Neo-Greens
Ser verde está na moda e, ainda bem, não tem nada a ver com cores de times de futebol. É o consumo ambientalmente responsável, que já há algum tempo ocupa nosso cotidiano com um bombardeio de informações proveniente de todos os lados.
Similar ao “arrastão” que a indústria do fast-food sofreu (e vem sofrendo) nos últimos anos, a questão da sustentabilidade ecológica ganhou força com discussões na mídia, engajamento de ongs, políticos e celebridades.
A cobrança da sociedade pela questão ambiental é cada vez maior. O aquecimento global e a emissão de gases poluentes são assuntos que ocupam as páginas dos jornais todos os dias e a procura por produtos reciclados e orgânicos só cresce, a exemplo do imenso sucesso da rede Whole Foods.
Em maio passado, a revista Vanity Fair dedicou uma edição inteira ao que chama de “uma nova revolução americana”. Com a chancela de celebridades “eco-friendly” e toda feita em papel reciclado, afirma que é um problema “mais grave que o terrorismo”. No mesmo mês, a Wired trouxe na capa a crise climática e o político símbolo dessa geração verde, Al Gore (que infelizmente declarou que não vai se candidatar novamente).
Al Gore, aliás, foi sucesso de crítica com o documentário “An Inconvenient Truth” dirigido por Davis Guggenheim, onde mostra as conseqüências da devastação ecológica e uma verdade que não interessa ao sistema político atual. [site oficial | veja trailer]
Nem é preciso dizer que o crescimento dos consumidores “neo-greens” está transformando a indústria permanentemente em diversos aspectos. Por razões óbvias, as mais atingidas são as gigantes automobilísticas, acusadas de contribuir diretamente para o aquecimento global.
É por isso que as fabricantes estão investindo cada vez mais em alternativas, como carros híbridos, para atender a essa nova demanda. O recente furor em torno de modelos como o Prius da Toyota provam isso, e tornou-se símbolo desse avanço tecnológico. Acontece que a ofensiva da sociedade é pesada, e querem mostrar que eles não estão sendo “generosos” com o planeta como parece
O recente documentário “Who Killed the Electric Car?” de Chris Paine, investiga a limitada adoção do carro elétrico pelo mercado, já que sua popularização seria prejudicial aos interesses da indústria de petróleo e dos governos das grandes potências mundiais. [site oficial | veja trailer]
A intenção de toda essa movimentação midíatica é conscientizar a sociedade, já que apenas uma mudança de comportamento das pessoas pode realmente causar profundas cicatrizes na indústria. É a chamada “revolução pessoal”, onde cada um pode mudar o mundo com pequenas atitudes.
Exemplo disso é a nova campanha do Greenpeace no Reino Unido, que alerta para o uso de utilitários esportivos, conhecidos como 4×4, em áreas urbanas. É uma categoria de veículos que faz sucesso atualmente e virou sonho de consumo dos emergentes.
O problema é que ao contrário do que exibem as lindas imagens dos comerciais, como montanhas geladas, rios e cenários árticos, esses utilitários esportivos são extremamente prejudiciais ao meio-ambiente, poluindo até 300% mais que um carro familiar comum.
E para mostrar que quem insiste em um usar um automóvel desses na cidade é um otário, o Greenpeace utilizou o mesmo padrão, linguagem e estilo das propagandas de carros: o cenário corporativo, com um executivo jovem saindo do ambiente urbano e ganhando a liberdade na natureza.
O filme satiriza a imagem aspiracional utilizada pelas fabricantes de automóveis para encorajar os motoristas a comprarem um 4×4. E pergunta: “O que o seu carro diz sobre você?”.
A proposta do Greenpeace é utilizar propaganda para confrontar a propaganda. E não dá para ter dúvidas de que isso funciona, como a GM experimentou com sua campanha viral para o Chevy Tahoe.
Assista o comercial abaixo ou acesse The City Gas Guzzler para ver as opções de download. A trilha do filme é “Stay Out Of Trouble” do Kings of Convenience.
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