Os relacionamentos são o futuro e o futuro é feito de relacionamentos
A tecnologia precisa ampliar o valor e a escala das conexões humanas
A gente vem pro SXSW esperando ver futuro e tecnologia—e aí, no melhor estilo do festival, as energias que controlam o nosso lineup nos viram pra um outro lado. O resultado: a gente toma uma invertida e enxerga outra coisa—inesperada e diferente.
Neste primeiro dia, a pauta do festival (ou melhor, a minha pauta do festival) gravitou um pouco por acaso e um pouco por vontade própria em torno da importância dos relacionamentos.
Kasley Killam abriu o festival falando sobre “saúde relacional”, minha tradução livre da expressão “social health” no idioma original. Ela trouxe dados impactantes sobre o poder dos relacionamentos nas nossas vidas, pro bem e pro mal:
- Um estudo mencionado por ela comprovou que pessoas que tem melhores amigos no trabalho são 7 vezes mais produtivas do que as demais;
- Outro estudo constatou que homens e mulheres que não têm relacionamentos e/ou conexões sociais tinham de 2 a 3 vezes mais chances de morrer na pandemia.
Assim como Esther Perel fez no ano passado, Kasley falou sobre como a tecnologia tem nos trazido uma “conexão desconectada”, e que o papel da tecnologia deveria ser justamente o oposto—ampliar o valor e a escala das conexões humanas (há quem diga que as redes sociais nasceram pra isso, #sqn).
Curiosamente, depois de Kasley quem subiu no palco do festival foi a MIT Technology Review—publicação bimestral da universidade homônima—para falar das 10 tecnologias que vão gerar grandes mudanças em 2025. Sabem qual foi o tema da última edição da revista? Relacionamentos.
A carta do editor desta edição fala como a tecnologia forja relacionamentos e como os relacionamentos dão forma à tecnologia—não importa sua natureza. Podem ser entre pessoas e pessoas, entre pessoas e empresas, pessoas e máquinas.
Não é à toa que uma publicação tecnológica trouxe este assunto para a sua capa: a simbiose entre relacionamentos e tecnologia é cada vez mais visível (e perigosa). Tanto pela questão da “conexão desconectada” quanto pelo fato de que cada vez mais a gente usa tecnologia pra se relacionar.
Do zap aos apps de namoro, as implicações destas ligações perigosas passam pelos nossos dados e privacidade—assunto que foi pauta de conversa aqui entre Guy Kawasaki e Meredith Wittaker, CEO de um app de mensageria chamado Signal.
O Signal é um app desenvolvido sem fins lucrativos e sua CEO diz que ele não ter um modelo de negócio é peça fundamental para que ele permaneça assim, sem coletar nenhum dado de nenhum usuário.
Ele tem criptografia em diversas camadas para que nunca, jamais, em tempo algum aquela conversa em que você falou coisas não exatamente legais sobre aquela pessoa próxima possa ser acessada por alguém. Ou para que ninguém consiga acessar seus dados pessoais através de um “backdoor”, seja do governo, da empresa onde você trabalha, ou de alguém mal-intencionado mesmo.
Pimenta no backdoor dos outros nem sempre é refresco. Fiquemos atentos.
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