SXSW 2024 – Who wants to live forever? Parte 2
A singularidade total homem e máquina plenamente conectados pode estar logo ali
Há 9 anos, eu ouvi pela primeira vez alguém falar sobre a possibilidade de vida após a morte aqui no SxSw. Não era um culto religioso, já adianto: era uma palestra de Martine Rothblatt, cientista que naquele tempo trabalhava em tecnologias que fossem capazes de eternizar nossa mente, nossa consciência.
Martine me apresentou ao conceito de clone da mente. Mais do que ao conceito, na realidade: ela já tinha uma prova de conceito bem adiantada — a Bina48, mindclone da mulher dela que em 2015 já conseguia praticamente conversar com alguém (com algumas agarradas aqui e ali). E terminou o papo dizendo que em mais ou menos 20 anos, teríamos tecnologia mainstream para que quem quisesse eternizar o próprio cérebro pudesse fazê-lo. Veja mais sobre ela aqui nesse link.
Pois bem: nove anos depois, Ray Kurzweil, de volta ao festival, nos conta que o cronograma acelerou. No seu novo livro “The Singularity is Near”, ele dá como prazo pra gente poder “fazer backup” de um cérebro o ano de 2029. E completou, na palestra: quem estiver vivo daqui a cinco anos provavelmente poderá viver por outros 500 (ME-DO!)
Garantir ele não garante — mas conta que até 2045 três tecnologias terão avançado tremendamente: os nanobots, as interfaces máquina-cérebro e a danadinha da inteligência artificial. E que as três, juntas e desenvolvidas, finalmente viabilizarão a singularidade total. Homem e máquina plenamente conectados, e talvez ad eternum.
Segundo ele, a gente vai ser como o Neo em Matrix: vamos poder adicionar conhecimentos e capacidade computacional ilimitada ao nosso cérebro, e corre o risco de nem precisar de uma conexão direta ao dito cujo. O que importa é que isso nos fará capazes de, mais uma vez, revolucionar a humanidade e reduzir brutalmente as ameaças à sua existência.
Ray conta que a Moderna desenvolveu sua vacina usando tecnologia pra analisar os strings de RNA com maior potencial de eficácia. Segundo ele, o string vencedor foi encontrado em 48 horas. De 7 trilhões de combinações possíveis, bastaram 2 milhões para a inteligência artificial envolvida achar a combinação vencedora. Pensem no quanto a medicina, a expectativa de vida e o mundo vão mudar.
Também vamos poder ter nossos pais e amigos nos aconselhando para sempre. Ele já puxou a fila — fez um modelo mental do pai dele usando coisas escritas deixadas após a sua morte — e a filha de Ray, agora, pode fazer perguntas pro avô e pedir conselhos.
E daí pra frente, a quantidade de implicações éticas e práticas é potencialmente infinita:
- Talento nato vai deixar de ser importante se a gente pode “anabolizar o cérebro”. E todos nós estaremos “nivelados por cima” em habilidades. O que vai diferenciar as pessoas?
- Se vamos ter as pessoas de volta depois da morte, elas deixam herança? Deixam dívidas? A série Upload, da Amazon Prime, dá uma boa palhinha disso.
- Será que vamos conseguir misturar cérebros, compartilhar memórias?
Como a gente não sabe bem o que vem por aí, acho que o melhor conselho é: cuidem bem dos seus corpos físicos. Com sorte, eles vão nos acompanhar por muito mais tempo…
Comentários
Sua voz importa aqui no B9! Convidamos você a compartilhar suas opiniões e experiências na seção de comentários abaixo. Antes de mergulhar na conversa, por favor, dê uma olhada nas nossas Regras de Conduta para garantir que nosso espaço continue sendo acolhedor e respeitoso para todos.