Futuro e decomposição dividem ruínas em instalações de Daniel Arsham e Azuma Makoto
Projeto da Oi leva dois grandes artistas da atualidade para o Aterro do Flamengo
O tempo e suas relações com o efêmero ganham novos significados com a exposição Outras ideias, idealizada pelo Oi Futuro, instituto de cultura, educação e sustentabilidade da empresa telefônica. O Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, foi o palco escolhido para a exposição dos projetos do americano Daniel Arsham e do japonês Azuma Makoto.
Com seu “Blue Garden”, Arsham cria um espaço com referências orientais, de tempos budistas japoneses, mas com o uso de areia, plantas e artefatos modernos que substituem as pedras que são tradicionalmente a única decoração desses espaços, conhecida como karesansui.
“Com essa intervenção direta em uma arte de decoração tão milenar, Daniel Arsham propõe um projeto que olha para o futuro, um sítio arqueológico sobre o nosso presente, que é influenciado por camadas diversas de conhecimento que se sobrepõe”, conta o curador da exposição Marcello Dantas, para o site americano designboom.
A instalação também marca uma nova fase na carreira de Arsham, que há um ano abandonou as paletas em preto-e-branco e passou a usar tons coloridos, reflexos de sua relação com o EnChroma’s, óculos para daltônicos que ajudou o artista a ter uma percepção melhor com as cores (o aparato consegue separar as frequências de cores dentro de um espectro ótico que possibilita um daltônico a diferenciar as cores que antes não conseguia ver, caso do artista). A mistura de arte, perfomance e arquitetura acaba convidando o espectador a rever os seus conceitos de espaço, forma e tempo.
“Onde poderíamos encontrar pedras, encontramos objetos que parecem petrificados, como se fossem mesmo uma expressão geológicas, que dialogam com a monumentalidade da geologia do Pão de Açúcar – que é solene, para frente, o que cria um estranho equilíbrio para este jardim”, resume Dantas.
Retângulo de flores
Além do trabalho de Arsham, o artista japonês Azuma Makoto também marca presença no Outras Ideias com seu projeto Box Flowers: a instalação apresenta flores que são plantadas para morrer, uma espécie de agricultura reversa que representa a própria relação entre a vida e a morte.
O artista também criou uma instalação para o interior da galeria do Oi Futuro localizada na região. Chamada de “naibu-inside”, a obra permite seguir o processo de decomposição das flores expostas na área externa, em diferentes perspectivas.
“Nós aprendemos desde cedo a evitar confrontar, tocar e sentir a morte e a decomposição de qualquer ser vivo, e quando nos permitimos a fazer isso, acabamos por viver uma oportunidade rara de transcendência”
, conclui Dantas.
A instalação do Oi Futuro fica em exposição até o dia 5 de novembro.
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