Pais Rehab: Um estudo sobre os pais deste século
Às vésperas do fim de semana que abrigou o Dia dos Pais, recebi um vídeo da Limo Inc. sobre um estudo intitulado Pais Rehab, falando sobre o novo papel da paternidade nestes dias tão estranhos. Se você ainda não o assistiu, vale a pena conferir estas letrinhas até o fim, dar o play e se deliciar com as histórias contadas ali. Não que eu pretenda ser pai a curto (médio e longo) prazo, mas gostei do que vi.
Ok. E daí?
Achei que seria legal falar um pouco deste dito pai novo e a comunicação, que afinal é o que interessa por aqui, não é?
É costume direcionarmos a comunicação de diversos produtos do lar à mãe, porque pesquisas e mais pesquisas mostram que ela ainda toma as decisões sobre o que deve ter em casa para a família, uma vez que ela é genitora mais próxima da prole, enquanto o homem da casa tinha um papel mais focado em obter o sustento. Este modelo funcionou bem para explicar a família desde os tempos das cavernas, com raras exceções históricas. Mas neste novo cenário de empoderamento feminino e uma divisão mais igualitária dos deveres entre os pais, há uma relação nova entre pais e filhos que pode ser observada.
Segundo a pesquisa, que chegou uns dias depois, foram ouvidos 300 pais de diferentes idades, estados civis e classes sociais, além de especialistas (uma cientista social e demógrafa, três psicólogas e um escritor). Destaco aqui os principais insights:
– 87,5% dos pais sentem-se mais próximos de seus filhos do que a geração anterior. Há uma divisão mais igual a parte boa, que é participar mais ativamente da criação dos filhos, e da parte ruim, que é ter que conciliar de maneira hábil os papéis de pai, profissional e homem, uma culpa que antes só afetava as mães.
– O pai de hoje, aprendendo a ser um pai completamente diferente do que foi o avô ou o bisavô, torna-se mais flexível em relação ao que ensina ou deve ensinar para os filhos.
– Enquanto a figura paterna era um exemplo de respeito pela força que ela representa, o pai de hoje busca respeito dos filhos pelo diálogo, oferecendo mais caminhos para que os pequenos tomem decisões. Quase 80% deles afirmam que não pretendem restringir, por exemplo, a escolha profissional dos filhos. É, meu pai também não fez isso, mas fico pensando se eu deixaria meu filho seguir a mesma carreira que a minha… deixa para lá!
– Sucesso em outras moedas: tanta liberdade também se reflete em valores. Se o que importa não é exatamente tomar decisões que geram mais dinheiro em detrimento de um relacionamento saudável com a família e sim conciliar com a realização profissional e a felicidade dos filhos, o sucesso vendido aos pequenos é de que a felicidade não é exatamente comprada.
– O pai tem uma grande função no entretenimento dos filhos, sendo o grande provedor da brincadeira. É aquele que leva o filho para atividades fora de casa ou brinca com o filho dentro de casa.
Veja o documentário produzido a partir da pesquisa:
Por acaso, a TV passou aquele filme com a Nicole Kidman traduzido para Mulheres Perfeitas (The Stepford Wives), que fala de um pequeno vilarejo onde homens com posições profissionais inferiores às das mulheres literalmente reprogramam-nas com um quê de nanotecnologia e robótica, transformando-as em dondocas, donas de casa perfeitas que preparam a comida, falam de futilidades e cuidam dos filhos. Um cenário bastante absurdo, mas próximo ao conceito família-comercial-de-margarina, que até pouco tempo era o modelo de venda de produtos para casa.
Não que a comunicação de produtos mantenha-se igual ou que nossos marqueteiros não estejam considerando a revolução do conceito familiar (E nem começamos a falar de outros modelos de família). Mas confesso que ficaria surpreso se assistisse, hoje, a um comercial de sabão em pó ou máquina de lavar roupa mostrando algum benefício ao pai. É claro que as pesquisas vão sempre apontar para a mãe como decisora de compras da casa e de que a palavra de uma mãe tem forte influência na decisão masculina, mas com essa história de Internet, Mídia Social e possibilidades de comunicação a nichos cada vez menores, não teríamos espaço para eles?
Ainda mais se começarmos a ter devaneios sobre a família destes filhos do século XXI, em que meninos e meninas estão sendo criados vendo que pai e mãe têm papéis bem parecidos. Eu perderia algumas horas de brainstorm
pensando nisso =)
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