Ao rir dos outros e de si próprio, “Deadpool” anarquiza a fórmula dos filmes de super-heróis • B9

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Ao rir dos outros e de si próprio, “Deadpool” anarquiza a fórmula dos filmes de super-heróis

O diretor Tim Miller, “um idiota pago em excesso”, subverte o gênero mesmo quando se aproveita dos clichês que critica

por Virgílio Souza

De modo bastante superficial, é possível dividir os recentes filmes de super-heróis dos grandes estúdios entre aqueles que seguem estritamente uma fórmula, entregando produtos enlatados, e aqueles que jogam com as regras, esboçando alguma inquietação frente ao que está estabelecido. Existem exemplos bons e ruins nas duas categorias e, estranhamente, “Deadpool” se encaixa em ambas.

O primeiro sinal aparece durante os créditos de abertura, embalados por “Angel of the Morning”, hit da cantora pop-country Juice Newton no início dos anos 1980. Como um alerta para o espectador mais desavisado, distraído o suficiente para não ter acompanhado a intensa campanha de marketing da 20th Century Fox, os letreiros ocupam uma cena de ação enquanto anunciam o elenco sem citar nomes — “um vilão britânico”, “um personagem de CGI” e “um cameo gratuito”, entre vários outros, se juntam ao diretor Tim Miller, “um idiota pago em excesso”, e aos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick, “os verdadeiros heróis”.

O diretor Tim Miller no set de "Deadpool"

O diretor Tim Miller no set de “Deadpool”

Deadpool

A brincadeira é simples, mas simboliza essa relação entre filme e fórmula. As piadas e referências às convenções das adaptações de quadrinhos são recorrentes, muitas delas carregadas por forte metalinguagem e pelo olhar crítico e inconveniente do protagonista. Ao mesmo tempo, a história das origens do herói não vai muito além de seus precursores, sendo tão convencional quanto a trama de vingança que conduz a ação.

Assim, no meio do caminho, surgem algumas dúvidas: “Deadpool” consegue se esquivar de certas críticas apenas pelo mérito/ousadia de apontar problemas semelhantes em outros produtos pop? Ou aponta esses clichês e contradições inconsciente de suas próprias inconsistências e limitações?

É difícil saber, e incomoda que o roteiro não explore possibilidades adiante (talvez na continuação, confirmada pela Fox antes mesmo da estreia), mas o filme parece consciente demais de seu próprio formato para que o filme seja tão parecido com muito do que critica apenas por coincidência. O plano é demolir as coisas por dentro, se equilibrando para não aderir completamente à lógica vigente nem promover uma ruptura total.

Deadpool

Deadpool

A balança só funciona tão bem em função da construção do protagonista. Deadpool, o personagem, é uma figura que quebra constantemente a quarta parede, em interações diretas com o público que pontuam transições e orientam toda a trama. Na relação com o universo em que se insere, ele aproveita boa parte do que recebe, faz citações constantes e renova seu repertório. Embora preserve traços fundamentais, como o espírito anárquico e parte da trilha sonora, é um fruto da década atual, e não dos anos 1990, quando foi criado por Fabian Nicieza e Rob Liefeld.

“Deadpool”, o filme, segue o mesmo rumo. Boa parte de seu humor é particular da era do YouTube, com piadas rápidas, gags que anulam o tempo de reação sendo seguidas imediatamente por outras, e cortes em ritmo ágil, muitas vezes musical. A estrutura, baseada em flashbacks narrados pelo protagonista e intercalados com a sequência de ação da abertura, é mais inventiva do que a cronologia correta de exemplares recentes do gênero.

O conhecimento de seus semelhantes também é fundamental para o sucesso de Miller e companhia. Trata-se de um meta-filme de heróis, com comentários frequentes sobre personagens como Lanterna Verde, Batman, Professor Xavier, Wolverine, o Quarteto Fantástico e os X-Men — reintroduzindo Colossus (agora com a voz de Stefan Kapicic) e apresentando a jovem mutante Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand), ambos donos de potencial para novos episódios da franquia. Nesse sentido, é positivo que o filme consiga se inserir em um universo mais amplo guardando sua identidade, seguindo uma linha antes traçada, na Marvel, por “Guardiões da Galáxia” e “Homem-Formiga”, e ocupando com maior qualidade o espaço de “Kick-Ass”.

Deadpool

As piadas e referências às convenções das adaptações de HQ são recorrentes, carregadas por metalinguagem e pelo olhar inconveniente de Deadpool

Não apenas pelas menções aos seus fracassos com adaptações de quadrinhos, trata-se também de um meta-filme de Ryan Reynolds. Anunciado como “uma história de amor”, o longa de fato segue essa linha, utilizando as sequências de maior intensidade para preencher as lacunas existentes quando Wade e Vanessa (Morena Baccarin) estão separados. Mais importante, o trabalho do ator parece localizado entre duas de suas faces mais marcantes: a dos romances (de “A Proposta” e das capas de revista, mas também da primeira metade de “Férias Frustradas de Verão”) e a dos filmes de ação (de alguns dos elementos que apareciam discretamente em “X-Men Origens”, mas elevados a um potencial até então inédito em sua carreira).

A atuação de Reynolds depende bastante de expressão corporal. Por mais que seu principal trunfo seja a fala rápida e sempre muito enérgica, quando não agressiva, o personagem também funciona de boca fechada, transmitindo sensações variadas pela postura quando segue a garota pelas ruas, pela hesitação quando é preciso tirar a máscara, ou pelos olhos durante o processo de mutação. Suas interações com a companheira cega Al (Leslie Uggams) e, em menor escala, o amigo Weasel (T.J. Miller) valem pelo bom humor, provando sua versatilidade.

É uma pena que falte ao seu contraponto, o duo formado por Ajax (Ed Skrein) e Angel Dust (Gina Carano), motivações e discursos mais bem articulados. De toda maneira, vilões de qualidade indiscutível têm se tornado artigo de luxo na categoria, e ao menos os de “Deadpool” são conscientes da própria capacidade e se contentam em explodir apenas pontes e depósitos, não cidades inteiras. No fim das contas, se realizar algo verdadeiramente original soa impossível, cada vez mais parece uma ótima opção levar a fórmula para outra escala, moldando-se a ela ou a subvertendo.

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