SXSW 2024: A única escolha é ter esperança
Para a abertura do Festival, a curadoria do evento escolheu não só um tema intrigante, mas também duas mulheres inspiradoras. A executiva responsável pela divisão de Ciência Planetária da NASA, Lori Glaze, e a renomada poetisa, Ada Limón, dialogaram sobre as conexões entre a ciência de uma expedição espacial e a arte da poesia.
Tive a oportunidade de assistir com fascínio duas mulheres brilhantes em seu campo de atuação, se admirando mutuamente e abrindo espaço para dialogar sobre a conexão existente entre o que fazem. Foi ainda mais impactante que esse espetáculo ocorreu na manhã do dia 8 de março, ressaltando a relevância de termos exemplos femininos que dominam sua área com tanta destreza.
Durante a primeira parte da abertura, tivemos o prazer de ouvir a poetisa Ada falar sobre sua visão em relação à poesia e como ela se conecta a ela. Para ela, poesia é pessoal e humana e ocupa o lugar onde a linguagem “comum” não consegue chegar. “Poesia é dar voz a algo que não pode ser silenciado. É dar um sentimento de pertencimento às pessoas. Amar o mundo é uma forma de amar a si mesmo.”
E qual a semelhança entre explorar o espaço e escrever poesia?
Sobre similaridades em suas profissões, Ada diz que não sabe nada sobre o espaço, mas sabe muito sobre curiosidade e sabe que tanto poesia quanto explorar espaço começam com perguntas e terminam com mais perguntas. “Quando começo um poema nunca sei onde ele irá me levar e como irá terminar, como uma missão de exploração espacial.”
Acredita que ambas abraçam o mistério e buscam a beleza e que a poesia é um lugar para respirar, para trazer humanidade. Elas concordam que suas profissões as fazem pensar e resetar o que pensam diversas vezes e que a ciência é uma forma de arte pois precisam embarcar no desconhecido, conectar e refletir, exatamente como é o processo de escrever um poema. “Poesia vive no lugar da reflexão e explora a curiosidade e as pessoas não podem ser dissociadas de seus sentimentos.”
Falhar é sempre uma opção
Poesia e ciência são sobre sentimentos e pessoas, sobre conexão. Ambas também afirmaram que a falha é parte do processo de ambas e é importante para criar algo novo. Entendem a complementaridade de suas profissões e a necessidade de muitas pessoas como parte de um processo de criação. Uma das missões da NASA é entender se estamos sozinhos no mundo e a “falha” é sempre uma opção como resultado do processo. Assim como Ada se sente quando inicia um poema, pois nem sempre sabe como ele termina e que vai desabrochando no processo. Sendo a falha uma opção, devemos estar abertas a começar novamente se não for satisfatório, e acreditar que devemos “pivotar” e buscar um ambiente que nos permita isso.
Quem somos “NÓS”?
Ada diz que ouviu durante toda a vida discursos sobre “nós” e questionava quem fazia parte do “nós” nos discursos que escutava. E se deparou em momentos em que se sentia como uma mulher de origem latina, não sendo parte do “nós” de tantos discursos, e que ela sente a necessidade de usar sua arte para que as pessoas se sintam parte desse “nós”.
Exploração é algo que fazemos juntos
O final foi sobre esperança. Ada diz que sabe como é difícil acreditar e ter esperanças e que ter esperança é difícil, mas também é difícil vencê-la, nos levou a refletir como seria o mundo se não tivéssemos esperança. E terminou com a importante afirmação: “A única escolha é ter esperança.”
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