foi sendo distorcido de uma maneira bem… no ponto que chegasse a ser quase incapaz das pessoas entenderem o que ela estava querendo dizer. Tanto é que várias pessoas vieram falar, “Ah, mas se a mulher não nasce mulher, torna-se mulher, então qualquer um pode ser mulher?”. Então várias falácias desse tipo, que surgiram. Então ela começa falando sobre isso e acaba falando sobre diálogo mesmo, diálogo com pessoas intolerantes. Como que a gente pode falar pra dialogar com essas pessoas, e como que o conhecimento é a ferramenta básica pra você dialogar com essas pessoas e não mais ódio, né? E não responder ódio com mais ódio. Então tá bem interessante esse texto, recomendo pra todo mundo.
Ju: Cris…
Cris: Então, gente sabe o que que eu fiz? Assisti “Jessica Jones”. Verdade. Eu não ia assistir não, porque a última vez que eu comecei a assistir uma série de super-herói eu fiquei bem… eu não gostei, na verdade. Eu não ia ver, mas vocês falaram tanto, né? Aí, fui lá. Eu achei mó legal, eu gostei bastante, eu achei divertido. Não é super-herói, é sobre relacionamento abusivo mesmo. Acho que tem… é… vamos ver se a série vai evoluir, eu acho que ainda falta um pouco de traquejo na personagem principal, acho que falta um pouco de simpatia dela, o Kilgrave também. Mas o namorado dela tá muito simpático, que inclusive é o cara que a Ju é apaixonada no “The Good Wife”, o traficante, e ele tá super bem amiga…
Michelle: Hmmmm… Lemond Bishop!
Ju: É, viu? Tem o mesmo efeito na Michelle. [risadas]
Itali: Eu não sei quem é gente.
Cris: [brincando] Depois a gente mostra… Não vamos mostrar pra ela não, vamos deixar só pra gente. [risos]
Ju: Né? [risos]
Cris: Mas é bem legal a série, a construção é bem legal, te dá vontade de ir puxando um episódio pro outro e… Ah! É bacana, acho que todo mundo tem que assistir porque ele é divertido mas no fundo tem uma mensagem bem importante pra passar.
Ju: Eu tenho na verdade 3 dicas, vou rápido. A Revista AzMina que todo mundo já tinha falado, falado, falado mas, assim, eu tava tão desacreditada de revista feminina que nunca me interessava nada. Não me interessava o assunto assim, sabe?
Itali: Mas essa é linda!
Ju: Cara! A gente usou bastante pra fazer a pauta dessa semana, essa revista é muito legal! Muito legal mesmo! Então, assim, não é que vai falar sobre bolsa, ela vai falar sobre justamente o acordo de Paris, sob a perspectiva de porque que as mulheres estavam envolvidas nisso e tal. Assim, é bem interessante, eu gostei bastante. Vale a pena conferir, vale a pena salvar no favoritos lá, a revista AzMina, AzMina.com.br, pra acompanhar o que que elas estão fazendo, o que que elas estão dizendo. A outra dica é o podcast, que na verdade é um programa de rádio da Eldorado, (se) chama “Quem Somos Nós?” com o Frei Beto. Cara é impressionante, e aí vale uma dica pros mamileiros do quanto vale a gente não parar de escutar uma opinião quando alguma coisa nos dá um ruído. Sabe? Então, tem coisas que ele fala que eu não concordo, tem coisa que eles fala que não tem embasamento, tem coisa que ele fala…. mas assim, quando ele acerta, ele tem coisas tão inspiradoras! Tem coisas que ele fala que são tão legais! Assim, esse programa eu já indiquei aqui, vale muito a pena esse podcast “Quem Somos Nós?”, mas esse especificamente com o Frei Beto, esse programa vale a pena escutar. Bom, principalmente final de ano, bá-bá-bá, de o que que a gente quer num momento de caos e bã-bã-bã, pra onde a gente tá indo, quem somos nós, pra onde vamos, da onde viemos. É muito legal! E o último é, como nós vamos ficar de férias e vocês vão ficar órfãos e vão ficar tristes, eu sugiro que se você ainda não fez a maratona do Mamilos, faça a maratona nas férias. Porque muitas vezes a gente parte da discussão, mesmo sem saber, a gente tá partindo de várias coisas que a gente já construiu lá atrás. Então assim, vale a pena fazer a maratona. Se você não tem tempo pra fazer a maratona, eu vou voltar a sugerir o Top 10 Mamilos. Então escute pelo menos o 41, que é de violência contra mulher; o 10, que é da boa morte: o 20, que é sobre educação; o 12, que é sobre violência policial; o 25, que é de jornalismo. Não dá pra fazer nenhuma discussão são escutar esse sobre jornalismo, que fala sobre o filtro que você tem que ter, inclusive pra escutar o Mamilos. O 8, que é sobre liberdade de expressão, cada vez mais atual; o 27, que é sobre reforma política, muito importante pra entender todas essas coisas que a gente faz depois; o 31, que é o manda nudes; o 2, que é sobre aborto: e o 29, pra, terminar em clima de amor, que é sobre namorados. Muito bem, temos um último programa. Gente, muito obrigada por mais um ano de Mamilos, e nos vemos em 2016.
Itali: Feliz ano novo!
Cris: Obrigada, gente. Feliz Natal, feliz festas, feliz ano novo! Obrigada pela companhia, carinho, amor e compreensão. A gente ama muito vocês, embora…parece né… A gente deixa isso sempre claro! [ri]
Ju: Acho que fica muito claro!
Cris: Beijo!
Michelle: Beijo.
[sobe trilha: Elza Soares – “O Canal”]
…canal
Eternamente navegam o rio vertical
Alessandra já morreu, mas precisa acreditar
São três horas da manhã
Ver o brilho do farol de Alexandre, o Grande