SXSW 2024: o futuro será “Powered by people and enabled by AI”
É crucial compreender que parte do nosso trabalho pode ser automatizado como forma de oportunidade e não de ameaça
As palestras que acontecem no famoso Ballroom D (ou seja, o maior espaço do evento para aproximadamente 2500 pessoas) costumam variar entre artistas que são considerados “figuras carimbadas” e em que existe uma expectativa tanto sobre conteúdo quanto sobre a forma de apresentar, como Amy Webb, e gratas (ou nem tanto) surpresas. Hoje tivemos uma sala lotada para assistir Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher, que nos agradeceu pela presença e pelo carinho em português, sobre “Billion Dollar Teams: The Future of an AI Powered Workforce”.
Sempre me impressiono com quem tem coragem de se expor, mas imaginem a proporção e a complexidade para criar e apresentar um conteúdo sobre Inovação para uma sala com 2500 pessoas de distintas nacionalidades, expertises, áreas de atuação e, principalmente, expectativas?
Só posso dizer que a palestra de Ian é exatamente o que esperávamos de um conteúdo para o Ballroom D. Ouso dizer que muitos diriam que foi além da expectativa (incluindo eu).
Falarei sobre o conteúdo em breve, mas antes quero destacar o brilhantismo de Ian no domínio do palco, na dinâmica ao utilizar o suporte visual do PowerPoint e na sagacidade em desenhar o fluxo da apresentação de forma a contemplar as diferentes nuances de sua audiência.
Agora vamos ao conteúdo:
“A tecnologia de hoje evolui de forma exponencial e os humanos não foram feitos para ver e pensar de forma exponencial. Precisamos criar modelos mentais para o mundo em que vivemos.”
Modelos mentais antigos irão nos limitar ao potencial de utilizar tecnologia e recursos a nosso favor. Precisamos de um novo sistema operacional para o trabalho e isso não será uma vantagem competitiva, mas sim uma necessidade.
“A tecnologia de amanhã está colidindo com os modelos mentais de ontem.”
Segundo Ian, nosso maior desafio hoje não é a tecnologia em si, mas nosso sistema que opera baseado em contexto de mudança lenta e esse sistema está falido. Um dos maiores problemas, destaca, é que todo mundo quer começar com “Tech First”, enquanto o ideal seria começar com “Systems & Solutions First”. O foco das empresas deveria ser nas pessoas, nas oportunidades, nos processos, em frameworks e em consistência. Reforça que devemos ter cuidado ao colocar AI no centro e criar tudo ao redor dela.
Sobre nosso papel no trabalho, destaca que a nova era irá depender de uma nova forma de nos reconhecermos no que fazemos. Com isso, ele apresenta e sugere uma abordagem baseada no termo “Generalista Criativo“. Esse profissional não será um especialista em um campo de domínio, mas conseguirá performar de forma decente em diferentes áreas com entendimento de que a AI pode impulsionar anos de conhecimento em um tema em pouco tempo. Ian acredita estarmos na era de realizar uma integração entre conhecimentos, interesses, hobbies, etc. “Se você entender o que seria sucesso para você, consegue orquestrar a AI para ajudar a expandir conhecimento e, com isso, impulsionar a capacidade individual e em equipe.”
A grande vantagem competitiva é a capacidade de ter pessoas que sejam generalistas criativos em seu time. Com isso, estruturas menores podem ter um impacto enorme. Aqui ele reforça o tema de sua palestra e a possibilidade das próximas Unicórnios serem criadas por empresas de poucas pessoas ou até mesmo uma pessoa.
A organização do futuro será “Agent Driven”.
Com isso, ele apresenta novos frameworks de trabalho e formas de organizar o time que não sejam mais focadas em uma lista de atividades que uma pessoa deve fazer associada a seus papéis e responsabilidades, e sim um time multidisciplinar focado no que deve entregar/conquistar.
“Just in time skills and expertise on demand.”
Ian acredita que devemos nos focar em desenvolver nossas habilidades mais do que em funções específicas se quisermos ter sucesso em um mundo impactado por tecnologias exponenciais. Compreender que parte do nosso trabalho pode ser automatizado como forma de oportunidade e não de ameaça será crucial. Times deverão gastar tempo e energia tentando compreender melhor como ter um maior impacto ao invés de horas de trabalho e funções específicas, e o sistema e o antigo “organograma” deverão ser substituídos por modelos que contemplem o foco no impacto/entrega e resultado, e em que times possam interagir como forma de conquistar o propósito definido. “A dinâmica do trabalho deve ser atualizada para considerar que a constante é a mudança.”
Como se tornar um Generalista Criativo
Se você se interessou e quer se tornar um Generalista criativo, Ian destaca que deve compreender a equação: Gestão de Conhecimento + Aplicação Gen AI = Maior Expertise.
Devemos nos concentrar em encontrar modelos que nos permitam capturar e absorver informações e conceitos de forma a impulsionar o resultado esperado.
Estima-se que aproximadamente 70% das reuniões são para nos manter informados ou sincronizar times em torno de um tema. Ian está confiante de que a AI poderá fazer todo esse trabalho por nós e que o tempo que teremos deverá ser usado para impulsionar esse novo perfil em construção de generalista criativo.
AI automatiza processos, mas não criatividade
A maior parte do conhecimento válido sobre processos táticos não está nos documentos e sim na mente das pessoas. Estima-se que aproximadamente 13% da folha de pagamento poderia ser economizada com uma ferramenta que contribuísse com essa melhor curadoria e distribuição de informação. Ian nos leva a considerar que não é apenas sobre AI, é sobre redesenhar o processo e gestão de conhecimento.
Que possamos seguir inspirados pelas palavras de Ian Beacraft, rumo a um futuro onde a visão, a expertise e a paixão se unem para impulsionar a transformação e o sucesso.
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