Que venha o terceiro!
Quando após anos de ansiedade eu assisti Homem-Aranha no cinema, com aquela molecada se estapeando pra entrar e berrando o tempo todo, achei um filme legalzinho. Aquela diversão-pipoca de sempre, com momentos inspiradores de humor e lutas entre um herói diferente e um vilão não tão assustador. Ponto. O filme é legal sim e já não havia mais o que esperar.
Foi por isso que para Homem-Aranha 2, eu resolvi não deixar minhas expectativas muito altas, já que imaginava ser apenas uma continuação de mais um filme do super-herói engraçadinho do primeiro. Mas, como não é muito difícil de acontecer, cai do cavalo.
Homem-Aranha 2 não representa apenas uma seqüência, mas sim uma evolução extraordinária em termos de desenvolvimento de personagens, roteiro e ação. Ouso dizer que existe um abismo entre o filme original e esta continuação.
Vemos muito mais do porque tanto adoramos o Homem-Aranha e o admiramos de forma diferente aos outros heróis. Porque ele é uma pessoa como nós, que passa por desilusões amorosas, perde o emprego e tem o aluguel pra pagar no fim do mês. Peter Parker é um sujeito comum, a única diferença é que possui certos poderes que muitas vezes nem ele mesmo gostaria de ter.
E isso é extremamente bem explorado pelo filme de Sam Raimi, nos mostrando sua dúvida em ser ou não um super-herói, já que isso está acabando com sua vida social, lhe tirando o emprego e derrubando suas notas na faculdade.
O humor continua inspirado, como na ótima cena do elevador, mas desta vez podemos dizer que o que vemos na tela é um Homem-Aranha mais sombrio, passando por profundas mudanças internas e o que o leva a questionar cada vez mais sua própria vida e confrontar os seus desejos com o seus poderes.
Na narrativa já temos uma vantagem imensa em relação ao primeiro filme, mas não pára por aí. Em termos de ação, Homem-Aranha 2 é mil vezes mais brutal que o original, com pessoas e carros sendo jogados longe e cenários inteiros destruídos. O que dizer da espetacular cena do metrô e da violência com que o Dr. Octopus age em todos os momentos? Simplesmente excitantes.
Aliás, vale dizer que Alfred Molina manda muito bem em seu papel de vilão, transformando os truques do Duende Verde no primeiro filme em brincadeira de criança. Algo normal, já que o próprio Duende sempre foi um vilão menor nas histórias do Aranha.
A Kirsten Dunst como Mary Jane, mais bonita no pôster do que no filme, funciona muito bem com Tobey Maguire quando contracenam. A química entre os dois convence o espectador e emociona ao nos mostrar uma relação de amor praticamente impossível.
Por falar nisso, Maguire já está tão intrínseco ao personagem, que fica praticamente impossível imaginar outro ator como Homem-Aranha.
Raimi ainda faz diversas referencias com sua série Evil Dead, como na cena da sala de cirurgia que inclui até uma serra elétrica, a inclinação dos enquadramentos e o desespero de uma vítima que, ao ser arrastada para a escuridão, arranha o chão em sua tentativa de evitar a morte.
Homem-Aranha 2 é um filme muito mais maduro e excitante do que o original. Você entra no cinema e sai com a satisfação nas alturas. Tem ação brutal, trama bem dirigida e atraente pro espectador, romance sem ser piegas e que nos faz sentir na pele os problemas de Peter Parker.
Enfim, desligue esse computador e vá assistir. Agora!
Comentários
Sua voz importa aqui no B9! Convidamos você a compartilhar suas opiniões e experiências na seção de comentários abaixo. Antes de mergulhar na conversa, por favor, dê uma olhada nas nossas Regras de Conduta para garantir que nosso espaço continue sendo acolhedor e respeitoso para todos.