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Minority Report: publicidade contextual

por Carlos Merigo

Se alguns filmes não tivessem existido, o mundo não seria o mesmo. Um exemplo básico: “Star Wars”. Já se passaram mais de três décadas desde que a saga imaginada por George Lucas chegou aos cinemas, mas já paramos pra pensar no quanto muitas das idéias apresentadas no filme influenciaram nossa vida?

Você pode detestar ficção científica, achar Skywalker, Darth Vader e sabres de luz uma bobagem sem fim. Porém, nunca vai poder negar o poder de revolução da Força. Em maio de 2005, a Wired traçou um mapa mostrando “como Star Wars mudou o mundo”, influenciando pessoas, empresas, a criação de novas tecnologias e, claro, toda a indústria de entretenimento.

Quando o primeiro capítulo de “Star Wars” estreou nos cinemas, eu nem nascido era. Mas em 2002, eu já estava no alto dos meus 21 anos. E você se pergunta agora: “mas o que diabos isso tem a ver, oras?”. Eu explico: tem a ver que eu (e provavelmente você) estava em algum dia de 2002, dentro de alguma sala de cinema, presenciando um filme que influenciaria nossas vidas para sempre e nem sabíamos disso: “Minority Report”.

Quando Steven Spielberg imaginou seu filme, baseado no conto de Philip K. Dick, publicado em 1956, o situou em 2054. Porém, o que talvez ele não imaginava, é que já em 2007 diversas idéias apresentadas em apenas duas horas se tornariam realidade.

Alguem falou em iPhone? Quando Steve Jobs demonstra, com touch-screen, o manuseio de imagens no mais novo gadget revolucionário da Apple, está usando o que chamam de “Minority Report Interface”. Você viu Tom Cruise mexendo coisas com as mãos em uma tela gigante, achou legal, mas não podia imaginar que aquilo se tornaria nome, sinônimo de uma tecnologia.

Em fevereiro do 2006, quando Jeff Han, cientista do Instituto de Ciências Matemáticas de Nova York, colocou esse sistema de manipulação intuitiva para funcionar de verdade, disse: “Minority Report tornou-se realidade”.

Não é preciso muito esforço para saber que isso vai se estender em muitos aspectos, mudando definitivamente a forma como iremos interagir com a tecnologia. Mas, como publicitário, o que “Minority Report” tem a ver com você? Tudo, é claro. Isso porque o filme de Spielberg faz uma demonstração futurista de publicidade contextual, que em breve estará nas ruas. Veja a cena abaixo:

Ontem você viu o outdoor da MINI, que reconhece os donos de um carro da marca e exibe mensagens personalizadas. A idéia é genial, mas acha que a execução ainda é arcaica para um “Minority Report”?

Então espere para ver as tecnologias inovadoras que estão sendo desenvolvidas pelo Google e pela Microsoft, e que certamente irão revolucionar a propaganda “out-of-home”, um mercado que movimentará cerca de 7.4 bilhões de dólares em 2007 só nos EUA.

O Google, que já transformou a publicidade online usando simplesmente texto, registrou a patente de um sistema de outdoor digital, capaz de atualizar em tempo real de acordo com o estoque das empresas e outros fatores. Exemplo simples: uma loja de DVDs faz um painel anunciando os últimos lançamentos, caso um dos produtos acabe no estoque, o anúncio no outdoor é automaticamente substituído por outro.

Também dotados de touch-screen, esses painéis irão mensurar o que podemos chamar de “taxa de toque”. O consumidor vê o produto na tela e pode conseguir mais informações tocando no anúncio. Além disso, com essa tecnologia, o Google quer fazer o AdSense funcionar nas ruas. Os anunciantes enviam suas peças para um servidor, que as exibe em painéis digitais de acordo com a localidade e tráfego.

Já a Microsoft, com sua divisão AdCenter, levou “Minority Report” ao pé da letra: equiparam painéis digitais com uma tecnologia de reconhecimento de face. Uma câmera “lê” 129 pontos no corpo de uma pessoa, identificando sua idade, sexo, altura e peso para exibir anúncios demograficamente e criativamente direcionados. Em testes feitos pela empresa de Bill Gates, o sistema teve 90% de eficácia, que vai permitir também interação com o usuário.

A miríade de possibilidades que se abre com essas tecnologias é inimaginável, seja na mídia exterior ou proporcionando uma experiência de compra dinâmica e intuitiva. Logicamente, levarão ainda alguns anos para que tudo isso esteja funcionando adequadamente, mas não há dúvidas de que é o fim da linha para o mundo da publicidade off-line estática.

Por essas e outras, tenha certeza, não é exagero dizer: se alguns filmes não tivessem existido, o mundo não seria o mesmo.

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| Compre aqui a coletânea de contos “Minority Report: A Nova Lei”

de Philip K. Dick.

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