Cheia de surpresas, Sony faz o melhor painel da CCXP 2017 • B9

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Cheia de surpresas, Sony faz o melhor painel da CCXP 2017

Animação do Homem-Aranha, filme solo do Venom e Nick Jonas fizeram bombar apresentação do estúdio no evento

por Pedro Strazza

Já era possível sentir uma aura diferente em torno do painel de sábado da Sony Pictures na Comic Con Experience desde a Spoiler Night na quarta-feira, quando os primeiros visitantes do evento viram no estande do estúdio uma seção dedicada ao filme do Venom. Se em outros anos a empresa apenas testou águas (como em 2016 quando mostrou com exclusividade ao público do auditório Cinemark meros dez segundos do trailer de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”) em 2017 ela veio com tudo para a CCXP, ainda que de forma sorrateira: a princípio, a grande atração de sua apresentação seria a presença do ator e músico Nick Jonas e, em menor grau, do produtor Jason Blum.

Não foi muita surpresa, então, que o salão principal da feira tenha praticamente se esvaziado e renovado seu público entre o fim das apresentações da Disney e do começo do da Sony, um intervalo de uma hora e um painel (o centrado em Danai Gurira, a Michonne de “The Walking Dead”) que se provou crucial demais para muita gente que madrugou na fila. Era a prova de que a Sony estava preparada para fazer uma ação sem precedentes na curta história da CCXP para vender seus filmes, além de pegar desprevenido quem acreditava que o ápice do dia ia ser o trailer estendido exibido na Comic-Con de San Diego de “Vingadores: Guerra Infinita”.

Um ídolo e seus fãs

O estúdio começou os trabalhos forte com “Jumanji: Bem Vindo à Selva”, a continuação inesperada do longa de 1995 estrelado pelo finado Robin Williams. Iniciado com o vídeo gravado pelo elenco protagonista – Dwayne Johnson, Kevin Hart, Karen Gillan e Jack Black – fazendo piadas uns com os outros, o painel do filme não demorou muito para introduzir Nick Jonas no palco, que foi recebido pelo público com muita euforia graças ao bom número de fãs do Jonas Brother presentes no auditório. Embora estivesse ali para falar do personagem e apresentar um clipe do filme – que consistiu numa cena de ação onde ele e o grupo buscam escapar de helicóptero de um grupo de atiradores de elite e uma manada de rinocerontes enfurecidos – o ator não demorou muito para levar sua legião de admiradores ao delírio com sua atitude tranquila e de bacana, algo tornado ainda mais claro nas perguntas feitas por Twitter a ele. O momento mais divertido do painel inclusive veio quando ele respondeu um tweet escrito por uma garota que estava no auditório: emocionada por presenciar aquilo, a menina desandou a chorar de alegria no meio da apresentação, e quando o telão mostrou a reação dela à resposta o ídolo compadeceu e a consolou com um “não chore, está tudo bem” dito em sua voz suave característica.

Jonas, porém, também falou um pouco sobre seu trabalho no longa. Interpretando uma pessoa que está presa dentro do jogo em um momento difícil e muito arriscado, seu personagem se torna uma espécie de guia para os quatro protagonistas, ajudando-os a passar pelas diversas fases do videogame para mais tarde eles o ajudarem a sair de lá. O ator também revelou possuir uma identificação com seu papel: assim como o personagem, ele também não é muito fã de voar, graças a algumas experiências pessoais bem ruins com aviões nos últimos três anos.

Se balançando nas alturas

Depois de um rápido recado de Genndy Tartakovsky e a exibição do trailer já lançado de “Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas”, as luzes do auditório se apagaram repentinamente e ficaram uns bons dez segundos desligadas. Perdido, o público estourou em alegria quando o suspense revelou-se ser feito para o painel da animação do Homem-Aranha de Miles Morales produzida pela Sony Animation, que teve o título (“Homem-Aranha no Aranhaverso”) e o primeiro trailer divulgados na CCXP – confira a prévia abaixo.

O público já estava em estado catártico quando veio o anúncio de que Phil Lord e Chris Miller, os diretores da animação e responsáveis pelos dois “Anjos da Lei”, foram anunciados de surpresa no painel, o primeiro anúncio do tipo na história do evento. Ovacionados, a divertida dupla logo fez piada dizendo que só haviam vindo para ver Nick Jonas e que tinham passado no Mercadão antes para comer toneladas de mortadela.

Proibida de ser filmada ou fotografada, a conversa com os diretores foi bastante produtiva. Os cineastas revelaram que toparam entrar no projeto com a condição de que seria protagonizado por Miles Morales e não Peter Parker e de que a animação seguiria um molde mais fiel aos quadrinhos, cujas artes os interessavam por sua beleza estilizada e dinamismo na ação em painéis. Miller disse que esse desejo só conseguiu ser realizado graças à equipe da Sony Animation, que conseguia fazer de cada frame do longa “um desenho próprio”.

Entrando no filme em si, a dupla revelou que a história se passa em um universo diferente daquele visto nas produções da Marvel Studios e que trata do primeiro grande desafio de Miles enquanto super-herói. Peter Parker existe neste mundo, mas diferente de sua contraparte jovem no live-action ele está mais adulto e precisa servir de mentor ao protagonista. “É um grande filme de ação, mas Miles é um cara engraçado” disse Lord, que depois afirmaria que o filme é “sobre pessoas comuns que salvam o mundo e não quem foi escolhido para tal” e que a dupla espera que essa mensagem se reflita no público.

O horror chega ao auditório Cinemark

Com o fim momentâneo das surpresas, a apresentação prosseguiu com o painel de “Sobrenatural – A Última Chave”, que chegou ao palco sob clima de horror com direito à atriz Lin Shaye entrando com uma lanterna e trilha sinistras. Acompanhada de Jason Blum, ela apresentou uma das cenas de suspense do quarto capítulo da série, que envolve um túnel claustrofóbico, malas de defuntos e um susto provocado por uma entidade sinistra.

Ainda que tenha sido relativamente rápido, este momento da apresentação rendeu pela paixão com que os dois convidados falavam sobre o gênero do horror. Com os olhos brilhando, Shaye revelou que o novo episódio da série acontece antes dos três anteriores e que a assustou muito, já que há um “jeito diferente” na maneira como a trama é contada. Já Blum mostrou gostar bastante da franquia e de como ela se manteve fresca graças ao contínuo envolvimento e permanência do interesse dos criadores James Wan e Leigh Whannell com a série, revelando que o original foi vendido à sua Blumhouse Productions como “um filme de David Lynch dirigido por James Wan”. É do primeiro capítulo, inclusive, que Blum tem sua lembrança favorita, um plano elaborado de um candelabro dentro de uma produção que custou menos de dez mil dólares para ser feito.

O produtor – que tem boas chances de levantar a estatueta de Melhor Filme no Oscar do ano que vem com “Corra!” – também comentou um pouco sobre o que leva as pessoas a ter fascínio sobre o horror, dizendo que o gênero é como uma montanha-russa que faz você “se sentir vivo e bombear adrenalina em seu corpo”, numa demonstração clara da mentalidade que leva a sua produtora a ter bastante sucesso no mercado.

Uma boa bagunça

Passado um rápido clipe de “Alfa”, uma espécie de “O Regresso” com estética dos filmes de Zack Snyder dirigida por Albert Hughes (diretor de “O Livro de Eli”), era chegada a hora do painel de “Venom”, o também inesperado filme solo do vilão simbionte. O painel começou direto com uma transmissão ao vivo direto do set de filmagens da produção em São Francisco, com o diretor Ruben Fleischer e o ator Tom Hardy aparecendo no telão para falar um pouco do longa e enlouquecer o público.

Fleischer foi o primeiro a aparecer e também o que forneceu informações concretas sobre o projeto. O cineasta afirmou que a produção será baseada na versão original de Eddie Brock e da visão do simbionte como um predador letal, apontando que o filme deve seguir a onda de “Novos Mutantes”

e se enveredar pelo horror. Ele porém logo deu espaço à Hardy, que disse só não ter conseguido vir para a CCXP por conta de uma nevasca na cidade que impediu que seu voo decolasse. Afim de compensar a falha causada pelo tempo (e talvez o azar que tomou conta da Comic Con deste ano), o ator gerou rebuliço na plateia quando anunciou que camisas do longa idênticas à que ele estava usando seriam distribuídas a todos os espectadores, um ato responsável por levar várias pessoas a levantar das cadeiras e correr desesperadas até os funcionários do evento que tinham as camisas.

Em meio ao caos gerado, a transmissão foi cortada e um bandeirão do filme foi aberto pelo público da frente, que gritando a campanha do filme (“we are Venom”, nós somos Venom em português) encerrou o painel numa confusão quase que gloriosa. O nível das apresentações da Comic Con Experience definitivamente aumentou.

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