SXSW 2024 – A curiosidade não matou a gata ou o gato
Fazer as perguntas certas e abrir espaço para o novo é consenso por aqui
Hoje é o sexto (e no meu caso, último) dia do festival — e depois deste tempo, além de a gente perceber quais são os grandes temas mais recorrentes, começa também a ver algumas “microcorrentes” do festival.
A primeira: a curiosidade como uma postura fundamental pra lidar com o superciclo de tecnologia que estamos vivendo. Quem me conhece já me ouviu falar que uma das pedras fundamentais de ser um bom profissional de negócios é ser curioso — sobre gente, sobre empresas, sobre modelos de negócio, sobre toda e qualquer coisa.
A curiosidade tira a gente daquele estado de resistência e medo que o novo traz. Faz com que a gente se jogue mais rápido na piscina mesmo sabendo que vai engolir um pouquinho de água antes de sair nadando. Acreditem, leitores do B9: sem curiosidade não há futuro. Nem individual, nem coletivo. Ian Beacraft deixou isso muito claro ao chamar a platéia da sua palestra ontem para “brincar”. Com AI.
(E se você está lendo este texto, muito provavelmente você é curioso).
A segunda coisa que ouvi falar muitas vezes aqui, em palestras absolutamente diferentes mas de forma persistente: saber fazer as perguntas certas é fundamental.
Uma combinação de ciência e arte. Um misto de conteúdo com atitude. De Amy Webb a Imran Nuri, o consenso aqui é de que a pergunta certa é o maior definidor de sucesso provável na resposta. Eu diria, até, que é um atalho garantido, especialmente em tempos que nossa vida e nosso trabalho, cada vez mais, vai ser perguntar (os já conhecidos prompts para AI).
Imran Nuri, um jovem fotógrafo que percorreu 48 estados americanos conversando com 1000 estranhos pra encontrar o significado da vida, aprendeu na prática o poder de uma boa pergunta. Quando ele chegava nas pessoas pedindo pra que elas lhe dissessem qual era o motivo de estarmos vivos, ele recebia as mesmas respostas pasteurizadas. Quando ele mudou a pergunta para “o que você diria a você mesmo se pudesse voltar no tempo?”, ele recebeu a sabedoria que procurava.
E por fim, se a gente é curioso e sabe perguntar, precisa ter espaço pra guardar a resposta no nosso “HD cerebral”. E também me impressionou a quantidade de palestrantes aqui falando em “abrir espaço para o novo”. Não só no sentido de estar aberto a ele, mas de fazer escolhas intencionais sobre o que consumir e o que pegar para si em um tempo de tanta informação, estímulo, possibilidades. Pensar sobre suas fontes de informação, a forma que você distribui seu tempo, sobre o que você reflete de fato — ainda mais porque vamos poder “terceirizar pensamentos comezinhos” para a tecnologia.
Um mundo com mais perguntas boas, intenção e reflexão tem tudo pra ser um mundo melhor, não é mesmo?
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