Existe um amplo debate sobre a transformação digital no mundo, mas com um foco, talvez, muito concentrado apenas nas novas tecnologias digitais. Os números divulgados na mídia destacam o crescimento do valor de mercado de grandes empresas de tecnologia, bancos digitais, startups modernas, além da ampla alocação de recursos por fundos de investimentos privados em empresas nascentes de alunos das principais escolas de negócios e da engenharia.
Do outro lado do balcão, o Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com a PwC, sugere caminhos importantes para esta agenda digital. A partir de uma metodologia única e proprietária, criamos o Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr), analisando uma série de perspectivas sobre governança, análises de dados e tecnologias digitais. Além disso, foram considerados diversos setores importantes da economia brasileira, uma lente relevante de análise foi acionada.
Como ponto de partida dos nossos dados e todos os estudos conduzidos ao longo do ano passado, temos um claro desafio. A maturidade digital das organizações brasileiras é baixa. Os gargalos estariam relacionados aos modelos de governança, ao desenho da estratégia de negócio, às prioridades estabelecidas na gestão de projetos, ao acesso à capital para investimentos e, fundamentalmente, ao perfil do diretor de tecnologia, muito centrado em agendas estruturantes e menos na jornada do cliente.
Os nossos dados do índice digital ainda evidenciam que setores supostamente avançados para o universo tecnológico não estariam na fronteira como o ideal imaginário. Como exemplo, o agronegócio tem inúmeras oportunidades para monetizar as tecnologias disponíveis, observando a demanda por escala em microrregiões e além dos casos isolados em algumas empresas gigantes com sede em São Paulo, não no Mato Grosso.
Ao participar de eventos em todo o Brasil, percebemos um furor em torno de temas como indústria 4.0, redes blockchain, inteligência artificial, web3, modelos generativos, computação quântica, entre tantos outros assuntos complexos. Torna-se até sexy e sofisticado falar destes temas quando a demanda real seria por melhorias nos modelos de gestão mais básicos e a busca por resultados tangíveis.
As nossas sugestões são mais simples, isto é, adotar uma lista de problemas de negócios e entender quais tecnologias digitais com rápida aplicação deveriam ser incorporadas pela organização. Nesta mesma página, o importante papel da alta liderança na compreensão destes assuntos é primordial, indo além das perspectivas do uso de aplicativos digitais e avançando para casos de sucesso.
O futuro estaria em um presente muito bem-organizado e com a clareza dos resultados econômicos e novos conhecimentos que a transformação digital traria para o seu negócio. Nesta perspectiva, a apresentação da PwC no SXSW, que pude participar como painelista também, foi estruturada de modo a provocar os executivos brasileiros e de empresas globais para uma análise do quanto a transformação digital é benéfica para o contexto do seu negócio, e não necessariamente para as grandes empresas digitais. Vale a reflexão e a busca pela devida profundidade neste tema.
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