“Bar Karma”, uma série sci-fi colaborativa comandada por Will Wright
O que é de verdade TV interativa? Talvez seja poder apenas gravar seus programas favoritos e pular comerciais, ou então poder acessar conteúdo extra através do controle remoto, votar em enquetes e integrar a programação com redes sociais – como um episódio da sua série favorita exibida com tweets – ou até mesmo um que pode ser assistido com um aplicativo de iPad como companheiro.
As tentativas de fazer você participar são muitas, mas Will Wright – o Jedi dos games, que definiu eras com criações como “Sim City” e “The Sims” – tem uma proposta mais complexa, mas também bem mais colaborativa: a série “Bar Karma”, que estréia amanhã na Current TV.
Em um bar intergalactico, William Sanderson (de “Deadwood”) interpreta um bartender de 20 mil anos de idade, que, mais do que servir o drink perfeito, muda o destino dos viajantes do tempo que cruzam a porta todos os dias. O dono do bar é o bilionário Doug Jones (Matthew Humphreys), que ganhou o misterioso lugar em uma aposta.
O programa é um experimento de entretenimento crowdsourcing, onde toda a história é criada por uma comunidade de fãs de ficção científica. Dessa forma, os roteiros escritos por não-profissionais são transformados em episódios de 30 minutos, produzidos por equipe e atores profissionais.
É o que Will Wright chama de TV interativa com atraso de algumas semanas. Ele mesmo desenvolveu uma ferramenta chamada Story Maker, em que os fãs de “Bar Karma” poderão criar conceitos e montar storyboards online. Os participantes votam então nas ideias e as mais populares entram na linha de produção.
A colaboração pode ser feita não só através do site, mas também com os aplicativos para iPhone, iPad e Android.
O primeiro episódio, chamado “Once Upon a Timeline”, foi escrito por um programador de Ohio, Jason Lee Holm. Nele, um homem preocupado que seu livro recém-lançado poderá causar o aquecimento global, pode mudar tudo depois de uma noite no Bar Karma.
A primeira temporada da série terá 12 episódios, e com ela Will Wright tentará provar que o poder da comunidade é capaz de produzir bom conteúdo televisivo. A premissa de seus games sempre foi essa, aliás, criando mecânicas que colocam todas as decisões na mão do jogador, desde a sua cidade no “Sim City”, seu personagem no “The Sims” ou criatura em “Spore”. God games na essência.
Acontece que agora é televisão, e isso mexe com o orgulho de muita gente e em uma engrenagem que funciona há décadas sem precisar que você, na sua casa, fique dando palpite. Se Wright tiver sucesso vai abrir ainda mais o campo de discussão sobre o culto do amador, e se não tiver também. Andrew Keen vai adorar.
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