O impacto do K-Content e a tecnologia no futuro do entretenimento

A influência da cultura coreana no entretenimento global é inegável, e o painel “Storytelling with Impact: How K-Content and Technology Shape the Future of Entertainment” no SXSW 2025 trouxe uma visão profunda sobre como inovação tecnológica e narrativa caminham juntas para moldar o futuro do setor. Dividido em duas sessões, o painel reuniu especialistas e empreendedores que estão redefinindo a forma como consumimos e interagimos com o conteúdo de entretenimento.

Primeira Sessão: A fusão entre tecnologia e storytelling

A primeira parte do painel contou com a presença de Ellie Lee, CMO da Apoc, e Sylvia Yang, representante do Brush Theater. Ambas compartilharam como suas empresas utilizam tecnologia para transformar a experiência do público.

A Apoc é uma plataforma que permite a criação e compartilhamento de conteúdos interativos sem necessidade de conhecimento em programação. Ellie destacou que a inovação está na simplicidade: qualquer pessoa pode criar experiências envolventes que conectam histórias e público de forma mais imersiva. O impacto disso pode ser visto na maneira como empresas como a SM Entertainment utilizam essas ferramentas para criar experiências interativas em eventos de K-Pop, ampliando o engajamento dos fãs.

Já o Brush Theater aposta na fusão entre teatro e tecnologia. Sylvia apresentou exemplos de espetáculos que integram XR para tornar o público parte ativa da narrativa, criando experiências teatrais mais imersivas e memoráveis. O exemplo do concerto do BLACKPINK, que utilizou avatares em realidade aumentada para interação com o público, foi citado como um marco dessa tendência.

Divulgação Blackpink

Além disso, ambas destacaram que a personalização e a acessibilidade são tendências que vêm moldando o mercado global, permitindo que histórias sejam adaptadas a diferentes culturas e públicos com maior eficiência.

Segunda Sessão: Monetização e desafios éticos da IA no entretenimento

A segunda parte do painel trouxe um olhar sobre como a inteligência artificial está transformando a produção e o consumo de conteúdo, com participações de YoungBeom Jeong, fundador do BEAM Studio, e Michael Hwang, CEO da DATUMO.

Beom explicou como sua empresa está revolucionando a criação de avatares digitais para a indústria do entretenimento. Ele apresentou casos de uso como a recriação digital de artistas falecidos e o rejuvenescimento de atores para cenas específicas. Entre os exemplos, destacou a recriação de um jovem Jackie Chan e a reintrodução de um apresentador icônico da TV coreana.

Michael, por sua vez, abordou o impacto da IA na personalização do entretenimento, permitindo que consumidores interajam com personagens e gerem conteúdos exclusivos. Ele destacou como sua empresa criou um sistema de IA que permite a personalização de mensagens em vídeos para crianças, trazendo personagens favoritos à vida de maneira interativa.

Ambos discutiram os dilemas éticos desse avanço, como o consentimento para recriação de avatares digitais e os desafios da regulamentação desse tipo de tecnologia. O equilíbrio entre inovação e responsabilidade foi um ponto central da conversa, especialmente quando se trata da confiança do público e do respeito à privacidade dos indivíduos.

O que podemos aprender com o K-Content?

O painel concluiu que a indústria global pode aprender muito com o modelo coreano de entretenimento. Além da capacidade de integrar tecnologia e storytelling, o K-Content se destaca pelo foco na fidelização do público. Algumas lições-chave incluem:

  • Fan engagement contínuo: A experiência do fã vai além do conteúdo audiovisual e se estende para eventos, produtos e interações digitais personalizadas.
  • Monetização criativa: O K-Content criou um ecossistema onde os fãs estão dispostos a investir em experiências e produtos exclusivos.
  • Localização como estratégia global: A adaptação de conteúdo para diferentes mercados, seja por meio de legendas, dublagens ou até ajustes na narrativa, é essencial para o alcance internacional.

No fim, ficou claro que o futuro do entretenimento não está apenas na adoção de novas tecnologias, mas na forma como elas são usadas para contar histórias que ressoam com o público. O K-Content segue na vanguarda desse movimento, provando que inovação e emoção podem — e devem — andar juntas.



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Publicador por
Juliana Wallauer @jwallauer

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