SOPA: Começou a briga do século
Os tempos mudam depressa, as leis não. Agora parece que as indústrias da música e do cinema resolveram movimentar sua máquina de lobby na tentativa de nadar para a praia e não morrer afogadas. E você pensa: finalmente vão adaptar seu modelo de negócio para as demandas atuais. Não é bem assim.
Você já deve ter ouvido falar do SOPA (Stop Online Piracy Act – lei de combate à pirataria) que está em discussão nos EUA. As águas andam turbulentas para a indústria da criatividade há mais de 10 anos.
Sem entrar no mérito polêmico da propriedade intelectual, assunto muito mais complexo, vou me limitar a dizer que as empresas fortemente ancoradas na propriedade intelectual talvez tenham que levar em conta a mudança cultural que está se formando há um tempo considerável. Basta lembrar que a regulação da propriedade intelectual está fortemente ligada à propriedade industrial (no Brasil, feita pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Ou seja, são leis da época da Revolução Industrial, para proteger propriedade das indústrias.
É aí que se desenha o cenário inusitado. Antes, a movimentação era unilateral, as técnicas mercadológicas empurravam a demanda e forçavam benefícios da legislação com uma força incomparável – e restava aos cidadãos contestarem na mesma moeda, se quisessem, a Justiça. Agora, meu amigo, você pode entrar na jogada de várias novas maneiras, seja fazendo e vendendo seu produto, seja financiando seu desejo ou ajudando a criar uma onda para equilibrar o mercado.
A evolução da rede proporciona cada vez mais ferramentas para contrapor a movimentação de mercado das grandes empresas. E o mais interessante é que até algumas delas sentem a corrente mudar e tomam partido. A coisa começou a ficar séria.
Se as novas ferramentas usam a multidão, que usa o que está disponível na internet, seria o SOPA o primeiro golpe por parte das empresas no ganho de força dos consumidores?
No caso do SOPA, surgiu um contramovimento muito forte de usuários que não concordam com a lei, junto de várias empresas de peso, como Google, Paypal e Aol. E não é brincadeira não, segundo o The Next Web, o Go Daddy viu milhares de usuários questionarem a posição da empresa sobre legislação. Como app é pop, não demorou a surgir um que escaneia códigos de barras e lista os produtos de empresas que são a favor da lei, o Boycott SOPA.
Como os consumidores e as marcas vão lidar com essa transferência de poder? A briga vai ser boa.
Mas que fique claro: dizer que o mar não tá para peixe pra indústria da música e do cinema é muito diferente de dizer o mesmo da música e do cinema. Navegar é preciso.
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