Requisito para o futuro: um glossário saudável
Novos conceitos para enriquecer nosso vocabulário sobre saúde mental, emocional e social
Um novo vocabulário é algo que a gente usualmente aprende junto com um novo idioma. E guardadas as proporções, se você escolhe seu lineup com bastante critério aqui em Austin, a sensação que se tem é bem essa: a de estar aprendendo idiomas (no plural) e vocabulário novos.
Neste ano, meu lineup me levou pra uma série de conversas sobre saúde—mental, emocional, social—e longevidade. E como tudo aqui de alguma forma transborda um pouquinho em relação ao previsto, estou na metade do terceiro dia do festival e já me sinto proprietária de um mini-dicionário pra lá de interessante.
Vou começar com dois verbetes que tem etimologia similar: “Metabolismo Intelectual“, de Peter Attia, médico especializado em longevidade, e “Soberania Cognitiva“, da já conhecida Brené Brown. Apesar de terem significados distintos, ambos partem da premissa de que devemos ser mais cuidadosos ao selecionar o que lemos, assistimos, ouvimos. Attia usa a analogia do metabolismo pra dizer que, a exemplo do metabolismo físico, se a gente escolhe ingerir os conteúdos errados, sofre. Brené vai além: para ela, momentos de soberania cognitiva (aquele estado em que a gente se sente no absoluto e pleno controle do que pensa) são raríssimos. Ela só se lembra de dois na vida: quando se desintoxicou do álcool (ela está sóbria há 28 anos!) e das redes sociais. Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Ela também falou sobre a “ressaca da vulnerabilidade” – o day after de você ter aquele momento de oversharing com alguém e não saber exatamente como aquela pessoa vai te tratar no dia seguinte. E sobre a “cupula de abajur emocional“, que eu interpretei como a máscara que a gente coloca quando sente que não pode ou não deve demonstrar o que sente.
Attia me ensinou que todos teremos o que ele chama de nossa “década marginal“, o nome que ele dá aos nossos 10 últimos anos de vida. E que a gente precisa se preparar pra ela pra que possa vivê-la com a maior qualidade possível. Fazer isso passa por lidar com aspectos físicos, mentais, e relacionais (olha lá a importância dos relacionamentos de novo!). Ele também deixou claro que é muito mais simples do que parece e não precisa de nenhum wearable miraculoso: gerenciar alimentação, exercício e sono resolvem a maior parte da preparação física.
Do ponto de vista emocional e mental, tenho uma dica para você: acesse futureyou.media.mit.ed e converse com você mesmo no futuro. Sim, pesquisadores do MIT, Harvard e UCLA juntos construiram uma plataforma que cria seu “gêmeo digital” e te faz conversar com ele no futuro. Parece loucura, eu sei, mas o projeto reporta que os usuários da plataforma tem sua ansiedade reduzida por se verem melhor do que esperavam.
Terminei meu novo vocabulário com “identidade narrativa“, um campo da psicologia que estuda como as pessoas contam a história de sua vida para estabelecer suas identidades.
Vou ali pensar na minha e já volto!
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