O que esperar da nova Apple TV: pouco conteúdo exclusivo, grande potencial em jogos
Aplicativos de terceiros determinarão o sucesso ou fracasso da nova set-top box da Apple
No evento de ontem, além de apresentar um iPad gigante e dois novos modelos de iPhone, a Apple também mostrou uma nova Apple TV. Dessa vez, além de ser um gadget para streaming de mídia, a Apple TV também oferece suporte a aplicativos de terceiros, incluindo jogos – e com isso, a Apple começa a desbravar um campo que ainda não tinha entrado antes.
Os jogos já estão presentes em parte do universo da Apple, como no iPhone, no iPad e até no Mac, que por anos foi zoado como uma plataforma que tinha a menor quantidade de jogos compatíveis. Mas com a Apple TV, é a primeira vez que a Apple traz jogos para a TV mesmo, algo que consoles já fazem há anos. O que então esperar dessa nova empreitada?
Começando pelo processador A8, que é o mesmo presente no iPhone 6, é possível dizer que a Apple TV é capaz de gerenciar uma quantidade de gráficos de forma bem intensa. Já o novo controle, que além dos botões agora tem um giroscópio, um acelerômetro e uma área sensível ao toque, dá ao usuário um novo conjunto de comandos e interações possíveis com o gadget.
É possível compará-la ao que o primeiro modelo do Nintendo Wii oferecia sete anos atrás, com a adição da sensibilidade ao toque no controle, que deixa a navegação na interface da Apple TV ser bem mais fácil do que antes – nada mais de apertar botões.
Para dar tempo dos jogos e aplicativos serem desenvolvidos, a Apple liberou ontem mesmo o tvOS, sistema que roda na Apple TV, junto com algumas unidades da sua nova set-top box para certos desenvolvedores. Há restrições no desenvolvimento, no entanto: os aplicativos podem ter no máximo 200 MB e se precisarem de mais, eles precisarão baixar o conteúdo da internet depois de instalado.
Dito isso, não deve ser muito difícil para um grande estúdio de jogos fazer a portabilidade dos seus games do iOS para o tvOS, então podemos esperar que os jogos que já fazem sucesso na plataforma móvel migrem também para a Apple TV. E já existem títulos de outras plataformas sendo portados também, como o Guitar Hero e Rayman Adventures, além de títulos exclusivos, como Manticore Rising. Falta de jogos não será um problema.
A Apple ganha alguns pontos ao oferecer suporte a controles de terceiros, algo que nenhum outro console de videogame atual oferece. Dessa forma, estúdios de games não ficam restritos aos comandos touch do Apple TV Remote – eles podem recomendar um controle diferente, embora provavelmente tenha que oferecer suporte ao controle padrão, já que é ele que vem na caixa.
Também vai ser interessante saber quais outros programas serão desenvolvidos para a Apple TV, já que essa é a primeira vez que a Apple abre essa plataforma para terceiros. De fato, durante a apresentação ontem, Tim Cook disse que “acreditamos que o futuro da TV são os aplicativos” e apresentou versões portadas do Airbnb
O suporte a games e outros aplicativos não é a única novidade. A Apple TV ainda tem uma interface renovada e suporte ao assistente virtual Siri, que está mais inteligente agora e pode ser acessado usando um microfone embutido no próprio controle. O assistente entende comandos como “Mostre apenas filmes animados” ou “Jogar Asphalt 8” ou até “Avance 2 minutos”. Esse tipo de comando, porém, está restrito a alguns serviços, como a própria biblioteca de filmes do iTunes e o Netflix, então aplicativos de terceiros não poderão tirar vantagem disso por enquanto.
Com a Apple TV não devemos esperar uma leva enorme de conteúdos exclusivos. E talvez por isso a Apple tenha dado bastante enfoque no suporte aos jogos – o fato de não ter conseguido fechar contratos a tempo com grandes estúdios e canais de TV para disponibilizar séries e filmes com exclusividade para sua nova plataforma não é algo que eles gostariam de destacar.
E é até possível argumentar que a Apple TV dá acesso ao Netflix, HBO, TED Talks, MLB e o YouTube, além do Vimeo, Crackle e até a biblioteca de músicas, filmes e podcasts do iTunes e esses serviços possuem entretenimento o bastante para não exigir um conteúdo exclusivo na plataforma. Mas num mundo em que Amazon Instant Video, Netflix e Hulu existem, quem tem conteúdo exclusivo ganha uma vantagem enorme.
Como um todo, a nova Apple TV não inova em design e traz pouca inovação em termos de funcionalidade. Ela ganha uma nova interface, claro, e a interação com o novo controle touch e o assistente virtual Siri fazem da set-top box algo bem intuitivo de usar. Mas no final das contas, é mesmo o conteúdo disponível para essa caixinha preta (seja ele exclusivo ou não) que vai determinar seu sucesso – ou a sua catastrófica falha.
A nova Apple TV será lançada em outubro deste ano, num dia ainda não determinado. Elas serão vendidos em modelos de 32 GB por US$ 149 e de 64 GB por US$ 199. Veja mais detalhes no site da Apple
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