Desfalcada de convidados, Disney improvisa na CCXP
Painéis dedicados a “Star Wars” e aos filmes do Marvel Studios contaram com ajustes de última hora
Dentre os estúdios que todos os anos vem à Comic Con Experience apresentar suas novas produções, a Disney é sem dúvida aquele que menos depende da feira para promoção de seus filmes. Com propriedades muito desejadas do público como os filmes da Marvel e “Star Wars”, a empresa de Mickey Mouse mantém desde a primeira edição do evento uma atitude de “muito pouco para muito efeito”, dominando as atenções de sábado com pré-estreias de suas próximas animações, apresentações com membros técnicos do próximo capítulo da saga criada por George Lucas – o produtor de “O Despertar da Força” Bryan Burk em 2015, o supervisor de efeitos visuais de “Rogue One” Brian Herring no ano passado – e painéis da Marvel Studios guiados com material reaproveitado da San Diego Comic-Con, convenção central do ramo.
No passado, esta estratégia rendeu maravilhas, especialmente no ano passado quando a presença de James Gunn no painel de “Guardiões da Galáxia Vol. 2” levou a um dos momentos de maior catarse testemunhadas no auditório Cinemark. Nesta quarta edição da CCXP, porém, a Disney teve que levar isso ao limite ao ver seu painel de “Os Últimos Jedi” ser esvaziado pela impossibilidade do elenco e da produção de vir ao Brasil por conta da premiere mundial do filme (que aconteceu no mesmo dia) e a apresentação da Marvel perder de última hora o reforço importante de Nate Moore, produtor de “Pantera Negra” que vinha guiar o público que madrugou na fila do auditório. Além disso, a própria ausência de quaisquer pessoas envolvidas na produção de “Viva – A Vida é uma Festa” tornou a exibição da animação no começo do dia um tanto quanto perdida na programação – e também na feira, já que no estande do estúdio a produção da Pixar sequer deu as caras.
Posto essas condições, o que se viu no auditório Cinemark no início do sábado foi um verdadeiro espetáculo de improvisos, tanto aqueles previamente arranjados quanto os feitos em cima da hora. O resultado, claro, foi um tanto quanto misto.
Numa galáxia muito distante… até demais.
Assumindo o palco depois da exibição de “Viva” – que foi recebido com aplausos e choro por parte do público -, o antecipado painel do novo capítulo de “Star Wars” começou até animado. Chamado pelo apresentador, o droide BB-8 entrou pela entrada lateral do salão e respondeu comandos feitos pelo anfitrião, atraindo aplausos e gritos entusiasmados do público.
Foi um agrado para o grande balde de água fria que viria logo em seguida: sem a presença de qualquer integrante do elenco ou da produção do longa, o estúdio decidiu levar o apresentador a Los Angeles semanas antes para entrevistar o diretor Rian Johnson e os atores Mark Hamill, Daisy Ridley e John Boyega, exibindo as respostas dadas por eles ao público. Foi um remendo um tanto desagradável: ainda que todos os membros do oitavo episódio fossem importantes e dessem boas respostas às perguntas – feitas na hora pelo anfitrião -, a sensação de desconforto por grande parte do público foi sentida, com as reações aos “conteúdos exclusivos” no telão se tornando cada vez mais desanimadas.
Findado esse momento no mínimo equivocado, foram exibidos dois vídeos aos presentes. O primeiro foi uma homenagem tardia mas tocante a Carrie Fisher, com depoimentos de diretores e atores envolvidos nos últimos capítulos da saga; e o segundo foi o tradicional featurette da CCXP sobre o novo lançamento da franquia, dessa vez um making of sobre os novos mundos apresentados em “Os Últimos Jedi” – confira abaixo. O painel logo em seguida foi encerrado com o retorno de BB-8, mas nem a simpatia contagiante da pequena bola robótica foi capaz de disfarçar o gosto amargo deixado pela apresentação.
San Diego em São Paulo
Pouco depois da Lucasfilm, era a vez da Marvel Studios entrar em cena no auditório para apresentar conteúdos dos seus lançamentos de 2018: “Pantera Negra”, “Homem-Formiga e Vespa” e, claro, o aguardadíssimo “Vingadores: Guerra Infinita”, que só de ser mencionado indiretamente na apresentação já despertava gritos do público.
A produtora iniciou o painel com um conteúdo exclusivo de “Pantera Negra”, exibindo nada menos que sete minutos inéditos do filme com leves montagens para não entregar muito da história. Passada num cassino luxuoso avistado nos trailers, a cena mostra o protagonista T’Challa (Chadwick Boseman) e os personagens de Lupita Nyong’o e Danai Gurira acompanhando uma negociação armada como armadilha por eles e a SHIELD com o vilão Garra Sônica (Andy Serkis), uma troca envolvendo diamantes e o raro metal vibranium. É claro que as coisas dão errado, e o que se vê em cena é um espetáculo de luta dominado por uma movimentação bastante ágil e diferente dos outros combates vistos nos filmes do estúdio. Seguido imediatamente por uma prévia que parece ter sido a que foi exibida em San Diego, as cenas estabeleceram o tom do filme e levaram o público à loucura.
Esse, porém, era apenas o começo do painel, e com o fim do vídeo o anfitrião chamou ao palco a própria Danai Gurira ao palco, convidada especial da CCXP que serviu de única presença física na apresentação inteira. Muito entusiasmada por estar no evento (uma empolgação que se repetiria depois no painel seguinte, dedicado à sua carreira), a atriz mostrou um discurso engajado com a representatividade do filme, definida por ela mesma como “uma paixão que me envolve e me anima” e que ela espera ser um marco na indústria sobre o tema.
Apesar de ser a única integrante da equipe presente de fato, Gurira foi responsável pela primeira grande surpresa do dia, chamando o diretor Ryan Coogler para o painel num link ao vivo direto dos Estados Unidos, a primeira participação do tipo na História do evento. O cineasta estava um pouco nervoso com a apresentação e gaguejou algumas vezes, mas assumiu a frente para falar um pouco mais do seu filme à gigantesca audiência e mostrar como o projeto era único em Hollywood, dizendo que nunca tinha visto um longa dessas proporções se passar na África com personagens tão poderosos. Coogler também declarou amor ao Brasil, afirmando que um dos primeiros filmes a fazê-lo se apaixonar por cinema quando jovem foi o “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles, e disse que a trilha sonora de “Pantera Negra” foi escolhida por ele sob a meditação do que o fazia “ser negro musicalmente”.
Seguindo na apresentação, Kevin Feige apareceu em um vídeo gravado para apresentar o trailer de “Guerra Infinita” pela primeira vez em uma grande tela no Brasil e a prévia de San Diego de “Homem-Formiga e Vespa”, mas pouco depois ele também surgiria no palco via transmissão por satélite para falar um pouco sobre os filmes do estúdio e tapar o buraco deixado pela ausência de Nate Moore. O chefão da Marvel Studios revelou aos presentes que o longa-metragem solo do Pantera Negra começou a ser pensado quando o personagem foi planejado na trama de “Capitão América: Guerra Civil”
e falou sobre Thanos e seus comparsas, mas as contribuições mais importantes que ele deu à apresentação foram as duas grandes surpresas finais. A primeira foi a revelação de que a primeira pessoa da fila para o auditório no sábado iria ser convidada para viajar à Los Angeles para assistir a premiere mundial de “Pantera Negra”, junto do elenco e de toda a produção; a segunda era que o público presente seria o terceiro no mundo a ver o trailer estendido de “Guerra Infinita”, exibido primeiro na Comic-Con de San Diego em julho deste ano. A galera, claro, foi à loucura, vendo em terceira mão imagens grandiosas como a do Doutor Estranho trabalhando junto do Senhor das Estrelas ou Thanos usando a Manopla do Infinito para destruir uma lua e usar os destroços como arma na sua epopeica luta contra os Vingadores.
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