Toyota lança nova Hilux com comercial onde animais aparecem felizes por morrer
Criação da Saatchi & Saatchi da Nova Zelândia causa repúdio na internet
Criativos da Saatchi & Saatchi da Nova Zelândia conseguiram dar um novo significado à palavra “nojento”. É difícil pensar em outro adjetivo ao assistir à peça que marca o lançamento da versão 2016 da picape Hilux naquele país.
Na contramão da tendência mundial a favor dos direitos dos animais, a Saatchi & Saatchi baseou todo o seu filme publicitário para a montadora japonesa Toyota em cenas onde animais aparecem honrados em serem mortos por caçadores. Segundo mostra o comercial, a morte vale a pena se for para ser transportado em uma Hilux.
A insanidade é tanta que os animais chamam a atenção de seus carrascos propositalmente, recitando palavras em ode à nova picape da Toyota. O filme começa com um alce se aproximando de caçadores e esperando ser baleado. “Oh, que alegria, ser transportado na Hilux. Eu não vou ser caçado, vou ser, de forma feliz, capturado.” – ele diz. A romantização do assassinato do alce termina com ele amarrado no capô da nova Hilux e – acredite – satisfeito e feliz por isso.
A liberdade criativa deve ser mantida, mas desde que não cause mal a ninguém
Em outro momento do vídeo, ao avistar a nova picape em questão, um gambá anda calmamente para ao meio de uma estrada, à noite. Se coloca sobre as patas de trás e abre as da frente, como se fosse dar um abraço no veículo que parece estar a mais de 100 km por hora. “Mesmo quando você faz uma bagunça decente em mim, eu fico aqui honrado, abraçando o meu destino.” – diz o gambá, pouco antes de ser atropelado e despedaçado pela nova Hilux.
No YouTube, o resultado aparece nas marcações de “não gostei”, que superam, de longe, as “gostei”
Do primeiro segundo até o último, o filme da Saatchi & Saatchi de um minuto e meio mostra vários animais em situação semelhante, todos honrados em dar sua vida apenas para serem transportados na picape.
Ficam as dúvidas: ninguém na Saatchi & Saatchi ou na Toyota questionou a necessidade e, principalmente, as consequências de um filme assim? Dezenas de pessoas trabalhando por semanas na campanha de um dos veículos mais importantes da empresa e o produto final é esse?
Embora a produção tenha usado apenas computação gráfica e não animais verdadeiros no filme, a peça é extremamente ofensiva a todos aqueles que têm o mínimo de respeito aos animais. No YouTube, o resultado aparece nas marcações de “não gostei”, que superam, de longe, as de “gostei”, veja aqui.
Se a Saatchi & Saatchi da Nova Zelândia queria a polêmica apenas pela polêmica, qual será o próximo passo?
A liberdade criativa deve ser mantida, mas desde que não cause mal a ninguém. Tratar a violência contra seres que sofrem como nós com tamanha falta de respeito e romantismo irônico, ainda incitando a prática, é um sinal claro de total falta de profissionalismo e respeito à vida.
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Fabio Chaves é fundador e infoativista do Vista-se – maior portal vegano do Brasil e segundo mais acessado do mundo – e colunista do portal de notícias da Rede Record, o R7. Escreve também para o B9.
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