Largo da Batata Ruffles gera debate sobre privatização de espaços públicos e os limites do naming rights
Marca vai revitalizar praça em São Paulo por dois anos, mas tentativa de rebatizar local provoca críticas nas redes
[ATUALIZAÇÃO] A Prefeitura de São Paulo invalidou nesta sexta (13) a parceria que transformaria o Largo da Batata em “Largo da Batata Ruffles”. O acordo, que previa investimentos de R$ 1,1 milhão em troca do naming rights por dois anos, será reanalisado. A Comissão de Proteção à Paisagem Urbana não foi consultada sobre o acordo, que foi questionado por urbanistas pelo baixo valor e uso inadequado do espaço público.
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A PepsiCo anunciou que vai revitalizar o Largo da Batata, em São Paulo, mas a tentativa de renomear o espaço histórico gerou reação negativa nas redes sociais.
POR QUE IMPORTA: O caso levanta debate sobre limites entre público e privado, enquanto marcas buscam associar seus nomes a espaços culturais da cidade. Esse tipo de controvérsia não é novidade na cidade. Já aconteceu na ocasião do naming rights do estádio do Morumbi pela Lacta e nomes de marcas em estações do metrô.
RAIO-X DO LARGO DA BATATA RUFFLES:
- Duração: 2 anos
- Inclui reforma do calçadão e jardins
- Nova academia ao ar livre
- Pista de skate e parquinho
- Arte do grafiteiro Negritoo
- Wi-Fi público e coleta seletiva
- Duração: 2 anos
- Agência: Ampfy/Bakery
- Execução: Farah Service
↳ Obras começam em dezembro de 2024
ENTRE LINHAS: A ideia surgiu após comentário viral de turista que dizia “não tinha uma batata sequer quando passamos por lá”, mas a brincadeira acabou gerando discussão séria. Enquanto a marca fala em “conexão genuína” e “espaço multicultural”, críticos apontam justamente a falta de diálogo com a comunidade local e o desrespeito à herança cultural do Largo.
O QUE DIZEM OS CRÍTICOS:
- Falta de consulta à população local
- Confusão entre esfera pública e privada
- Desrespeito à história cultural do bairro
- Ausência de planejamento a longo prazo
🏢 VOZ DA EMPRESA: “A revitalização do Largo da Batata foi a forma que encontramos de traduzir isso de forma verdadeira e conectada ao nosso público alvo, afinal, a região reúne grupos com diversos interesses, com idades variadas. Para Ruffles, o apoio à região vai possibilitar uma conexão genuína com o consumidor final, além de reforçar que o espaço é multicultural”, diz Simone Simões, diretora de Marketing da PepsiCo Brasil.
ZOOM OUT: O Largo da Batata tem forte ligação com a cultura nordestina em São Paulo, tendo abrigado historicamente botequins, casas de forró e terreiros de umbanda.
REAÇÃO NAS REDES: A repercussão tem sido principalmente negativa em redes como Bluesky e LinkedIn, por exemplo, questionando os reais benefícios do projeto e o desgaste de imagem causado pela tentativa de renomear um espaço histórico.
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