“Você não é o produto”, garante nova rede social Ello
Com a promessa de não ter propaganda, a Ello ganha adeptos que não se adequaram às políticas do Facebook
Apesar do seu imenso e incontestável sucesso, arrebanhando mais de 1,32 bilhão de usuários ativos mensais, o Facebook ainda causa alguns incômodos. Um dos mais recentes é a regra de que é preciso usar seu nome real, igualzinho ao do documento, nos perfis da rede, política que incomodou especialmente pessoas que são conhecidas há anos por seus pseudônimos, como é o caso muitos artistas, drag queens e transgêneros.
Curiosa ou oportunamente, é nesse momento que acontece o boom da Ello, uma rede social que promete ser completamente livre de propaganda. Em um manifesto publicado no site, a Ello deixa claro o seu comprometimento de não fazer do usuário um produto.
“Quase todas as outras redes sociais funcionam com propaganda. Você é o produto que está sendo comprado e vendido”, provoca o manifesto da Ello. “Coletar e vender seus dados pessoais e mapear as suas conexões sociais visando o lucro é tanto assustador quanto antiético. Ao usar um serviço ‘grátis’, os usuários pagam o elevado preso de uma propaganda invasiva e da falta de privacidade”, completa o texto, instaurando um código de ética para a rede que garante ao usuário que ele estará livre de publicidade dentro da plataforma.
A rede também não faz exigências quanto à identidade dos usuários e se posiciona como uma ‘amiga da pornografia’. “Não temos nenhum problema com pornografia, mas com certeza não vamos autorizar bestialidades ou conteúdo pornográfico que incentive as pessoas a machucarem umas às outras, ou qualquer coisa que envolva crianças”, esclareceu Paul Budnitz, fundador da Ello, em entrevista ao BetaBeat.
Em um manifesto publicado no site, a Ello deixa claro o seu comprometimento de não fazer do usuário um produto.
Por enquanto, só quem tem um convite pode se cadastrar na Ello, o que tem causado um desespero pelo tal código que permite o acesso, a ponto deles estarem à venda no eBay. Ainda não tive a oportunidade de obter um convite para testar a ferramenta, mas o Rodrigo Ghedin, do Manual do Usuário, descreveu a rede como uma mistura entre Twitter e Tumblr, com interface bem simples e pouca semelhança com o Facebook.
Criada por um pequeno grupo de artistas e designers que se propõem a fugir dos modelos atuais baseados em propaganda, a Ello terá que apelar para novos formatos – a princípio, a intenção será cobrar de alguns usuários pela liberação de funcionalidades extra, que ainda estão para ser definidas.
Possivelmente alavancado pelo êxodo LGBT do Facebook e catalizado por um tuíte da famosa drag queen Ru Paul, o buzz sobre a Ello só cresce. No entanto, acredito ser um exagero, ao menos nesse momento, enxerga-la como o ‘novo Facebook’.
Boom, honey. @TOMofLA pic.twitter.com/jo3eS2SlED
— RuPaul (@RuPaul) September 24, 2014
Existem ainda muitas ‘pontas soltas’ na rede, como a ausência de controles de privacidade (as postagens são sempre públicas) e um sistema de marcação de conteúdo impróprio, mas ela tem sido recebida com alegria por parte do público, possivelmente como um bom refúgio para quem não se enquadra nas restritivas políticas do Facebook.
Com sua base de usuários dobrando a cada 3 ou 4 dias, a Ello não pode reclamar sobre a velocidade de adesão. Interessada especialmente em designers, artistas e criadores, a Ello promete para breve a chegada de aplicativos da rede, o que pode fomentar uma adoção ainda maior por parte dos usuários.
É cedo para tirar qualquer conclusão, mas é bom ficar de olho na Ello. Seria no mínimo irônico se uma rede que não exibe propaganda e não tem problemas com conteúdo explícito fosse capaz de desbancar gigantes como o Facebook e Twitter.
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