SXSW 2024 – Humano e Artificial: os desafios de manter a mente sã
Nem só de tecnologia vive o homem
O SXSW 2024 terminou há pouco, mas já podemos dizer que, para quem acompanhou in loco ou de modo virtual, existe de forma clara um antes e depois. Isso porque, além de discutir as principais tendências que eram aguardadas, como inteligência artificial, energia e realidade aumentada, o evento abriu portas e mentes de maneira enfática sobre a importância da saúde mental. Sobre o assunto, vimos papos que destacaram a promessa dos psicodélicos, o bem-estar no mundo corporativo e até grandes figuras públicas, como Selena Gomez e Meghan Markle, compartilhando suas histórias pessoais com ênfase no tema.
Foi um marco perceber que estamos no início de uma nova geração, guiada por novas diretrizes — chamada por Amy Webb de geração de transição. Ficou nítida toda a preocupação com o tema da saúde mental e como a evolução tecnológica precisa estar alinhada com o equilíbrio da mente humana. Em diversas oportunidades, foi abordado como as empresas podem e devem criar ações a fim de promover o bem-estar aos seus colaboradores. E, como essas ações estão associadas a lucratividade das empresas. A doutora Laurie Santos, professora de psicologia da Yale University e responsável pelo famoso curso The Science of Well Being, trouxe dados importantes da correlação de bem-estar e lucratividade de uma pesquisa da Indeed. Eles criaram um índice das 100 empresas que tem mais wellbeing e compararam com S&P 500, Dow Jones e Nasdaq, demonstrando ter resultados melhores.
Um dos momentos mais marcantes do evento foi o painel “Mindfulness Over Perfection: Getting Real On Mental Health”, conduzido pela psicóloga Jessica Stern e pelo psicoterapeuta Corey Yeager, que contou com a presença de personalidades como Solomon Thomas e Selena Gomez; além de Mandy Teefey, mãe de Gomez e co-fundadora da Wondermind, plataforma multimídia focada em saúde mental.
No painel, Gomez compartilhou sua experiência quando passou por momentos difíceis. Ela ressaltou a importância de quem está de fora entender e respeitar o tempo de cada pessoa em relação à escuta e à ajuda.
Em outro momento lembrou que, quando assumiu que podia ter crises de ansiedade e dias ruins, outras pessoas começaram a dividir esses problemas e foi onde se encontrou: “Senti que valia me expor por esses depoimentos”, destacou.
Solomon, jogador de futebol americano, que ao fim de sua primeira temporada na NFL perdeu sua irmã Ella para a depressão, compartilhou seus momentos de desafios e como soube que precisava ajudar outras pessoas: “Minha vida parecia perfeita no papel: sucesso, dinheiro, mas por dentro eu estava morrendo. Minha mãe me incentivou a dividir meus sentimentos e logo muitas pessoas me agradeceram, dizendo que lutavam com pensamentos parecidos e que minha história os tinha dado força. Se você é humano, você é vulnerável”.
Outro painel importante sobre saúde mental foi o “Bad Workplace Culture is Giving Burnout”, que mencionou como a cultura organizacional em alguns casos pode causar a Síndrome de Burnout.
No debate, foi levantado o que as lideranças das companhias podem fazer para tornar o dia a dia mais cooperativo e menos estressante, ou seja, repensar a produtividade, promover autocompaixão, reconhecer e acolher as emoções positivas ou negativas, além de oferecer um espaço seguro e humano.
Em meio a tantos insights e sessões sobre a evolução da inovação, o SXSW também deixou claro que nem só de tecnologia vive o homem e que é imprescindível cuidar da mente diante de um novo mundo tão digital, compartilhado e futurista.
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