“Alerta de Sauron” preserva a privacidade no ambiente de trabalho do Facebook
Ferramenta desperta novo debate ético sobre a questão da privacidade na plataforma e já gerou problemas dentro da empresa
Guardadas as devidas proporções, “stalkear” amigos e colegas de trabalho é uma ação mais ou menos normal entre os usuários do Facebook no dia a dia, muito porque a rede social tem como função primordial estas “fuxicadas” ingênuas – e quem nunca procrastinou de leve nos estudos ou no trabalho para dar aquela “espiadinha” na página pessoal de outro que atire a primeira pedra. Mas e para quem tem como local de trabalho o próprio Facebook? Como isso acontece?
De acordo com uma reportagem do The Wall Street Journal, os empregados da plataforma criada por Mark Zuckerberg tem além de todas as funções da rede social uma extra que as avisa quando um colega de trabalho dá uma verificada no seu perfil. Apelidado de “Sauron Alert” em referência ao grande vilão da saga literária “O Senhor dos Anéis” (e que assume o formato de um olho gigante e em chamas na história), a ferramenta tem um funcionamento mais ou menos parecido com o alerta de visita do LinkedIn: quando o parceiro de trampo faz uma visita na página do trabalhador, este é imediatamente alertado do ato. Apenas alguns funcionários de hierarquia maior passam desapercebidos por este sistema.
É uma habilidade prática, mas que também revela ainda mais a faca de dois gumes que norteia os procedimentos da empresa em relação às questões de privacidade. Por mais benéfico que seja ao ambiente de trabalho do Facebook, a função do “Sauron Alert” não está disponível aos outros dois bilhões de usuários da rede que não trabalham para ela, o que desperta a questão do porquê este “poder” ser segmentado a um grupo muito específico de pessoas dentro da plataforma. O jornal inclusive aponta que uma parcela muito pequena destes empregados tem acesso às contas dos usuários, podendo ver fotos que não estejam públicas e mensagens privadas não criptografadas pelo sistema.
Isto não significa, porém, que a empresa não esteja controlando este acesso à privacidade de seu público com rigor. Tanto que o Facebook demitiu um de seus engenheiros de segurança na última semana depois de ser reportado que ele teria se gabado a uma mulher que tinha tido acesso às suas informações privadas pelo aplicativo de namoro onde os dois haviam se conhecido. Além disso, todo usuário da plataforma é notificado toda vez que um hackeamento de seu perfil é identificado – apesar que, neste caso, o acesso por funcionários também passa desapercebido pelo sistema.
A questão ética em torno do caso é extensa e complexa, e o próprio Facebook deve ter se tocado em certa altura do campeonato porque depois de algumas semanas o “Sauron Alert” mudou de nome e passou a ser chamado oficialmente de “Security Watchdog”
– algo como “cão de guarda de segurança” em português – à partir de 2015 (atenção especial ao ano de “aposentadoria” do título). A denominação original, porém, continua a ser usado extra-oficialmente pelos funcionários, segundo informa a reportagem.
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