Antiquado, painel da Warner na CCXP é guiado por presenças de celebridades
Público ansioso por novidades de “Aquaman” e “Animais Fantásticos” teve que se contentar com “Jogador Número 1” e “Tomb Raider - A Origem”
É estranho como a Warner Bros. mostra-se na via contrária dos outros grandes estúdios quando se trata da Comic Con Experience e do auditório Cinemark, com seu painel perdendo força a cada edição enquanto os colegas aperfeiçoam seus modos de operação. Se na primeira edição a empresa tomou a frente trazendo Richard Armitage e fazendo uma exibição exclusiva de “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos” (seu grande lançamento daquele fim de ano) ao público do evento, neste quarto ano de feira ela se mostrou bastante atrás da concorrência com uma apresentação que soou acima de tudo antiquada na proposta.
Isso porque o painel da Warner seguiu um modelo de apresentação já desgastado na convenção, apostando demais na presença de celebridades em detrimento de qualquer tipo de conteúdo novo para dar ao público que madrugou no domingo para assisti-la. Se em 2014 isso bastaria sob o pretexto de um “teste de audiência” cuidadoso, em 2017 esta proposta mostra-se envelhecida, ainda mais com estúdios como Sony e Fox investindo em convidados surpresa, links ao vivo e muito material inédito para promover verdadeiros shows aos seus mais de 3500 espectadores.
O espetáculo promovido pela Warner, por outro lado, pareceu muitas vezes impessoal e distante na abordagem com o público, sendo guiado muitas vezes até por um sentimento de frustração nas maneiras como prometia algo para entregar outro. Quem perdeu nessa equação foram os fãs: aqueles que caíram da cama na esperança de ver novidades de “Aquaman” e “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald” acabaram ganhando material já disponível há semanas na internet ou, pior, desatualizado após as várias mudanças de calendário promovidas pelo estúdio.
Mundos virtuais e reais
Esta lógica de prometer e não cumprir se anunciou desde o início da apresentação. Após pedir para o público presente guardar os celulares dentro de saquinhos lacrados afim de não gravar qualquer “material exclusivo” do evento (com a promessa da distribuição de um pôster de “Liga da Justiça” desenhado por Ivan Reis em retribuição à gentileza), o painel começou forte com “Jogador Número 1” e a presença dos atores Tye Sheridan e Simon Pegg no palco.
Introduzidos com pompa, os dois falaram um pouco sobre o filme e como foi trabalhar com Steven Spielberg, que dirige o longa de ação. “Ele é um homem generoso e apaixonado por cinema” afirmou Pegg sobre o cineasta, que segundo Sheridan usou de óculos de realidade virtual para guiar o elenco nos sets feitos em CGI e entender como as cenas se dariam. O equilíbrio destes efeitos visuais digitais com os práticos inclusive foi tema de uma das perguntas feitas aos dois atores, que responderam afirmando que tudo dentro do mundo virtual do filme foi feito no computador e aquilo que acontece na realidade abusou de efeitos práticos. “É o livro perfeito para se adaptar pensando na questão do CGI e do live-action” disse Pegg, fazendo referência à premissa do filme que envolve um mundo distópico onde a única diversão e mesmo motivação para se viver está em um videogame de realidade virtual intitulado Oasis.
O painel também tocou no assunto da adaptação do livro de Ernest Cline e a questão das referências à cultura pop, que de acordo com Pegg foram reavaliadas e atualizadas para atingir todo o grande público do cinema – na obra literária apenas existem referências a produtos e obras dos anos 80. Recriar sets e personagens antigos foi um sonho para os dois: quando perguntados sobre suas cenas favoritas, Sheridan mencionou os momentos com o robô de “O Gigante de Ferro”, um filme que marcou sua infância, ao passo que Pegg mencionou ter trabalhado em um set de um filme que ele ama, mas que não quis revelar o nome para não estragar a surpresa.
Depois de uma ação para uma Comic Con em Austin, os dois anunciaram a exibição do segundo trailer do filme, ao qual você confere abaixo:
Reinventando Lara Croft
Encerrado a parte dedicada a “Jogador Número 1”, seguiu-se o show como uma sequência de materiais já divulgados online há meses de produções como “Pés Pequenos”, “Rampage: Destruição Total” e “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald” – além de um pequeno featurette dos filmes de horror da New Line Cinema com uma prévia super rápida de “A Freira”, novo derivado da franquia “Invocação do Mal”. Um novo destaque só viria a acontecer mais pra frente na apresentação, quando foi anunciado o painel de “Tomb Raider – A Origem” com a presença de Alicia Vikander no palco.
Introduzida no palco após um vídeo de behind the scenes, a atriz sueca quase foi às lágrimas ao ser recebida com uma calorosa salva de palmas do público. “Hoje eu tive um pequeno gosto do que é ser uma popstar” disse, emocionada, às mais de 3500 pessoas que aplaudiram de pé sua entrada triunfal em sua primeira visita a uma convenção do tipo.
Após esse momento, Vikander iniciou o painel falando que era apaixonada por Lara Croft desde a infância quando jogava e assistia os jogos na casa de amigos e que fazer o papel da personagem foi muito divertido. Ela também comentou sobre filmar na África do Sul (“Era lindo, todo dia eu acordava e dava de cara com esses cenários de ‘O Show de Truman‘.”), trabalhar com o ator Walton Goggins (“Ele é um cara engraçado.”) e sobre como o filme vai explorar a família da protagonista, descobrindo suas raízes e como ela se tornou o que é. A atriz também comentou sobre a importância de ter uma mulher escrevendo o roteiro do filme, afirmando que o longa é sobre mulheres e homens relacionáveis e não hipersexualizados como nas produções das últimas décadas.
Ao final do painel, Vikander tirou fotos com um grupo de cosplayers de Lara Croft, saindo de fininho com eles depois e adiantando a apresentação em quase quinze minutos. A Warner encerrou sua participação no auditório Cinemark exibindo material da Comic-Con de San Diego das produções da DC Comics
, que a torto e direito faz o anúncio de diversos projetos que agora, cerca de seis meses depois de sua divulgação, já estão mais uma vez com futuro incerto dentro do estúdio após a fraca recepção de “Liga da Justiça”.
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