SXSW 2018: Como manter fãs e combater o fake news nas redes sociais
Palestras de temas diferentes voltam os olhos preocupados para o Facebook e sua constante expansão
Ufa, cansei. Ontem, de fato, passei o dia todo andando entre o centro de convenções e os locais que tinham palestras. Falando nelas, vamos paras as palestras? Lá vai.
A primeira que assisti achei que era barca furada no início, mas logo melhorou. No final, mais uma vez Mark Zuckerberg foi assunto. O tema da palestra era o uso da tecnologia para aumentar o envolvimento dos fãs, e colocaram no keynote os responsáveis pelas principais marcas esportivas dos EUA (Nascar, NFL e WWE) para debater o tema. Todos disseram que nesta ‘Era de Dados’ eles utilizam e criam experiências baseadas e voltadas para os fãs. A grande vantagem aqui é que, para estas marcas, o “consumidor” fala tudo e passa todas as informações necessárias, pois ele se sente “parte do time”.
Já no mercado em geral – e principalmente, no varejo, – você precisa ficar implorando por um simples cadastro de e-mail. Dan Hogan (GM Digital Media NFL) disse que para a NFL o trabalho para encantamento com os fãs precisa ser diário, pois a temporada é muito curta. Os jogos da NFL acontecem, na temporada regular, em apenas 17 semanas. Durante o resto do ano, eles precisam criar eventos, ações e ter muita criatividade para não deixar o assunto morrer. Além de um canal de TV, a NFL tem aplicativos e um departamento (chamado Media Lab), para criação de novas dinâmicas e interações com seus fãs. Já na Nascar, a forma encontrada para resolver este problema foi criando mais pontos de câmera dentro do carro, afim de proporcionar ao fã a sensação de estar ainda mais dentro do que acontece no esporte.
Este ponto de não deixar o assunto acabar, ficou ainda mais forte na última palestra do dia que assisti (a gente já chega lá!). Você não pode deixar o usuário (ou o fã) esquecer da sua marca. O tempo todo é importante entrar em contato com ele, seja no Twitter, Facebook, Instagram ou qualquer outra rede social.
Terminando a primeira palestra, o assunto polêmico com o Mark (do Facebook) foi a entrada no mercado americano, no ano passado, do Facebook Watch, o canal on demand da rede social. A WWE, principal liga de luta livre nos EUA, é uma das marcas que mais soube aproveitar e explorar o canal criado por Zuckerberg, mas o ponto é que o ganho da empresa que produz conteúdo é apenas 5% a mais do que o da divulgadora – que no caso é ninguém mais que o Facebook.
A segunda palestra foi sobre o combate às fake news, e o palestrante foi David Mikkelson, o fundador da Snopes.com. A Snopes é hoje a principal agência ‘anti-fake news’. O objetivo deles é combater e mostrar como descobriram onde estava a mentira. O grande ponto aqui foi que, na maioria das vezes, grandes jornais compartilham notícias sem ao menos checar suas fontes.
Ele apresentou um caso simples para exemplificar o como se identifica uma fake news. Recentemente, teve uma matéria sobre um casal que foi fazer exame para saber se poderiam engravidar, mas o exame detectou que na verdade eles eram irmãos. A matéria logo repercutiu por vários jornais dos EUA (grandes jornais). O texto era sempre o mesmo, mudando apenas as manchetes. A simples resolução deste caso começou com a Snopes inicialmente checando de onde vinha a primeira reportagem. Logo se detectou que na Wikipedia não tinha a lista deste jornal. Outro ponto falho era que em nenhum momento a matéria citava o nome do médico ou das pessoas envolvidas.
Claramente existe gente ganhando com fake news e o objetivo do jornalista é combatê-las. Mas para isso acontecer ele precisa ser jornalista. No final da palestra, David questiona se o problema são as ‘fake news’ ou os ‘maus jornalistas’.
Já a terceira palestra foi sobre o design na era do algoritmo. Aqui ficou claro que podemos usar as informações para propor a melhor experiência para o cliente, mas não podemos deixar apenas a máquina definir tudo. Um exemplo citado pelo palestrante Josh Clark (que é o fundador da Big Medium, agência de design especializada em conexões digitais) foi o caso de um aplicativo que pedia para a pessoa tirar uma selfie como forma de identificação: quando usado para registrar pessoas orientais, o app reportava um erro dizendo que estas estavam com olhos fechados.
A saideira das palestras foi um keynote com o pessoal do Comedy Central. Nesta, o grande ponto foi o citado acima: você precisa continuar a conversa com seu público, independente do canal. Estes caras passam o dia e a semana toda ligados em tudo. Para gerar conteúdo, a grande facilidade por aqui é que eles tem um gerador de conteúdo gratuito que é o Twitter do Trump (que é uma máquina de piada para qualquer humorista, convenhamos). Além do programa The Daily Show, as brincadeiras (ficou meio polido isso né, na verdade é zoeiras mesmo) continuam em outras plataformas e não param. Elas ficam vivas e vão se ligando aos usuários, criando algo vivo.
Beleza. Depois de tudo isso, visitamos a casa do Youtube. Muito legal! E, no final, acabamos indo parar no escritório do Facebook, para tomar umas. Mas estou falando muito do Mark, acho que vou parar por aqui.
Ei!Ei! Estamos aí.
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