Beleza e longevidade: as tendências que vão moldar o futuro
O aumento da expectativa de vida traz desafios reais e inéditos
Quanto tempo você espera viver? E, mais importante, como espera viver esse tempo? No SXSW 2025, a WGSN apresentou o relatório Beauty 2030, revelando quatro grandes tendências que vão redefinir a longevidade e o mercado da beleza na próxima década. A pesquisa destaca que viver mais não é suficiente – queremos viver melhor. Mas o que isso significa na prática?
A economia da longevidade e o impacto do envelhecimento
Se a população mundial está envelhecendo, o que isso significa para a economia? O estudo apresentado mostrou que o mercado da grey economy—consumidores acima dos 50 anos—movimenta trilhões de dólares globalmente e cresce a cada ano. No entanto, essa parcela da população continua sendo ignorada por muitas marcas. “Apenas 1% das mulheres em anúncios no Reino Unido tem mais de 50 anos, e isso precisa mudar”, apontaram as palestrantes.
Mas longevidade não significa apenas mais anos de vida. O aumento da expectativa de vida traz desafios reais: mais pessoas vivendo com deficiências e condições de saúde que exigem novas soluções de bem-estar e acessibilidade. Esse cenário cria oportunidades para inovação na indústria da beleza e além dela, desde produtos pensados para diferentes fases da vida até ambientes mais inclusivos para consumidores de todas as idades.
A surpresa: viveremos mais à noite?
O que acontece quando o planeta esquenta a ponto de mudar nossa rotina diária? A pesquisa aponta que, com o aumento das temperaturas globais, teremos que reorganizar nossos horários para evitar os períodos mais quentes do dia. Isso significa que atividades como trabalho, exercícios e lazer vão, cada vez mais, acontecer à noite.
Esse fenômeno, chamado nocturnal living, já acontece em países extremamente quentes e deve se tornar um padrão global. E o impacto na beleza? Produtos precisarão ser reformulados para acompanhar esse novo ciclo biológico, desde filtros solares que protejam contra a luz azul até maquiagens e cosméticos que se adaptem a rotinas noturnas. Oportunidade ou desafio? As marcas que se anteciparem a essa transformação sairão na frente.
Grupo Boticário: mais do que discurso, ação
Se muitas marcas falam sobre inclusão etária e acessibilidade sem trazer mudanças concretas, o Grupo Boticário mostrou que é possível liderar essa conversa com iniciativas reais. A empresa tem apostado em um programa estruturado para promover diversidade na força de trabalho e ampliar o impacto positivo da beleza.
- Inclusão no ambiente de trabalho: aumento de 25% no número de funcionários com mais de 45 anos e certificação como uma empresa “age-friendly”.
- Capacitação: treinamentos para mais de 2.000 mulheres 45+ para ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho.
- Representatividade na publicidade: criação de um banco de imagens gratuito com milhares de fotos de mulheres de diferentes idades, incentivando uma representação mais realista na publicidade.
- Produtos para diferentes fases da vida: desenvolvimento de cosméticos específicos para menopausa, ciclo menstrual e outros momentos da vida da mulher.
Essas ações fortalecem a credibilidade da marca e mostram que longevidade não é apenas um nicho, mas o futuro do consumo.
Projeto Extinto: a urgência de proteger a biodiversidade
Se não preservarmos a natureza, o que vamos perder além de espécies? O Grupo Boticário também apresentou o Projeto Extinto, um manifesto impactante que recria os cheiros de flores que já desapareceram para sempre.
Usando tecnologia para capturar e sintetizar moléculas aromáticas de plantas extintas, o projeto não apenas resgata memórias olfativas, mas lança um alerta sobre o impacto da destruição ambiental. Em parceria com o Google, a iniciativa mapeou mais de 10.000 pontos de reciclagem no Brasil, tornando-se a maior ação do tipo no país. O impacto? Um chamado direto para mudar hábitos de consumo e reforçar a urgência da sustentabilidade na indústria da beleza.
O corpo feminino como objeto de pesquisa
A ciência sempre dedicou mais esforços a estudar disfunção erétil do que as dores menstruais. Esse é apenas um exemplo do enorme desequilíbrio na pesquisa sobre a saúde da mulher. Para mudar essa realidade, o Grupo Boticário lançou o Centro de Estudos do Corpo Feminino, uma iniciativa inédita focada em entender os ciclos femininos e desenvolver soluções inovadoras para o bem-estar das mulheres.
- Dados que impressionam: até dez anos atrás, havia seis vezes mais pesquisas sobre disfunção erétil do que sobre endometriose.
- O propósito: tornar-se um centro global de referência para pesquisa e inovação em saúde e beleza feminina.
- A ação: parceria com o Hospital Albert Einstein para aprofundar estudos sobre o impacto das fases hormonais na pele, no cabelo e no bem-estar geral das mulheres.
Se antes a indústria da beleza tratava as mulheres como consumidoras, agora há um movimento para entendê-las como seres complexos, com necessidades diversas ao longo da vida.
O futuro da longevidade já começou
O SXSW 2025 deixou claro: longevidade não é apenas um conceito abstrato, mas um conjunto de mudanças concretas que vão impactar todas as áreas da vida. Das novas demandas da grey economy ao impacto do aquecimento global em nossas rotinas, passando pela necessidade de representatividade e pesquisa voltada para as mulheres, estamos entrando em uma nova era da beleza e do bem-estar.
A pergunta que fica é: estamos preparados para viver mais—e melhor?
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