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SXSW 2018: Relacionamentos na era digital
Palestras no evento discutem o quanto a tecnologia está afetando o complexo universo das relações humanas
O ponto de partida para criação de produtos e serviços deve ser a necessidade do público-alvo. A atenção constante à experiência do usuário e como a tecnologia pode potencializar essas ações é um tema presente em várias palestras do SXSW. Para isso, é importante entender, nestes tempos de mudanças, quais os reais desejos, medos e anseios da nova sociedade em tempos digitais. Tive a oportunidade de assistir a algumas palestras bem interessantes para me aprofundar nesta questão.
Esther Perel, psicoterapeuta especialista em relacionamentos e autora de best-sellers, abordou em sua palestra “O futuro do amor, luxúria e da escuta” algumas das dificuldades das relações atuais, mostrando que ao mesmo tempo que ampliamos nosso número de conexões nós também diminuímos o número de parcerias íntimas. A solidão já é o principal problema de saúde dos americanos (maior ainda que a obesidade!). Quando vivíamos em pequenas vilas, haviam recursos diversos para suprir nossas necessidades pessoais: família para dar suporte e ajudar na alimentação, líder espiritual para os anseios da alma, um companheiro para a satisfação sexual. Hoje, despejamos diversas destas necessidades em um único parceiro.
Aliado ao imenso número de situações alegres e maravilhosas que vemos casais vivendo nas redes sociais, a expectativa sobre a parceria íntima fica gigantesca. Como terapeuta de casais, Perel descreveu que a realidade entre quatro paredes pode ser bem diferente. Para auxiliar os relacionamentos, gravou diversos depoimentos de casais e criou um podcast que mostra não apenas os desafios para uma relação de qualidade como também a importância do diálogo entre o casal para alinhamento das expectativas. Ouvir as histórias e dificuldades dos outros pode nos ajudar a melhorar nossa consciência e nossos relacionamentos.
Além de refletirmos sobre nossa consciência, muito se fala no SXSW sobre a consciência das máquinas. É possível um computador desenvolver consciência? Este foi o tema da ótima palestra de Byron Reese – empreendedor, futurista e especialista em tecnologia. Depende do que entendemos como consciência: é um fenômeno quântico? Um princípio fundamental ou universal? É uma questão espiritual? Ou seria ainda um truque da mente? A inteligência artificial (IA) pode ensinar uma máquina a tomar decisões baseadas em dados. Como ensinar a tomar decisões complexas que exigem uma análise de consciência? Como por exemplo: é correto matar um nazista? E se o nazista estiver protegendo crianças?
A evolução tecnológica está avançando e ainda temos muitas dúvidas. É difícil entender se a IA é uma boa ou má notícia para os seres humanos, por exemplo. Mas sem dúvida precisamos aprofundar algumas questões e ter sempre em mente o princípio de que qualquer evolução tecnológica deve ser baseada na necessidade da sociedade.
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