Barack Obama: O candidato presidente que mudou mais do que uma eleição
Hoje é dia de eleição nos Estados Unidos. Um dia que faz o mundo todo voltar a atenção para a escolha do presidente de um único país, porque sabemos que é mais do que isso. Trata-se de uma decisão que influenciará o futuro de muitas nações. Aquele papo clichê que você já está careca de ouvir.
Só que hoje também é o dia que marca o fim de uma pequena grande revolução na maneira de fazer campanha política. Mais do que isso, na maneira de fazer comunicação. Como disse Arianna Huffington no The Huffington Post, antes mesmo do resultado das eleições americanas já podemos declarar um vencedor: a internet.
Em 2000 e 2004, a internet já despontava como organismo essencial de uma disputa eleitoral, mas nada comparado com ao que aconteceu agora, em 2008. Sendo mais específico, ao que a campanha épica do candidato Barack Obama foi capaz de fazer no ambiente online e nas novas mídias em geral, ao mesmo tempo que influenciou permanentemente a linha que divide online e offline e atingiu a cultura pop.
E mais do que simplesmente anunciar, foi uma campanha que reescreveu as regras de como atingir os eleitores, arrecadar dinheiro, organizar voluntários, monitorar e moldar a opinião pública, além de lidar com ataques políticos, muitos deles feitos por blogs que nem existiam há quatro anos atrás.
Como diz matéria no NY Times, tratou-se de iniciativas guiadas pela tecnologia, focadas no microtarget, tão engajadoras que foram capazes de envolver americanos, que nem nunca tinham votado antes, no processo eleitoral, em especial o público jovem-adulto. O que no fim das contas vai significar um recorde de comparecimento às urnas.
É óbvio que a televisão e os jornais continuam desempenhando papel importante na escolha de um presidente, mas não como antes. Se transformou em uma via altamente influenciada pela internet, ao invés do contrário. E quando Obama veiculou um comercial de 30 minutos nas três maiores emissoras de TV americanas, o fez com dinheiro arrecadado na web.
Quando se fala em 120 mil seguidores no Twitter, um grupo no Facebook com 2.3 milhões de membros e 11 milhões de views em um vídeo no YouTube, os números parecem baixos se comparados ao alcance de uma mídia de massa, mas formam uma comunidade de pessoas que fazem diferença, que são altamente multiplicadoras e influenciadoras.
Essa comunicação feita de pessoa pra pessoa construiu uma gigantesca plataforma de conteúdo que independeu da vontade de grandes grupos de mídia. Mais do que isso, provou o poder da integração, da mensagem pulverizada nos mais diferentes meios.
Por outro lado, a televisão e os jornais aprenderam grandes lições com as possibilidades da internet, produzindo conteúdo exclusivo, aproveitando o que é gerado pelas pessoas e desenvolvendo ferramentas, mapas interativos, widgets eleitorais, etc.
Alguns exemplos: mapas da CNN, Yahoo, CQ, New York Times, Washington Post. Projeto Video Your Vote do YouTube. Twitter Vote Report. Twitter Election. Google 2008 U.S. Election.
São ferramentas que permitem analisar, compartilhar, agregar, categorizar, dissecar tudo quanto é tipo de informação sobre as eleições, que além de informar estimulam a participação do usuário. Aplicativos que não eram possíveis nas eleições passadas, e hoje são parte integrante das mídias sociais.
Enquanto isso, no Brasil, sofremos do contrário. Candidatos e veículos não podem utilizar a internet para construir uma campanha e engajar eleitores, demonstrando a falta de conhecimento do meio pelos órgãos da lei. Sobre o assunto, recomendo assistir os dois blocos do Braincast TV sobre marketing político, com os convidados Marcelo Tas e Soninha Francine: Parte 1 | Parte 2.
No mercado publicitário, já estamos há um bom tempo discutindo o novo cenário das mídias, a convergência da comunicação e a busca por uma mensagem cada vez mais integrada. A cada conversa percebemos que não existe uma receita, o caminho exato, existem tentativas e a coragem de arriscar.
Mas se existe um exemplo incontestável do que pode ser buscado daqui pra frente na comunicação das marcas, do que foi capaz de concretizar toda essa discussão que travamos há meses, anos, é o exemplo da campanha de Barack Obama. Portanto, acostume-se, você ainda vai ver muito esse case em apresentações e palestras daqui em diante.
Recapitulando posts sobre Obama aqui no blog:
* A campanha e design de Barack Obama
* Obama Mobile
* Obama lança aplicativo para iPhone
* Barack Obama veicula anúncios in-game em “Burnout: Paradise”
* Designers for Obama
* Wassup 2008
* Very best of Sarah Palin
| Créditos: Foto 1 por NyYankee. Foto 2 por Jonathan Purvis
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