Darren Aronofsky revela o real significado de “mãe!” na SXSW 2018
Diretor também comentou sobre preparação para as filmagens do polêmico filme e sua batalha pelo corte final de “Noé”
Se houve um filme polêmico em 2017, este com certeza foi o “mãe!” de Darren Aronofsky. O longa estrelado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem foi desde sua estreia no Festival de Veneza um gigantesco divisor de opiniões, agremiando tanto pessoas que amaram a produção e enlouqueceram com toda a sua gama de significados até aquelas que detestaram a obra e classificaram sua proposta como extremamente pretensiosa. O debate quente se estendeu até janeiro, quando o filme foi indicado a três categorias no Framboesa de Ouro, o prêmio das piores produções do ano.
Entre os fatores responsáveis por levar o público e a crítica a tamanha explosão de emoções, talvez o principal tenha sido a própria mensagem do longa, que ninguém até o momento sabia identificar com 100% de certeza nos debates. Aronofsky deu indícios aqui e ali durante a divulgação do filme, mas foi na SXSW 2018 que ele resolveu abrir o bico de vez sobre sua principal proposta com a polêmica obra (via Variety).
“Eu queria fazer um filme sobre a Mãe Terra e como nós a tratamos. Da maneira que eu vejo, nós a tratamos de uma forma extremamente desrespeitosa. Nós a saqueamos, estupramos, chamamos-a de lixo. Por isso Jennifer [Lawrence] interpretou o papel daquele jeito” afirmou o diretor no evento, que também confirmou que os personagens de Lawrence e Bardem na trama de fato representam respectivamente a Mãe Terra e Deus: “Eu olhei a Bíblia e como o Velho Testamento é escrito. Quando você pensa naquele Deus, se você não reza para ele, ele te mata. Que tipo de personagem faz isso? Para mim, era tudo sobre interpretar a emoção humana.”.
No evento, que durou uma hora e tratou sobre a carreira do diretor, Aronofsky ainda voltou a comentar sobre o filme quando para falar sobre a preparação intensa para as filmagens, uma característica comum de suas produções. No caso de “mãe!”, o cineasta diz que este estágio da produção durou três meses e envolveu ele explicando ao elenco sobre os significados alegóricos de cada um de seus papéis e uma versão teste da obra filmada inteira em um armazém no Brooklyn, sem maquiagem ou figurino correto: “Não haviam paredes, parecia ‘Dogville’ [de Lars von Trier]”.
Outro ponto interessante da “entrevista” foi centrada no “Noé” do diretor, que encarou bastante resistência do estúdio e de religiosos em seu lançamento em 2014. Segundo Aronofsky, ele quase perdeu o direito do corte final do filme, que por pouco não foi uma versão de 85 minutos com música gospel. “‘Noé’ acabou se tornando um sucesso mundial, mas foi uma grande e longa batalha. Eventualmente eu consegui meu corte” disse.
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