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Hit The Road Jack

por Carlos Merigo

Quando faltam idéias originais, Hollywood costuma recorrer as biografias. Tivemos uma batelada de cine-biografias nos últimos anos, e teremos ainda mais daqui pra frente. Três dos cinco longas indicados a Melhor Filme no Oscar, são baseados na vida de alguém.

“Em Busca da Terra do Nunca” conta a história de James Matthew Barrie e sua amizade com uma família que o inspirou a escrever Peter Pan. “O Aviador” traz a visão de Martin Scorcese sobre o excêntrico milionário Howard Hughes. E finalmente “Ray”, que conta a vida de uma das figuras mais importantes para a música no século XX: Ray Charles.

Cine-biografias geralmente causam polêmica. Muitos acusam de mudarem a história ou modificarem fatos importantes da vida da personalidade retratada. Vide “Alexandre” de Oliver Stone, alvo de críticas por não ser tão fiel a história quanto deveria ser.

Porém, o que muita gente não leva em consideração, é que filmar uma biografia nada mais é do que a visão do diretor sobre determinada persona, o modo como ele acredita que o biografado deveria ser retratado. Mas isso não poderemos dizer de “Ray”, já que o filme de Taylor Hackford, o mesmo diretor de “O Advogado do Diabo”, é como uma biografia oficial de Ray Charles.

O músico ainda era vivo quando o filme estava sendo produzido e participou ativamente dele, não apenas como co-produtor, mas dando toda a assessoria possível e, claro, modificando a história a sua vontade. Ou seja, o biografado deu suas versões dos fatos e endossou o que aparece na tela.

Talvez isso explique o fato de que “Ray” ignore algumas passagens da vida de Ray Charles, como seu primeiro casamento, por exemplo. Mas de qualquer forma, cortes são necessários ao se fazer uma biografia, tanto para dar ênfase aos fatos mais relevantes como para se criar uma narrativa dramática o suficiente, caso contrário, o filme se tornaria um documentário.

“Ray” foi eficiente nesse aspecto. Apesar de nunca sair do convencional, o filme consegue fisgar o espectador ao mostrar a relação do pequeno Ray com sua mãe e contar a ascensão do jovem negro e cego ao estrelato e posto de gênio da música.

Ao invés de cronologicamente, a infância do músico é mostrada com flash-backs que pontuam a história em diversos momentos, o que felizmente torna o drama mais dinâmico. E essas são algumas das melhores cenas do filme, mostrando a morte do irmão caçula de Ray e a educação dada por sua mãe para tornar o filho independente.

São passagens emocionantes, essenciais para observarmos a força da mãe de família, que mesmo vivendo na pobreza e enfrentando a morte de um filho e a doença que cegou o outro, soube lutar e educar muito bem. E também, claro, o ponto inicial que deu a Ray condições de se tornar o que tornou.

Também ficam claras todas as adversidades sofridas por Ray. Em época de segregação racial, um negro e deficiente visual parecia ter tudo para se tornar dependente dos outros e completamente entregue aos preconceitos. Porém, sua extrema acuidade musical lhe abriu as portas.

O filme é perfeito ao retratar a forma como a carreira de Ray dá um salto. A músicas escolhidas para isso não poderiam ser melhores e tornam, como todos esperam, o filme muito musical. A genialidade de Ray durante o improviso na composição de suas músicas, a forma como ele era ligado em novas tecnologias e estava sempre aberto a experimentar os mais recentes equipamentos, e sua luta contra o racismo também estão lá.

Taylor Hackford não hesita em mostrar o envolvimento do músico com as drogas e sua relação com diversas mulheres, o que acabava minando sua vida familiar. Também fica clara a capacidade de Ray de negociar, mudando de gravadora e preocupado em fazer seu dinheiro render, mesmo considerando estar como uma família na Atlantic Records.

Mas, como eu disse alguns parágrafos acima, “Ray” é de forma geral um filme convencional. E talvez por isso seria apenas mais um e eu não teria gostado tanto se não fosse por um simples motivo: Jamie Foxx.

O cara, que em Colateral já tinha mandado muito bem, faz uma interpretação mediúnica. Quando olhamos para ele em cena, não estamos vendo um ator, e sim o Ray Charles em pessoa. Todos os trejeitos, modo de falar, de tocar. Foxx representa tudo de forma minimalista. E é por causa dele que “Ray” se torna um filme grandioso e emocionante.

Sua atuação é que dá o sentimento necessário a história e faz com que “Ray” seja uma biografia poderosa, um retrato revigorante de Ray Charles. Eu poderia dizer que apenas as músicas já seriam motivo suficiente para ir ao cinema, que a história do mito já é interessante o bastante, que o drama de sua infância é emocionante, porém, é Jamie Foxx que faz valer o preço do ingresso.

É uma pena que o diretor quebre um pouco o encanto ao mostrar Jamie sem a maquiagem que o deixa cego, e faz Ray enxergar em uma de suas alucinações com a droga. Cena completamente dispensável.

De qualquer maneira, se ele não levar o Oscar de Melhor Ator, podendo perder para Leonardo Dicaprio, será uma das maiores injustiças que a academia já cometeu em todos os seus 77 anos de existência. Só para lembrar, além dessa, “Ray” tem outras 5 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor, Figurino, Edição e Mixagem de Som.

Além de suas qualidades como filme, também gosto de citar outra grande eficiência de “Ray”: Fazer muitos redescobrirem a obra desse grande gênio da música e ainda mostrá-la para as novas gerações, tão entediadas com lixos despejados por boys bands, estrelas “virgens” e bandinhas da moda.

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