Ao longo da história econômica, diversas crises de crédito foram geradas por bolhas, isto é, um crescimento significativo dos preços de ativos financeiros, acima da renda média e fundamentalmente por uma crença generalizada por ganhos rápidos em determinadas ações. Desde a variação dos valores das tulipas na Holanda, passando por casos como da empresa South Sea Company, crash da bolsa em 1929, Nasdaq, sistema imobiliário americano e recentemente chines, as variáveis sempre foram as mesmas. No final das contas, a avaliação pública para a criação de um sistema de regras mais claro e menor gasto para conter crises foi evidente.
Fazendo uma analogia com os avanços recentes das tecnologias digitais, algo precisa ser debatido sobre os rumos das crenças vinculadas ao contexto da Inteligência Artificial (IA). Existe um entendimento sendo estabelecido sobre tudo demandar IA. Será? Estaremos vivendo uma crise de medo e sentimento de ausência, caso a opção não seja pela adoção na sua totalidade por IA? Nesta mesma toada, a valorização dos preços dos ativos das empresas de tecnologia nunca obteve um crescimento significativo e com comportamento questionável relacionado a uma possível bolha.
Uma boa pergunta que poucos têm feito é bem simples: quem ganharia com este comportamento manada sobre IA? Quem perderia? Neste sentido, ao longo destes últimos dias no SXSW, muito foi dito sobre adoção de tecnologias digitais, modelos baseados em machine learning, treinamento de dados, impactos na educação, saúde e infraestrutura. No entanto, pouco foi debatido sobre a necessidade de regulamentação.
A crença por livre mercado, inclusive para a tecnologia digital, gera inúmeras oportunidades para inovações, crescimento e potencial impacto na produtividade. Inúmeros investimentos podem ser conduzidos e novos mercados podem ser gerados. Por outro lado, existe a gestão do risco, uso inadequado de dados, informações não qualificadas sendo geradas a todo minuto, centralização de investimentos via fundos privados, viés nas decisões tomadas e empregos sendo perdidos.
Seria um bom momento para surfar a onda da IA, mas com o papel fundamental na criação de regras claras de uso, sempre pensando nos benefícios para a sociedade em geral. Exemplos para esta análise não faltam. Imaginar que estamos tratando do uso de sistemas em escolas, em veículos elétricos, carros voadores, produção agrícola e o mais óbvio, a coleta diária de dados por tantos aplicativos em celulares. Em geral, todos estes dados estão sendo monitorados e com algum objetivo.
Similar a um diretor de tecnologia com responsabilidades claras para a gestão da sua infraestrutura, proteção de dados e potencial inovação de produtos, inclusive, com regras claras em relação aos órgãos públicos, seria o bom momento para esta mesma narrativa ser debatida para todas as empresas de tecnologia. O equilíbrio entre a inovação, benefícios, riscos e responsabilidades deveriam estar na pauta. Esta poderia ser uma boa agenda para o SXSW em 2025, ainda mais pela formação de opinião que estes eventos geram entre tantos espectadores.
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