Quem me acompanha no Twitter sabe que chega final de mês eu desando a reclamar da praga das grandes empresas: a hora de preencher timesheet. Todo mundo devia preencher o seu no fim do dia, mas sinceramente quem curte? Fundamental para o financeiro, obrigatório no regulamento interno mas provavelmente a coisa menos produtiva e criativa feita dentro de uma agência de publicidade. (depois dessa o pessoal do administrativo me manda pastar)
Na volta do SxSW 2011 — que falou muito sobre a abordagem errada que o pessoal dava para a gamificação — achei que um bom alvo para um projeto de brincadeirização seria o timesheet da JWT. Joguei o desafio para o Gustavo Soares, que meses depois faria o badalado curso da Hyper Island e apertou o challenge accepted. Não queríamos comunicar “preencha seu timesheet” como é a abordagem padrão, fazer cartazes, um jingle, um personagem caricato, o Joãozinho Que Não Preenche Timesheet e também não queríamos um vídeo engraçado no YouTube. Queríamos construir alguma coisa útil para o consumidor final.
Como o consumidor final éramos nós mesmos apelamos forte e bolamos que o incentivo final da brincadeira era, rá!, cerveja grátis. Se todo mundo preencher o timesheet a cerveja está liberada, o que ainda traz um elemento viralizante para a história, já que se o seu colega do lado não preencher o timesheet ninguém bebe. (a geladeira também tem refrigerante e suco)
Junto com o pessoal da Casa (que estava desenvolvendo o novo software de timesheet do Grupo JWT e também criando soluções divertidas para a plataforma) partimos para montar uma geladeira com um cadeado conectado ao banco de dados de horas. A geladeira usa um microcontrolador de tecnologia nacional mais simples e completo do que o Arduino (já vem com placa de rede, por exemplo) para falar com o servidor. Colado nela temos um tablet Android Positivo (nosso cliente) onde todo mundo pode ver o percentual geral. Para não ter que usar o wifi corporativo ainda colocamos um roteador dentro do gabinete. Coloquei no Slideshare as fotos da geladeira sendo hackeada.
Toda sexta-feira de noite, no bar da Mário Amaral e do Campus Curitiba a geladeira verifica se está todo mundo em dia com o carnê do Baú. O resto é bebedeira e alegria. De repente preencher aquele treco chato virou algo divertido e assunto nos papos dos corredores e do almoço. Criamos algo útil e geramos uma conversa entre nossos consumidores, mesmo que os consumidores sejam nossos colegas de trabalho. Com tantos incentivos e pescotapas dos colegas chegados numa cerveja gratuita já bebemos por conta da chefia por 2 semanas.
Na prática este é o meu primeiro projeto creative technologist
de verdade, que serve para mostrar bem o espírito do cara que trabalha misturado com a criação na gênese da ideia e também traz uma visão diferente do tipo de coisa que pode ser feita. Espero que você leitor curta o projeto tanto quanto a gente curtiu fazer. E se não compartilhar este post com 7 amigos a Samara vai sair da geladeira da sua casa e te pegar.
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