O terror do YouTube
“Nasci e cresci na periferia da zona sul de São Paulo, em um dos tantos micro-bairros surgidos entre o asfalto de Interlagos e a lama do Grajaú, e mesmo tendo vendido minha alma ao rock no início da adolescência, nunca fui cego e muito menos surdo ao que acontecia à minha volta.”
Essa frase de um amigo meu é muito boa pra começar esse texto. Ele falava sobre o rap e o hiphop. Em tempos de excesso de conteúdo, informação e cultura como hoje, onde não conseguimos consumir tudo que gostaríamos (mesmo consumindo muito) e ainda ficamos sempre tentados a não ficar de fora sobre todos os assuntos, a moda e hypes ditados pelas redes sociais e pela TV, fica cada vez mais difícil não ser cego e surdo sobre o que acontece a nossa volta.
Talvez até por esse motivo a classe C virou pesquisa para empresas e agências. Porque muita gente demorou pra ouvir e olhar o que estava acontecendo ali, bem na cara, no meio dos seus seguidores e também no carro da frente.
Hoje eu estava pesquisando sobre o Kondzilla, produtor audiovisual e especialista em clipes de “funk ostentação”. Com 24 anos nas costas e uma 5D na mão ele ta colecionando milhares de views no youtube e chefiando a produção de videoclipes de artistas independentes da baixada, principalmente do funk. Sem comprar mídia.
Konrad Dantas, antes de qualquer coisa, subiu o sarrafo da galera que queria fazer um video “bombado” pro youtube. Trouxe qualidade, estética e junto disso os carros de luxo e as marcas “de patrão” para artistas independentes e grandes ídolos dentro do seu nicho de massa.
Fiquei curioso e puto por aparentemente chegar tarde. E mesmo também tendo vendido a alma pro rock, nessas horas eu não tenho nenhuma amarra cultural ou musical. Simplesmente quero ouvir o que acontece ao redor.
Se isso te interessar, comece com o documentário de 35 minutos – “Funk Ostentação – O filme”. Pra quem é cliente de segmentos como carros, bebidas e roupas eu diria que é uma obrigação conferir. Para quem é planejamento, também.
“é impossível falar de cultura sem falar de consumo” – Renato Meirelles, do Data Popular, logo no fim do documentário.
Funk Ostentação – O Filme (COMPLETO) from KondZilla on Vimeo
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