SXSW 2017: O que vem por aí no mundo da educação mediada por tecnologia?
Os principais destaques do SxSwedu
Ensino personalizado, sala de aula invertida, blended learning, realidade virtual e aumentada, nano-degrees e tecnologia, muita tecnologia. Esses foram alguns dos temas que permearam as discussões do SxSwedu que aconteceu entre os dias 06 e 09 de março em Austin-TX.
Profissionais de Educação, comunicadores, tecnólogos, designers, artistas e empreendedores estiveram reunidos para discutir o futuro da Educação e as principais tendências para essa área nos próximos anos. Tive a oportunidade de participar do evento e acompanhar de perto essas discussões e, à convite do B9, trago aqui as principais aprendizagens desse encontro. Então, vamos ao que interessa!
VR/AR em Educação
Realidade virtual e aumentada são tecnologias que vem ganhando cada vez mais expressão no mundo da educação, principalmente com a crescente difusão das ferramentas de produção desse tipo de mídia. Foram diversas as palestras e workshops que abordaram o tema, com destaque para a apresentação da VP de Produto da The New York Times School, Audrey Heinesen.
Ela nos apresentou como essas tecnologias auxiliam a educação no que diz respeito à experiência e engajamento. Segundo ela, experiências de realidade aumentada ou virtual permitem aos aprendizes a redução do distanciamento com seus temas de interesse. Através do VR/AR é possível não apenas contar histórias, mas levar os aprendizes até as experiências, dando autonomia e liberdade para investigar todos os detalhes de um determinado contexto sem estar preso à uma única perspectiva específica. Ainda segundo a palestrante, os pontos fundamentais para o desenvolvimento de experiências de realidade aumentada com objetivos educacionais são:
1. Ter uma boa história – trazer detalhes e elementos narrativos para desafiar o aprendiz e despertar a curiosidade
2. Levar o participante até a experiência – promover a imersão e trazer para o aprendiz detalhes e elementos que ele nunca experienciaria com outras mídias convencionais
3. Conforto – a realidade virtual pode causar estranheza e desconforto durante o consumo dessa mídia. Por isso, a necessidade de ser fiel às perspectivas e planos apresentados
4. Integridade jornalística – investigue todos os detalhes e apresente-os dentro de uma história que desperte a curiosidade e interesse do seu público.
Certificações e Educação Formal
Nano-degrees, certificações digitais, autoconhecimento e a grande disponibilidade de conteúdos na internet tem abalado as estruturas dos grandes provedores de certificações e de conhecimento ao redor do mundo. Com a crescente mudança de paradigma que traz a valorização das experiências de aprendizagem em detrimento das certificações, as estruturas datadas dos currículos acadêmicos e escolares já não conseguem acompanhar as necessidades de aprendizagem dos estudantes, muito menos a velocidade com a qual o conhecimento é produzido e compartilhado na internet.
As principais objeções apresentadas nas mesas redondas do evento questionaram a arbitrariedade das cargas horárias das certificações de mercado, que não permitem ao estudante comprovar sua proficiência e salvar um tempo precioso na hora de conseguir uma certificação. Em contrapartida, alguns palestrantes argumentaram sobre o valor das certificações no que diz respeito ao reconhecimento (dos pares e do mercado) e ao sentimento de completude e autoconfiança que elas trazem consigo(?!).
Os grandes defensores das certificações ainda acreditam num modelo de educação pautado na padronização, que pouco reconhece as diferentes experiências obtidas ao longo da jornada de aprendizagem. Essa é uma discussão que está longe de chegar ao fim e, cada vez mais, as instituições de ensino precisam abrir seus olhos para as necessidades de flexibilização de currículos e cargas horárias apresentadas pelos seus públicos.
Aprendizagem Personalizada
Esse é um termo que existe há mais de 15 anos e vem ganhando cada vez mais atenção em função das tecnologias educacionais emergentes que apoiam a sua oferta. A ideia por trás da aprendizagem personalizada é colocar o aprendiz no centro do processo e fazer uma oferta educacional customizada conforme seus principais interesses e necessidades. O apoio da tecnologia confere à aprendizagem personalizada os dados e métricas necessárias para ajustar as estratégias educacionais ao longo do processo de aprendizagem.
Segundo o CEO da Silicon Valley Education, Muhammed Chaudhy, o principal benefício da aprendizagem personalizada é conferir aos estudantes autonomia durante todo o processo de ensino. Essa autonomia deve ser oferecida e estimulada, desde de que seja acompanhada de uma forte mediação pedagógica para apoiar os estudantes nas suas decisões sobre quais são os temas mais relevantes para a sua formação.
É papel dos educadores analisar os dados e discutir com os aprendizes as oportunidades de melhoria e onde devem concentrar seus esforços. Ainda segundo o palestrante, o uso desses dados não pode favorecer um isolamento dos estudantes, muito pelo contrário, deve incentivar a aprendizagem colaborativa e troca entre os pares para que seja significativa para todos e entre todos.
Por fim, o lendário designer John Maeda (pra quem não sabe o cara é um dos precursores do MIT Media Lab e é considerado por muitos como o Steve Jobs do mundo acadêmico) apresentou suas opiniões sobre o futuro da educação, design e tecnologia numa sessão aberta de perguntas e respostas que inspirou à todos que estiveram presentes.
Sobre design, ele disse que não é algo místico, espiritual ou ritualístico. Design é simplesmente a criação de experiências e geração de valor através de processos criativos. O designer deve olhar o mundo com curiosidade para criar necessidades e trazer soluções para os principais problemas da humanidade.
Sobre tecnologia ele pontuou os recentes avanços nas áreas de IA, chatbots e machine learning e ainda convidou os entusiastas da área à acompanharem com carinho o que a China anda pilotando em termos de tecnologia. Segundo ele o pessoal do oriente está bem à frente do resto do mundo em termos de inovação e disruptura.
Ele concluiu sua fala apresentando sua visão sobre o futuro da educação e disse que as escolas e universidades devem rever imediatamente seus modelos para conseguir atender aos anseios das gerações que vivem imersas no contexto de rápidas e constantes mudanças, como as que vivemos nos dias de hoje.
é um educador apaixonado por todas as formas de ensinar e aprender
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