O legado do exemplo
Olha só que engraçado. Este post teria uma abertura dedicada ao episódio do secretário da Lei Seca, que acabou ferindo alguns transeuntes depois de sair bêbado de uma festa.
Mas aí ele foi ficando no meu rascunho mental e algumas semana se passaram. Em seguida, teve o post do Saulo sobre recusar clientes, seguido do vídeo mais vendido da cidade sobre o dia dos mesmos, e resolvi mudar. Não o tema, mas a abertura. E ela seria mais ou menos assim. Lá menor, maestro.
Nos preocupamos cada vez mais com a esfera técnica do dia a a dia, com o instantâneo de nossa própria genialidade, com a ejaculação precoce de um mundo de ideias inacabadas. E consideramos isso a marca de nossa geração. Ou a marca da sua geração.
Mas quantos de nós investimos na constância de um legado construído pelo exemplo de nossas ações?
Acham que isso é coisa de velho? Nada. O centro avante do seu time de várzea já fazia isso. Ela apenas ia lá e jogava. E, com isso, inspirava. Não estava preocupado em inspirar ninguém, mas utilizava suas ferramentas para… ser feliz fazendo o que fazia de melhor.
Só se transmite pelo exemplo
Isso tem a ver com a própria natureza humana: só aprendemos lições duradouras através do exemplo. E precisamos de gente que nos exemplifique não só o que é certo ou errado; mas também aquilo que é bom e o que é ótimo.
Tenho percebido, e isso é apenas um registro empírico e opinativo, que armadilhas muito bem montadinhas (teorias conspiratórias no guichê 2, por favor) tem insistido em um formato que coloca pequenas realizações finitas como o supra sumo daquilo que se pode conseguir em uma existência.
Atualmente, este pequeno deus moderno se manifesta, por exemplo, sob a alcunha de “Geração Y”. (Perdoem-me a comparação mística, mas é que acabei de ler o Deuses Americanos ontem à noite!)
A “Geração Y” reclama. Ela só trabalha pensando na própria felicidade, não segue ordens, não aceita hierarquias. Eu já vi isso, e o nome era Tyler Durden acreditando-se mais real do que ele realmente era! A reclamar de um mundo que ele mesmo criou. Fim do spoiler.
Pouco se tem falado, contudo, para estes que chegam sobre o quão valioso é o fazer diário, monástico, gradativo e experencial que qualquer profissão exige. Sobretudo as criativas.
É até um imperativo biológico. Somos limitados pelo tempo e espaço, porque somos humanos. Por isso cidades fazem mais sentido do que países. Por isso estórias são mais sedutoras do que relatórios. A nossa dimensão sensorial dita o que é real.
Pouco se tem falado, contudo, para estes que chegam sobre o quão valioso é o fazer diário, monástico, gradativo e experencial que qualquer profissão exige. Sobretudo as criativas.
Então, só podemos superar esta barreira quando entendermos que podemos construir nosso legado a partir do exemplo.
O exemplo de se portar na vida, de não se corromper por quaisquer dinheiros, de ser feliz fazendo o que se gosta, de gostar apenas de quem você realmente entende por verdadeiro e por aí vai.
#FikaDika: cobre-se todos os dias pela construção de seu próprio legado.
Eu ligo o alerta quando percebo que poderia ter gerido melhor um ou outro projeto na produtora, quando não respeitei ou identifiquei um talento escondido de um redator tímido, quando desfiz parcerias porque simplesmente achava que não estavam me acompanhando. Como disse, é algo que se constrói todos os dias.
Ao final, tão rápido: 80 anos!, só o legado constrói a próxima geração e faz você viver para sempre.
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