O ingrediente secreto dos grandes sucessos

Lá estava eu, mergulhada nos holofotes do SXSW, quando algo me atingiu como um raio: todas essas  figuras incríveis compartilham um segredo não tão secreto — eles têm uma relação diferente com o  tempo. 

Parece fácil, né? Eles sobem no palco, compartilham suas conquistas, insights ou aquela pesquisa  revolucionária que parece ter saído de um filme de ficção científica. Mas a realidade? Passaram meses, anos, refinando suas ideias e projetos até chegarem lá, reconhecidos e brilhando nos maiores palcos do mundo. 

Esse raio veio durante uma palestra — na verdade, uma aula — sobre a vida de Charles e Ray Eames, apresentada por Eames Demetrios, que comanda o legado de design da família há mais de 35 anos. Entre meu encanto pelas criações do casal, que redefiniu a arquitetura e o design, ficou claro o tanto de rascunhos, protótipos e testes que precederam cada peça icônica. Anos de  experimentação para uma única cadeira perfeita! 

Eames Demetrios. Divulgação

E aí me peguei pensando. No corre da minha vida, quanto tempo realmente dedico para experimentar, errar, aprender e tentar de novo? 

Tudo sempre parece urgente: o próximo deadline, a próxima atividade das crianças, o próximo almoço social, o próximo brief. É como se eu estivesse sempre devendo, sempre atropelada pelo que vem a seguir; sempre em uma velocidade que parece aumentar a cada ano. Nesse atropelo, perco o real, o foco no que importa, no que ninguém (porque estão todos na mesma loucura) parou para olhar, digerir, refletir, refinar. Nesse mundo das sensações e do relativismo, a velocidade impulsiona a desconexão com o real. Quando foi que parei, sem me preocupar com o relógio, só para explorar novas maneiras de encarar um desafio, seja ele no trabalho, com a família ou nos estudos? 

Os verdadeiros gênios, percebi, não se deixam atropelar. Eles tomam o controle do tempo para  mergulhar e aprimorar suas criações até que elas se tornem dignas. E nós? Vivemos atropelados pelo dia a dia, sem parar para absorver essa lição valiosa que eles todos, silenciosamente, compartilham.

Decidi então dar um tempo para o tempo, buscar pausas conscientes em minha jornada acelerada. É um compromisso comigo mesma, um convite à profundidade em um mundo que valoriza a velocidade. E assim sigo, nesses últimos dias de SouthBy. ;)



➜ Acompanhe a cobertura B9, apresentada por Globo, do SXSW 2025 no canal b9.com.br/sxsw e no nosso Instagram.

Share
Publicador por
Carol Mello

Recent Posts

  • Criatividade

Quanto maior o sol, maior a sombra

A gente vem ao SXSW para ver o progresso — das tecnologias, das sociedades, do humano. E, na maior parte…

3 horas Atrás
  • Tech

Amor com robô: fim do mundo ou um novo mundo?

A ideia de se apaixonar por uma inteligência artificial ainda soa absurda para muita gente. Mas se rir dessa possibilidade…

3 horas Atrás
  • Criatividade

SXSW 2025: Brands on Social vs. Social Brands

Mais do que provar que marcas podem construir significado e diferenciação, Liquid Death e Duolingo se tornaram benchmarks de verdadeiras…

4 horas Atrás
  • Negócios

SXSW 2025: os sete segredos de Rohit Bhargava e a essência do marketing

Ouvir Rohit Bhargava é sempre uma oportunidade de aprender e pensar o mundo por outros ângulos. Fundador da Non-Obvious Company,…

4 horas Atrás
  • Criatividade
  • Tech

“O modelo não lê sua mente”: 5 dicas de especialistas para usar IAs como um profissional

Os grandes modelos de linguagem (LLMs) como ChatGPT e Claude estão por toda parte - nos telefones, computadores e dispositivos…

5 horas Atrás
  • Criatividade

SXSW 2025: A revolução do vídeo na era da IA

O vídeo domina a internet: 82% de todo o tráfego global é audiovisual. Mas, segundo Phillip Moyer, CEO do Vimeo,…

22 horas Atrás