Futuro da AI: melhor ser otimista ou pessimista?
Entre entusiastas de um lado e catastróficos de outro, prefiro concordar com Ariano Suassuna
Em uma conversa para lá de morna, o analista de mercado Patrick Moorhead entrevistou Michael Dell, CEO da empresa que leva seu sobrenome. Mas, justiça precisa ser feita! Eles conseguiram um feito incrível para o SXSW2024. Ficaram pouco mais de 20 minutos sem sequer citar o assunto mais repetido em todas as atividades do festival: inteligência artificial.
Quando o assunto chegou, Dell começou pontuando como acredita que a IA irá transformar o poder cognitivo e a criatividade, tendo um impacto significativo em educação, saúde, ciência e nos mais variados setores. Falou que, no geral, as tecnologias estão sempre preocupadas em habilitar o potencial humano e nos tornar mais bem-sucedidos em tudo o que estamos tentando fazer.
Por outro lado, ele ponderou sobre os grandes desafios de evolução e regulamentação da tecnologia. Foi aí que ele fez questão de se posicionar como uma pessoa otimista sobre o futuro da Inteligência Artificial, apesar de ninguém saber ao certo de qual caminho de transformação essa tecnologia seguirá.
Dell criticou que às vezes ficamos muito concentrados nos potenciais impactos negativos das transformações e nos esquecemos de dar atenção ao que é positivo. Nessa hora, ele compartilhou algo inusitado: disse que gosta de ler recortes antigos de visões pessimistas sobre tecnologias que hoje estão incrustadas em nosso cotidiano.
Deu o exemplo que quando os elevadores mecânicos começaram a se popularizar nas cidades no final do século XIX, começaram a surgir críticas de que eles aumentavam a criminalidade dos centros urbanos, que poderiam desorientar nosso sistema nervoso, entre outras histórias que, hoje, parecem simples anedotas.
Foi, então, que ele contou que existe um site que pesquisa e arquiva notícias de jornal criticando as mais variadas tecnologias como o telégrafo, a fotografia, as bicicletas, a televisão e até o walkman.
Confesso que, nessa hora, a dupla no palco perdeu a minha atenção, pois mergulhei no submundo do tal Pessimists Archive. A iniciativa se apresenta como um projeto que busca relembrar a todos sobre como, muitas vezes, a gente reage com histeria, medo ou pânico moral diante de novidades tecnológicas, ideias e modas.
Voltando ao SXSW2024, foi curioso observar que realmente, as discussões sobre inteligência artificial estão bem divididas. Parte das pessoas entusiasmadas e otimistas com todos os saltos que essa tecnologia pode trazer. Do outro lado do muro, os pessimistas que imaginam que ela poderá trazer enormes impactos negativos beirando ao potencial de grandes catástrofes.
Nessa dicotomia, prefiro me apoiar em nosso grandioso Ariano Suassuna que certa vez disse que “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.” Sejamos, então, realistas esperançosos!
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