Jornal Extra cria editoria de guerra para tratar da violência no Rio de Janeiro
Casos relacionados ao tráfico na cidade não serão mais publicados nas páginas policiais
O problema da violência, pelo menos um dos problemas, é a sua banalização. É a tal da teoria da fábrica de sinos. Se você passa muito tempo lá dentro, dizem, acaba nem se incomodando mais com o barulho.
Corta para minha terapia. Uma das coisas que ouvi numa das primeiras sessões foi que um problema só passa a ser um problema quando a gente reconhece que ele existe. Se minimizamos o problema, então não tem porque resolver.
Por isso me chamou a atenção quando o editor do Jornal Extra repetiu quase que literalmente essas palavras para justificar a criação de uma Editoria de Guerra para o Rio de Janeiro.
Por que uma editoria de guerra? Justamente para lembrar para as pessoas que aquilo não é normal. Um feto baleado na barriga da mãe não é normal.
A utilização de fuzis num assalto a uma farmácia não é normal. A morte de uma criança dentro da escola ou a execução de um policial não é normal. São sintomas de um estado de exceção no Rio de Janeiro. Não se trata apenas de mais um caso de polícia. É uma guerra. E guerra não é uma coisa normal”.
Parodiando o famoso texto da Marina Colassanti que faz sucesso na internet:
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a violência. E, aceitando a violência, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar em saída. E, não acreditando em saídas, aceita ler todo dia da violência, dos números, das balas perdidas. A gente se acostuma, mas não devia”
Admitir que um problema existe é o primeiro passo para querer fazer alguma coisa para resolve-lo.
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