Tradutores são um desperdício de espaço…
Vídeo inscrito no concurso Spot the Translator mostra um ponto de vista diferente sobre o trabalho de traduzir livros
Você pode já ter ouvido os piores impropérios que existem para definir um tradutor literário, inclusive que eles são um “desperdício de espaço”. Pior ainda, você pode nunca ter ouvido falar nada sobre um tradutor literário, já que para algumas pessoas eles simplesmente não existem e os livros são “magicamente escritos em todos os idiomas de uma vez só”. Para tentar valorizar os profissionais deste segmento e torná-los mais “visíveis”, o Conselho Europeu das Associações de Tradutores Literários (CEATL) criou um concurso anual de curtas chamado Spot the Translator.
A ideia é que os participantes criem vídeos capazes de refletir a existência e a importância dos tradutores literários, seus desafios e o papel que cada um deles desempenha na literatura. Este ano, o grande vencedor será anunciado no próximo dia 16 – duas semanas antes do Dia Internacional da Tradução, celebrado em 30 de setembro -, mas independentemente do resultado, parece que um dos filmes já conquistou a atenção do público em geral.
Escrito e narrado por Erik Skuggevik, da Norwegian Association of Literary Translators, o vídeo Translators Are a Waste of Space
tem o mérito de “traduzir” perfeitamente a importância de um tradutor literário utilizando um único texto, que quando lido normalmente ofende os profissionais do segmento dizendo que “tradutores são um desperdício de espaço, se você me perguntar – imbecis linguísticos que pensam que é apenas uma forma de encantar os leitores que acham, contra todas as probabilidades, a literatura traduzida interessante”.
A narração segue assim até 1:30, quando o texto começa um scroll back e, utilizando as mesmas frases, o texto uma conclusão completamente diferente: “… estes são raros indivíduos que fazem a literatura traduzida interessante, que encontram contra todas as probabilidades uma maneira de encantar os leitores. São apenas os imbecis linguísticos que pensam que tradutores são um desperdício de espaço, se você me perguntar”. A tradução não fica tão bacana quanto o original, mas afinal, não sou uma tradutora profissional.
Eu admito que só me lembro do tradutor literário quando a tradução é ruim e eu não consigo seguir adiante com a leitura. No final das contas, acho que a grande genialidade de um tradutor está mesmo em se fazer invisível, praticamente recriando uma obra em outro idioma, mas de maneira tão perfeita que a gente nem lembra que ele existe.
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