SXSW 2024: (MAIS) Um tsunami vem aí
Que tal um superciclo de tecnologia com impacto equivalente à invenção do motor a vapor e da eletricidade?
Amy Webb, Whurley e o MIT Tech Review concordam: não há momento melhor para se estar vivo do que o atual.
Aliás, me impressionou o tanto de coisas em comum que estas três palestras trouxeram. Amy e o MIT trouxeram conteúdos densos, profundos e mais uma vez um pouco maravilhosos, um pouco horrorizantes: a gente sai das palestras até meio tortos…
Então vamos falar do que vimos por aqui nestes últimos dias no quesito tecnologia. Resumir tanta coisa pressupõe fazer escolhas – e compartilho as minhas com vocês a seguir.
A visão das gerações cronológicas ganhou um contraponto. Se você é da geração X, Millenial, Z, Alpha, é também parte do que a Amy chamou de Geração T – de transição. Somos todos uma geração que neste momento está imersa no que ela chamou de FUD – um acrônimo em inglês para medo, incerteza e dúvida que não por acaso parece com outra palavra… entendedores entenderão.
Esta geração vai vivenciar um superciclo de tecnologia com impacto equivalente à invenção do motor a vapor e da eletricidade. Elas são chamadas de Tecnologias com Propósitos Generalistas, ou GPTs em inglês. Pegou a visão? Pois bem. Na visão de ambos, AI virou um motor para toda e qualquer coisa.
Amy reafirmou no palco o que já havia adiantado no ano passado: a combinação de AI, ecossistemas conectados e biotecnologia vai trazer um Superciclo Tecnológico — uma aceleração generalizada e sem precedentes da transformação que estamos vivendo.
Vamos viver para ver os LLMs serem acompanhados dos LAMs – Large Action Models. As máquinas saberão o que você vai dizer a seguir e o que você vai FAZER a seguir. Serão capazes de prever nosso comportamento décimos de segundos antes da gente efetivamente fazer algo. Sabem como? Com os “Face Computers” — nome que ela dá a devices como o Apple Vision Pro e o Meta Quest. A gente acha que eles existem pra aumentar nossa realidade – mas a realidade é que todos os sensores e câmeras que existem nele serão capazes de milimetricamente enxergar nossas intenções através de mudanças de temperatura, movimentos pupilares, batimentos cardíacos — e aumentarão, também, a receita de empresas como Apple e Meta. Basta a gente pensar pro caixa deles tilintar.
Também vamos ver algo inimaginável em breve: computadores feitos de células cerebrais. Amy diz que as nossas células são mais condutoras do que qualquer chip de silício fabricado atualmente. Vamos poder cultivar computadores vivos como fazemos com plantas. Pense.
E bem antes de chegar a isso, a biotecnologia já trouxe algumas revoluções pra gente agora: as drogas de perda de peso, como o Ozempic, estão mudando a vida de muitas pessoas (e o PIB da Dinamarca). Já está no mercado o primeiro tratamento à base de CRISPR — a edição dos genes que causam a anemia falciforme.
Tanto movimento, aceleração e revolução tem feito figuras proeminentes do mundo de tecnologia manifestarem certo receio sobre estes avanços — o que, segundo Whurley, tem gerado no público ainda mais FUD. Ele veio ao palco do SXSW para lembrar que as GPTs anteriores (o motor a vapor, os trens, os aviões) mudaram o mundo para melhor e que o superciclo que vamos ver não será diferente.
Segundo ele, a melhor maneira para que impeçamos que a tecnologia seja mal utilizada é nos informarmos e conhecermos o mais que pudermos sobre ela. Numa palestra que disparava camisetas em bazucas de ar comprimido, ele tentou nos convencer a abraçar uma visão SCI-Curiosa.
Eu não acho que a curiosidade pública será suficiente para lidarmos com tudo o que vem por aí.
Mas é um começo, não é mesmo?
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