SXSW 2024 – Transformação do negócio além da IA
Antes de prever qualquer cenário sobre impactos digitais, demandas de curto prazo precisam de análises e encaminhamentos adequados
Existe um frenesi sobre o universo da Inteligência Artificial e os inúmeros impactos destas novas tecnologias digitais na economia, nos potenciais ganhos de produtividade, na geração de empregos, seu risco destrutivo para o sistema econômico e na sociedade em geral. Antes de qualquer avaliação, seria importante observar o potencial analítico e crítico dos indivíduos, que se reflete sobre tantos assuntos ditos modernos, por quem anda propagando informações, de boa ou péssima qualidade, e para o que servem.
No primeiro dia de SXSW, um dos principais eventos de inovação do mundo, sugere-se que o gasto pelas principais empresas de tecnologia do mundo em marketing estaria em patamares elevados, talvez, superior aos investimentos médios em pesquisa e desenvolvimento. As demandas para justificar as inúmeras aplicações em Inteligência Artificial são enormes, bem como a presença de ilustres futuristas desenhando cenários em que os caminhos se tornam únicos com IA. Será?
Analisando os nossos dados de pesquisas no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), em especial, a partir da criação do Índice de Transformação Digital Brasil, com a PwC, tem-se pistas e necessidades mais básicas, antes do futuro ser dito artificial. Por exemplo, um dos grandes gargalos básicos na implementação de qualquer tecnologia digital seria a visão estratégica adequada pelas altas lideranças sobre o uso de tanta sofisticação digital. Além do entendimento sobre a digitalização, a percepção sobre o seu uso adequado e resultados concretos são demandas latentes por inúmeros executivos.
Neste sentido, antes de pensar em qualquer tema da inteligência artificial seria prudente dar dois passos para trás e estruturar temas mais elementares, como uma visão estratégica adequada, governança interna, criação de funções de liderança para tecnologia, além de organizar a capacidade de investimento do negócio, adotar indicadores de resultado, trabalhar a higienização da base de dados e formar pessoas habilitadas para o mundo que anda sendo desenhado. Caso estas dimensões de negócio não sejam trabalhadas de forma adequada e estruturada, o risco para a não utilização, em seu potencial pleno, das novas tecnologias digitais estaria sendo desenhado.
Ou seja, antes de prever qualquer cenário futuro sobre impactos digitais, parece que demandas de curto prazo ainda precisam de análises e encaminhamentos adequados. Existe um número gigantesco de setores da economia, organizações de grande e, fundamentalmente, de médio porte com urgência de entendimento além das bolhas dos debates conduzidos por super especialistas em inovação e tecnologia.
Um bom caminho seria relembrar o básico, escutando os principais problemas de negócios de empresários, permitindo entender se a demanda realmente está em temas tecnológicos ou na priorização de investimentos para a sua sobrevivência. Além do universo das empresas de tecnologia e toda a agenda interessante conduzida em Austin, o debate sobre o crescimento do custo de capital, como alocar recursos e comprovar resultado, não saiu de moda. Aliás, este artigo foi o meu primeiro registro do evento, com uma superenergia, temas absolutamente importantes, mas com a percepção de ausência sobre o diálogo sobre alocação adequada de investimentos dos ativos intangíveis e sua mensuração, onde normalmente os recursos para softwares, parentes e conhecimento são registrados em qualquer negócio.
Concluindo, o velho ditado popular continua muito vivo. Isto é, tecnologia não é fim para nada, mas meio para as operações de negócios. No final das contas, executivos são avaliados pelos seus resultados financeiros, não pelo uso de dados e softwares. As organizações continuam com este objetivo, até porque, o mundo ainda continua capitalista, a não ser que o ChatGPT tenha inventado algo melhor, do qual duvido muito. Até a próxima.
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