SXSW 2017: “Netflix é atualmente o grande símbolo da globalização”
Alice Braga e Wagner Moura debateram a importância da diversidade no entretenimento para as futuras gerações
Alice Braga e Wagner Moura vieram pra Austin debater a diversidade em Hollywood. Mas eles não estavam interessados apenas na quantidade, mas principalmente na qualidade. Não é uma questão de preencher cotas.
– “Também quero fazer um filme em que danço com uma garota bonita e canto belas músicas em Los Angeles”, afirmou o protagonista de “Narcos”. Wagner Moura lembra que a primeira coisa que falou para o seu agente em Hollywood é que não queria fazer papéis de traficantes. Anos depois, aqui está ele, reconhecido nas ruas como Pablo Escobar.
Mas disse ter orgulho de “Narcos”, pois a Netflix nunca quis uma série em que dois policiais americanos salvam gente pobre na América Latina. A série é importante para mostrar que tudo é financiado nos Estados Unidos, e os colombianos é que são os verdadeiros heróis.
Alice Braga também procura fugir do estereótipo, mas sabe que latinos no cinema sempre acaba em cocaína de alguma forma. A atriz atualmente interpreta uma traficante na série “A Rainha do Sul”.
Para a diversidade realmente acontecer, ambos concordam que ela precisa começar atrás das cameras, com produtores, roteiristas e diretores também de outras culturas e etnias. “A diversidade é iniciada pelos tomadores de decisão”, afirmou Braga.
Os dois são agentes de mudança nesse cenário, aliás, já que ambos estão produzindo e dirigindo o próprio conteúdo. Wagner Moura vai dirigir um filme no Brasil, e nos EUA é produtor de um filme sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Melo, Alto Comissário das Nações Unidas, morto em 2003.
Já Alice é uma das sócias da produtora Los Bragas, em São Paulo, cujo projeto em desenvolvimento é uma comédia para Netflix, chamada “Samanta”.
A Netflix, aliás, foi bastante citada em todo o painel. Ao mencionar os filmes e séries produzidos em diversos países, incluindo o sucesso de 3% nos EUA, Wagner Moura afirmou que – considerando a divisão política que vem acontecendo no mundo – a plataforma é atualmente o grande símbolo da globalização. Alice Braga também citou o exemplo da Amazon, que apostou em Gael Garcia Bernal como um maestro na premiada série “Mozart In The Jungle”.
Com simpatia e bom humor, os dois atores brasileiros terminaram respondendo perguntas do público, mas não sem antes ouvirmos um aguardado “Malparido” de Wagner Moura.
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