SXSW 2024 – “Todas as ideias são ruins”: a filosofia de design da TBWA\Media Arts Lab

Em um mundo saturado de informações e estímulos piscando por todos os cantos, como é que uma ideia simples pode se tornar genuinamente impactante? James Taylor, líder global de design na agência criativa dedicada da Apple, TBWA\Media Arts Lab, trouxe essa discussão para a mesa do SXSW 2024. E sua resposta, como você deve imaginar, é: design.

Taylor defende que design não é apenas um elemento estético, mas sim uma força motriz fundamental na transformação de ideias simples em campanhas memoráveis e eficazes. Cores, formas, logos, etc. Todos esses elementos visuais estão no topo da lista de reconhecimento de marca, superando slogans e celebridades, por exemplo.

Ele começou com uma reflexão pessoal sobre o papel do design na comunicação enquanto trabalhava com a Dunkin’ Donuts. James observou como elementos simples como cor, tipografia e sobreposições poderiam, quando integrados com uma visão de design, elevar uma campanha de marketing a novas alturas.

Foi justamente isso que o levou a trabalhar com a Apple, uma empresa cujo DNA está profundamente enraizado no design, seja em hardware, software ou serviços.

“Todas as ideias são ideias ruins”

Uma premissa crucial no discurso de James Taylor é a crença de que “todas as ideias são ideias ruins” até serem moldadas pelo design. James argumentou que é através da distinção, simplicidade e um sistema sólido que ideias simples ganham vida e conseguem capturar a atenção do público em segundos, uma filosofia que ele chama de “ideias por design”.

“Cercar suas ideias com logotipos, cores, formas e tipografia. Isso ajuda nossos cérebros a criar atalhos visuais para as ideias.”

Para ilustrar essa filosofia, James compartilhou exemplos concretos de campanhas que exemplificam o impacto do design na publicidade. Um deles foi a transformação do Apple Maps, que através de um sistema visual enriquecido com histórias humanas e empresariais, conseguiu criar uma experiência distintamente Apple. Outro exemplo notável foi a recente iteração da campanha “Shot on iPhone”, celebrando a rica cultura visual mexicana com um cuidado especial na tipografia e cores, refletindo a estética local.

James também destacou como a simplicidade visual tem sido uma estratégia poderosa na publicidade da Apple, facilitando a comunicação de ideias complexas de maneira acessível e instantaneamente reconhecível. Ele citou o MacBook Pro e a integração da tipografia “Hello” como exemplos de como ideias simples e visuais podem ser profundamente impactantes. A campanhas para celebrar a chegada de Messi ao Inter Miami (a Apple tem os direitos de transmissão da MLS) e o mais recente filme de Natal da marca também foram mostrados.

“Com distinção, sistemas e simplicidade, ao desenharmos ideias, elas funcionam com e sem um spot de TV de 30 segundos…”

Um ponto crucial na discussão de James foi sobre como as condições para fomentar essa abordagem de design são criadas dentro das equipes criativas. Ele questionou a prática ainda comum de separar designers do resto da equipe criativa e argumentou a favor de uma integração maior, onde designers são envolvidos desde o início do processo criativo. Esta abordagem, segundo ele, não apenas enriquece a campanha final, mas também redefine a estrutura das equipes de publicidade, permitindo uma colaboração mais profunda e diversificada.

James Taylor nos lembrou do poder do design não apenas como uma ferramenta estética, mas como um elemento fundamental na comunicação de ideias. Sua jornada com a Apple e a filosofia de “ideias por design” destacam como a simplicidade, a distinção e um sistema coeso podem transformar ideias simples em campanhas inesquecíveis. Em um mundo onde a atenção é um recurso escasso, o design surge não apenas como um diferenciador, mas como um essencial comunicador de ideias.

Inteligência Artificial: o que tenho a ver?

A apresentação do líder de design da TBWA\Media Arts Lab pode ter sido um bálsamo para os criativos mais românticos. Taylor defendeu o papel do olhar humano, da simplicidade e do trabalho artesanal e meticuloso. Porém, o executivo ignorou completamente o elefante da IA na sala, sem citar quais impactos essa evolução tecnológica desempenha na sua abordagem de design. Como não abriu a sessão para perguntas da audiência, apenas podemos supor que não vê a IA como uma ameaça.