Diretor de “Doutor Estranho” compartilha histórias de Hollywood no Twitter
Scott Derrickson usa rede social para compartilhar relatos de preconceito na indústria: desde produtores a responsáveis por formação de elenco
Que Hollywood não é um mundo encantado por trás das telas, não é novidade para ninguém. Mesmo assim, ainda é assustador quando temos acesso às histórias e relatos envolvendo produtores, cineastas e atores da indústria. Alguns dos mais recentes casos foram compartilhados por Scott Derrickson, diretor de “O Exorcismo de Emily Rose” e “Doutor Estranho”. Por sua conta no Twitter, Derrickson relatou alguns momentos que o próprio passou em sua vida como cineasta.
Em um dos relatos, Derrickson conta que Bob Weinstein forçou a produção de “Drácula 2000” apenas para não perder o timing do filme, que precisava ser lançado em 2000 para justificar o título. Em outro caso, o diretor americano conta que um produtor aprovou uma ideia de filme sobre as bruxas de Salem, mas com uma sugestão: as personagens realmente seriam bruxas. Após Scott explicar que isso seria semelhante a fazer um filme sobre o Holocausto no qual os judeus merecessem aquele destino, o produtor desconversou.
Há casos mais espantosos, nos quais os responsáveis pela montagem de elenco vetam nomes como Hillary Swank (vencedora do Oscar por “Menina de Ouro”) e Benício Del Toro (que recentemente apareceu em “Star Wars: Os Últimos Jedi”) com justificativas sem nexo, como “eu não a deixaria lavar meu carro” e “ele é sujo, posso garantir”.
ME: Hello?
BOB: It’s Bob Weinstein. You gotta save my life.
ME: How so, Bob?
BOB: My movie needs a rewrite. Shoots in two weeks. It’s called Dracula 2000. It’s terrible. But I’m making it anyway.
ME: If it’s terriblewhy make it?
BOB: Because it’s called Dracula 2000.#TrueStory— N O S ⋊ Ɔ I ᴚ ᴚ Ǝ ᗡ ⊥ ⊥ O Ɔ S (@scottderrickson) December 31, 2017
STUDIO HEAD: If you love the concept, we’ll make the movie.
ME: Okay.
STUDIO HEAD: “The Salem Witch Trials, but the witches are REAL!”
ME: (pause) That’s kinda like saying “It’s a holocaust movie, but the Jews deserved it”
STUDIO HEAD (pause): I’ll call you back.#TrueStory— N O S ⋊ Ɔ I ᴚ ᴚ Ǝ ᗡ ⊥ ⊥ O Ɔ S (@scottderrickson) January 2, 2018
https://twitter.com/scottderrickson/status/948361843751272449
STUDIO HEAD TO MY PRODUCER: You and I are making this movie. The director’s just a guy with an opinion. #TrueStory
— N O S ⋊ Ɔ I ᴚ ᴚ Ǝ ᗡ ⊥ ⊥ O Ɔ S (@scottderrickson) January 4, 2018
Efeito Harvey Weinstein
Assim como as recentes denúncias feitas por atrizes que foram assediadas e abusadas ao longo dos anos, os relatos de Scott Derrickson, mesmo que não explicitem nomes, se juntam aos muitos casos que começaram a estourar em 2017. Desde então, artistas de nome como Kevin Spacey, Dustin Hoffman e Casey Affleck tornaram-se alguns dos mais criticados pelo histórico de violência ou assédio. Os casos de estupro e assédio envolvendo o nome de Weinstein, influente produtor hollywoodiano, foram o pontapé inicial dessa onda de denúncias.
Relatos como os trazidos por Derrickson são mais indícios de que os casos de assédio, racismo e antissemitismo não se limitam às maçãs podres da indústria, mas estão presentes em boa parte do meio. Enquanto as tecnologias de realidade e computação gráfica tornam o cinema cada vez mais futurista, as pessoas por trás das produções parecem cada vez mais ultrapassadas.
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