A grande redenção dos vírus
Peguei o título deste artigo emprestado de uma palestra que vi hoje de manhã – porque achei ele mais do que apropriado pra falar de um tema que certamente vai mudar nossas vidas e as das gerações futuras. O crédito é todo da doutora Nicole Paulk, CEO e fundadora da Siren Labs, uma das muitas empresas da iniciativa privada trabalhando com terapias genéticas por aqui.
Nicole usou esta frase para começar uma ótima conversa sobre o novo papel dos vírus no futuro da humanidade. Até pouco tempo atrás, eles estavam relacionados necessariamente a doenças e à morte (o virus do Sarampo já matou 300 milhões de pessoas no mundo e o do resfriado, 100 milhões), mas isso vai mudar rapidamente agora – porque nos últimos 30 anos, as descobertas científicas sobre os virus serem excelentes “entregadores de material genético” tornaram possível a edição genética. Eu já vi bastante coisa sobre o tema aqui, desde o keynote de Jennifer Doudna em 2017, e as promessas sempre foram interessantíssimas. Mas, neste ano, entendi que a edição genética finalmente está se tornando viável em escala.
Nicole contou que já existem terapias genéticas aprovadas pelo FDA para tipos específicos de cegueira congênita, síndromes como a atrofia muscular espinhal, e para o Parkinson. Terapias que podem ser acessadas hoje (sim, a um custo muito alto). Mas mais importante do que as que já estão aprovadas foi ver o mapa feito pelo Wells Fargo de todas as iniciativas existentes em todas as suas fases (exploratórias, testes clínicos, em fase de aprovação e aprovadas pelo FDA). Veja com os seus olhos e me conte se você não está tão espantado quanto eu.
E o espanto não para por aí: Ben Lamm, da Colossal Technologies, retornou ao SXSW no maior palco do festival pra contar o que sua empresa – que ele define como uma companhia de software biológico – ambiciona para o futuro.
Eles revelaram nesta semana o “wooly mouse” – um ratinho de laboratório que tem os pelos de um mamute. Ele é o primeiro passo na direção da desextinção do mamute (animal extinto há 4 mil anos). Depois do mamute, eles pretendem desextinguir o pássaro dodo e o Thylaceno ou Tigre da Tasmânia.
Se isso já parece ambicioso o suficiente (a ponto da gente suspeitar se é realmente viável), as outras coisas que Ben vê acontecendo nos próximos 20 anos em função da pesquisa genética são ainda mais poderosas:
- A extinção de seres vivos que nos prejudicam e a desextinção de diversos outros espécimes.
- A erradicação de 90% das doenças graves – incluindo obesidade e diabetes e uma vacina para o câncer (em aproximadamente 15 anos).
- Desenvolver luz orgânica a partir de bio-organismos luminosos. E muito mais.
Assistir estas duas palestras ontem e hoje tornou tangível para mim uma das previsões de Amy Webb: os humanos terão total domínio sobre a vida e a natureza.
Estaríamos tomando para a humanidade o poder do divino?
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